8 de abril de 2016

BATMAN V SUPERMAN – A ORIGEM DA INJUSTIÇA

Esse post contém SPOILERS!!!


Provavelmente eu não vou conseguir ser tão imparcial com relação à Zack “O Visionário” Snyder (o diretor de BvS) em meu texto, mas prometo ser justo aos méritos que o filme obviamente tem em suas mais de duas horas e meia.

Longe de já querer começar a resenha colocando toda a culpa dos problemas da produção (que são muitos!) nas costas do "Visionário", é bom lembrar que o roteiro do filme foi escrito numa parceria entre David S. Goyer (de Batman Begins) e de Chris Terrio, o parça de Ben Affleck em Argo, trabalho que lhe rendeu o Oscar como Melhor Diretor. Analisando BvS, dá pra perceber as nuances em que Terrio tentou colocar mais profundidade na trama política da história ao mesmo tempo que vemos personagens irreais se socando na tela, enquanto todo o lado fantástico parece mesmo ter ficado a cargo de Goyer, que costuma ser usado nos filmes de heróis da Warner/DC como o consultor de quadrinhos... Coisa que ele não faz lá muito bem!


Um filme com Batman versus Superman era o sonho de 11 entre 10 moleques que cresceram lendo quadrinhos, e ao mesmo tempo que o embate entre os dois MAIORES personagens dos gibis representava a realização dos sonhos dos fãs, significava a solidificação do universo DC nos cinemas, que havia começado de modo meio que conturbado com o polêmico Man of Steel (2012). Batman V Superman era de início Homem de Aço 2, depois se tornou Superman e Batman e finalmente se tornou Batman V Superman numa decisão puramente comercial, visto que o bom e velho Escoteirão Azul já não parecia mais garantir bilheteria e sucesso comercial sozinho.

“Bota o Batman aí nesse meio! Batman é sucesso garantido!”

E alguém pode duvidar?


Há anos e anos o Homem Morcego encabeça as listas de HQs mais vendidas da DC, e como se não bastasse, seu sucesso comercial é praticamente garantido em todas as mídias em que ele é inserido, que o diga os games da Rocksteady iniciados com Batman: Arkham Asylum e os ainda “frescos” filmes da trilogia de Christopher Nolan. Colocá-lo frente a frente com o Superman logo no SEGUNDO filme do universo DC parecia ser uma estratégia lógica, embora essa faca tivesse dois gumes.


Superman não atrairia público sozinho para os cinemas com uma parte dois de Man of Steel, um confronto com o Batman manteria o interesse desse público com os personagens e para a Warner/DC, esse filme significaria uma porta de entrada para os demais personagens e a futura formação da Liga da Justiça no cinema, algo importante para que o estúdio ENFIM acordasse e entrasse na briga direta pela fatia do bolo que a Marvel e a Fox comiam sozinhas no mundo do entretenimento.  Não tinha como dar errado!


Pra começo de conversa é importante salientar que eu não tenho qualquer implicância gratuita com Zack Snyder, como parece que a crítica estrangeira tem. Eu gosto de Madrugada dos Mortos, de 300 e acho que Man of Steel tem sequências excelentes, porém, os exageros e maneirismos que o diretor insiste em imprimir em seus filmes fazem com que eles se tornem menos do que tentam se vender. Trocando em miúdos, Snyder NÃO É esse diretor fodão que a Warner acha que ele é, e isso faz com que as expectativas sobre suas obras sejam sempre maiores do que ele pode corresponder. Ele tem pontos fortes em sua direção? Com certeza!


Suas sequências de ação são, em geral, muito bem filmadas, sem falar que visualmente Batman V Superman é um grande filme. Snyder consegue fazer cenas impactantes e memoráveis com o auxílio do CGI, e mesmo com a direção de atores ele é capaz de nos manter interessados pelas cenas de ação, pelo menos enquanto não decide despirocar e encher a tela de efeitos especiais desnecessários.

Mas como diria o Jack Estripador... Vamos por partes!

ELENCO

Admito.

Eu, assim como muitos críticos de cinema de balcão de bar, queimei a língua quanto a escolha, no mínimo, inusitada de Zack Snyder para o elenco de BvS. Fiz um post inteiro criticando as escolhas de Ben Affleck, Gal Gadot e Jesse Eisenberg para os respectivos papeis de Batman/Bruce Wayne, Mulher Maravilha e Lex Luthor, mas em cena NENHUM deles fez feio, e todos eles souberam defender seus papeis com unhas e dentes, embora o roteiro merda lhes desse pouco do que conhecíamos dos VERDADEIROS personagens que fazem parte do cânone de cada um.

Ah, mas foda-se o cânone, não é mesmo? Estamos falando de cinema!


De longe, Affleck parecia o mais empenhado em seu personagem, seja para apagar de vez da memória o seu Demolidor (cujo desastre nem de longe foi culpa sua!) ou para fazer jus a um dos maiores heróis dos quadrinhos. Seu Bruce Wayne é diferente de todos que já vimos na telona, ele é um homem calejado pelas perdas, desconfiado ao extremo e que apela para a agressividade como resposta a tudo, embora ainda saiba ser o grande estrategista pelo qual é conhecido. Não há traços de humor em seu Bruce Wayne. Ele é sisudo, sério e transparece uma obsessão quase doentia pelo Homem de Aço após presenciar a destruição de Metrópolis causada pelo Superman em sua batalha contra Zod (retratada em Man of Steel). 


Para ele, o alienígena é uma ameaça em potencial, e ameaças precisam ser eliminadas, o que faz com que durante o filme quase todo ele busque meios de concretizar isso, indo contra a opinião de seu mordomo Alfred (Jeremy Irons), que não acredita que o kryptoniano seja uma criatura má. Com esse Batman “missão dada é missão cumprida, parceiro, e é faca na caveira”!


A Mulher Maravilha de Gal Gadot tem pouco tempo em cena, mas seja como Diana Prince, em sua identidade civil, ou como a guerreira amazona (sem o shortinho estrelado), a atriz manda bem em seu papel. Longe de ter “roubado a cena” como alguns exagerados alardearam por aí, a participação da heroína é bem contida durante o filme, e sua inserção é totalmente aleatória (sério que ela entra em cena para reaver uma foto????), assim como sua participação na grande batalha que encerra a produção. 


Sim, o fato de que ela fisicamente AINDA não lembra em nada a Mulher Maravilha que todos conhecem, e isso fica gritante durante a festa em que ela “passa a perna” na esperteza de Bruce Wayne, não chega a incomodar ao longo do filme. 


Ela paramentada com o traje de batalha da Mulher Maravilha ficou muito bem, e suas cenas de ação são elogiáveis, de uma forma que nunca tínhamos visto em live action. Na verdade, em certo ponto dá se a impressão que ela venceria SOZINHA o Cococalipse, visto sua destreza em luta, chegando a sorrir durante a batalha, zombando do poder de seu adversário. Ela representa fielmente o espírito guerreiro da Wonder Woman dos Novos 52, que eu cheguei a comentar aqui, quando destrinchei a animação War da Liga da Justiça.


Não há como dizer que Jesse Eisenberg esteve mal em seu papel de Lex Luthor, isso claro, se levarmos em consideração que seu personagem NÃO É o Lex Luthor. 

Sinceramente não entendo o que levou a alta cúpula da Warner/DC a escolher Eisenberg como Lex Luthor, mas o que piora a situação é que nem mesmo as características mais básicas do personagem foram mantidas (e não, não estou falando da careca!). Eisenberg interpreta um cara maquiavélico com altos níveis de mimo e que parece que foi criado pela Vó, mas que cuja motivação nos parece sempre oculta. Ele quer matar o Superman por que mesmo? Ele coloca o Batman contra o Azulão por que mesmo?


Pelos próprios diálogos do personagem com a Senadora Finch (Holly Hunter) fica bem claro que o VERDADEIRO Lex Luthor é seu pai, e que ele sim foi o responsável pela criação e perpetuação da LexCorp, enquanto o filho mimado só ficou responsável por gastar a grana do velho. Há uma grande mente diabólica por trás do personagem, ele é inteligente o suficiente para descobrir ANTES de Bruce Wayne a existência de OUTROS meta-humanos e de começar a catalogá-los, ele possui um intelecto acima da média para invadir e comandar a nave alienígena de Zod, inclusive para conseguir criar o Apocalypse a partir do DNA do próprio Zod... 


Até aí, essas atitudes condizem com Lex Luthor... Mas por que diabos optaram por fazê-lo com essa máscara de “zoeira”, pautado na galhofa, com ares de engraçadão? De onde tiraram que Lex Luthor possui humor? Se colocassem o Charada no lugar dele ou mesmo o Coringa, faria muito mais sentido. Três encarnações de Lex Luthor no cinema e é a terceira vez que optam por fazê-lo cruel... Porém engraçado. 


Vai entender!

Por incrível que pareça, e volto a repetir, Smallville era uma bosta de série, mas tinha o melhor Lex Luthor de todos!

Sorry!


As pequenas inserções do Alfred de Jeremy Irons deram a entender quem era o VERDADEIRO Batman ali naquela Batcaverna. Mais centrado, mais antenado e muito mais inteligente que Bruce Wayne, o Alfred rouba a cena quando aparece. Batmóvel, Batwing, a Batarmadura... 


Tudo foi construído graças ao talento inventivo do mordomo. Não se esqueçam disso. O Wayne só fornecia o dinheiro.

SUPERMAN

escrevi aqui algumas vezes o quanto acho o Superman injustiçado nesses novos tempos onde é a violência que impera e que bandido bom é bandido morto.  Nem vou entrar (novamente) nos méritos se acho essa afirmação certa ou errada para os demais personagens em quadrinhos, e vou me limitar a dizer que quando se trata de SUPERMAN ela é sim MUITO errada.  


Ainnn, Rodman! Mas o Superman é um bundão!

Ainnn, Rodman! Mas o Superman é um personagem merda!

Ainnn, Rodman! Mas o Superman é escroto! Legal é o Bátema. Porque o Bátema é o Bátema, tá ligado!


Não discordo que o Batman é um grande personagem e que todo moleque sonha em ser ele (até porque é mais fácil ficar milionário, construir uma armadura e sair dando porrada em bandido pobre do que cair na Terra vindo de Krypton!), mas em sua essência o Superman foi criado para ser a representação do Messias que vem para a Terra nos salvar dos males criados pelo próprio mundo. Criado por dois judeus (Siegel e Shuster) ainda sim o Superman foi pensado como um redentor, um ser quase divino que APESAR dos poderes de um deus, age como um humano, entendendo essa humanidade MUITO MELHOR do que os pobres mortais. É uma metáfora fenomenal que a mente pequena de Zack Snyder e os bazingueiros amantes do Bátema são incapazes de entender.


Ainnn, Rodman! Mas eu prefiro o Bátema! Vai tomar no seu cu!

Entendo sua adoração, cuequinha verde, mas o que me grila é como alguém consegue ser incapaz de representar o Superman desta forma sendo que essa é a essência primordial do personagem construída ao longo do tempo, indiferente se ela é fora de moda ou não. O Superman de Henry Cavill, e isso entendo que não é culpa do ator, NÃO INSPIRA ninguém. Mesmo no segundo filme ele ainda não sabe qual é seu papel no mundo, e continua causando uma série de equívocos sem nem ao menos se redimir dos erros do primeiro filme. Esse filho da puta dizimou Metrópolis tentando parar Zod e sua trupe, matou milhares de pessoas no processo e em nenhuma cena ele parece se arrepender disso. Pelo contrário!


 Na primeira cena em que aparece em BvS ele ESMIGALHA um terrorista que ameaça matar sua amada Lois Lane (Amy Adams) contra uma parede... E sem remorso! Que porra de super-herói que quer nos inspirar é esse? É lógico que vamos dar crédito para o Batman que resolve tudo na porrada, ou para o Justiceiro, ou para o Wolverine ou o Lobo ou qualquer anti-herói sanguinário. O Superman deveria ser a antítese disso tudo. A luz na escuridão.


O Superman de Zack Snyder é um cara amargurado que parece perder a cabeça por qualquer coisa, e que está 100% de seu tempo confuso, sem saber o que fazer com o poder que detém. O “S” em seu peito não representa “Esperança” em nenhum momento. Se eu morasse em Metrópolis, eu me borraria todas as vezes que visse esse filho da puta voando sobre a minha cabeça: “Ainn, caralho! É agora que vou morrer!”. As cenas em que ele é visto como o Salvador ao redor do mundo, salvando a menina no México, e depois pairando no céu como um anjo não condiz com o que vemos quando ele está em ação. 


E fora isso, ele nem é um herói muito competente. Ele foi incapaz de ouvir a bomba no Capitólio (isso porque tem SUPERAUDIÇÃO!) e não fazia ideia de como agir para encontrar sua mãe Martha (Diane Lane) tendo que pedir ajuda para o cara que, até então, ele considerava um maníaco por marcar os bandidos de Gotham City como bois indo para o abate.


Não importa que você prefere o Batman “porque ele é mais legal”, uma coisa deve-se admitir: O Superman é a antítese do Homem Morcego. Um é a Luz. O Outro representa as trevas. E sempre foi assim. Colocar os dois para representar a mesma coisa não combina. Esse Superman não é um herói. Ele não inspira aquele sentimento de proteção e devoção que você espera, como o Super-Homem do Christopher Reeve fazia tão bem (e estou falando de um filme de mais de 30 ANOS!), e decididamente quando ele é trucidado pelo Apocalypse ao final do filme, não é digno nem da nossa comoção. Soa mais algo como “já vai tarde”. E foi o que os produtores devem ter pensado, já que nunca souberam desenvolver o maior herói da Terra. Já vai tarde, porque nós não sabemos o que fazer com o personagem que representa a bondade que ainda existe no ser humano.


Vamo fazê o Bátema dá tiro. Porque o Bátema é mais legal!”.

Descanse em paz Superman.

ERROS E ACERTOS

O principal erro dos produtores de Batman V Superman foi querer fazer deste filme uma porta de entrada apressada para o filme da Liga. Se pensarmos bem, a luta entre os dois sozinha já dava conteúdo suficiente para um excelente roteiro de filme. Daria a base necessária para aí sim, depois desse filme, os demais personagens pudessem ser construídos. Se tirássemos Mulher Maravilha e as aparições relâmpago do Aquaman (Jason Momoa), do “The” Flash (Ezra Miller) e do Cyborg (Ray Fisher) e focássemos no conflito ideológico entre Batman e Superman, dando ênfase em suas visões de justiça (Batman mais sisudo e porradeiro e Superman mais contido, consciente da grandiosidade de seu poder), acrescentando aí o medo da população em geral pelo que o Superman causara em Metrópolis, culminando no embate dos dois, BvS seria um filme excelente. Tanto Goyer quanto Chris Terrio teriam ótimos argumentos para incrementar o roteiro. É certeza, no entanto, que algum executivo engravatado que não entende porra nenhuma de quadrinhos deve ter metido o bedelho e apressado as coisas.


“Anda com essa porra! A Marvel já tá faturando milhões juntando os heróis. Enfia logo aí aquele cara que fala com os peixes, aquele que corre e aquele negão robô aí no meio. Vamos fazer bilhões!”

Sejam sinceros. Estamos falando de mercado. Nós fãs podemos entender pouco de mercado, mas qualquer um de nós faria um planejamento melhor do que esse da Warner para com os heróis da DC, e isso sem precisar imitar a Marvel!


Vi o filme duas vezes no cinema, e em cada uma das vezes tive a impressão de que o filme é uma grande colcha de retalhos que será explicada mais tarde.

“Relaxa. Nos extras do blue-ray eles explicam isso.”

“No filme da Mulher Maravilha a gente vai entender melhor.”

“No filme da Liga eles vão amarrar as pontas”.

Tá. Mas e quanto ao filme que eu estou assistindo agora?

Os “quadrinheiros” não podem reclamar da quantidade de referências que são distribuídas ao longo da história, e por alguns momentos eu tive que me perguntar se o público civil estava sacando tudo que estava acontecendo. As cenas de sonho, que aparecem em demasia no filme são confusas, e servem mais para atrapalhar o desenrolar da trama do que para acrescentar alguma coisa.


Parademônios? O sinal do Ômega em referência ao Darkseid?

Superman sanguinário pela morte da Lois (ou da Martha) lembrando o arco Injustice?


Flash (El Cabrón de bigodinho) aparecendo pedindo ajuda para o Batman lembrando Crise nas Infinitas Terras?

Ding, Ding, Ding?

Qual é mesmo a importância disso tudo para a trama, exceto o fan-service?

Batman V Superman seria outro sem essa ligação obrigatória com um vindouro filme da Liga da Justiça, mas comercialmente seria inviável começarem um filme com a maior equipe de super-heróis da Terra (chupa Vingadores!) sem estabelecer as coisas agora. Pelo menos não com a mentalidade de formiga dos executivos da Warner.

Agora chega de falar mal.


Vamos enfatizar o que há de melhor em BvS, filme com a batalha entre super-heróis mais épica de todos os tempos.


Sim. A pancadaria entre o Homem Morcego de Gotham e o super-assassino Homem de Aço de Krypton entra para os anais dos filmes de super-herói como a maior batalha de todas. Embora ela comece de forma ridícula, graças às maquinações de Lex Luthor que sequestra a mãe de Clark Kent e lhe dá o ultimato de matar o Batman para que ela viva, o desenrolar dela é sensacional.

Com o preparo digno de Batman, Wayne prepara todo o cenário para liquidar o Superman, que atraído feito uma mariposa pela luz, cai feito um pato. A estratégia do canhão sônico para desorientar o kryptoniano seguido pelas rajadas de metralhadora são só o aquecimento, e quando o Azulão parte para a porrada, é a armadura (feita pelo Alfred) quem segura a bronca.


É engraçado que o Superman admite que se quisesse poderia ter partido o Batman ao meio no primeiro contato... Como se ele não tivesse se esforçado para isso JOGANDO ELE CONTRA UM PRÉDIO. Imagine se ele quisesse matar o Batman então!


Quando o Batman começa a usar as armas criadas com base na pedra alienígena encontrada pelo Lex Luthor no Mar do Pacífico e que causa estragos em kryptonianos, a vantagem do Homem de Aço vai para vala, e é aí que começa o show do Batman, com direito a várias frases de impacto do tipo “tira essa camisa azul que você é moleque!”. Se esse Superman do cinema fosse o dos quadrinhos, eu diria que eu teria sentido um nó na garganta pela TREMENDA SURRA QUE ESSE FILHO DA PUTA LEVA DO BATMAN. O filho de Krypton apanha feito gente grande, e intoxicado até o talo de kryptonita ele é feito de boneco de pano pelo Morcego.


Pra não dizer que não vibrei em nenhum momento do filme, eu curti quando o efeito da kryptonita passa e o Batman começa a socar o Superman parecendo que está batendo em uma parede de aço. Essa parte é linda!

O desfecho da cena é o Batman atirando outra bala de kryptonita (porque ele é um CUZÃO!) no Superman e impiedosamente ameaçar matá-lo com uma lança cuja ponta é feita de (adivinha!) kryptonita. Salvo na última hora por Lois Lane que o faz entender que a mãe de Clark está em perigo (típico de quadrinhos em que só depois de meia hora de porrada é que os heróis prestam a atenção no que estão fazendo), o Batman decide ajudar o Superman e salvar sua mãe, na mudança de atitude mais rápida do mundo. “Salve Martha”.


Ok. Admito. Mais de 25 anos acompanhando quadrinhos e nunca me liguei que as mães dos dois tinham o mesmo nome! Ótima sacada, Sr. Snyder! (Se é que a ideia foi dele!).

A sequência em que o Batman, já sem a armadura de combate feita para arrebentar o Super invade o esconderijo dos capangas de Luthor para salvar Martha Kent é putaqueparisticamente FANTÁSTICA. Deixando de lado o fato de que, sim, o Batman MATA a maioria dos bandidos, plasticamente a cena é muito bem coreografada. Em todas as encarnações do Batman nos cinemas (e falando desde 1989) nós nunca vimos um Batman exímio lutador em combate. Tivemos uma sombra disso em Batman Forever com Val Kilmer (ou seu dublê) ensaiando alguns saltos acrobáticos, Michael Keaton dando cabeçadas nos calcanhares de seus adversários e aquela merda de cena tremida filmada por Christopher Nolan em Begins e Dark Knight em que nem víamos o que o Batman estava fazendo. 


Desta vez, em ritmo de videogame o Batman invade o local e começa a botar pra foder com os capangas, dando golpes mortíferos, daqueles que tiram de ação os adversários sem pestanejar. Em ação, o Batman de Ben Affleck é com segurança o melhor de todos, e não me admira que não exista qualquer menção a sua antiga galeria de vilões no filme. Ele deve ter matado todos na porrada e no tiro! Heheheh!

O FUTURO

Embora tenha sido uma incursão, a meu ver, desnecessária, criou-se uma certa curiosidade em se ver como a Warner irá tratar o Aquaman, o Flash e o Cyborg na telona, agora que eles são uma realidade (e que seus logotipos tenham sido desenvolvidos pelo Lex Luthor). Aliás, não me espantaria em ver o próprio Lex Luthor como o cabeça da equipe, substituindo o papel que já foi de Maxwell Lord nos quadrinhos, e que ele seja também o responsável e financiador do grupo. Já pensaram?


A trama deixa bem claro que Lex teme o “perigo que vem do céu”, e os arquivos roubados por Bruce Wayne mostram que ele já vinha estudando uma forma de se defender desse perigo. Se Luthor for o criador da Liga da Justiça vai ser bem coerente com o que foi dito até aqui. Até mesmo se o Batman formar o grupo, influenciado pelo Lex já vai ser aceitável, tendo em vista que, sei lá como, o Morcego neurótico já está tendo visões do que vem pela frente. Com a morte do Superman, uma das possíveis ameaças que vêm do céu já foi eliminada, basta que eles cuidem da que vem em seguida... Em outras palavras, abram alas para Darkseid.

Ps. É só pra mim ou me parece estranho que o Superman já morra em sua SEGUNDA BATALHA na Terra? Tipo, ele não enfrentou ninguém além do Batman, do Zod e da sua versão vitaminada. Carreira curta, não?


Ps. 2 – Desnecessário aquele poder supersayajin Super-Choque do Apocalypse, não acham? Aquilo tornou a cena confusa e exagerada. Parecia um episódio de Dragon Ball Z!

Ps. 3 – Amy Adams conseguiu ficar ainda mais linda de MoS pra cá ou foi impressão minha?

Ps. 4 - Teremos o Retorno do Superman no filme da Liga da Justiça, com direito a roupa preta, mullets e trabucão na mão?

NOTA: 7,5

NAMASTE!


20 de janeiro de 2016

Esquadrão Suicida vai ser FODA?


Não sei, mas pelo visto é o que a Warner/DC quer que nós nerds vagabundos pensem! 
Saiu nessa madrugada, na surdina, o segundo e mais impactante trailer do filme ESQUADRÃO SUICIDA, grupo de personagens da DC pra qual apenas meia dúzia de gordos sebentos ligam, mas que vai virar moda à partir de agosto, que é quando o longa estreia nos cinemas. 

Vejam a bagaça:



OK, agora podemos comentar...

ARLEQUINA!!


Margot Robbie já empregou todo seu talento artístico em O Lobo de Wall Street, interpretando uma das amantes do personagem de Leonardo DiCaprio (que injustamente não ganhou o Oscar por esse papel!), mas é muito provável que a carreira da moça decole de vez após a Arlequina. Primeiro que a personagem em si se tornou uma FEBRE nos últimos anos entre os adolescentes (por ela ser louca, transgressora, sair da caixinha, pular vários "córguinhos", etc, etc), segundo porque a caracterização de Robbie está excelente, o que vai potenciar e MUITO tanto a "palhacinha do crime" quanto a carreira sua intérprete. 


E o que dizer dessa cena da "abaixadinha"? 

Mas vamos lá! Desta vez o trailer deu destaque aos demais personagens também, mesmo que em apenas em alguns closes. Dá pra ver com detalhes os visuais do Killer Croc, da Katana e do Capitão Bumerangue, e claro, o Pistoleiro de Will Smith aparece em cenas de ação bem movimentadas, completando tudo que tinha faltado no primeiro trailer. 


Corroborando com o que todo mundo já imaginava, Esquadrão Suicida, pelo visto, vai ser recheado de tiro, porrada e bomba, e as presenças do Coringa e do Batman (que imagino apareça apenas em flashbacks) vão ser apenas alegorias para que os personagens principais realmente brilhem. O que eu acho justo! 


Achei esse segundo trailer tão legal que nem me pareceu um filme da DC! Heheheh!

NAMASTE!   

2 de janeiro de 2016

REVIEW: O Despertar da Força


O ano era 1999, e lá estava eu numa sessão matinê de cinema, antes do horário da escola para ver um Star Wars pela primeira vez em tela grande. A Ameaça Fantasma havia acabado de estrear, e aquele filme trazia de volta um clima de aventura e ficção que não se via desde 1983, ano em que O Retorno de Jedi aportou nos cinemas, encerrando aquela trilogia clássica criada por George Lucas. Ninguém sabia o que esperar de A Ameaça Fantasma, apenas que ele contaria uma história dos primórdios de Uma Nova Esperança, na época em que Darth Vader ainda era só o Anakin Skywalker, um pequeno escravo que vivia em Tatooine junto da mãe.

A minha situação?

Eu NUNCA havia assistido um Star Wars antes disso, tudo o que eu tinha eram alguns flashes de memória de um cara grande vestido uma armadura preta e que em algum momento havia cortado a mão de um outro cara loiro com uma “espada laser”, mas além disso, tudo o que eu sabia era o que havia lido em jornais que foram publicados na época falando sobre o que significava Star Wars para a cultura pop. Tatooine, Skywalker, sabres de luz... Tudo isso não passava de nomes para mim, sem significado algum. E então a magia me capturou!


Quem é fã desde sempre DETESTA a chamada “trilogia nova”, essa iniciada em 1999, mas para mim, mesmo hoje sabendo da qualidade inferior dos três filmes com relação aos da trilogia clássica, foi ali que tudo começou. Eu estava numa sessão em que deviam ter mais umas cinco ou seis pessoas ocupando os demais lugares, e até o final do filme eu estava SOZINHO no cinema, curtindo cada cena, cada momento da aventura daqueles jedis e daqueles seres de outro mundo (ou outros mundos). Eu não ia ao cinema desde 1994, quando vi Rei Leão pela primeira vez, e a magia de Star Wars me capturou de uma forma muito precisa, me fazendo querer saber mais sobre aquele universo e aqueles personagens. 


Numa época em que DVDs ainda nem existiam e que fitas cassetes eram caras, me contentei em esperar o SBT reprisar os três primeiros filmes já remasterizados e com uma nova dublagem que colocava, por exemplo, Guilherme Briggs no lugar de Francisco Milani para dar voz ao mercenário Han Solo vivido por Harrison Ford. Esses filmes que passaram no SBT já faziam parte da restauração feita por George Lucas em comemoração aos vinte anos da saga, e incluíam cenas digitais (como a cena em que Han encontra o Jabba) e novos cortes como “Greedo atirou primeiro”.


Dali pra frente eu me tornei um fã incondicional da saga estelar, e não parei mais de acompanhar cada filme que era lançado ou novidade que surgia a respeito de Star Wars. Tinha muita vontade de saber mais sobre o universo expandido e seus livros, e me lembro que uma das primeiras vezes que tive acesso a Internet, corri para colher textos que falavam sobre esse universo expandido, e o que havia além da morte do Imperador e de Darth Vader. Quando o episódio III acabou, senti um vazio imenso com relação à saga, e as palavras de George Lucas “esse é o último filme” me fizeram acreditar que Star Wars estava acabado para sempre e que nada novo com relação a filmes seria criado dali para frente. Então veio a Disney, e todos se regozijaram.

O DESPERTAR DA FORÇA

Sempre achei injusta a expressão “Star Wars só fica bom quando sai das mãos do George Lucas”, até porque, querendo ou não, o papudinho barbudo era o grande criador da porra toda. Como ele podia não saber o que estava fazendo se ELE HAVIA INVENTADO todo aquele universo do qual éramos fãs? Ele havia criado um dos vilões mais épicos de todos os tempos, ele havia desenvolvido a arma “mais elegante” do cinema (ou vai dizer que você nunca quis ter um sabre de luz??), o conceito de planetas, de uma guerra entre República e Império, entre a Força e o Lado Sombrio... Além disso, ele criou os personagens mais carismáticos de todos os tempos. Han Solo, Chewbacca, RD-D2, C3-PO... Até mesmo Luke Skywalker, interpretado por Mark Hamill, que era um ator BEM RUIM na época, tinha seus momentos, e sempre achei bem injusto a forma como começaram acusar Lucas de ser o grande “merdeiro” por trás da nova trilogia. Desde a escolha do elenco até algumas decisões equivocadas (Midi-Chlorian?? Jar-Jar Binks?) Lucas errou muito nos episódios I, II e III, porém isso não podia apagar os méritos que ele havia conquistado com os episódios IV, V e VI.


Logo que a Disney comprou os direitos da franquia e todos os estúdios (Rancho Skywalker e a ILM) de George Lucas, e anunciou que colocaria J.J. Abrams à frente do filme, o mundo Nerd entrou em polvorosa, e durante os últimos três anos não se falou em outra coisa além de Star Wars. A marca se mostrou tão forte que revitalizou todos os setores em que ela podia ser utilizada, e se você não vive em Marte ou em algum planeta da Orla Exterior, deve ter notado o aumento do termo “Star Wars” em tudo que envolve séries, jogos e brinquedos.


É gostoso viver em uma época em que TODO MUNDO sabe o que é Star Wars, ou que pelo menos já tenha ouvido falar. Até quem nunca tinha visto nenhum dos seis filmes anteriores entrou no Hype de O Despertar da Força e o filme funcionou como um imenso catalisador, já que pegou os novatos, os velhotes e até mesmo quem só vai ao cinema de vez em quando pra ver “qualquer coisa”. J.J. e sua equipe, conseguiram fazer um filme grandioso que homenageia a trilogia clássica, nos faz esquecer da “nova” e isso sem esquecer de apresentar elementos novos que vão compor o futuro da saga. Está tudo lá em um pouco mais de duas horas, e nas duas sessões em que vi o filme, não havia um lugar vazio sequer. O público queria ver, afinal, que furdunço era esse aí de que tanto falavam.

OS PERSONAGENS

J.J. Abrams sabia que para conquistar vários públicos distintos ele precisaria mesclar o velho com o novo, e com relação aos personagens isso funcionou MUITO BEM. Os fãs antigos bateram palmas quando Han Solo (Harrison Ford) e Chewie (Peter Mayhew) entraram em cena, dentro da Millenium Falcon que acabara de ser recuperada depois de anos perdida, e ouviu-se interjeições de felicidade quando os androides R2-D2 e C3-PO (Anthony Daniels) voltaram a aparecer, mesmo que por pouco tempo em cena. A mesma coisa aconteceu no reencontro de Leia Organa (Carrie Fisher) e Han Solo depois de anos separados, e até mesmo o fan-service de J.J. que mostrou objetos da trilogia clássica, como a esfera de treinamento do Luke no Episódio IV e o xadrez de monstros holográficos do Chewie serviu para alegrar os fãs mais velhos. Nós precisávamos dessa ligação com a trilogia clássica para saber que Star Wars estava de volta, mas ao mesmo tempo precisávamos de coisas novas. O que viria dali pra frente?


A introdução dos protagonistas foi certeira, e em vinte minutos de filme não tinha um ser humano na plateia que não estava torcendo efusivamente pelo stormtrooper FN-2187 (John Boyega) e pela catadora de lixo de Jakku Rey (Daisy Ridley) ou que não tivesse lamentando a “morte” do carismático piloto Poe Dameron (Oscar Isaac). 


Diferente de Hayden Christensen que era um protagonista horrível nos episódios II e III, e do qual mais sentíamos ódio do que amor, Finn, Rey e Dameron criaram empatia com o público logo em sua primeira aparição. Eles eram personagens que nos contavam muito mesmo em silêncio, e isso fez com que criássemos ligações afetivas com eles. Antes mesmo de Finn tirar seu capacete, nós sabíamos que ele não queria fazer parte daquilo, e que ele era um cara diferente daqueles soldados vestindo armadura branca e que seguiam ordens sem pestanejar. Já Rey, não há como não nos comovermos com aquela situação em que ela vive, num planeta deserto tendo que trabalhar arduamente para garantir a “meia porção” que vai alimentá-la naquele dia. Fazia tempo que eu não via personagens tão bem construídos em um filme de aventura, e muito disso se deve também ao elenco.


À vontade em seus papeis, tanto Daisy Ridley quanto John Boyega agarraram sua oportunidade em dar as caras em uma produção gigantesca quanto Star Wars e não soltaram, dando veracidade a seus personagens. Apesar de ser um desertor que precisa fugir de sua antiga vida (a única que ele conhece) a todo custo, Finn não se restringe a ser um personagem dramático, e graças ao talento de Boyega, o personagem ganha uma personalidade única, que nos faz vê-lo como a nós mesmos dentro da tela, soltando um “uhuuu” no interior de uma Tie-Fighter ou soltando uma piada ocasional disfarçada de comentário sério. Muito se questionou sobre o fato de Finn ser um protagonista negro em meio ao universo caucasiano criado por George Lucas, mas se você está imerso na aventura desde o início, e preocupado com a história, não faz qualquer diferença o personagem ser branco, negro ou azul. Finn não é um “personagem negro” interpretado por um “ator negro” e sim um personagem interpretado por um ator negro que merece todos os méritos pelo carisma de seu FN-2187.


O sotaque britânico de Daisy Ridley dá um charme a mais a sua Rey, e nos remete a outros atores ingleses que deram vida a personagens das trilogias anteriores. Ridley demonstra logo que não é só uma menina bonita, e sua personagem mesmo sem qualquer fala nos primeiros minutos em que aparece nos convence de o quanto é batalhadora e corajosa, vivendo em um planeta inóspito e árido. Ao mesmo tempo em que sua vida parece ser dura, ela continua demonstrando ter esperança quanto à volta dos familiares que a deixaram ali para ser cuidada por um dono de ferro-velho, e embora seja uma “mulher” sozinha num mundo de machões, ela consegue se virar muito bem, cuidando do próprio nariz (e quebrando o dos outros!).


Ainnn Rodman! Uma protagonista mulher que só está ali para preencher cotas!

Sério, gente! O mundo se tornou um lugar muito chato de se viver. Quem foi o filho da puta que foi assistir O Despertar da Força e se incomodou com o fato da protagonista ser uma menina? Ou que ficou torcendo CONTRA ela por ela ter uma pepeca em vez de uma piroca?

Pelamor de Odin!


Rey é uma das personagens femininas mais bem construídas da saga Star Wars inteira, e não falo só por ela ser “corajosa e impetuosa”, até porque Leia e Amidala também eram e possuíam a profundidade de um pires! Ela conquista seu espaço com pouquíssimo tempo em tela, e não só nos faz torcer por ela como nos faz acreditar que ela MEREÇA segurar a lightsaber de Luke Skywalker no final do filme. Rey com certeza terá um futuro brilhante nos dois próximos filmes que vão fechar mais essa trilogia, e não tenho dúvidas que por muito tempo ela vai ser a PRINCIPAL heroína do cinema, servindo de exemplo para gerações e gerações de meninas que vão poder se espelhar nela assim como nós meninos crescemos mirando no exemplo de Luke Skywalker. 

E o BB-8, hein?


Eu achei que seria impossível substituir em nossos corações o bom e velho R2-D2, mas depois de ver o pequeno BB-8 rolando pela tela cheio de personalidade, eu devo admitir que fiquei dividido. É impressionante como a magia do cinema consegue imprimir tanto carisma em uma personagem que é uma bola metálica e que não tem expressão facial. Durante todos os momentos fiquei me lembrando de Wall-E, o primeiro robô que me fez chorar aos soluços no cinema, e BB-8 foi tão bem construído que por diversos momentos vi o cinema entoar um “Oooiiiinnnnnnn” em uníssono quando o pequeno robozinho aparecia em cena. Além de ser muito importante para a trama inicial do filme (já que ele esconde dentro de si o pedaço de um mapa que vai conduzir a Resistência até o paradeiro do desaparecido Luke Skywalker), BB-8 é o personagem mais fofo do filme, ainda mais quando ele parece ter uma verdadeira devoção ao R2-D2 que está desativado desde a partida de seu mestre Skywalker. Devo confessar que não gostava da ideia de ter um substituto do “Arthur” na nova trilogia, mas com o desenrolar da história faz sentido que outro robô faça parte da aventura, já que R2 está desativado.

A AÇÃO

Uma das primeiras dicas que dou, se é que você ainda não viu o filme, é: Veja em IMAX!
Depois que conheci a reprodução em IMAX nunca mais achei qualquer graça no 3D tradicional, e não consegui ter qualquer imersão no filme da primeira vez que o assisti. A direção de J.J. é precisa no quesito “te colocar dentro da ação”, e é impressionante o quanto o IMAX potencializa essa característica. 


Em vários momentos me senti fugindo das explosões causadas pelos Tie-Fighters e voando junto com as X-Wings, isso porque as cenas te colocam DENTRO do filme pela forma como J.J. optou filmá-las. Um dos grandes problemas da trilogia “nova” de George Lucas foi exagerar no CGI e ser incapaz de gravar qualquer cena, por mais simples que fosse, SEM a muleta dos efeitos digitais. Revendo os três filmes, dá pra notar que o velho Lucas colocou CGI até mesmo em lutas que podiam ser apenas coreografadas com atores reais, isso sem falar na imensidão dos cenários de chroma-key que tornaram os filmes datados e falsos ao extremo. Nesse sentido, Abrams ganhou vários pontos, aumentando as cenas com efeitos práticos e em locações reais, que não nos davam aquela sensação de “cacete! Que bagulho falso!”.


Pensando por alguns minutos, consigo pensar em pelo menos uma cinco ou seis cenas impactantes de o Despertar da Força em que o cenário é real e em que as lutas e batalhas foram filmadas em lugares que existem de verdade. Aposto que você também pode fazer esse exercício.


Sem as firulas de saltos exagerados que pareciam cutscenes de videogame, as lutas com sabres de luz remeteram diretamente aos episódios IV, V e VI, algo mais grosseiro, com menos técnica, mas que se assemelham mais a uma batalha de “espadas” realista. 


E fazia sentido, já que nenhum dos protagonistas era um exímio jedi ou velhos experientes no uso da Força... Exceto, o vilão do filme Kylo Ren!

PROBLEMAS DO FILME

Não é a primeira vez que o vilão do filme consegue estragar quase que por completo uma história esse ano, e senti que Vingadores e o Homem Formiga padeceram do mesmo mal, colocando inimigos fracos diante de heróis tão mais carismáticos. Kylo Ren (Adam Driver) é um vilão medíocre, e as coisas só pioram quando ele decide tirar seu elmo diante de Rey, procurando de alguma forma... Hã... Assustá-la com sua feiura???


OK. Digam o quanto quiser que ele ainda é um vilão em formação e que os sentimentos contrastantes com relação a Luz e o Lado Sombrio o fazem se comportar feito um adolescente mimizento (o que de fato ele é!), mas seja como for, é difícil engolir que um dos maiores anti-heróis da história do cinema tenha perecido pelas mãos desse bosta!


Seu comportamento durante o filme todo só me faz pensar que se Leia e Han tivessem dado uma boa surra nesse merdinha quando ele era menor teria resolvido à maioria de seus problemas. Ele começa o filme muito bem, comandando a missão mais sangrenta que já vi um grupo de stormtrooper participar, matando aldeões a rodo e sem qualquer remorso, e nos primeiros minutos acreditamos fielmente que aquele cara imponente vestindo preto e falando com voz eletrônica é REALMENTE digno da herança de Darth Vader. A imponência vai pra vala, no entanto, quando ele decide tirar o capacete e demonstrar o quanto ele é só um moleque birrento que odeia os pais sem qualquer razão aparente. O Anakin pelo menos tinha uma razão pra ser um cara revoltado!


O fato dele levar uma surra da Rey no final da história não o deixa em melhor situação, já que ao contrário dela, ele tinha treinamento jedi há muito mais tempo, com o agravante de ter cedido ao lado negro, o que o deixa MUITO MAIS overpower. O que explica o fato dele ter sido deixado no chão por uma aspirante a Miss-Gari sem treinamento jedi? Apenas o ódio pelo qual todos os espectadores estavam sentindo dele pelo que tinha aprontado minutos antes na cena da ponte?


Outro grande problema do filme foi o péssimo aproveitamento da tão badalada Capitã Phasma, interpretada por Gwendoline Christie, a Brienne de Game of Thrones. A personagem apareceu em tudo quanto foi poster, fazendo pose de quem ia mandar na porra toda e tudo que ela fez no filme inteiro foi dar um esporro em Finn por ele ter esquecido a bandoleira da arma tirado o capacete. Não participou de nenhuma batalha, não foi decisiva em nenhum momento e ainda entregou a rapadura para que Han e Finn exprudissem a Starkiller. Qual foi a importância dela mesmo para o roteiro? 


Como era de se esperar de uma primeira parte de uma trilogia, O Despertar da Força deixou várias pontas soltas que serão respondidas nos próximos filmes (esperamos!), e uma delas é, quem afinal é o Supremo Senhor Fodão Snoke (Andy Serkis), que aparece em projeções holográficas comandando as ações de Kylo Ren e do General Hux (Domhnall Gleeson). Pouco sabemos do que aconteceu entre o vácuo do episódio VI e o VII, e esperamos ávidamente por respostas que digam o que Diabos aconteceu na Academia Jedi fundada por Luke, o que Snoke tem a ver com isso e como ele conseguiu fundar a Primeira Ordem com o poder bélico suficiente para criar a Starkiller, a irmã anabolizada da Estrela da Morte.

Já foi complicado esperar 10 anos desde o final de A Vingança dos Sith até que alguém resolvesse fazer outro Star Wars, e agora que gostamos do resultado de O Despertar da Força, nos parece meio incômodo ter que esperar até 2017 para que parte destas perguntas sejam respondidas. Mas o que há se fazer, não é mesmo?

NOTA: 8,5

QUE A FORÇA ESTEJA COM VOCÊ!

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