12 de março de 2015

Do Fundo do Baú: Demolidor, o Homem Sem Medo


Demolidor: O Homem sem Medo foi uma minissérie escrita por Frank Miller e desenhada por John Romita Jr. originalmente em 1993, e publicada aqui no Brasil alguns anos depois pela Editora Abril e mais recentemente republicada pela Panini

Qual a importância dessa história para que ela mereça um post, Rodman?

A resposta é bem simples, caro padawan: Frank Miller.

Quase que 80% do material que li do Demolidor a minha vida toda foi escrita ou desenhada por esse cara, e poucos escritores conseguiram entender o Demônio Audacioso em seu cerne tão bem quanto Miller. Sempre considerado um personagem menor da Marvel, de segundo e até mesmo de TERCEIRO escalão, o Demolidor estava prestes a ter sua revista mensal cancelada quando o, na época, jovem Frank Miller assumiu o título. Seus desenhos ainda eram bem orgânicos na hoje longínqua década de 70, mas possuíam uma fluidez que faziam seus personagens saltarem dos quadrinhos, como se estivessem vivos. Sua narrativa sempre cinematográfica tornou as histórias do herói cego não só um sucesso de vendas, como também um sucesso de crítica. Já que a Marvel se vangloriava de ter heróis mais próximos da realidade, com problemas de grana, relacionamento e de trabalho, com o Demolidor de Miller, eles tinham agora o seu herói mais realista de todos, aquele que convivia bem de perto com o que de pior a humanidade podia produzir.

Os desenhos de FRANK MILLER
Drogas, corrupção e violência eram temas que Miller trazia para o cotidiano das histórias do Demolidor com maestria, e lendo cada página é como se estivéssemos mergulhando de cabeça no submundo do crime do bairro da Cozinha do Inferno, residência fixa do Demônio. Em 1993, Miller estava retornando para a Marvel após um longo afastamento em que ele estivera produzindo outras obras de arte para a DC (Cavaleiro das Trevas, alguém já ouviu falar?), e após pavimentar todo o caminho que seria seguido por outras gerações de artistas para com o Batman, ele sabia que ainda podia contribuir com seu personagem preferido da Marvel, e assim o fez, voltando para reescrever a ORIGEM do Demolidor.

Os traços de Bill Everett, na primeira HQ do Demolidor

A primeira vez que tive contato com a origem do Demolidor, aquela clássica, escrita por Stan Lee e desenhada por Bill Everett de 1964, foi na revista Superaventuras Marvel nº 100 da Editora Abril (1990). Até então, eu só via o personagem fazendo algumas aparições especiais nas aventuras do Homem Aranha, mas depois daquele primeiro contato com seu passado trágico, senti que começava a gostar genuinamente do personagem. 


De forma até bem didática, como costuma fazer, Stan Lee nos explica tudo que precisamos saber naquela primeira edição, e a passagem de tempo que mostra Matt Murdock desde a infância até sua vida adulta, não nos deixa qualquer dúvida de como tudo aconteceu desde que Matt servia de saco de pancada pros moleques folgados da escola até sua vida adulta como vigilante mascarado. Miller, em O Homem Sem Medo, no entanto, mostra de forma mais minuciosa aquilo que não sabíamos, abrindo novos precedentes para a vida do Demolidor, algo que ele fez muito bem com o Batman em Ano Um.


O primeiro capítulo é inteiro dedicado a nos mostrar a infância humilde de Matt e seu pai na Cozinha do Inferno. O quão duro o velho JackBatalhadorMurdock tem que dar para cuidar do seu filho sozinho (já que Maggie, a mãe freira do menino, os abandonou quando ele ainda era muito novo), e de como o pequeno Matt enfrenta seus próprios problemas em meio a uma vizinhança violenta e intransigente. Alvo fácil dos valentões da escola por ser pequeno e mirrado, Matt cresce com um sentimento de impunidade muito grande dentro de si, o que o faz escolher a carreira de advogado ainda na infância, quando leva uma surra do pai por ter agredido um menino na escola. Sabendo o quão difícil é sua vida de boxeador, Murdock faz com que Matt jure que por mais que as coisas sejam difíceis, ele jamais vai largar os estudos, algo que o menino leva como ensinamento pra vida toda. 


Embora frágil, Matt mostra que ganha uma coragem fora do comum quando quer, o que o faz esconder o cassetete de um policial no velho ginásio onde o pai treina. Essa mesma coragem se mostra no pior momento de sua vida, quando ele salva um homem cego de ser atropelado por um caminhão carregado de produtos químicos, sendo ele mesmo atingido pelos resíduos caídos da caçamba. Cego e nas trevas, Matt descobre que seus demais sentidos se tornaram aguçados além do comum, e que mesmo na escuridão, de alguma forma, ele consegue distinguir formas, cheiros e vibrações. Aquilo lhe dá o alento necessário para continuar pegando firme nos livros, algo que seu pai fazia questão, sem nunca deixar seu treinamento físico de lado. Por vários anos, Matt treina seu corpo tanto quanto sua mente, se destacando entre os demais valentões da sua idade.


Na história original escrita por Stan Lee, embora a passagem de tempo seja muito bem mostrada, dá-nos a impressão que Matt leva anos para vingar a morte do pai pelas mãos dos capangas do Manipulador, o gângster que faz com que Jack Murdock trabalhe para ele como uma espécie de “mensageiro” para os caloteiros. Embora saiba que está entrando em um mundo de onde não se pode sair sem o custo de sua própria alma, Jack decide fazer o que for preciso para poder pagar os estudos de Matt, bem como manter sua vida minimamente confortável. Enquanto o chefão do crime compra lutas para que o Batalhador as vença com facilidade, o tornando uma sensação nas casas de aposta, Jack só descobre que estava sendo manipulado tarde demais. Quando ele decide que não vai entregar a última luta, melando assim com os planos do Manipulador de fazer uma fortuna em cima do combate, Murdock é eliminado à sangue frio, deixando Matt órfão. Na história original, Matt só vinga a morte do pai depois que já se tornou o Demolidor, mas em O Homem Sem Medo, ele o faz antes disso.


Acrescentado nas histórias do Demolidor ainda na época de Frank Miller à frente do título, o misterioso Stick aqui aparece com certo destaque, aceitando o desafio de treinar o promissor Matt Murdock, que corria para treinar no ginásio todas as vezes que apanhava na escola. Quando o menino fica cego após o acidente e observando as habilidades especiais que crescem com ele, Stick decide treinar o garoto, a fim de mantê-lo puro e limpo de qualquer influência maligna, e até certo ponto ele consegue seu intento, embora castigue bastante o menino com seus ensinamentos brutais.


Quando em sua sede de vingança, Matt caça um por um dos homens envolvidos no assassinato de seu pai, e acaba empurrando pela janela uma prostituta, causando sua morte, cheio de culpa, Matt procura auxílio de seu sensei, o que não encontra, ao passo que o velho mestre percebe que ele acabou se corrompendo, e que mais tarde a influência da intrépida Elektra Natchios pode piorar ainda mais o comportamento do rapaz.


Essa passagem de tempo entre a infância de Matt, a adolescência e sua vida na universidade fica meio confusa  às vezes pela narrativa de Miller, e é estranho imaginar que ele ainda era um moleque quando acabou com todos os capangas do Manipulador usando apenas uma máscara de esqui para ocultar sua identidade e as técnicas ensinadas por Stick. Nada de uniforme ainda, nada de Demolidor.

Elektra.

Ah, Elektra!


A ninja assassina grega é uma criação de Frank Miller para as histórias do Demolidor, e a primeira vez que a vi, foi também na já citada Superaventuras Marvel nº 100. Nessa edição, através de flashbacks Matt se recorda de como conheceu a moça ainda na época de faculdade, como ambos se apaixonaram e como outra tragédia os acabou separando. Em O Homem sem Medo, conhecemos uma Elektra mais atrevida e mortal, longe da menina doce da história original que só se torna fria e calculista APÓS a morte de seu pai. O primeiro encontro entre ela e Matt já é bem explosivo, quando então ela o faz seguir pela noite, espalha suas roupas pela neve e engana seus sentidos, fazendo-o cair nas mãos de alguns policiais que passavam por ali, simulando algo como um estupro.

Uau! Bem diferente da história original em que Matt tem no máximo que enganar o segurança da menina para ficar a sós com ela.

A despedida de Matt e Elektra na história original

A relação deles, sempre baseada em adrenalina e perigo de morte faz com que Stick o avise de que a menina não é flor que se cheire, e que ele já percebeu algo de maligno em sua alma. Desacreditando o velho sensei, Matt continua envolvido com Elektra até que o pai dela é assassinado, o que causa a partida dela e a ruptura do caso amoroso de ambos. Não há qualquer destaque na morte do Diplomata Natchios nessa história, nem mesmo a tentativa de Matt de impedir o sequestro do homem, como foi mostrado na história original.


Elektra nos é mostrada apenas como alguém que gosta do perigo e que ainda nas horas vagas testa seu instinto assassino, entediada pela vida de riquinha filhinha de papai, o que não faz muito sentido e foge bastante da origem da personagem escrita pelo próprio Frank Miller. Bem, pelo menos ele não esperou ninguém criar um retcon com sua personagem, ele mesmo foi lá e fez!


Na quarta edição da minissérie, Matt já é um experiente advogado trabalhando em Boston, e quando ele retorna para a Cozinha do Inferno ele reencontra o velho amigo da faculdade Foggy Nelson que lhe pede ajuda com um caso de direito. Enquanto a criminalidade aumenta no bairro nova-iorquino, novas lideranças começam a se formar no submundo à custa de sangue inocente, e é quando Matt conhece a pequena Mickey, uma garota que se torna uma espécie de aprendiz dele no velho ginásio onde seu pai lutava boxe. Enquanto ajuda Foggy com o tal caso, e pronto pra voltar para seu trabalho em Boston, Matt descobre que Mickey está prestes a se tornar mais uma vítima inocente da crescente onda de sequestros e assassinatos por causa de drogas no bairro, e decide que a vida da garota com a qual ele se afeiçoou é mais importante que seu trabalho como advogado.


A caçada de Matt pela cidade em busca de Mickey e seus sequestradores é cinematográfica, e faz com que torcemos por ele cada segundo da ação. Apesar de seus sentidos ampliados, Matt ainda é mortal, então batidas de carro, balas e socos podem feri-lo, o que o torna mais humano que a maioria dos personagens que vemos nas HQs. Até alcançar o capanga Larks, Matt sofre o diabo nas mãos dos demais homens de Wilson Fisk, aquele que aos poucos foi se tornando o Rei do Crime com seus golpes. Disposto a salvar Mickey de qualquer forma, ele repete várias vezes que não quer matar Larks, o que acaba acontecendo quando o sujeito atira contra ele e Matt rebate a bala com o cassetete que roubou do policial ainda na infância. Oculto atrás de um traje preto, Matt percebe que aquele será seu destino, buscando a justiça como o advogado cego da Cozinha do Inferno durante o dia, e à noite caçando os criminosos mais perigosos que nem o sistema consegue punir. 


A justiça é cega, mas ela possui todos os demais sentidos ampliados.

Esse mergulho no universo do Demolidor é mostrado de forma muito talentosa por Frank Miller, que parece realmente se sentir “em casa” escrevendo o personagem. Gangsteres, assassinatos, drogas, submundo... Somos colocados cara a cara com esse mundo que em geral rejeitamos e nos enojamos, mas é exatamente isso que Miller faz quando coloca um personagem como Matt Murdock em meio a esse mar de podridão, ele nos dá esperança. Apesar disso, diferente do que estamos acostumados a ver nas páginas das histórias do Demolidor, o Demônio Audacioso de Miller mete a mão na lama para fazer sua justiça, e perdi as contas de quantos bandidos Matt matou ou simplesmente “deixou para morrer”, principalmente na sequencia em que ele vai atrás da garota Mickey. 


O background que Miller cria na vida de Matt ANTES dele assumir a alcunha de Demolidor (apelido que os moleques da escola o batizaram para o caçoarem devido a fantasia que seu pai usava nos ringues) é, no entanto, fantástico, e embora ele não se preocupe muito em explicar com detalhes os poderes de Matt (quase nada é falado sobre os sentidos dele), como eles funcionam e as mudanças sensoriais que eles causaram depois que ele se tornou um cego, a parte exterior da cidade onde ele vive e como o personagem pensa é muito bem explicada, algo que como disse antes, nos faz torcer desesperadamente por ele ao longo de todas as edições da série.

Como assim vou terminar a resenha sem falar absolutamente nada dos desenhos?


Não é segredo que sou fã declarado de John Romita Jr. (até elenquei ele como um dos melhores desenhistas do Homem Aranha aqui), e embora atualmente ele seja bem criticado pelos fãs de quadrinhos que veem seu traço “quadrado” demais e porque não dizê-lo até desleixado, na década de 90 ele ainda estava ON FIRE. Seu traço conseguiu traduzir toda a violência visual do texto de Frank Miller, e algumas cenas de luta me fizeram recordar de trabalhos que ele mesmo fez com outros escritores mais tarde como o Mark Millar em Kick Ass. Existem semelhanças entre os traços dos dois artistas, e tanto Miller quanto Romita Jr. têm a mesma predileção pelas linhas mais retas, o que não tira de forma nenhuma os méritos da obra. Profundidade, cenários, expressões, objetos... Enfim, Romitinha acerta em todos os fundamentos, dando SIM a cara de cinema às páginas que o texto de Miller exige. Se hoje o desenhista faz suas mulheres com umas caras de traveco fodas, ele acertou na Elektra na época, fazendo-a sensual e por vezes muito charmosa, o que esperamos ver quando olhamos para uma gata de maiozinho. A diferença entre o Matt criança e sua versão adulta também fica bem evidente nos traços do cara, o que nos faz pensar que essa dupla (Miller/Romita Jr.) deveria ter produzido mais material juntos, já que combinam muito bem. Quem sabe ainda dê tempo?


Se você garimpar ainda é possível encontrar a edição encadernada com as cinco edições de Demolidor: O Homem Sem Medo por aí. Pra quem está ansioso pela estreia de Marvel’s Daredevil da Netflix vale a pena, já que aparentemente, muita coisa desse material vai ser usado na série.

NAMASTE!

7 de março de 2015

Agents of SHIELD - Mid-Season 2ª Temporada


Para quem esperava uma Segunda Temporada de Agents of SHIELD  mais próxima do universo dos Quadrinhos da Marvel, ou pelo menos que utilizasse mais elementos do próprio universo cinematográfico da Casa das Ideias tomou outro banho de água fria na cabeça, já que a série parece mesmo ter a tendência de se fechar em seu mundinho nos apresentando personagens novos ou utilizando personagens obscuros, daqueles com a qual quase ninguém se importa.

Nossa, Rodman! Quer dizer que Agents of SHIELD está uma bosta?

Apesar dos pesares, não, caro padawan. Se você conseguir abstrair que está assistindo uma série de super-heróis sem super-heróis (assim como Gotham é uma série do Batman SEM o Batman), talvez você consiga até se divertir, mas tenha a convicção que você não vai ver nada de muito bombástico nos episódios com relação ao que já vimos nos filmes Marvel.

Depois que a HIDRA se revelou infiltrada até mesmo nos escalões mais altos da hierarquia da SHIELD no filme do Capitão América (que eu resenhei aqui) fodendo a porra toda, a organização acabou sendo forçada a se dissolver, o que tornou seus agentes, em especial aqueles que não haviam sido corrompidos pelo regime nazi-fascista da HIDRA, em foras-da-lei. Sendo perseguidos de perto pelo General Glenn Talbot (Adrian Pasdar, o Nathan Petreli de Heroes) os ex-agentes decidem continuar na ativa sob o comando do novo pica grossa Phil Coulson (Clark Gregg), que começa a reunir uma nova equipe depois que a sua quase foi destruída.


Da antiga equipe restam Skye (Chloe Bennet), que deixou de ser apenas a hacker e que agora é uma agente de campo, treinada nos paranauês das pancadarias por sua nova O.S Melinda May (Ming-Na Wen, a tiazona mais gata da TV!) e Fitz (Iain De Caestecker), que após a trairagem de Grant Ward (Brett Dalton) vista na primeira temporada, acabou com sequelas cerebrais e problemas de fala. No começo da temporada Jemma Simmons (Elizabeth Henstridge) não faz parte da equipe principal, mas logo depois descobrimos que ela está em uma missão secreta, infiltrada no covil da HIDRA.


Trip (B.J. Britt) que já havia dado as caras na temporada anterior e Mack (Henry Simmons) são os reforços do grupo de Coulson, enquanto Izzy (Lucy Lawless, mais conhecida como Xena) e Hunter (Nick Blood) funcionam mais como “colaboradores”, usando seus talentos de mercenários para dar uma força pro chapa Coulson. Em diálogos rápidos é explicado que Isabelle “Izzy” Hartley já trabalhou com o diretor da SHIELD em um passado remoto, mas a relação da nova equipe com a antiga não é algo com a qual os roteiristas se preocupam em nos explicar, assim como a passagem de tempo entre o fim da primeira temporada e o começo da segunda. Como Skye se tornou uma porradeira fodona em tão pouco tempo? Há quanto tempo a equipe de Hartley e Hunter estão ajudando Coulson?


Enfim. Ligue o foda-se você também.

Já no primeiro episódio, essa nova equipe é feita quase em pedaços, enquanto numa missão quase que suicida os agentes procuram recuperar um artefato classificado como ultra-secreto que foi roubado dos depósitos da SHIELD depois que a agência foi dissolvida. O Obelisco, como é chamado o troço todo trabalhado nas macumbas alienígenas, é tão secreto, que ele está na lista dos itens “inclassificáveis” da SHIELD, e num rápido vislumbre da década de quarenta, pouco após a derrota do Caveira Vermelha (fato desenrolado, claro, em Capitão América: O Primeiro Vingador), vemos a Agente Peggy Carter (Hayley Atwell) e o Comando Selvagem aprisionando os últimos remanescentes da HIDRA, bem como seu atual comandante, Daniel Whitehall (Reed Diamond), que como seu antigo mestre de cara vermelha, também se interessava por artefatos místicos. 


Enquanto Whitehall é encarcerado e interrogado pela Agente Carter, o Obelisco é armazenado como um objeto de alta periculosidade, embora na época, ninguém soubesse seu real poder e sua real importância.


No tempo presente, vemos Coulson liderando sua equipe de agentes a fim de reaver um dos quinjets da SHIELD que está muito bem guardado em uma instalação militar. Sequestrando o General Talbot e fazendo com que Trip se passe por um militar de alto escalão, ele e a equipe invadem a instalação, e enquanto May e Skye conseguem reaver o quinjet após um conflito com alguns soldados, a equipe de Izzy e Hunter acaba encontrando o Obelisco, objeto que a HIDRA já vinha tentando colocar a mão. Por falar em “colocar a mão”, a Xena acaba se dando mal quando toca o objeto, o que causa uma necrose quase que instantânea em seu braço. Obrigados a fugir dali, Izzy e Hunter acabam sendo emboscados por Crusher Creel (Brian Patrick Wade), um cara capaz de absorver as características físicas do que toca e revestir todo seu corpo (ou partes dele) com elas. Sim, pra quem não ligou o nome ao personagem, Creel é o Homem Absorvente das HQs. 


Após o acidente de carro, Izzy acaba morrendo (o que não dá pra entender esse desperdício da atriz Lucy Lawless que só durou UM EPISÓDIO) e Hunter se finge de morto, sendo aprisionado pelos homens de Talbot logo depois. Creel fica com o Obelisco, o levando direto para Daniel Whitehall, que a essas alturas dos acontecimentos já conseguiu sair da prisão com uma aparência muito mais jovem do que deveria. Como alguém que esteve presente na Segunda Guerra Mundial poderia aparecer hoje em dia como alguém que tem uns quarenta anos?


Sempre foi do desejo dos fãs que Agents of SHIELD entrasse no universo fantástico da Marvel e que lidasse mais com a questão dos super poderes, habilidades além da imaginação e personagens capazes de manipular essas tais habilidades. Não dá pra dizer que a mid-season da série (com 10 episódios) não tenha feito isso, embora de forma ainda bem mais modesta do que esperávamos. Além do tal Obelisco, que mais tarde se mostra um artefato de origem Kree chamado de Divinador pelo próprio Whitehall e depois confirmado pelo “Doutor” (Kyle MacLachlan), vemos a origem da longevidade do próprio Daniel explicada quando então ele disseca uma mulher chinesa que possuía os poderes de não envelhecer (seria algum tipo de fator de cura?). 


Essa mulher, vista pela primeira vez na época da Guerra, reaparece nos anos oitenta com a mesma aparência, o que intriga Whitehall. Quando ela toca o Divinador e nada acontece (diferente de todos os infelizes que foram automaticamente carbonizados ao tocá-lo), ele percebe que a mulher possuiu algum tipo de habilidade especial. Fazemos a ligação entre a origem daqueles dons da “imortalidade” com o que mais tarde é mencionado com a chegada de “anjos azuis” vindos do céu, fazendo menção ao Krees, que nas HQs possuem a pele azul, assim como vimos em Os Guardiões da Galáxia (lembram-se de Ronan, o Acusador?) e na própria primeira temporada de Agents of SHIELD, quando Coulson descobre que aquilo que o ressuscitou é na verdade um composto químico extraído de um alienígena Kree.


Toda essa quizomba entre os tais anjos azuis e o Divinador serve para introduzir, afinal, os Inumanos no universo Marvel (que aportam nos cinemas só em 2018, como visto aqui, nesse post). Pra quem não sabe, os Inumanos possuem origem Kree, e os primeiros deles que andaram pela Terra, foram originados da raça galáctica e suas névoas terrígenas, que causam mutações genéticas em seres humanos comuns. Depois que Coulson descobre o que, afinal, o trouxe de volta à vida (lembram-se que ele foi dado como morto em Vingadores?), de forma irresistível o diretor da SHIELD começa entalhar marcas indecifráveis na parede, sem saber o porque daquilo. 


Quando ele descobre que outros ex-agentes da SHELD que foram vítimas de induções hipnóticas para esquecerem de sua vida regressa também são capazes de entalhar os tais símbolos sem razão aparente, Coulson percebe que há uma ligação por trás de tudo aquilo, o que o leva a conclusão que os tais símbolos unificados formavam uma espécie de mapa para uma cidade oculta (referência a Attilan, a cidade dos Inumanos?). 


Ao final do mid-season, descobrimos que a cidade esconde vários segredos que tanto a SHIELD quanto a HIDRA querem descobrir, e o desfecho da história se dá quando Raina (Ruth Negga), que é uma agente tripla, ora se dizendo da HIDRA, outra ajudando a SHIELD e outra se mostrando uma aliada desde sempre do Doutor, se apossa do Divinador e o deixa liberar suas propriedades. 


Quando uma névoa (terrígena??) atinge tanto Skye e Trip quanto a própria Raina, o episódio de meio de temporada termina nos mostrando que os três personagens foram alterados pelas propriedades mutagênicas oriundas do Divinador. 


Aí vêm os Inumanos!

Personagens


 Foi bacana na primeira temporada da série a virada de roteiro ocasionada quando Ward se mostrou um agente da HIDRA infiltrado na SHIELD. Tudo o que pensávamos do personagem era uma farsa, e aprendemos logo a odiá-lo quando ele começou a tramar seus planos malignos junto de seu superior John Garret (Bill Paxton), que (puxa vida!!) também era um agente da HIDRA infiltrado. Na segunda temporada, Ward está muito mais maquiavélico, e depois que ele consegue fugir da prisão em que Coulson o colocou, ele não tarda a colocar seus planos em prática, se juntando a Daniel Whitehall e o Doutor para destruir os antigos colegas, e quem sabe no caminho, reconquistar o amor de Skye. Ward está tão fodasticamente maldoso que ele mata o próprio irmão mais velho, explodindo o coitado em sua casa.


O time de Coulson foi reforçado por Trip e Mack nessa segunda temporada, mas é uma pena que os dois personagens não puderam ser tão bem desenvolvidos nessa metade da série, ficando ambos sempre em segundo plano. Trip até participa de algumas missões de campo, mesmo que sem muito destaque, mas a maior parte do tempo vemos Mack na base da equipe ou servindo de mecânico em sua oficina ou servindo de babá para o atormentado Fitz, agora que seu intelecto parece ter sido reduzido após o acidente que quase o matou junto de Simmons


No episódio 10, enquanto Trip parece ter sido explodido em BH pela névoa que saiu do Divinador, Mack se tornou um zumbi super-forte depois que caiu numa espécie de poço na cidade inumana, e só Odin sabe o que será dos dois personagens no restante da série! Aguardemos!


Pra quem queria ver algum vingador em Agents of SHIELD a presença da Harpia Bobbi Morse vivida pela delicinha da Adrienne Palicki meio que supriu esse desejo. Chamada de volta à campo por Coulson para resgatar Simmons das garras da HIDRA (uma vez que ela estava infiltrada), Bobbi é integrada ao time principal, e ao mesmo tempo que serve como mais uma porradeira nas missões usando seus infalíveis bastões (que ela também usa como arma nas HQs) ela ainda tem tempo de reviver sua relação de amor e ódio com o ex-marido Hunter


Além de charmosa, a atriz se mostrou bem talentosa nas cenas dramáticas, e de todos os novos personagens adicionados, a Agente Morse é de longe o mais bem aproveitado, já que não deixou de aparecer um episódio sequer depois de sua estreia. Ainda nada foi mencionado sobre a possível relação de Bobbi com o Gavião Arqueiro, nos cinemas vivido por Jeremy Renner, mas aposto que ninguém reclamaria se isso fosse mostrado na série. Pra quem não lembra, nas HQs, o Gavião e a Harpia já foram casados.


Agora que temos a Harpia em Agents of SHIELD e a Skye toda trabalhada nas artes da porradaria, o que não falta é mulher saindo no tapa na série. Nessa arte, no entanto, ninguém manda melhor que Ming-Na Wen, a Agente Melinda May, que a meu ver protagonizou as melhores cenas de luta da segunda temporada. No quarto episódio, May acaba sendo emboscada por um dos aliados de Whitehall e a Agente 33 (Maya Stojan), uma ex-agente da SHIELD que foi induzida hipnoticamente a colaborar com a HIDRA. Quando ela se recupera, ela é obrigada a encarar sua versão maligna, uma vez que a Agente 33 usa uma máscara tecnológica com as suas feições. 


A cena de porradaria entre as duas é sensacional, com coreografias de luta de dar inveja em qualquer coreógrafo de Arrow (que atualmente tem pecado bastante em suas cenas de ação)! Aliás, nesse quesito, AOS manda muito bem, já que desde a primeira temporada as cenas de combate são sempre muito realistas, quase ao estilo que vemos em Capitão América 2 – O Soldado Invernal. Além disso, aos 51 anos, Ming-Na Wen está em belíssima forma, não deixando nada a dever às tetéias Chloe Bennet e Adrianne Palicki. Nesse mesmo episódio ela aparece numa pista de dança num vestido prateado colado e vou te dizer, hein! Ê lá em casa!


Falando na Skye, descobrimos nesse finzinho de meia-temporada que ela é na verdade FILHA do Doutor e da mulher chinesa dissecada por Daniel Whitehall, e que seu verdadeiro nome é Daisy. Nos quadrinhos, Daisy Johnson é a agente especial da SHIELD Tremor (que possui poderes sísmicos), que deu as caras pela primeira vez na Guerra Secreta escrita por Brian Michael Bendis


Depois de algum tempo, descobriu-se que ela era filha ilegítima do vilão Calvin Zabo, o Mister Hyde, o que nos leva a crer que o tal “Doutor” mais pra frente venha a se revelar também como o “Monstro”, além do médico. Acho improvável que Zabo seja mostrado na série como ele é nas HQs, e a meu ver essas características de "Médico e Monstro" já foram incutidas no personagem Doutor, em especial quando ele se mostrou capaz de qualquer coisa para ter a filha a seu lado. Alguém aprovaria o Mister Hyde em Agents of SHIELD? Eu sim!


Quando a temporada chegar ao fim farei um resumão dos últimos episódios, até lá convido todos a assistirem a série, já que apesar de parecer bem parada nesse começo, ela apresentou alguns elementos interessantes que valem a pena até mesmo para os exigentes leitores de quadrinhos que assistem cada episódio esperando ver o Homem de Ferro sobrevoando a cidade ou o Capitão América trocando uma ideia com o Coulson. Por enquanto esperem sentados e aproveitem o que a série é capaz de oferecer.

NOTA: 8, por enquanto.


NAMASTE!

22 de fevereiro de 2015

COMBO BREAKER #001 - Whiplash, Birdman e O Jogo da Imitação


Eu nunca fui bom em palpites, nem tampouco em previsões, por isso o objetivo desse post é pura e simplesmente colocar em voga três filmes que disputam o Oscar 2015 sem grandes pretensões “adivinhescas” de minha parte. A meu ver, Whiplash: Em Busca da PerfeiçãoBirdman ou (A Inesperada virtude da ignorância) O Jogo da Imitação são fortes candidatos aos prêmios que disputam, e eu não ficaria nada surpreso se pelo menos um deles saísse com uma (ou mais!) estatuetas douradas da premiação que rola dia 22 de Fevereiro.


Eu estava numa vibe meio depressiva quando decidi assistir Whiplash, e tudo que sabia sobre o filme era com base nos elogios que haviam sido feitos à atuação de J.K Simons (o eterno J.J. Jameson da trilogia Homem Aranha) nas Redes Sociais. Não sou muito de me influenciar por opiniões alheias (em especial para escolher qual filme assistir), mas algo no enredo me fez ter vontade de assistir Whiplash, que em São Paulo estava sendo exibido em pouquíssimas salas.


Dirigido por Damien Chazelle, que tem pouca coisa relevante no currículo além dos filmes O Último Exorcismo – Parte 2 Toque de MestreWhiplash possui um elenco bem reduzido, o que nos faz concentrar em dois personagens específicos: Miles Teller (que será o novo Reed Richards do desacreditado Quarteto Fantástico) que vive Andrew, um jovem baterista que sonha em se tornar um grande músico, e em Terence Fletcher, o mestre do jazz linha-dura vivido magistralmente por J.K Simons. Fletcher é aquele tipo de cara que não parece ter conquistado grandes coisas na vida, e que por causa disso, desconta toda sua frustração nos alunos que almejam ainda uma carreira promissora. Ao mesmo tempo, ele transpira confiança e não permite que seus ensinamentos sejam questionados, nem tampouco seu “método de ensino” agressivo. Não. Com Fletcher não há espaço para hesitações ou imperfeições, sua meta é bem clara: Encontrar entre as fileiras incompetentes de estudantes alguém que seja capaz de despertar o seu interesse, e que ele o possa moldar para que se torne um novo músico de jazz.


Procurando ser esse prodígio, Miles usa de toda sua determinação e empenho para ser um baterista à altura do que Fletcher exige, e para isso ele chega a sacrificar o namoro com Nicole (a lindíssima Melissa Benoist que será a Supergirl da série de TV), o relacionamento com o pai Jim (Paul Reiser) e até mesmo sua própria sanidade.
Whiplash é um filme visceral. Enquanto assiste, você sente ódio, angústia, pena e às vezes tudo isso ao mesmo tempo, e é impossível se manter alheio à interpretação de J.K Simons, que faz desse, possivelmente o seu melhor papel no cinemaRobert Duvall (O Juiz), Ethan Hawke (Boyhood), Edward Norton (Birdman) e Mark Rufallo (Foxcatcher) terão que suar para vencer o prêmio de Ator Coadjuvante, que a meu ver, caberia muito bem na estante de Simons, e com todo louvor. Ele interpreta aquele tipo de personagem coadjuvante que ofusca o personagem principal, e apesar de nos sentirmos incomodados com as grosserias cuspidas o tempo todo de sua boca, de forma sádica meio que aprovamos seus métodos nada ortodoxos, o que nos leva a crer que há um pouco de Terence Fletcher em cada um de nós.


Academia, por favor, o Oscar para J.K Simons!

A trilha sonora de Whiplash, claro, como não poderia deixar de ser, é espetacular, e recomendo esse filme fortemente para quem é músico ou amante da música.



Eu não me lembro de já ter visto algum filme como Birdman ou (A Inesperada virtude da ignorância). Enquanto comia pipoca, no fundo da sala de cinema, eu comecei a ser bombardeado por uma história surpreendente envolta num formato pouco comum e com interpretações absurdas (no bom sentido!) de atores que nunca considerei antes grandes nomes do cinema. Justiça deve ser feita, claro, nesse caso, a Edward Norton, que nunca me deixou esquecer o quanto é talentoso por seu ex-neo-nazista em A Outra História Americana, um dos filmes mais chocantes que já vi na vida. Volte vinte anos no tempo, talvez mais, e ninguém aí poderia dizer com segurança que Michael Keaton poderia concorrer um dia que fosse a estatueta de Melhor Ator.

Sério.

Seja sincero com você mesmo.

Quantos filmes você se lembra que ele fez depois de Batman o Retorno (1992)? Dois? Talvez três?


Num universo de singularidades perversas, Keaton foi escolhido para interpretar (vejam bem) um ator de Hollywood decadente que vive à sombra (literalmente) de seu maior personagem, o super-herói Birdman. Ao se recusar fazer a quarta sequência da série de filmes que o levaram a fama, o ator Riggan Thomson decide singrar novos mares, procurando voltar aos holofotes desta vez em uma peça de teatro baseada num livro premiado. Em busca da notoriedade há muito perdida, com a ajuda da filha viciada Sam (Emma Stone, que disputa o Oscar de Atriz Coadjuvante), do agente Brandon (Zach Galifianakis, mais magro e menos caricato do que costuma ser) e de um elenco teatral competente, Riggan tenta se levantar do ostracismo e provar para todos que ele é sim importante, e que sua vida não se resume a ser apenas um rosto por trás de uma máscara de super-herói emborrachada.

Cara!

Michael Keaton aceitou fazer um papel sobre sua própria vida!


As referências ao Batman de Tim Burton, que o levou ao estrelato, são tantas, que em alguns momentos começamos até mesmo a achar que Birdman é uma cinebiografia disfarçada.

Não pense você, no entanto, que Birdman se resume a isso. Enquanto o pano de fundo age bem em nos mostrar a vida fracassada de Michael Keaton... Digo, de Riggan Thomson, um elenco muito competente faz com que o enredo se torne crível. Além da excelente interpretação de Edward Norton, que faz um ator de teatro conceituado da Broadway todo trabalhado na arrogância e prepotência (que eu acho muito boa, mas nada que vá tirar o Oscar de J.K Simons!), outros atores também dão show, como Naomi Watts (que teve um caso mal resolvido com o personagem de Norton), Andrea Riseborough, a amante de Riggan e também atriz da peça teatral, e claro, Emma Stone, que nesse filme vai muito além da Gwen Stacy rebelde de O Espetacular Homem Aranha. Como uma ex-viciada ainda em reabilitação, Sam prova ao pai, em um diálogo forte e cheio de acusações, que ele é sim um fracasso, e que não há nada que ele possa fazer que vá mudar isso. As atitudes de Riggan depois disso o levam a uma roleta russa de emoções e culminam com um final de certa forma surpreendente que botou muita gente para refletir a respeito de que droga estamos fazendo com nossa vida, afinal?


A direção do mexicano Alejandro González Inárritu é felomenal (parafraseando o saudoso José Wilker), e como disse no início desse texto, nunca tinha visto nada parecido. O filme é mostrado como se não possuísse cortes (embora os tenha), e acompanhando sempre de perto a visão dos personagens, entramos e saímos da coxia com o elenco, visitamos os camarins e vamos para o palco como se fossemos uma sombra atrás deles, sem que nenhum corte de cena seja mostrado. É uma experiência totalmente nova, algo que me fez sentir como se tivesse assistindo algum filme europeu experimental ou algo do tipo. Até mesmo nas gravações externas ao teatro continuamos nos sentindo numa viagem muito louca, e tudo isso somado a interpretação da vida de Michael Keaton, a meu ver, fazem com que Birdman seja sim um fortíssimo candidato ao troféu de Melhor Filme e ao de Melhor Ator para Keaton. Vale lembrar que o filme levou o Globo de Ouro como Melhor Roteiro e Keaton papou o prêmio de Melhor Ator de Comédia... Embora eu ache que de comédia, Birdman não tem nada!



Ok. Eu trabalho com informática há um tempão e eu nunca tinha ouvido falar de um computador eletrônico que decifrasse mensagens secretas nazistas.

Também pudera.

O texto que deu origem ao filme foi publicado muuuuuitos anos depois da Segunda Grande Guerra ter chegado ao fim, e tanto o projeto secreto da MI6 quanto seu criador, se mantiveram incólumes durante muito tempo, por razões que falavam mais alto do que o orgulho britânico em arrotar a plenos pulmões que eles haviam ajudado a encurtar as pretensões nazistas de conquista mundial.

Dirigido por Morten Tyldum, que concorre com Alejandro Inárritu de Birdman ao prêmio de Melhor DiretorO Jogo da Imitação é um filme pouco audacioso, mas que conta uma história muito interessante de um matemático homossexual que precisa esconder seu segredo em uma época que era considerado crime tal “desvio” de comportamento. Com problemas sérios de relacionamento causados por sua adolescência conturbada e por um amor platônico por um colega de escola, o personagem de Benedict Cumberbatch (que viverá o Doutor Estranho nos filmes da MarvelAlan Turing é visto como o esquisito antissocial que rejeita a presença de outras pessoas, e que com isso, faz com que todos a seu redor o odeiem. Extremamente inteligente, lógico e focado em seu trabalho, Turing se torna a pessoa perfeita para liderar o projeto Enigma (o tal código nazista indecifrável), mas para isso, ele é obrigado a lidar com outras pessoas não tão brilhantes quanto ele, mas igualmente úteis para o sucesso da empreitada.


Por incrença que parível, Turing acaba se afeiçoando a candidata a vaga de “mente brilhante” Joan Clarke (Keira Knightley), e com ela por perto ele começa a aprender o valor de uma companhia, já que a moça o ajuda a raciocinar melhor para tentar decifrar o código tido até então como inquebrável. Quando Turing chega a conclusão que nenhuma mente humana por mais poderosa que seja vai dar conta de resolver aquele problema, ele decide desenvolver um aparelho capaz de calcular milhões de possibilidades mais rápido que o cérebro humano, tendo assim a ideia do primeiro computador da história.


Convencer Tywin Lannister (o ator Charles Dance) a ceder milhares de Libras para a criação do computador não é fácil, mas com a ajuda de Winston Churchill e de Stewart Menzies (Mark Strong), Turing tem êxito, embora seja acompanhado o tempo todo pelo exército, que não descansa enquanto o primeiro resultado daquele investimento não dá fruto.
Em paralelo à quebra do Enigma, a vida pessoal de Turing acaba sendo devassada enquanto um relacionamento dele com um rapaz começa a vir à tona. O filme que na maior parte do tempo nos faz rir com o jeito egocêntrico de Turing rapidamente se torna um drama quando o protagonista, apesar de ter ajudado os Aliados a vencer a Guerra, começa a ser ameaçado pelas autoridades. Em vez de ser preso, Turing escolhe passar por um procedimento médico que o obriga a ingerir um composto químico para “tratar de sua homossexualidade”, algo que começa a lhe trazer efeitos colaterais gravíssimos. As duas nuances do mesmo personagem são magistralmente interpretadas por Cumberbatch, que com sua voz enfática e seu sotaque britânico característico vem provando ser um dos melhores atores de sua geração. Como disse, O Jogo da Imitação não chega a ser um filme de peso que mereça ganhar um Oscar, mas prêmios como Roteiro Adaptado e possivelmente uma estatueta de Melhor Ator para Benedict podem sim rolar, o que eu não acharia nada injusto.


Para quem se interessou por um dos três filmes vale muito a pena vê-los no cinema. Devido a festa do Oscar, todos devem permanecer no circuito ainda por um bom tempo, portanto, faça como esse que vos fala e corra para adquirir um pouco de cultura e escapar dos Blockbuster descerebrados, mesmo que por ora.

NAMASTE!

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