29 de maio de 2011

Top 10 - Maiores surras das HQs


Poucos fatores são tão instigantes nas histórias em quadrinhos do que uma boa pancadaria entre heróis e vilões. Os combates mortais (que em geral não morre ninguém) travados pelos personagens, inseridos num bom roteiro (isso é essencial) causam impactos profundos nas mentes dos fãs ao longo de muito tempo, ainda mais quando o herói da história leva a pior. Nesse novo TOP 10 eu destaco as maiores surras aplicadas por vilões em heróis na história das HQs, e já devo salientar que o sangue vai espirrar longe!

Prepare seu coração, jovem padawan!


Demolidor X Rei do Crime: A Queda de Murdock

A saga em questão se chamava A Queda de Murdock e foi publicada no Brasil em edições especiais pela Editora Abril na década de 90 e republicada pela Panini algum tempo depois.

No enredo, Karen Paige a antiga secretária do escritório de advocacia de Matt Murdock, vive uma crise em sua carreira de atriz e cai no mundo das drogas. Falida e longe de casa, a até então amiga do advogado cego da Cozinha do Inferno vende a verdadeira identidade secreta do Demolidor para um traficante, informação que não demora a chegar aos ouvidos do todo poderoso Rei do Crime de Nova York. O que se segue é uma sequência digna de qualquer thriller de cinema, escrita magistralmente por Frank Miller no auge de sua carreira.

O Rei destrói a vida pessoal de Murdock, o faz perder o emprego, congela suas contas bancárias e explode seu apartamento, deixando-o na rua da amargura literalmente. Sem recursos e sem ter em quem confiar, o advogado cego decide enfrentar seu algoz cara a cara, e enfraquecido, leva a maior surra da sua vida.

Depois disso, o Rei manda colocarem Matt dentro de um carro e joga o veículo no rio. Vilão bom não tem piedade. Aprende essa Lex Luthor!



Superman X Lobo: O dia do Kryptoniano

Vamos contextualizar. Na época em que a história o dia do kryptoniano foi publicada (no Brasil na edição de nº100 do Super-Homem pela Abril), o Homem de Aço ainda não tinha encontrado seu pior inimigo, o Apocalypse, portanto, não estava muito acostumado a levar surras homéricas. Nessa história o herói começa a sentir uma forte influência do artefato kryptoniano Erradicador e passa a ter sua personalidade alterada por ele. Nesse meio tempo o Lobo, que ainda não tinha aquela aparência pelo qual mais tarde seria conhecido, chega na Terra com a missão de matar o Superman para vencer uma aposta, e caça o azulão por toda Metrópolis, em vão. Os dois acabam se encontrando quando o Maioral invade a Fortaleza da Solidão na Antártida, e mesmo bêbado, o Lobo mostra que é um adversário de respeito e aplica um cacete no Superman, que estava com todos seus poderes, não estava sob efeito de nenhum tipo de kryptonita ou nenhuma dessas desculpas que usam quando alguém bate nele. O mais hilário dessa história é que a gente acaba torcendo pelo Lobo, que espanca o Homem de Aço e ainda tira um sarro da cara dele o tempo todo.


Viram isso?? O Superman foge de um Lobo bêbado!

O desfecho é ainda mais vergonhoso para o herói. Lobo descobre uma cápsula de kryptonita e antes que ele a use contra o Superman, este utiliza o traje de combate kryptoniano para escapar da radiação e nem assim ele tem chance contra o Lobo, que dispara mísseis de sua moto contra o robô gigante, terminando assim, teoricamente, o confronto. Teoricamente porque o Superman utiliza um holograma para enganar o Maioral e fazê-lo sair de sua casa com a sensação de que venceu a aposta.



Espera aí, Rodman. Você quer dizer que o Superman arregou para o Lobo bêbado?

Exatamente, caro, padawan. Arregou e arregou bonito. De qualquer forma, mesmo se ele não tivesse trapaceado, o Lobo teria matado o Homem de Aço assim mesmo!
Coisa mais feia, hein, Sr. Kal-el!



Batman X Exterminador: Cidade de Assassinos

Ok. O Batman treinou duzentas mil setecentas e quatro formas diferentes de artes marciais e técnicas de combate ao redor do mundo. Ele treinou não só seu corpo como também sua mente, o que o faz figurar entre a lista dos dez mais fodões personagens da DC, isso ninguém duvida. Mas o que acontece quando ele enfrenta alguém que além de ser igualmente bem treinado, utiliza quase que completamente as capacidades cerebrais (enquanto a humanidade usa uns 10% da capacidade cerebral, o cara usa 90%).

O que acontece? O Batman leva uma coça, claro!

O Exterminador é um dos meus personagens favoritos da DC, mesmo ele sendo um mercenário que se vende pra qualquer um que pague bem (e desde que ele concorde com o trabalho). O cara derrotava os Novos Titãs edição sim, edição não no passado, e quando sua fama atingiu os altos-escalões, ele começou a aplicar surras também nos membros da Liga da Justiça, e com o pé nas costas!

Nessa história publicada no Brasil na revista Superpowers nº28, Slade Wilson acaba em Gotham City depois que rejeita um trabalho de queima de arquivo para a máfia local, e começa a investigar o caso por conta própria, ajudando a proteger o alvo que fora contratado para eliminar. Deduzindo que Slade sequestrou o homem para eliminá-lo, o Batman tenta interceptá-lo e capturá-lo, mas claro, falha miseravelmente.




Na boa. Nunca antes na história desse país eu havia visto o Sr. Bruce Wayne sendo largado no chão assim após uma piaba. Depois disso ele ainda tenta reagir, mas só dura mais alguns segundos, indo a nocaute definitivamente, o que prova que o Exterminador sim é o cara mais fodão da DC.



Você é bom, Batman, mas é só um homem normal!”

Você se treinou para lutar. Eu me treinei para matar.”



Homem de Ferro X Poder de Fogo: Guerra das Armaduras


Publicada no Brasil em edições do Hulk pela Editora Abril (eu tenho a 105 e a 106), a Guerra das Armaduras figura entre uma das melhores sagas do Homem de Ferro de todos os tempos. Eu tinha um trauma particular com relação a ela. Até uns dois anos atrás eu nunca soube o que havia acontecido no final dessa saga e passei muito tempo acreditando que o Vingador Dourado havia mesmo ido para o céu no fim da edição de nº 106 do Hulk.

Bom, como muitos devem saber (ou não) houve uma época em que Tony Stark se largou na cachaça, e com isso sua armadura acabou caindo nas mãos do perigoso Justin Hammer (pra quem assistiu o 2º filme do Homem de Ferro sabe de quem estou falando) que roubou alguns segredos de sua fabricação.


Em Guerra das Armaduras, Stark descobre que vários vilões de armadura estão utilizando circuitos criados por ele para o Homem de Ferro, e desesperado em saber que sua tecnologia está sendo utilizada para o crime, ele e seu amigo Jim Rhodes começam uma cruzada pessoal para destruir todo vilão tecnológico que está em posse de seus circuitos, e isso os acaba colocando contra as leis federais, o governo e até contra o Capitão América.


Diversas das armaduras que o Homem de Ferro aniquila são de propriedade do governo (como os mandróides da SHIELD e os Guardiões que protegem as prisões de segurança máxima) e com isso, Tony e o Homem de Ferro (nessa época não se sabia que ambos eram a mesma pessoa) viram alvos do governo, o que faz com que os militares criem uma super-armadura de combate chamada de Poder de Fogo pra rivalizar com ele. Depois de várias missões bem sucedidas com sua extraordinária armadura vermelho e prata (Silver Centurion) Stark enfim esbarra num adversário que ele não pode vencer e o resultado podemos ver abaixo:



Eu devia ter uns 9 ou 10 anos quando vi essa revista pela primeira vez, e devo admitir que fiquei chocado com aquele final em que aparece o capacete do Homem de Ferro todo retorcido e ensanguentado. Embora muita gente só viesse a conhecer o herói blindado a pouco tempo com os filmes, eu já o conhecia desde sempre, com as revistas dos Vingadores.


Há uns dois anos, graças aos scans (OK, me processem) eu descobri que Tony não estava na armadura bombardeada (ah, vá! Sherlock) e mais tarde ele viria a construir outra armadura e acabar com o Poder de Fogo.


Liga da Justiça X Apocalypse : A Morte do Super-Homem

A Morte do Super-Homem é uma história vazia, o vilão é uma espécie de Hulk vitaminado que sai debaixo da terra e que começa a massacrar tudo que vê pela frente, o Superman apanha que nem china de bugre (como diriam os gaúchos), mas você há de convir que estávamos nos anos 90, a década do “massa véio”, portanto não podia se exigir grandes feitos nos roteiros. E vou além: A gente estava pouco se importando com isso.

Novamente eu devia ter uns 10 ou 11 anos quando peguei nessa revista pela primeira vez, e se tinha ficado chocado em ver o Homem de Ferro explodir no ar, imagine ver o Homem de Aço ser espancado até a morte!!

O foco da posição nº 6, no entanto, não é a morte do Super-Homem (que embora tenha sido espancado, também conseguiu derrotar seu algoz) e sim a surra hecatombica (Acabei de inventar essa palavra) que a Liga da Justiça leva do monstro cinza conhecido como Apocalypse.


Detalhe: o monstro ainda estava com um dos braços amarrado às costas LITERALMENTE quando espancou metade da Liga.

Tudo bem que não estamos falando da Liga original, e fora o próprio Superman, nenhum outro membro dos figurões (exceto talvez o Caçador de Marte transfigurado como “Bloodwyn”) constava na lista. A fera atropelou os heróis sem nem suar, e essa consta como uma das maiores surras, já que estamos falando de uma equipe inteira que foi detonada por UM vilão.


O resultado desse massacre: Gladiador Dourado teve seu traje futurista danificado, o Besouro Azul entrou em coma, Fogo perdeu os poderes e a Supergirl voltou temporariamente a seu estado físico original de Matriz, uma espécie de alienígena que mais parecia um chiclete mastigado.


Os efeitos dessa batalha seriam sentidos por muito tempo ainda dentro da Liga da Justiça, e foi um período negro na DC em que seus maiores heróis passavam por fases complicadas e se não estavam morrendo, estavam sendo quebrados ao meio, perdendo a mão ou virando vilões megalomaníacos.



Wolverine X Magneto: Atrações Fatais


Olha nós nos anos 90 de novo!

Se na DC tínhamos o Batman como o símbolo do herói casca-grossa que peitava qualquer vilão e que tinha um plano para deter todos eles com preparo, na Marvel tínhamos o Wolverine representando esse papel, e ele nem precisava de preparo nenhum. O velho canadense encarava qualquer desafio de peito aberto e na maioria das vezes ele se saía bem, já que era o melhor no que fazia. Isso até que ele resolveu pisar no calo do Mestre do Magnetismo.

Publicada no Brasil na revista X-Men Gigante (era esse nome mesmo) a saga Atrações Fatais colocava o Magneto em seu devido lugar: o de vilão mais perigoso do mundo. A meu ver Erik Lensherr já deveria ter conquistado o Universo Marvel há muito tempo se tivesse peito para isso. Pense um minuto e me diga alguém que possa com ele. Homem de Ferro? Não duraria um segundo. Se eu tivesse o poder de controlar o magnetismo e consequentemente os metais, eu simplesmente esmagaria Tony Stark dentro de sua armadura. Thor? Bastaria controlar os átomos de ferro no sangue do asgardiano e fazê-lo implorar por sua vida. Hulk? Basta jogar a estátua da liberdade sobre ele dúzias de vezes até a criatura se dar conta de que não pode com o Mestre do Magnetismo.

O que o Wolverine poderia fazer contra esse cara então? Exatamente. Nada.

Nessa história o Magneto mostra ao que veio paralisando todos os X-Men de uma só vez (e nessa época a equipe devia ter uns 20 membros) através dos átomos de ferro em seu sangue. Indefesos, os mutantes são torturados por aquele falatório infernal sobre os direitos dos mutantes, o sonho do Xavier e blábláblá e só são libertados quando o Bishop absorve a energia eletromagnética e descarrega tudo contra o vilão. Bom, se Magneto fosse esperto, ele já teria matado todos eles bem antes disso acontecer, o que prova minha teoria de que ele é invencível se falar menos e fazer mais.

Depois disso acompanhamos Magneto numa jornada em conseguir seguidores (não, não havia Twitter naquela época) para sua morada tecnológica, Avalon, que Xavier consegue expulsar da Terra e jogar no espaço. Lensherr acaba exilado no espaço pela SHIELD, que com a ajuda de Forge, cria um campo magnético que impede a aproximação do vilão da Terra. Puto da vida, ele cria um campo de distorção (ou algo assim) que culmina em efeitos catastróficos na Terra, inutilizando todo e qualquer artefato mecânico ou tecnológico. Como a própria Vampira diz: “Ele podia ter acabado com a gente!”. Exatamente. Se o cara pode causar um apagão global e retornar a humanidade à idade das trevas, porque não matar logo todos os seus inimigos?

Cansado da visão distorcida de seu ex-amigo da relação entre mutantes e humanos, Xavier organiza um grupo de elite dos X-Men para detê-lo e utilizando os equipamentos de tecnologia Shiar da Mansão X ele se teleporta para Avalon (ou pelo menos foi o que entendi) e lá decide desativar toda a bagaça, que também é construída com tecnologia shiar roubada da mansão, antes que Magneto faça pior uso dela. O plano era entrar na moita, causar o estrago e sair de fininho, mas claro que Magneto percebe a invasão e aparece para prestar contas com o careca.

O que se segue é o que sempre digo em relação ao Wolverine. Ele é aquele personagem impetuoso que não segue regras e quer logo resolver tudo na grosseria, claro que ele põe todo o plano a perder atacando Magneto sozinho (o que prova que ele é burro também) e se ferra bonito, numa das cenas mais impactantes da história dos X-Men.


A cagada começa com a Jean Grey que interrompe seu vínculo mental com o Profº Xavier quando vê seu peguete em perigo, mas o mais irônico é que ele só fica em perigo PORQUE ELA INTERROMPE O VÍNCULO MENTAL. A ideia era causar dor e sofrimento à Magneto, e fazê-lo desistir de seus atos por conta própria, aí quando a ruiva cessa o ataque mental em conjunto, óbvio que o Magneto recupera o controle e arranca o adamantium dos ossos do Carcajú na maldade.


Se eu fosse o Magneto, não teria perdido tanto tempo em fazer isso. O Wolverine já tinha se ferrado na minha mão de primeira!
Troféu "Joinha" pra srta. Grey!!


Batman X Bane: A Queda do Morcego

Os heróis estavam passando por uma era negra nos quadrinhos. O Superman havia morrido, um tubarão havia arrancado a mão do Aquaman, a Mulher Maravilha havia perdido seu posto de rainha das amazonas e o Lanterna Verde havia visto sua cidade ser pulverizada. À espreita do Batman estava um homem que havia conhecido o medo e os horrores de perto e que havia decidido que arrancaria Gotham City das mãos do morcego de uma forma ou de outra.


Longe de ser um troglodita qualquer, Bane estudou seu inimigo e arquitetou um plano infalível que o esgotaria física e mentalmente. Liberando todos os loucos do Asilo Arkham, Bane fez com que o Batman saísse à caça de um por um deles, o que o levou a um estado de estafa sem precedentes. Mesmo com a ajuda do Robin e de um novo parceiro denominado Azrael, o Morcego caiu num abismo sem volta e foi aí que Bane entrou em cena para dar o golpe de misericórdia invadindo a mansão Wayne e destruindo seu adversário.


Eu perdi as contas de quantas vezes eu folheei essa edição da Queda do Morcego e me lembro até hoje toda a publicidade em cima dessa edição nas bancas, que diferente da Morte do Super-Homem que só fui adquirir muitos anos depois, comprei tão logo saiu e acompanhei toda a saga até o seu fim muito tempo depois.


Como esquecer o impacto daquela magnífica capa desenhada por Kelley Jones em que Bane parte a espinha do Batman em duas? Isso pirava qualquer fã da época e não dá pra dizer que os anos 90 eram ruins, embora soubéssemos mais tarde que haviam existido melhores para os quadrinhos.



Aranha X Morlun: O Outro

Todos os heróis já haviam morrido, ressuscitado ou estado bem próximo da "cara de caveira", mas o Homem Aranha só havia passado por algo semelhante em A Última caçada de Kraven, tendo se safado todas as vezes que seus inimigos haviam tentado liquidá-lo. A sorte de Peter Parker acabou na saga O Outro.

As histórias do Homem Aranha haviam ganho um outro rumo, ele havia se tornado um vingador, a Tia May e a Mary Jane estavam morando na Torre dos Vingadores e Peter era o novo protegido do próprio Homem de Ferro. Tudo pareceu ruir quando num exame rotineiro, Peter descobriu que estava sendo vítima de uma anomalia sanguínea rara que o mataria mais cedo ou mais tarde. Procurando ajuda com as maiores mentes do universo Marvel, Peter só conseguiu retardar o seu fim que agora lhe parecia inevitável.
Enquanto ele morria vagarosamente, Morlun, um vilão que havia surgido pouco depois que Peter havia descoberto que seus poderes de Aranha eram na verdade uma herança (!), estava à sua espreita, pronto para “se alimentar” dos poderes totêmicos do herói. A luta entre eles é uma das mais ferozes que já vi nos quadrinhos, e o desfecho é totalmente surpreendente porque o Aranha perde!


Quando o Aranha acha que venceu o vilão na base da pancada, ele simplesmente arranca um de seus olhos e o come!!


Não satisfeito, o vampiro espanca o Aranha até deixá-lo bem próximo da morte, o que acaba acontecendo pouco depois.


A saga o Outro foi uma das histórias mais ridículas que já vi na vida, mas valeu única e exclusivamente por esse confronto entre o Aranha e Morlun, um vilão que saiu do nada e foi para lugar nenhum. Poderes totêmicos, o Aranha morrer e renascer de um casulo (!), tudo é muito forçado para ter alguma serventia, mas essa batalha entre os dois personagens e seu final inusitado serve para que o Aranha figure em 3º lugar entre as maiores surras das HQs.


Robin X Coringa: Morte em família

Há quem diga que Jason Todd foi o melhor Robin de todos porque ele era desaforado, não obedecia regras e desafiava o Batman. Mas então porque o público americano escolheu vê-lo morrer numa votação por telefone, fato que acabou condenando o jovem parceiro do Morcego?

Sempre achei que as atitudes impensadas do Robin Todd não combinassem com o perfil do parceiro do Batman, e nunca senti que ele tivesse feito realmente falta, uma vez que Dick Grayson havia consolidado sua carreira heróica independente da sombra de seu mentor e que Tim Drake (o melhor Robin a meu ver) estava desempenhando um ótimo papel.

Seja como for, embora a história em que isso tenha acontecido seja pra lá de ruim e monótona, a forma como Jason Todd foi levado à óbito é uma das mais cruéis que já pude presenciar.

À procura da mãe que nunca conhecera, Jason parte numa viagem sem o consentimento de Bruce Wayne e logo se vê em encrenca. Protetor, Bruce que havia afastado o rapaz do cargo de Robin por sua impetuosidade, tenta se redimir ajudando-o a seguir as pistas que o levam ao Oriente Médio. Lá, a dupla dinâmica se depara com o Coringa e mais um de seus planos maquiavélicos, que o Batman se vê obrigado a impedir.

Como eu disse, a história é muito fraca e só serve mesmo para dar um fim no menino prodígio, que confiando naquela que ele descobre ser sua mãe, acaba sendo levado para uma armadilha onde o Coringa e seus capangas o aguardam. Na frente da mulher que nada faz para impedir o Palhaço do Crime, Jason é espancado pelos capangas e logo depois pelo próprio Coringa na cena clássica do pé de cabra.


Já pensou você ser surrado bem na frente da sua mãe que nada faz para impedir?

Não culpo Todd por ele ter voltado da morte anos depois boladaço com tudo e com todos. Eu faria o mesmo.

O desfecho da história todo mundo conhece. Após o espancamento, o Coringa o deixa à beira da morte amarrado com sua mãe a uma bomba. Enquanto ele tenta desesperadamente salvá-la, a bomba explode e acaba com a vida do menino prodígio. Crueldade nível 9!


Justiceiro X Daken: Reinado Sombrio - A Lista


Fiquei durante algum tempo pensando em qual surra colocar na primeira posição, então comecei a avaliar o grau de crueldade que cada uma atingia.

O que poderia ser pior do que o Wolverine ter o adamantium de seus ossos arrancado pelos poros, o Batman tendo a coluna partida ao meio, o Homem Aranha tendo o olho arrancado, o Robin sendo espancado na cabeça por um pé de cabra?

O Justiceiro sendo esquartejado, claro!

Cara! Devo confessar que estou chocado com essa história até agora tal é o grau de crueldade que ela atinge. Sério! Nada nessa lista se compara a ver o velho Frank Castle sendo fatiado aos poucos pelo insano Daken, o filho do Wolverine, em cenas desenhadas pelo magistral John Romita Jr.

Tudo começou com o Reinado Sombrio em que Norman Osborn assumiu o lugar de Tony Stark como o diretor de operações da SHIELD (transformada na MARTELO) e se tornou o principal homem na defesa americana. Cansado de ver o homicida Duende Verde ocupando o maior cargo na segurança de seu país, o Justiceiro iniciou uma cruzada pessoal para exterminá-lo, o que logo colocou sua cabeça à prêmio. Caçado pelos maiores vilões à serviço do Capuz (aliado de Osborn) e até pelo Sentinela (o herói esquizofrênico), Castle se viu cada vez mais sem saída, tendo que roubar artefatos tecnológicos de heróis e vilões para escapar ileso. Quando o cerco se fechou sobre ele, Osborn enviou o assassino Daken em seu encalço, e a batalha entre eles foi intensa. Castle fez bastante estrago no mutante se recusando a morrer facilmente, porém o desfecho é um dos mais violentos que já vi nas HQs... E olhe que acompanho HQs há muito tempo!!


Cara! O Daken cortou os braços do Justiceiro e como se não bastasse arrancou sua cabeça! É muito sangue no “zóio”.

Eu nunca tinha visto um herói (anti-herói nesse caso) ser mutilado dessa forma tão vil, por isso que a morte do Justiceiro ganha a medalha de ouro no ranking das 10 maiores surras aplicadas por vilões nas HQs. Dificilmente alguma supera essa.


Ficou com o estômago embrulhado, jovem padawan? Então até o próximo Top 10!


NAMASTE!

27 de maio de 2011

Galeria do Rodman #4



Acompanho o site Melhores do Mundo há uns seis anos mais ou menos, e ao longo desse tempo me tornei um grande fã dos caras com seus posts hilários e os podcasts que "ixprodem tudo em BH". Hell, Change, "Falecido" Ultra e o desaparecido Mallandrox alegram minhas tardes com seus comentários (nem sempre) abalizados sobre o mundo nerd quando o ócio me ataca bravamente de vez em quando, e as vezes parece até que os caras são da família.
Recentemente num Podcast pra lá de zoneado, o grupo relembrou os antigos personagens que criaram na infância, e aí surgiu a ideia da promoção (ou Promocha, como eles dizem) dos leitores do site mandarem desenhos com os personagens citados no podcast.
Como nunca tinha participado de nenhuma promoção deles e como simpatizei com as criações toscas dos MDMs, decidi arriscar mandar um desenho, e o resultado pode ser visto acima: O Inacreditável Iron Cable, inventado pelo Ultra, claramente inspirado no Homem Aranha.
Os "poderes" do personagem e o fato dele lançar um cabo pelo cinto gerou muita zoação, e o personagem acabou se tornando um sucesso, tanto é que na galeria dos melhores desenhos o Iron Cable é figurinha carimbada.
Inspirado na clássica capa de Amazing Fantasy que apresenta o herói aracnídeo, fiz um esboço preliminar tentando imitar um pouco da perspectiva utilizada na reprodução feita da mesma capa por Alex Ross, mas claro, não deu muito certo! O resultado acabou ficando um misto da "dureza" do traço do Steve Ditko (da capa original) com o estilo cartunesco que tentei usar para desenhar o Falecido Ultra sendo carregado pelo herói criado por ele mesmo.

Não ficou lá aquelas coisas o trabalho, mas me diverti muito com a ideia que a capa passa e mais ainda que os caras acabaram publicando o desenho.
Claro que não fiquei nem entre os 5 primeiros colocados, até porque muitos feras também mandaram sua arte, mas foi bacana ter participado.
O desenho foi rabiscado a lápis e pintado no Photoshop e só lamento que as outras ideias que tinha para os demais personagens dos caras acabaram não saindo do papel.
Fica para a próxima!

NAMASTE!

X-Men: First Class vem aí!

Sabe quando a gente olha um trailer de um filme ou a simples menção a ele num meio de comunicação e nosso nariz torce automaticamente mesmo sem nosso consentimento? Foi exatamente o que me aconteceu quando ouvi falar de X-Men First Class, filme vindouro dirigido por Matthew Vaughn (o mesmo de Kick Ass) e produzido pelo "pai" (ou mãe, sei lá) dos dois primeiros X-Men, Bryan Synger.
Nem a presença do cara que ajudou a revitalizar o gênero super-heróis nos cinemas na produção ajudou a conquistar minha confiança (até porque Synger é um dos responsáveis por aquele desastre chamado Superman Returns) e na lista dos filmes futuros de heróis, X-Mens First Class nem constava como algo possivelmente "assistível", como você pode conferir aqui.
Mas qual o motivo de todas essas pulgas atrás da orelha, Rodman?
Os motivos, você quer dizer: X-Men: O confronto Final (que você deve conhecer como X-Men 3 e a bomba cinematográfica chamada X-Men Origins: Wolverine (que comentei aqui com todo meu carinho, num dos primeiros posts do blog).

Eu até simpatizo com X3 por ser um filme bem movimentado com ação quase do início ao fim e cenas memoráveis (como esquecer a bicuda do Fanático no Wolverine???), mas em termos de coerência em roteiro e montagem é um desastre. Synger abandonou o barco bem no começo das filmagens para cuidar de Superman Returns (toma essa!) e a bomba sobrou para Brett Ratner após um troca-troca (no bom sentido) infernal de diretores no meio do processo. Se levarmos em conta que o cara entrou em uma baita de uma fogueira e que o filme estava fadado ao fracasso se continuasse com os problemas no set que vinha enfrentando, até que ele conseguiu deixar o filme "assistível". O problema maior foi mesmo do roteiro que planejava algo grandioso demais para caber em duas horas. Tipo as brincadeiras do Chaves, sabe?
"Aí vem a doutora Rao com o pai do Anjo, eles criam uma cura mutante, aí ZÁS! Depois o Magneto fica boladão com essa cura, liberta o Fanático, depois a Fênix mata o Ciclope, mata o Professor Xavier, aí vem a Psyloque, A Kitty Pryde, o Colossus, o Fera, aí ZÁS!"
Nem vou perder mais tempo falando do filme solo do Wolverine, mas só por esses pequenos fatores é que me vi muito desanimado com as notícias de uma nova empreitada cinematográfica relacionada aos mutantes da Marvel. Decididamente a FOX estava desacreditada por mim pelo trabalho de porco que vinha fazendo.


Não é que a esperança voltou como um raio de sol no horizonte?
Nas últimas semanas, curioso que sou, comecei a acompanhar a euforia dos fóruns nerds que apontavam X-Men Firts Class como uma grata surpresa vindoura. O filme havia sido exibido para produtores e jornalistas especializados em cinema, e todos, sem exceção, haviam elogiado o filme e saído da sala de exibição com críticas favoráveis.
Não só isso, porque não sou muito de ir pela opinião de terceiros. Os trailers veiculados têm me agradado bastante, e já começo a olhar com outros olhos para um filme que até então, eu só veria quando o DVD chegasse à minhas mãos emprestado por alguém.

Vamos aos fatos:

Fato 1: X-Men First Class NÃO tem no elenco os medalhões que fizeram sucesso nos três primeiros filmes, e nem teria porquê, já que pretende contar a história dos primórdios da equipe e as razões que levaram Xavier a rivalizar ideologicamente com seu melhor amigo Erik Lensher, o Magneto. Portanto, esqueça se você pretende ver Ciclope (o pobre e injustiçado Ciclope tão execrado nos filmes anteriores), Tempestade, Noturno e Wolverine (bem, já há rumores que ele fará uma participação) no filme.

Fato 2: Desde o início, por puro preconceito meu, nunca achei que um filme protagonizado pelo Profº Xavier e Magneto pudesse funcionar comercialmente, embora a ideologia por trás de cada personagem é que crie o ingrediente que movimenta as histórias dos personagens mutantes.
Sim, eu tenho o espírito "massa véio", embora eu goste de bons roteiros principalmente, e talvez por isso eu torcesse o nariz para um filme com a dupla de velhinhos como personagens centrais.

Fato 3: Fora Magneto e Xavier, quem mais temos? Fera (nhé), Mística (de novo??), Destrutor (o caçulinha da família Summers), Emma Frost (Ehhhhh), Sebastian Shaw (dançando Footloose??), Angel (what??) e Banshee (aff!). Tirando a toda poderosa Emma, que empolgação esse elenco causa? A mim nenhuma.
OK. Mais uma vez é um preconceito meu, uma vez que muitos desses personagens podem render boas histórias se bem tratados por um roteirista, mas a primeira vista (e penso eu que não só a mim), parece mais um bando de buchas do que um grupo de heróis.

Fato 4: A FOX continua no comando do filme o que causa muito medo.

Fato 5: Vaughn, Synger e o outro roteirista Josh Schwartz, aparentemente pelo que se pode acompanhar pelas notícias e pelos trailers, mandaram a cronologia dos heróis para o cacete, logo, quem espera por fidelidade às histórias das HQs, pode tirando o cavalinho da chuva desde já.
Também não espere por muita coerência na própria história que foi vista nos filmes anteriores, já que X-Men Origins: Wolverine, segundo fontes confiáveis foi categoricamente limado para fins de cronologia cinematográfica. Inicialmente o novo X-Men seria uma espécie de reboot na franquia, o que nos exigiria um esquecimento coletivo de tudo que já vimos, mas nem os trailers concordam com isso, uma vez que mostram cenas dos filmes antigos para retratarem Magneto e Xavier.
Então, Rodman, como você explica a presença do Fera e da Mística no filme?
Sei lá. Quem disse que eu sei explicar isso!

Se o Fera e a Mística que aparecem em X3 são os mesmos de First Class, eles devem ser bem velhos por baixo daqueles pêlos e daquelas escamas azuis, já que o "reboot" se passa na década de 60!
Mas, Rodman, como você explica o Destrutor estar no filme e ele ainda ser descrito como o irmão mais novo do Scott Summers?
Boa pergunta, caro padawan. Vai ver o Scott já tinha uns 60 anos em X1, X2 e X3 e aparentava ser mais novo que a Jean Grey porque ele possui uma mutação secundária que lhe permite parecer jovem! Sei lá, porra!
Já espero por muita bagunça no quesito cronologia, só torço para que nada disso acabe prejudicando o rendimento da história que me parece bem agradável agora depois das últimas notícias.



O trailer acima é um dos melhores que vi até agora (todavia sabemos bem que o filme parecer bom num trailer não signifique que ele será bom) e prova que, diferente do que eu pensava, Magneto e Xavier, são sim personagens suficientemente bons para segurarem um filme focado neles. Os jovens X-Men nada mais serão do que bons coadjuvantes, penso eu, e o que dará uma liga mais firme, servindo de contraponto aos protagonistas, será mesmo o Clube do Inferno (se é que a organização terá mesmo esse nome no filme), os vilões da história.

Dá para perceber que Magneto substituirá aquela figura mothafucka do Wolverine que imperava na trilogia anterior, e o cara com toda certeza será o centro das atenções, o que me agrada, já que a meu ver, nos quadrinhos ele é um dos vilões (embora ela não seja realmente mau) além do Doutor Destino, de maior potencial na Marvel. O que me desanimava mesmo era aquela figura de "vovô" que deram a ele na franquia (embora o talento de Ian McKellen, seu primeiro intérprete, seja indiscutível), e com isso, nunca imaginei que o personagem poderia ter um ar "fodão" no cinema.
Mas Rodman, o Magneto É um vovô também nas HQs!
Eu sei, caro padawan, mas é que eu devo ter me acostumado com aquele físico de tiozão bombado que ele ganhou nos anos 90! Hehehehe!

O filme tem estreia prevista nos EUA para o dia 3 de Junho e deve chegar aos cinemas da gente diferenciada logo na sequência, se a FOX não der uma de Warner que lançará Lanterna Verde em terras brasilis quase um mês depois da estreia americana, possibilitando assim uma movimentação maior nos torrents e nas bancas de camelôs da vida.
No elenco, James McAvoy (Xavier), Michael Fassbender (Magneto), Rose Byrne (Moira Mactaggert), a teteia da Jennifer Lawrence (Mística), Oliver Platt (personagem wathever), Kevin Bacon (Sebastian Shaw) e January Jones (Catava fácil!).

Uma vez que a cronologia tanto dos quadrinhos quanto da própria série cinematográfica estará MUITO zoneada nesse filme, nos resta pelo menos torcer para que X-Men First Class seja um bom filme e que não subestime a nossa inteligência!

Em breve o review do filme! Aguarde!

NAMASTE!

24 de maio de 2011

Estudo Errado

"Manhê! Tirei um dez na prova
Me dei bem tirei um cem e eu quero ver quem me reprova
Decorei toda lição
Não errei nenhuma questão
Não aprendi nada de bom
Mas tirei dez (boa filhão!)"

O título deste post e os versos que dão início ao texto são da música Estudo Errado, gravada em 1995 por Gabriel o Pensador, e a letra ácida já remetia a problemas graves no sistema de educação brasileiro naquela época. Hoje, quase vinte anos depois, boa parte dos erros de conduta apontados na letra ainda se fazem atuais, e parece que só estamos no meio da ladeira em que a educação em nosso país vem descendo.

Já se discutiu bastante, muita gente já deu sua opinião e muitos questionamentos já foram feitos em relação ao livro Por uma vida melhor da autora Heloísa Ramos que fora aprovado pelo MEC, aquele órgão que, segundo algumas pessoas, é o Ministério da Educação, e eu não poderia deixar de dar as minhas impressões sobre o assunto. O livro, como todo mundo sabe, ou pelo menos deveria saber, em alguns de seus capítulos defende erros de concordância na língua portuguesa como “os livro” e “os peixe”, e ainda considera que não se deve considerar tais flexões linguísticas como erradas e sim inadequadas em certas ocasiões.

Em primeiro lugar é bom deixar claro que no estudo da linguística é cabível perfeitamente considerar outras formas que não as normativas de uso da língua falada. Não adianta ignorar que muitas pessoas falam de forma incorreta e escrevem exatamente como falam e acho válido que haja essa explanação dessas variações como uma forma de estudo. O que me incomodou nessa história, no entanto, é como isso foi passado no capítulo citado. Há um trecho que parece mais tirado de um manual esquerdista de direitos sociais do que de um livro que trata da língua portuguesa: “A classe dominante utiliza a norma culta principalmente por ter maior acesso à escolaridade e por seu uso ser um sinal de prestígio. Nesse sentido, é comum que se atribua um preconceito social em relação à variante popular, usada pela maioria dos brasileiros”.

Esse trecho trata a língua portuguesa culta, aquela que deveria ser obrigação de todo brasileiro saber pelo menos o básico, como algo que somente os bem abastados utilizam por fazerem parte de uma classe dominante, e retratar tal pensamento num livro escolar é querer ir um pouco longe demais no aspecto disciplinar.

A generalização nesse caso se faz absurda e posso usar o meu próprio caso como exemplo para provar porquê.

Nunca fiz parte da “classe dominante” e estudei por quase toda a minha vida em escolas públicas, fundamental e ensino médio. Não tive qualquer facilitação no quesito aprendizado apesar de, na época, ter topado com professoras que me fizeram ter gosto pela língua portuguesa, e posso dizer com toda convicção que tudo que aprendi foi graças a meu próprio esforço. Meu português não é perfeito e nem me considero um expert na língua culta, mas no meio em que vivo considero que sei flexionar bem as palavras e verbalizá-las, até porque minha profissão exige que eu saiba me comunicar bem, seja oralmente ou de forma escrita. Eu não fui forçado a aprender o português, aprendi porque considero algo importante na formação de qualquer ser humano que queira viver numa sociedade. Considerar a norma culta da língua como algo que só a classe dominante tem direito a gozo é puramente um argumento pífio diante dos absurdos cometidos no livro, que a meu ver, depõem muito mais contra a arte disciplinar do que a favor.

Não é necessário enaltecer que grande parte da população brasileira trata a língua que se fala na base na pancada, e por conviver com adolescentes e crianças quase que diariamente por dar aula numa escola de informática, eu consigo ver que a utilização da língua portuguesa está cada vez mais banalizada. Muitos dos meus alunos não têm a mínima noção de ortografia, escrevem como falam e às vezes mesmo copiando um texto da apostila conseguem errar. Vêem a palavra certa e digitam errado. Falar de erros gramaticais então é covardia, e isso é uma realidade nos dias atuais. É só frequentar qualquer fórum de discussão na internet para se ter uma ideia do que estou falando.

O que houve de errado entre o período em que frequentei a escola pública e o atual? Os alunos perderam o interesse em aprender? Os professores perderam o interesse em ensinar? Chega a ser assustadora a quantidade de alunos que saem do ensino fundamental sem qualquer noção de interpretação de texto, e o que podemos esperar de um futuro onde os livros ensinam que você deve aprender a forma culta da língua usual em seu país, mas não deve se preocupar em usá-la? Ou que existem várias formas de linguagem, portanto, não podemos considerar errado falar “os livro” e sim inadequado?

Outra coisa que me incomodou foi o fato do texto citar que você pode usar a linguagem “de forma inadequada”, porém deve atentar-se ao fato de que você pode ser vítima de “preconceito linguístico”. Preconceito linguístico?? É claro que no Brasil existe o regionalismo, a criação das gírias em determinados pontos do país torna a cultura linguística muito rica, mas o que se trata aqui é o uso indevido da língua que, no meu ponto de vista, deve ser encarada como uma regra, e a regra, como diria o Arnaldo César Coelho, é clara. Eu não vejo necessidade em se utilizar de meios que venham a driblar algo que é tido como regra e que todo cidadão brasileiro deveria se preocupar, senão qual seria o sentido de se frequentar a escola e ter um professor de português na sala de aula?

A nossa língua é tida como uma das mais difíceis de aprender por um estrangeiro, o que é simples de se comprovar visto que para os próprios brasileiros é algo difícil, mas isso em grande parte vem de sua riqueza estrutural. Dizer que a norma culta continuará a ser utilizada e que o livro não está “desensinando” ninguém não basta se o teor do texto utilizado para afirmar isso continuar tendo um fundo político e ideológico. Conheci muitas pessoas na faculdade, filhos de gente de classe alta, que mal sabiam escrever, e se o faziam causavam vergonha alheia, portanto essa de “classe dominante” é furada. Mais desculpa ainda é afirmar que existem sim pessoas que não tiveram chance de estudar e continuar as tratando como as eternas párias da sociedade, em vez de dar-lhes chances de aprender também. Falar corretamente é um dever de todo cidadão, e tentando proteger essas pessoas menos favorecidas os autores do livro só conseguiram é aumentar mais ainda o abismo que as separa das “classes dominantes” que escrevem e falam corretamente. Se é assim, desculpem leitores, eu faço parte da classe dominante e nem sabia!

Li vários artigos e o próprio capítulo em pauta do livro Por uma vida melhor para ter uma base de argumentação, e juro que tentei entender quem defendeu essa nova forma meio inusitada de ensino. O escritor, linguista e professor da Universidade de Brasília Marcos Bagnos é um desses exemplos de defensores fervorosos que escreveu em seu site a matéria Polêmica ou ignorância? Discussão sobre livro didático só revela ignorância da grande imprensa. Bagnos defende que a imprensa causou alarde por pouca coisa e que a língua portuguesa não possui apenas uma forma dita correta de utilização, e sim várias. Bagnos também alfineta aqueles que consideram a língua portuguesa algo “fossilizado e conservado em formol” e alega que deve haver uma flexibilização maior de seu uso, considerando que sua herança portuguesa (de Portugal mesmo) já não deve mais ser usada como base já que ela sofreu mutações dentro de nossa própria cultura.

Pierre Lucena no post Com vocês, “Por uma Vida Melhor”, o livro mais popular do Brasil no site Acertando as contas, atenta mais para a utilização incorreta de termos ideológicos para defender a ideia de pluralidade linguística, e ainda faz uma crítica à qualidade didática do livro, algo com o qual concordo apenas visualizando a composição gráfica da publicação. Por uma vida melhor apresenta textos corridos de páginas inteiras em tom de redação escolar, e cita exemplos esdrúxulos como os já comentados erros de concordância que agora “nóis pode falar sem medo” (não, isso não tem no livro, é autoria minha).

A autora do livro pode até ter pensado em acertar colocando uma linguagem com o qual o público médio ao qual a publicação se destina se identifique, mas no meu tempo livros eram obras que ensinavam o correto a quem lia, e não deixava em dúvida quando era ou não correto utilizar o que se aprendeu (se é que aprendeu!).

Mais uma vez vejo a educação no Brasil sendo colocada de lado por razões políticas e tomara que eu esteja redondamente enganado e que as próximas gerações saibam fazer bom uso dessas várias e infinitas possibilidades de uso da língua e que essas medidas didáticas não enterrem de vez o que ainda resta do português nosso de cada dia.

E sei que o estudo é uma coisa boa
O problema é que sem motivação a gente enjoa
O sistema bota um monte de abobrinha no programa
Mas pra aprender a ser um ingonorante (...)


Vale a pena também ler a opinião da Camila Silva (minha irmã) sobre o assunto no post Norma Culta do blog Medos Privados em Lugares Públicos. Ela também estudou a vida toda em escola pública e não usa isso como justificativa para "escrevinhar errado".

NAMASTE!

4 de maio de 2011

Review: Thor


Fazia muito tempo que eu não conferia um filme no dia de sua estreia, mas a minha ansiedade nerd em ver Thor falou mais alto e isso fez com que, combinando com uma amiga anteriormente, eu assistisse a estreia na melhor sala de cinema de São Paulo (a sala Cinemark Bradesco Prime do Shopping Cidade Jardim) com direito a sessão 3D.


Como já havia adiantado antes, Thor para mim era o filme de super-heróis (e olhe que esse ano tem bastante deles prontos a pipocar nas telonas) mais esperado do ano, até porque de todos os que tive a chance de ver o trailer, foi o que mais me empolgou. Capitão América me passou a ideia de um filme “aventuresco” de Sessão da Tarde e Lanterna Verde me deu a péssima sensação de que será metido a engraçadão, deixando meio de lado a mitologia do personagem. Mas isso, claro, são apenas conjeturas. Só depois de vistos é que poderei falar com maior propriedade deles. Sobre Thor, o que você tem a me falar, Rodman, pergunta você, jovem padawan. Segue o review.



Juro que durante os primeiros 15, talvez 20 minutos da película eu achei que toda aquela expectativa de meses criada em volta do filme iria por água abaixo e comecei a achar que o 3D seria a única novidade em Thor, dirigido por Kenneth Branagh. É incrível a profundidade que qualquer cena ganha com o recurso 3D, que (res)surgiu para dar uma sobrevida ao cinema, uma vez que a pirataria vinha arrancando cruelmente os espectadores da sala de cinema (não consigo entender quem prefere ver filme pirata de péssima qualidade em casa na TV de 29 polegadas em vez de ver no cinema). Tudo ganha uma grandiosidade absurda na tela até mesmo as cenas mais, digamos assim, cotidianas, mas só quando eu parei de me deslumbrar com o efeito é que comecei a perceber as virtudes do filme.


A qualidade massiva que é aplicada ao filme devido o efeito 3D me fez perceber em muitos casos que o CGI ainda não é perfeito, mesmo depois que James Cameron provou com seu Avatar, que podemos sim acreditar que um personagem criado por computação gráfica possa parecer real. Talvez isso tenha sido o fator que mais me incomodou nos primeiros minutos de filme. O começo da história nos transporta para Asgard, o mundo dos deuses da mitologia nórdica e é impossível tentar representar algo tão infinitamente grandioso sem a ajuda dos efeitos especiais. Vemos uma guerra entre gigantes do gelo e os deuses em plena Midgard (Terra) e a batalha épica entre as duas raças, embora breve, mostra que a extensão do CGI ainda limita algumas cenas de ação para quem tem um olho mais apurado para esse tipo de coisa. Como designer gráfico, felizmente (às vezes infelizmente), aprendi a ver os defeitos das cenas antes de me empolgar com os acertos e isso explica a má impressão que o filme me causou de início.


Gostei do chamariz que o filme apresentou antes de nos levar para Asgard e isso ajuda a instigar o público a querer saber mais. À princípio não vemos Thor (Chris Hemsworth), seu pai Odin (Anthony Hopkins) ou qualquer outro asgardiano, e sim a mortal Jane Foster ( vivida pela oscarizada Natalie Portman) e sua equipe de astrônomos Darcy (Kat Dennings) e o Professor Andrews (Stellan Skarsgard), que investigam os céus em busca de fenômenos que fogem aos padrões comuns da ciência. Um passeio de carro em direção aquilo que se assemelha a um imenso tornado culmina com uma pancada, e um homem é atropelado pela equipe, dando o mote para as especulações. Os leigos, claro, não devem imaginar do que se trata, mas aqueles que estão ali para ver a história do Thor já sabem do quem se trata o infeliz atropelado.
A primeira cena já causa os mimimis inicias por parte dos nerds, já que é óbvio que essa versão da Jane Foster não é uma simples enfermeira, como ela o é nas HQs. Afinal, o que estaria fazendo uma enfermeira correndo atrás de tornados? Aiii, nem está igual à HQ. Odeio esse filme, mimimizam os fanáticos. É muito mais verossímil essa característica de Jane Foster pelo fato de que Thor é um cara que tecnicamente veio do espaço (se considerarmos Asgard outro mundo). Se ela fosse uma simples enfermeira, seu personagem teria muito menos serventia na trama e seria necessário o acesso imediato do Doutor Donald Blake, que nas HQs é o corpo mortal digno de deter o poder de Thor e interesse romântico da moçoila. Sendo ela uma cientista que estuda fenômenos astronômicos, fica mais crível que ela consiga entender que um deus caiu na Terra.


Antes que eu viaje muito e deixe os leitores loucos com minhas explicações HQzísticas, devo enfatizar que Kenneth Branagh consegue desenrolar toda essa transição do mundo dos deuses para o "mundo real" com maestria, uma vez que ele só tinha duas horas de filme para fazer isso. A trama fica corrida? Fica, mas não haveria outra forma de mostrar ao público médio o que é Asgard, quem é Odin, quem é Thor e porque ele é jogado na Terra sem um pouco de aceleração de frames.
Depois da rápida apresentação de Jane e seus amigos, vemos Asgard e a guerra antiga entre dois dos mundos (na mitologia nórdica há oito mundos além da Terra) Jotunheim e Asgard pela conquista dos mortais, e a guerra termina com a vitória de Odin e seus comandados, o que cria uma espécie de trégua forçada entre ele e o líder dos gigantes de gelo, Laufey (Colm Feore). Mais tarde vemos Thor e seu irmão Loki ainda crianças apresentando ambições ao futuro trono de Asgard e numa passagem de tempo rápida já somos apresentados a Chris Hemsworth na pele do deus do trovão, sendo agraciado com o título de príncipe e, portanto, o sucessor legítimo de Odin.

Uma invasão de gigantes do gelo ao reino no momento da celebração de Thor ocorre, colocando em xeque a segurança criada pelo pacto entre Odin e Laufey, e é necessário que o Destruidor, uma máquina movida por magia asgardiana, cesse a invasão. A partir de então, a discórdia é inserida no coração da família Odinson, Thor vê a necessidade de uma retaliação pelo ataque, surgem dúvidas de como os gigantes passaram pelo guardião de Bifrost (a ponte do Arco-Íris que é uma espécie de passagem entre os mundos), guardada por Heimdall (Idris Elba) e Odin prefere manter-se cauteloso.


Quando Loki (Tom Hiddleston) usa de seu poder de persuasão sobre o irmão, que por si só já possui um espírito inquieto (saca o filhinho de papai que tem tudo e acha que é o rei do mundo? Então), Thor rapidamente decide ir contra as ordens do pai de atacar Jotunheim, e junto dos três guerreiros Fandral (Josh Dallas), Hogun (Tadanobu Asano) e Volstagg (Ray Stevenson, o Justiceiro do 2º filme irreconhecível por baixo da maquiagem), mais a guerreira Sif (a belíssima Jaimie Alexander) ele parte para confrontar os gigantes do gelo pela invasão ao reino de Asgard e pela tentativa de reaver a caixa do Inverno Eterno, artefato esse que havia sido tomado dos gigantes numa antiga guerra.



Assim como um pittboy que vai para a balada, que arruma encrenca e que precisa ligar para o papai ao final da noite para tirá-lo do enrosco, Thor acaba vendo que seu ato inconsequente estava além de suas capacidades e não só expõe os amigos ao risco de morte como também ameaça acabar com a paz selada entre seu pai e os bonecos de Olinda congelados. Avisado por Heimdall, o guardião que não é o Google, mas tudo vê, Odin acaba sendo obrigado a resgatar o filho inconsequente, os três guerreiros, Lady Sif e Loki de uma briga que eles não poderiam vencer (não disse que era como um pittboy e seu pai rico?), e chegando em Asgard, após uma briga ferrenha entre pai e filho, o senhor de Asgard decide banir Thor da cidade reluzente, retirando todos seus poderes, tornando-o indigno de seu martelo Mjolnir e lançando-o na Terra, sobre os protestos (falsos) de Loki e da sua mãe Frigga (Rene Russo), no caso dela, protestos verdadeiros.


A batalha entre Thor e seus amigos contra os picolés superdesenvolvidos é grandiosa e nos dá a primeira mostra de que o CG pode sim (e deve) ser usado com extrema perícia. A luta é muito movimentada e temos uma boa dose de ação para esquentar o clima e fazer-nos mexer inquietos na poltrona. Pela primeira vez temos a sensação de que há algum peso em Mjolnir, já que na cena inicial (a que Thor está prestes a ser coroado príncipe) seu martelo mais parece o do Chapolin de tão leve. A primeira grande metade do combate coloca o herói nórdico e seus amigos em larga vantagem contra os gigantes do gelo, e nos deleitamos com belíssimos efeitos especiais enquanto Thor usa e abusa de seu vasto poder. Ele arremessa o Mjolnir, ele bate o martelo no chão provocando ondas de choque, gira a arma com a alça provocando furacões (achei esse efeito bem meia boca pelo fato de que não parece que o ator está girando o martelo e sim que ele está girando sozinho em sua mão) e até mesmo voa em alta velocidade tal qual um Superman.

Pronto. Suficiente para causar orgasmos nerds. Em pouco tempo a plateia é recompensada por ótimas cenas de ação ao estilo Senhor dos Anéis, além de conhecer do que o deus do trovão é capaz. Nota 8 para essa cena pela criatividade do combate. Ainda sou meio chato com o CG e não o acho perfeito.


Por ser um deus arrogante, mesquinho e inconsequente, Thor é castigado por seu pai a viver como um mortal em Midgard, dessa forma, com todas as fraquezas e limitações de um ser humano, ele é obrigado a conviver com algo que ele desconhece: a falta de poder e a humildade. É quando o destino o coloca no caminho de Jane Foster, após sair de um vórtice transtemporal que o conduziu de Asgard até ali, e que ela acredita ser, até então, apenas um fenômeno inusitado.


Vale lembrar que nas HQs, Thor não é jogado em sua forma física diretamente na Terra. Seu poder é trancafiado no poderoso Mjolnir e só quem for digno de receber tal poder pode erguê-lo e assumir a forma de Thor, o que acontece com o frágil e coxo Doutor Donald Blake. No filme, o doutor é citado apenas como um ex-namorado de Jane, mas não chega a aparecer ou conter o poder de Thor. Também acho essa alternativa mais viável. Essa história de um ser frágil conter o poder de um deus é muito anos 60. Sem falar que já temos o Capitão Marvel (o Shazam da DC) com esse mesmo mote. Ter um cara que caiu na Terra banido de seu mundo e que terá que reaprender a conquistar o direito de ter seus poderes é muito mais crível, na minha opinião. Ponto para a adaptação de Branagh.
Em vez de criticar as escolhas dos diretores pelas adaptações aprendi a entendê-las antes de tudo como algo funcional para a história, e com Thor, as liberdades artísticas do diretor são em certo ponto, necessárias para que a trama seja plausível.
Thor não é um filme que chega a surpreender, até porque eu já conhecia a história antes mesmo dela ser transposta para as telonas. O mais interessante é assistir a forma como cada evento é colocado e as soluções que a produção encontra para o desenrolar da trama, sem grandes pontas soltas e nem nada que exija muito da sua massa encefálica (não que seja um filme descerebrado). As interpretações estão dignas de elogio, apesar de se tratar de um filme Blockbuster. Natalie Portman faz seu papel e pronto. A Nina de Cisne Negro não está presente, e Natalie interpreta uma Jane Foster fiel ao que ela se propõe ser, nem a mocinha em perigo e nem a heroína corajosa, mas sim uma personagem possível de existir no mundo real e que faz com que o herói tenha um sentido em sua jornada.

Anthony Hopkins está perfeito como Odin. Seu tom de voz vai do sereno ao grave em instantes, e podemos sentir toda a imperiosidade de um deus quando ele atinge tal evolução. O personagem de fato, nos passa uma sensação de fragilidade em alguns momentos apesar da coragem de banir seu próprio primogênito em detrimento de suas ações, mas a cena em que ele “desmaia” o que anuncia que ele caiu no Sono de Odin mais me pareceu que ele sofria de narcolepsia! Pelo que conheço da história, o Sono de Odin era algo voluntário que o soberano usava para repor suas energias, e não um chilique sem aviso que o derruba enquanto ele bate um papo com o filho bastardo.


Chris Hemsworth está muito bem no papel de Thor. Fisicamente ele se parece com um deus nórdico (os descritos nos livros e o próprio deus do trovão da Marvel), tem a altura e o tipo físico exato, e, além disso, é bom ator, convencendo tanto em cenas de ação quanto em cenas de alta dramaticidade, quando, por exemplo, ele percebe que não é mais digno de empunhar Mjolnir e caí numa espécie de derrota pessoal (mais ou menos como uma broxada na Hora H). Certos personagens de quadrinhos quando são transportados para o cinema, em especial aqueles que levam o título do filme, precisam ser uma massa de músculos, mas que consigam desempenhar um bom papel dramático. Se havia alguém que duvidava que isso existisse até então, Hemsworth está aí para provar o contrário.


Se eu fosse apontar um elo fraco no filme eu diria Tom Hiddleston, mas acho que não estaria sendo justo com o ator, uma vez que foi o seu Loki que não me agradou e não sua atuação em si. Me acostumei a ver um Loki nas HQs que usa seu poder de persuasão para causar situações que o beneficiem. Até aí o Loki de Hiddleston faz isso, só que nas HQs, o deus da trapaça é um personagem que causa a nossa ira, alguém desprezível que percebemos estar fazendo aquilo acima de tudo para satisfazer o próprio ego. O Loki de Hiddleston mais parece o irmão caçula invejoso que quer o lugar do irmão mais velho e fica de birrinha por conta disso. Todas essas características estão incutidas no personagem Loki, claro, mas me incomodou a forma como isso foi transposto. Havia maldade por parte do traiçoeiro, mas quando este fala para o Thor que “só queria ser como ele” me pareceu demasiadamente forçado. Achei que a maré viraria quando ele sugere que Laufey (seu verdadeiro pai, para quem não sabe e não se importa com SPOILER) mate Odin a fim de que ele fique com o trono de Asgard, uma vez que o verdadeiro herdeiro está exilado, mas a cena do combate final entre os meio-irmãos põe tudo a perder. Como apresentação do personagem, no entanto, é válido, mas em um futuro desenrolar da história gostaria de ver Loki agindo mais na maldade mesmo, em vez de estar fazendo tudo por invejinha como um colega de firma que quer te derrubar para ficar no seu lugar.


Vale ressaltar que as participações de Idris Elba, Josh Dallas, Tadanobu Asano , Ray Stevenson e Jaimie Alexander são figurativas no quesito enredo, uma vez que eles desempenham um papel pequeno. Todos têm, no entanto, uma cena marcante, e boa parte do humor incutido no filme aparece quando eles estão presentes. Na própria HQ, o grandalhão Volstagg (Stevenson) é o alívio cômico, e não são raros os momentos em que seus próprios colegas Fandral e Hogun o auxiliam nessa tarefa. Lady Sif apenas deixa no ar, no filme, certo interesse romântico pelo deus do trovão, o que é bem claro nas HQs (ela é a esposa de Thor), enquanto é de Heimdall a melhor cena de humor no filme, quando ele convoca os três guerreiros e Sif diante do portal da Bifrost para indagar-lhes se eles estariam dispostos a resgatar Thor de seu exílio. A essa altura, o guardião que tudo vê já desconfia das reais intenções de Loki, que obviamente, ascendeu ao trono com o Sono de Odin, e com apenas um único sim do quarteto ele dá a reunião como encerrada, enviando-os sem autorização para a Terra, atrás de Thor. Contando assim não tem graça nenhuma, mas a cena é hilária e nos faz lembrar que o bom e velho Heimdall bem que podia dar uma dessas de vez em quando nas HQs.


Enganado pelo meio irmão, exilado de seu mundo e privado de seus poderes pelo próprio pai, Thor acaba aprendendo que seu poder não lhe dá o direito de ser melhor que os demais e nem tampouco passar por cima de regras (algo que o Homem Aranha já sabia), e a humildade é algo que ele adquire no convívio com Jane e seus amigos Darcy e Andrews (uma surpresa grande envolve o personagem, mas falar disso é sacanagem). Assim, Loki não satisfeito apenas com o trono de Asgard, envia a máquina de destruição criada por seu pai para a Terra, a fim de que ele elimine o meio-irmão, e o embate entre os aliados de Thor e o Destruidor se torna a cena mais empolgante do filme em especial com seu desfecho arrebatador em que o poderoso Mjolnir retorna a responder seus chamados e lhe devolve os poderes.


Toda a trama do filme é bem amarrada e tudo acaba funcionando bem, em especial a ligação da SHIELD com a aparição desses novos elementos (quem não lembra da cena pós-créditos de Homem de Ferro 2?), a citação de Bruce Banner por Andrews e a rápida, porém reveladora aparição de Clint Barton (Jeremy Renner) o Gavião Arqueiro em meio à captura de Thor. Os planos da Marvel para seus personagens são grandiosos, e eu como um fã alucinado por quadrinhos tenho delirado com toda essa movimentação entre os filmes que culminarão no esperado lançamento dos Vingadores.
Thor é um filme muito bom para ser assistido sem preocupação, seja você um entendedor de quadrinhos ou não. Ver ao lado de um leigo no assunto pode ser um bom termômetro para avaliar o quão o personagem envolve as pessoas que não sabem nada do assunto, e talvez eu volte ao cinema para conferir isso, já que minha amiga já estava bem antenada sobre mitologia nórdica e também sobre quadrinhos. Assista ao filme sem medo. Efeitos especiais ou interpretações não serão um problema para você. Curta ao máximo.

NOTA: 8


Destaque também para a trilha sonora da película que conta com uma das faixas do novo CD (aguardado) do Foo Fighters Wasting Light e a música é Walk, que toca quando Thor conversa num bar com o Profº Andrews e depois dos créditos.
Falando em créditos, nem pense em levantar seu traseiro gordo da poltrona antes dele terminar. Como já virou tradição nos filmes da Marvel, tem cena pós-crédito.

NAMASTE!

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...