5 de abril de 2017

Precisamos falar sobre as séries da Marvel/Netflix


Em meados de 2014 nós recebemos a ótima notícia de que os direitos do personagem Demolidor, que até então pertenciam a Fox, haviam retornado para sua casa de origem, e que em parceria com a empresa de streaming e produtora Netflix, a Marvel Studios iria começar a apresentar novos personagens baseados em seu universo cinematográfico. O Demônio Audacioso de Hell’s Kitchen foi o primeiro nome citado desses personagens, e era difícil acreditar, até então, que algo de bom ainda podia ser feito com o pobre Demolidor depois do DESASTRE que havia sido o filme de 2003 dirigido por Mark Steven Johnson e protagonizado por Ben Affleck.

Encarado como um personagem de “segundo escalão” na Marvel e sempre na sombra do Homem Aranha, Wolverine e Vingadores, o Demolidor tinha tudo, no entanto, para render ótimos arcos para uma série de TV, assim como o tinha rendido nas HQs, roteirizado por caras (e minas) como Frank Miller, Ann Nocenti, Brian Michael Bendis e mais recentemente por Mark Waid. Foi acreditando nesse potencial de histórias que Steven S. DeKnight (o showrunner) e Drew Goddard (o diretor) deram o pontapé inicial naquilo que parecia ser o GRANDE acerto da Marvel em matéria de séries televisivas baseadas em seu universo cinematográfico. E com o final dos treze excelentes episódios da primeira temporada de Marvel's Daredevil, quem poderia duvidar?


Desde o princípio era de conhecimento público que Marvel’s Daredevil era a primeira de uma leva de quatro séries que nos apresentariam ainda os personagens Jessica Jones (de ALIAS, criação de Brian Michael Bendis para as HQs), Luke Cage e Punho de Ferro. Era sabido também, que os quatro personagens ainda protagonizariam uma série em conjunto chamada de Os Defensores, o que deixou todo mundo que havia adorado a primeira temporada de Demolidor ainda mais empolgado, já que “É Marvel, cara! O que pode dar errado?!”.


E realmente parecia que NADA poderia dar errado, já que a crítica (em especial o Rotten Tomatoes) havia ADORADO Demolidor, e classificado a série com quase 98% de aprovação e notas 8/10. Salvo um detalhe ou outro que poderia ser alterado (como o ritmo LENTO causado talvez pelo excesso de episódios padrão Netflix), a iniciativa da Marvel parecia ter dado certo, e as portas pareciam abertas para o sucesso.

Não teve quem não mergulhou de cabeça na série da Jessica Jones (lançada no segundo semestre de 2015) confiando no “É Marvel, cara! O que pode dar errado?!”, porém, dessa vez, a queda foi dolorida. Criada por Melissa Rosenberg, produzida por Tim Iaconfano e em grande parte roteirizada pelo próprio Brian Michael Bendis (que criou a personagem) em parceria com Michael Gaydos, Marvel’s Jessica Jones teve a dura missão de apresentar ao grande público uma personagem praticamente desconhecida e obscura dos quadrinhos, que funcionava muito bem nesse clima meio noir de investigação e submundo super-heróico. Interpretada por Krysten Ritter, a Jessica Jones da série é irritantemente apaixonante, já que nos diverte com seu constante mau humor e seu pavio curto.


Aiiiinn, Rodman! Eu adorei Jessica Jones, vai tomar no seu cu!

E a personagem é EXCELENTE mesmo, Padawan! De todos os “super-heróis” apresentados até aqui, ela de longe é a que tem mais personalidade, e a única a apresentar um contraponto ao comportamento meio certinho de Matt Murdock, Luke Cage e Daniel Rand, o que pode render boa interação aos Defensores


O fato é que o roteiro da série não sustenta 13 episódios, o que a torna chata e cansativa em seu miolo, nos trazendo uma sequência de situações que não fazem a história andar e causam SONO. A perseguição ao Homem Púrpura Killgrave (David Tennant) e toda sua relação de abusos ao passado recente de Jessica, faz com que a série se desenvolva bem, mas temos a impressão de que toda essa história poderia ser contada em 8 episódios, sem a necessidade de se estender mais que isso, o que acaba prejudicando a nossa imersão.  Ainda assim, Marvel’s Jessica Jones foi avaliada com 93% de aprovação no Rotten Tomatoes.


Apresentado já em Jessica Jones o personagem Luke Cage (Mike Colter) teve a estreia da sua própria série no final de 2016, e bastaram os 13 episódios aparecerem na Netflix para as críticas negativas choverem em cima da história do protetor do Harlem.


Desenvolvida por Cheo Hodari Coker e produzida por Aïda Mashaka Croal, Akela Cooper e Gail Barringer entre outros, Marvel’s Luke Cage foi vendida como uma série que falava ao público negro, ou uma Neo-Blaxpoitation, e era EXATAMENTE isso que esperávamos, dado o histórico do personagem que foi criado nos anos 70 por Archie Goodwin, John Romita (Sr) e George Tuska. Queríamos ver o Luke Cage badass motherfucker limpando as ruas da bandidagem do Harlem e redondezas com sua pele invulnerável e sua super-força, em vez disso acompanhamos um DRAMALHÃO quase que insuportável vivido por um protagonista fraco e o tempo todo em dúvida, que nos faz querer que ele tome alguma atitude (qualquer uma que seja) ao nascer de cada episódio. É importante dizer também que as capacidades interpretativas de Colter são bem limitadas, o que dificulta que criemos empatia com sua história e seu drama, que dirá com suas motivações (que são quase nulas)!


A série só tem alguma relevância em seus primeiros episódios graças ao antagonista do Luke Cage, o vilão Boca de Algodão vivido por Mahershala Ali, ator que ganhou o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por Moonlight. Ali faz as vezes do grande gangster do Harlem, que usa uma boate de shows como fachada para seu tráfico de armas e drogas junto com a prima Mariah Dillard (Alfre Woodard), e quando ele acaba atravessando o caminho de Luke Cage (que trabalha no bar do local) é que as coisas parecem que vão ficar interessantes. Mas só parecem.


A saga de Cage para deter Boca de Algodão (que é eliminado prematuramente na série), depois Dillard e mais tarde seu “meio irmão invejoso” Willis Stryker (Eric LaRay Harvey) é chata e cansativa (adjetivos que vocês já conheceram em Jessica Jones), e é complicado se manter acordado enquanto essa enrolação toda TENTA se desenrolar ao longo dos 13 episódios. 


Sem Claire Temple (Rosario Dawson), personagem que serve como elo entre TODAS as séries e também sem a feroz Misty Knight (Simone Missick), personagem que com mais tempo de tela obrigaria a Netflix a mudar o nome da série, já que roubou fortemente a cena com sua personalidade forte (que não dura até o fim dos episódios) e com seu jeitão badass, a série seria intragável, e não chegaria nem a uma nota 3.


Lançada em Março de 2017, Marvel’s Iron Fist veio para lavar a alma marvete, que já estava começando a ficar com os dois pés atrás quanto a qualidade antes INDISCUTÍVEL das séries Marvel/Netflix. Aquele lance de que “É Marvel, cara! O que pode dar errado?!” já não estava bastando para fazer o público consumir o produto apenas pela capa, e após as péssimas experiências com Jessica Jones, Luke Cage (e até mesmo com a segunda temporada de Demolidor, que para muitos foi muito INFERIOR à primeira), Punho de Ferro foi recebida com grande desconfiança, e essa má vontade acabou influenciando na audiência do programa e nas notas negativas que antecederam a estreia no Brasil. Antes de estrear por aqui, a série já estava recebendo nota 4/10 e uma avaliação baixíssima de 17% no Rotten Tomatoes.


E olhe que pra ser ruim, a série ainda precisava melhorar muito!

Independente das críticas, assisti bravamente os 13 episódios. Eu mantinha a esperança de que pelo menos os elementos das HQs que fazem com que o personagem seja minimamente interessante fossem convertidos para a tela, já que esperar fidelidade de adaptação se tornou algo impossível nessa época de transição midiática. E isso não aconteceu.

Ok. O Punho de Ferro não é um dos grandes personagens da Marvel, mas essa mistura que sua origem faz entre o misticismo e as artes marciais daria sim um ÓTIMO roteiro para um filme e uma série. Até a metade dos anos 2000 ninguém dava a mínima para ele e seu parceiro Luke Cage, que nas HQs fundaram a empresa Heróis de Aluguel. Foi Brian Michael Bendis que resolveu tirar leite de pedra reintroduzindo os personagens em sua série ALIAS, e a pegada realista que o autor inseriu no personagem fez toda a diferença.  

Rodman... Eu nunca tinha ouvido falar de Punho de Ferro antes da Netflix!


E provavelmente ninguém que tenha contato com o universo Marvel apenas pelos filmes também tenha ouvido, jovem Padawan. É inegável, no entanto, que o personagem renderia um PUTA de um roteiro legal para a TV sem necessariamente precisa gastar milhões com efeitos digitais.

Na série, Daniel Rand (Finn Jones) é um jovem bilionário que é dado como morto junto dos pais após um acidente de avião na região do Himalaia, onde fica desaparecido por 15 anos. Enquanto o sócio de seu pai nas indústrias Rand, Harold Meachum (David Wenham) assume a empresa ao longo dos anos seguintes, a deixando para os dois filhos Ward (Tom Pelphrey) e Joy (Jessica Stroup) após sua suposta morte por câncer, Danny cresce na cidade mística de K’un-Lun, onde após ser resgatado por monges nas montanhas do Himalaia, aprende artes marciais e o domínio do punho de ferro, uma arte que lhe dá um poder além de seus limites tanto para o ataque quanto para a defesa.


Na série NÃO HÁ K’un-Lun. Vemos duas ou três cenas (algumas delas que se repetem apenas) situadas na tal cidade mística, mas não vemos NADA de místico nelas. Existem citações ao mestre de Danny Lei Kung (o Trovejante nas HQs) e a seu treinamento, mas a série faz questão de ignorar os elementos que mais podiam contribuir para deixá-la interessante e rica, deixando de lado K’un-Lun e se focando no retorno de Rand ao mundo dos vivos, em Nova York e a árdua retomada da empresa de seu pai.  

Como é K’un-Lun?

Como se parece Lei Kung?

Como Danny passou sua infância sozinho em um mundo místico e como ele se tornou forte o suficiente para vencer o torneio que o tornou o Punho de Ferro?

Essas não parecem respostas importantes para serem ditas.


Tudo que o público sabe a essa altura é que ele é um garoto que sabe artes marciais (mais ou menos, mais ou menos), que é muito mimado e que não tem quase nenhum controle sobre sua raiva, já que retornou única e exclusivamente para vingar a morte dos pais, algo que ele nem sabia que tinha sido causada pelos inimigos mortais de K’un-Lun, o Tentáculo.


O Danny Rand de Finn Jones não passa NENHUMA segurança quanto a seu “vasto conhecimento” nas técnicas orientais das artes marciais, muitas das quais pregam paciência e obediência, e o tempo todo o vemos cometer atitudes inconsequentes dignas de um moleque birrento e não de um mestre do kung fu. A sua cena de apresentação já chega a ser ridícula quando por duas vezes ele é colocado para fora das indústrias Rand tentando convencer os seguranças de que ele é Daniel Rand, o herdeiro da bagaça. Vestido como mendigo (humildade também é pregada no kung fu!) ele não só não consegue convencer os antigos amigos de infância Ward e Joy de que ele é quem diz ser, como cria situações vergonhosas como invadir a antiga casa que agora é ocupada pela herdeira de Harold Meachum.


Para piorar, a personalidade de Rand É TÃO FRACA que nem mesmo seus aliados conseguem confiar nele e em sua capacidade de tomar decisões ou resolver situações. Ele é visto o tempo todo como "o moleque de cabeça quente".


Os primeiros episódios são uma perda de tempo incrível nessa lenga-lenga de tentar provar que ele é realmente Daniel Rand, e fazendo um comparativo com outra série sobre super-heróis, Arrow conseguiu resolver isso - rapaz rico desaparece e retorna para reaver seu legado -  e partir logo para o que interessava em um único episódio. A jornada de Rand para provar a veracidade de sua identidade enquanto os dois irmãos Meachum se recusam a acreditar em sua palavra (e ter que compartilhar a grana toda com o recém “desfalecido”) NÃO É INTERESSANTE, e nos parece uma perda de tempo imensa, onde nem que fosse em flashbacks podíamos estar visualizando o passado de Daniel em K’un-Lun.

Ok, Rodman. Desapega de K’un-Lun!

Há de se esperar que em uma série cujo protagonista se diz mestre nas artes marciais, que as cenas de luta sejam de cair o queixo e o cu da bunda ao mesmo tempo, certo?


ERRADO!

Em vista do que já havia sido feito na primeira temporada de Demolidor, os coreógrafos e diretores de cena de Punho de Ferro erraram muito feio nesse quesito, e me pareceu que qualquer filme B de artes marciais possuía lutas melhores e mais empolgantes do que Iron Fist. É fato que o ator Finn Jones, que filmou a série entre Março e Outubro de 2016, não havia tido tempo suficiente para se preparar para o papel, já que artes marciais não se aprende da noite para o dia, mas em tempos muito mais remotos, todo mundo acreditava que o Michael Dudikoff era realmente um ninja (em American Ninja) ou que o ator Hikaru Kurosaki que interpretava o Jaspion sem armadura sabia mesmo artes marciais.  Por mim podiam colocar dublês em 100% das cenas de luta de Finn Jones, desde que tivéssemos a impressão que o Daniel Rand é de verdade um mestre das artes marciais, mas isso também não aconteceu.


As lutas não só são comuns demais como também fazem acreditar que Rand é no máximo um lutador mediano e que tem trabalho para encarar soldados rasos em um espaço fechado. Sem a ajuda da bela Colleen Wing (Jessica Henwick), atriz que possui mesmo algum treinamento marcial, Rand passaria grandes apuros na série.


Quem não se lembra da icônica cena do corredor logo nos primeiros episódios de Demolidor? Quem não se lembra da impactante cena do Justiceiro retalhando seus colegas de prisão no corredor de Blackgate usando as mãos, os dentes ou qualquer coisa afiada com a qual ele podia estripar alguém?

Claro que meus exemplos não denotam técnica apurada de artes marciais, já que tanto Murdock quanto Castle se valem mais da força bruta para vencer, mas são cenas que ficam na mente do espectador depois que acabamos de assistir. Iron Fist não tem sequer UMA CENA memorável de combate, dessas de lavar a alma, de causar uma catarse. 

Nada. 

No máximo temos lutas simples, sem nenhum efeito bacana de câmera ou tomada inovadora que nos faça pensar “caralho! Senti essa porrada aqui de casa!”. E sim, Punho de Ferro é uma Arma Viva, um dos maiores lutadores da Marvel.


Assim como aconteceu em Luke Cage, em que a coadjuvante feminina é mais interessante e porradeira que o protagonista chato e dramático, Colleen Wing é o grande colírio para os olhos de Iron Fist. Além de carismática, a atriz Jessica Henwick se vira bem nas cenas de luta, e convence em seu drama pessoal ao se revelar uma ninja do Tentáculo e logo depois ter que abdicar de seu cargo entrando em conflito com seu sensei em detrimento a sua paixão por Danny Rand.

Caralho, Rodman! Os ninjas do Tentáculo aparecem na série??


Não, amiguinhos. 

A gente não consegue ver as fuças de UM ninja sequer nessa merda. 
Em Demolidor somos apresentados ao clã do Tentáculo e sua chefe Madame Gao (Wai Ching Ho), e dando continuidade ao que vemos lá, a organização continua infiltrada nas principais centrais de poder da cidade, incluindo a própria Rand. Ao final da segunda temporada de Demolidor, o herói cego combate ao lado de Elektra vários ninjas do Tentáculo chefiados em campo por Nobu (Peter Shinkoda), ninja apelão que RETALHA Matt Murdock numa luta sensacional ainda na primeira temporada. Contra o Punho de Ferro, o Tentáculo manda o sósia do Caio Blat Bakuto (Ramón Rodriguez), o sensei de Colleen, que só dá trabalho físico para Rand, porque afinal, QUALQUER um daria trabalho para ele nessa série. Esse Punho de Ferro não duraria três minutos contra o Nobu e cinco segundos contra o Rei do Crime!


 Quando Rand deixa as emoções e a raiva pelo assassinato de seus pais falarem mais alto que sua “técnica”, ele perde o controle sobre seu punho de ferro, e se torna vulnerável nos momentos mais decisivos de sua jornada. O efeito do punho brilhando é legal, mas fora o momento em que ele derruba uma parede com um soco (chupa, Capitão América!) o recurso visual é pouco aproveitado na série, o que dá a entender que orçamento é um problema, pela economia que fazem em cenários (K’un-Lun, cadê K’un-Lun? Cadê o dragão Shou-Lao, símbolo do peito do herói?) e nos efeitos digitais, que pelo roteiro fraco nem são lá muito necessários, já que 70% das cenas se passam dentro do escritório dos Meachum ou no Dojô da Colleen.


Davos (Sacha Dhawan), que nos quadrinhos é filho do Lei Kung e o amigo invejoso de Danny Rand ao longo de seu treinamento, é apresentado de forma rápida já quase ao final da série, embora esteja à espreita do herói desde o começo, observando os passos de Rand na Terra. Nas HQs ele se torna o principal inimigo do Punho de Ferro, o Serpente de Aço, ao falhar em obter o poder do dragão Shou-Lao no torneio que dá os poderes do punho ao melhor combatente. Incapaz de vencer seu adversário, Davos guarda um grande ódio por seu antigo amigo, e isso fica bem claro no último episódio da série, quando após se dizer em missão de K’un-Lun para levar Rand de volta, Davos se volta contra ele, alegando que Danny está manchando o legado do Punho de Ferro e que ele não merece o poder que tem (bom, até aí até a gente concorda com isso!). Embora ainda não tenha se tornado o Serpente de Aço, é possível perceber que Davos pretende destruir o ex-amigo, e dá-se a entender que ele vai se aliar a Joy Meachum num futuro próximo, e quem sabe também ao Tentáculo para destruir o Punho de Ferro.


Então quer dizer que na segunda temporada teremos muito mais ação e emoção, hein, Rodman! A primeira serviu só para apresentar os personagens. Você é um cuzão apressado!

Porra nenhuma, caro Padawan!

Os produtores e diretores tiveram 13 episódios para deleitar os espectadores com uma história de um potencial absurdo, e só conseguiram nos enrolar com uma história fraca sobre mercado imobiliário e sucessão empresarial, aí querem que acreditemos que na segunda temporada as coisas vão melhorar?

Foda-se a segunda temporada!

Eles tinham que conquistar nossa atenção e nos pegar pelos bagos já nessa primeira, nos deixando ansiando por uma segunda temporada, como Demolidor conseguiu fazer, e não segurar tudo se garantido que a audiência estaria cativa pelo “É Marvel, cara! O que pode dar errado?!”. Amigo, não sei pra você, mas desde Luke Cage que essa máxima não funciona mais! A Marvel começou dando tapa na cara da concorrência com Demolidor, mas deixou a bola cair absurdamente depois disso, algo que aconteceu também com as fracas séries Agents of SHIELD e Agente Carter. Enquanto a DC e o CW nos enche de super-heróis saltando da tela a cada novo episódio de The Flash e Supergirl, inserindo conceitos típicos das HQs como multiverso, viagem temporal, a Marvel tem uma mania muito estúpida de preservar seus personagens e não expô-los nas séries. Sem colhões de sequer mencionar os nomes “Capitão América”, “Hulk” ou “Homem de Ferro” nas suas séries, quase não conseguimos ver que esses heróis compartilham o mesmo universo, salvo alguns easter-eggs sutis. Nem personagens menores aparecem. Eu ficaria feliz de ver o Açor-Assassino, o Corisco ou o Bumerangue que fossem tomando umas bordoadas do Demolidor ou do Luke Cage em alguns episódios aleatórios, mas essa atitude precavida demais acaba tornando a Marvel covarde em alguns momentos.


Punho de Ferro é com segurança a pior série da Marvel/Netflix, e depois desse resultado pífio (que segundo o ator Finn Jones é culpa do Donald Trump!), a expectativa para Os Defensores não está lá muito alta. A série que vai reunir os elencos das quatro séries individuais PRECISA deixar esses medos e pudores de lado e apresentar uma história que faça jus a união desses personagens, além de colocá-los para papear no bar. Murdock, Cage e Rand não apresentam características muito incomuns entre eles para que haja um conflito que torne sua interação interessante, e esse papel vai ser mesmo de Jessica Jones, que é a mais porra-louca de todo o grupo. 


A união das coadjuvantes também deve ser muito bacana, visto que Misty Knight e Colleen Wing já são parceiras de longa data nas HQs e que já fizeram parte da agência Heróis de Aluguel de Cage e Punho de Ferro. Claire Temple é disparado a melhor personagem de todas as séries, e ela foi a única que conseguiu me tirar algumas risadas durante os insossos episódios de Iron Fist. Sua ligação com todos eles deve dar um tempero bem apimentado a relação do grupo, além do que é possível que vejamos o Justiceiro (Jon Bernthal), a Elektra (Elodie Yung) e até mesmo os vilões Rei do Crime (Vincent D’Onofrio), Madame Gao e o próprio Serpente de Aço para dar liga a essa mistura.


A série Os Defensores já terminou de ser filmada nos EUA, e estreia em Agosto desse ano, enquanto a terceira temporada do Demolidor e a primeira do Justiceiro devem estrear só em 2018. Depois da decepção com Punho de Ferro, já não dá mais pra contar que “vai ser bom porque é Marvel”. Agora vai ser necessário um pouco mais de empenho para me fazer QUERER ver Os Defensores. Vamos aguardar.


Demolidor 1ª Temp. Nota: 9
Jessica JonesNota: 7
Demolidor 2ª Temp. Nota: 8
Luke CageNota: 6
Punho de FerroNota 5

NAMASTE!

31 de março de 2017

Trailer 2 - Homem Aranha De Volta ao Lar


Era o sonho de quase todo mundo que o Homem Aranha voltasse para as mãos da Marvel Studios, já que a Sony não vinha fazendo um bom trabalho com o personagem desde Homem Aranha 2 (2004), aquele ainda dirigido por Sam Raimi e que ATÉ HOJE é visto como o MELHOR FILME sobre o Amigão da Vizinhança nos cinemas. Após o acordo da Sony com a Marvel, que incluía a inserção do Aranha no universo Marvel de Homem de Ferro, Hulk, e Os Vingadores, que possibilitou a participação do herói aracnídeo já no filme Capitão América - Guerra Civil, cabeças explodiram no mundo todo, e os fãs que haviam ODIADO o reboot de Marc Webb acabaram recebendo de braços abertos o NOVO Homem Aranha de Tom Holland



Dois trailers depois e há alguns meses da estreia do PRIMEIRO filme do Aranha pela Marvel, já podemos tirar algumas conclusões do que podemos esperar para essa ousada empreitada. 

A bagaça é dirigida por Jon Watts, diretor americano de 35 anos que não dirigiu NADA RELEVANTE em sua curta carreira em Hollywood, e que provavelmente só foi chamado à bordo devido sua "maleabilidade" em aceitar ordens, algo que dificilmente aconteceria com um diretor mais tarimbado. Seja como for, as cenas de ação do segundo trailer parecem muito bem montadas, assim como o ritmo do filme, que precisava ser algo condizente com a apresentação do personagem no universo, o que foi MUITO BEM FEITO em Guerra Civil com os irmãos Russo, os melhores diretores de cenas de ação da atualidade em poder da Marvel. 


Está quase tudo lá. O trailer tem ação, tem porrada, tem o Aranha usando sua agilidade e tem piadinha (característica que MAIS FALTOU nos três primeiros filmes de Sam Raimi), mas algo claramente incomoda nos trechos usados, e ele atende pelo nome de Tony Stark.



Aiiinnnn, Rodman! Mas o Tony Stark é massa! Ele é legal, ele é lindo e vai tomar no seu cu!

Sim, caro Padawan. Nós sabemos a importância de Tony Stark e seu Homem de Ferro para o universo Marvel, e como provavelmente NADA disso existiria agora se o primeiro filme do Cabeça de Lata não tivesse dado certo, mas acho extremamente FORÇADA a inserção do personagem como algo mais do que uma pequena participação especial em De Volta ao Lar. No trailer vemos Tony como um mentor de Peter Parker, algo que chegou a acontecer nos quadrinhos na época da Guerra Civil, quando então Peter revelou sua identidade secreta para o mundo e passou a morar na Torre dos Vingadores junto a Mary Jane e a Tia May



Nesse período, Peter se apegou a Stark, que aproveitou dos conhecimentos científicos do rapaz para criar um vínculo com ele, servindo-lhe meio que como um "paizão". Assim como no filme, Stark chegou a projetar um traje tecnológico para Peter e ele se tornou o Aranha de Ferro, ostentando inclusive, as mesmas cores do Homem de Ferro. 



Claro que mais tarde isso tudo deu merda, e quando Peter percebeu que estava do lado errado da Guerra Civil, ele foi abandonado por Stark, que pouco fez para impedir que uma horda de vilões liquidassem o Aranha pouco antes dele se juntar ao Capitão América (no lado contra o registro de super-heróis) e voltar a usar o uniforme clássico de tecido. 



Obviamente que NADA DISSO vai acontecer no cinema. Nunca que eles vão colocar o Tony Stark de Robert Downey Jr. como vilão da história, já que ele é o carro-chefe da Marvel, mas não dá pra dizer que não incomoda ver o gênio, bilionário, playboy e filantropo dando lição de moral no jovem Peter Parker após o fiasco com a barca partida ao meio. Convenhamos... Em seus três filmes solo e também em A Era de Ultron, o PRÓPRIO Tony Stark é o responsável pela criação de todas as ameaças (direta ou indiretamente) que ele e os Vingadores enfrentam, o que não o gabarita para pagar de moralista para o Homem Aranha colegial. 



Falando em colegial, o fato do Aranha ainda frequentar a escola deve incomodar muita gente, mas é importante lembrar que as primeiras histórias do herói lá no anos 60 escritas por Stan Lee e desenhadas por Steve Ditko cobriam justamente esse período da vida dele, onde ele tinha que se virar para deter seus inimigos enquanto tinha que ir a escola e fazer seu dever de casa. Além de Ned Leeds (no filme interpretado por Jacob Batalon) e da garota dos sonhos de Peter interpretada pela atriz Zendaya (que muitos acreditavam ser a nova Mary Jane, mas que nas sinopses é descrita como "Michelle"), poucos personagens do cânone do universo do Aranha são apresentados, o que nos faz acreditar que a ideia é abrir espaço para novas caras, a não ser que o contrato com a Sony limite até mesmo os coadjuvantes. Vai saber.



Em algum ponto do trailer, Tony Stark pede o traje do Homem Aranha de volta após passar-lhe um sermão sobre "poderes e responsabilidades" (criando a grande frase de impacto "se você não é nada sem esse uniforme você não deveria usá-lo"), e é possível perceber que existem MUITAS cenas no trailer em que o Homem Aranha aparece usando seu primeiro traje, aquele improvisado que aparece na gravação do Youtube ainda em Guerra Civil, o que nos leva a crer que o herói vai ficar em algum momento SEM seu traje tecnológico e vai ter que se virar na base do improviso. 



Aiiiinnn, Rodman! Como você é burro! Essas cenas são ANTES dele se tornar o Homem Aranha oficialmente!

Eu conseguiria acreditar nisso se no trailer ele não aparecesse enfrentando o Abutre com esse uniforme tosco, além do Shocker! Meu palpite é que Tony Stark pega de volta o traje que criou para o Homem Aranha, mas que em vez de pendurar as chuteiras, Peter veste seu velho uniforme e sai as ruas para provar que não precisa de uma roupa cheia de traquitanas para ser um verdadeiro herói. #ChupaTonyStark



Já tinha sido mencionado que o Shocker (ou "Homem Acolchoado") seria o segundo vilão do filme, mas no trailer vemos muito pouco dele para tecer qualquer comentário. O Abutre de Michael Keaton é mesmo a grande ameaça do Cabeça de Teia, e é importante citar que qualquer coisa que fizessem minimamente para "enfodecer" o Abutre no cinema já seria um grande avanço, já que nos quadrinhos o vilão é só um velhinho careca numa roupa justa com asas. Pensa na vergonha que seria isso em IMAX?



O visual do Abutre com aquela asa que mais parece um drone gigante, além da máscara e das garras, parece bem mais ameaçador do que na sua versão das HQs, o que somado ao talento de Keaton (mais do que provado em Birdman) deve render um trabalho bom de interpretação, uma vez que a Marvel, tirando o Loki em Avengers, costuma ERRAR feio nos antagonistas de seus filmes. A conta de vilões ruins é imensa nos treze filmes feitos até agora pelo estúdio, e não é possível que ninguém do alto escalão tenha percebido isso até hoje! 



Pra finalizar minha crítica, é impossível não citar essa necessidade que o Homem Aranha tem de tirar a porra da máscara durante as lutas em todos os filmes em que aparece. A minha vida toda eu vi Peter Parker escondendo sua identidade secreta a todo custo para que ninguém descobrisse que ele e o Homem Aranha eram a mesma pessoa nos quadrinhos, e para que isso não recaísse sobre seus entes queridos, mas nos filmes, para mostrar a cara dos atores e para justificar seus salários (já que metade das aparições do Homem Aranha são criadas em CGI!) o desgraçado precisa estar sem máscara cena sim, cena não, seja na frente dos amigos, da namorada ou do seu inimigo mortal. Por que não, né? 



Queria estar mais empolgado para ver Homem Aranha: De Volta Ao Lar, mas como comentei aqui no trailer da Liga da Justiça, não devo mais ter essa capacidade de me empolgar com trailers. Que venha Julho para acompanharmos em tela grande essa bagaça, e que o Tio Ben nos abençoe para que tenhamos PELO MENOS um filme melhor que Homem Aranha 3, O Espetacular Homem Aranha e O Espetacular Homem Aranha 2 - A Ameaça de Electro

NAMASTE! 

26 de março de 2017

Trailer Oficial da Liga da Justiça


Foi lançado no último Sábado o PRIMEIRO trailer OFICIAL da Liga da Justiça, o filme da DC/Warner que tem a missão de alavancar DE VEZ o universo cinematográfico da principal concorrente da Marvel.

Até agora foram três filmes que obtiveram um sucesso relativo de público, mas que foram enormemente criticados por especialista de cinema (e também por curiosos) devido a enredos mal ajambrados e soluções pífias de roteiro, como adversários místicos para o Esquadrão Suicida já no primeiro filme (e em sua PRIMEIRA MISSÃO!), a morte do Zod em Man of Steel e a luta carnavalesca entre a Trindade e o Apocalypse mal feito de CGI em Batman V Superman



Não dá pra negar, no entanto, que Liga da Justiça é um dos filmes MAIS ESPERADOS do ano, já que (tirando a própria Mulher Maravilha), todos os outros filmes de super-heróis de 2017 já tiveram uma PARTE 1 (algumas até mais de uma) e/ou já tivemos exemplos no cinema, como o Homem Aranha, logo, NÃO SÃO novidades. São tantos filmes de super-heróis por ano que já começa a ser difícil ficar empolgado com alguma coisa relativa a isso, mas Liga da Justiça sai da normalidade por ser a primeira reunião dos maiores super-heróis do universo em live-action. TODO MUNDO quer ver essa porra, até mesmo os haters de Zack Snyder, o diretor da bagaça.

Vejam o trailer com legenda em português lusitano, ora pois!


Liga da Justiça é continuação direta de Batman V Superman, onde vimos que uma criatura alienígena controlava de alguma forma as ações de Lex Luthor (Jesse Eisenberg), e onde o Batman (Ben Affleck) tem visões do futuro, onde esse mesmo alienígena, que recebe ordens de um ser bem mais poderoso (Darkseid!!!) invadiu a Terra e está escravizando a humanidade com os parademônios, seus soldados alados. 

Logo no início do trailer, vemos um diálogo entre Batman e a Mulher Maravilha (Gal Gadot), onde eles conversam sobre a tal invasão, alegando que ela já começou. Para deter os invasores, o Cavaleiro das Trevas recorre ao Aquaman (Jason Momoa), ao Flash (Ezra Miller) e ao Cyborg (Ray Fisher), formando uma aliança com esses seres super-poderosos para defender a Terra.



O trailer não deixa claro QUEM É o vilão do filme, mas informações do roteiro dizem que Steppenwolf (ou Lobo de Estepe), que nos quadrinhos faz parte do esquadrão de elite do próprio Darkseid, será o grande adversário da Liga nesse primeiro filme, além de que a ausência do Superman no vídeo e também nas artes promocionais recentes indica que o Azulão possa vir a ser o GRANDE desafio da Liga, que terá que lutar para trazê-lo de volta a luz (onde ele nunca esteve desde que MATOU O ZOD!).



Seja como for, é empolgante ter essa ideia em mente de que a Liga possa vir a ter que enfrentar o próprio Superman dominado pelo Darkseid, e que ao final do filme ele, enfim, possa integrar a equipe, como deve ser. Liga da Justiça sem Superman (mesmo esse Superman meio merda do Zack Snyder) é que nem Buchecha sem Claudinho.



O trailer do filme é bem movimentado e REPLETO de cenas empolgantes para deixarem os fãs dando pulinhos de felicidade, xingando os filmes da Marvel e defendendo o diretor Visionário. Ao som de Seven Nation Army do The White Stripes vemos a apresentação do Aquaman e do Cyborg, e com pouco tempo de tela percebemos que o homem peixe vai ser o badass motherfucker da equipe, algo como o Wolverine para os X-Men. Tirando a breve fase escrita pelo Peter David e a mais recente escrita por Geoff Johns nas HQs, não estamos muito acostumados com um Aquaman fodão, quem sabe a interpretação de Jason Momoa nos faça esquecer da fase bunda-mole do personagem. 



Já o Cyborg me parece meio deslocado dentro da equipe, sem uma função definitiva, e em algumas cenas o CGI do seu corpo robótico parece bem destoante do restante do filme, para não dizer RUIM.



A personalidade do Flash de Ezra Miller, que no filme é Barry Allen, assim como no seriado da CW, está bem mais para Wally West, em especial sua aura "zoeira". Graças a Geoff Johns (de novo ele), ninguém mais se importa com o MELHOR FLASH DE TODOS depois que ele ressuscitou Allen, embora suas características engraçaralhas (no filme) ainda sejam lembradas para tornar o insosso Barry Allen no alívio cômico do grupo.

O trailer ainda traz participações pequenas do Comissário Gordon (J.K. Simmons), Lois Lane (Amy Adams) e da Mera (Amber Heard), e todo o clima Pop de Esquadrão Suicida meio que se repete, enquanto os heróis sentam a porrada em câmera lenta (e as vezes acelerada) nos parademônios ao som de Come Together. Os fãs dos filmes da DC/Warner ficaram empolgados com as cenas eletrizantes de ação, e mesmo quem já não se admira tanto com essas coisas (como eu!) está aguardando ansiosamente para Novembro de 2017, que é quando o filme estreia oficialmente.

Até lá ainda temos o longa da Mulher Maravilha, que estreia em Junho.

NAMASTE!

15 de março de 2017

COMBO BREAKER #004 - Filmes do Oscar 2017


Tirando as animações Zootopia e Moana (que disputaram o Oscar de Melhor Animação), além de Doutor Estranho e Rogue One (ambos concorrendo Melhores Efeitos Visuais), Esquadrão Suicida e Star Trek 3 (ambos disputando o prêmio de Melhor Maquiagem), além de Jungle Book (o vencedor do prêmio de Melhores Efeitos Visuais), eu não tive a oportunidade de ver muitos dos filmes que disputaram o grande prêmio do cinema mundial esse ano. Dos três que vou destacar nesse post, La La Land foi o único que assisti somente DEPOIS da festa do Oscar, mas ainda está valendo falar sobre as minhas impressões. Sigam-me os bons!

A CHEGADA

Dirigido por Denis Villeneuve (de Sicário) A Chegada é baseada num conto chamado “Story Of Your Life” de Ted Chiang, e conta a história de uma raça alienígena que chega à Terra se instalando misteriosamente em alguns pontos estratégicos com espaçonaves que se assemelham a conchas gigantescas. O foco da história é na cidade americana e na personagem de Amy Adams, Louise Banks (que para muitos críticos, foi injustiçada em não ser indicada ao Oscar de Melhor Atriz), uma linguista que é chamada pelo Coronel Weber (Forest Whitaker) para decifrar a linguagem com que os tais alienígenas de comunicam.


O enredo não-linear, nos faz acreditar por um bom tempo, que a Dra. Louise, que leciona em uma universidade, esta se recuperando do trauma da perda de sua filha, mas essa história só vai nos fazer algum sentido lá pela metade do filme, que é quando percebemos que o contato direto com os alienígenas causa uma alteração biológica na personagem, que a partir de então começa a ter visões do futuro.


Aiiin, Rodman! Não seja burro! Ela já demonstra os tais dons premonitórios ANTES do contato com os alienígenas!


Essa é outra explicação para os dons de Louise, mas confesso que isso não fica claro apenas pelo próprio enredo, o que deixa em aberto se a Dra. já possuía esse poder ou se eles só se tornaram latentes após o contato com o mesmo ar respirado pelos alienígenas evanescentes dentro da concha.


Seja como for, os dons premonitórios de Louise nos fazem enxergar junto com ela, toda sua história de vida À PARTIR da invasão, incluindo sua relação com o matemático Ian Donnelly (Jeremy Renner), que também é chamado para tentar decifrar todas as probabilidades dos etês estarem preparando um possível ataque ao mundo.    


A Chegada é um dos primeiros filmes sobre invasão alienígena em que não vemos os invasores como inimigos e em que os governos não estão principalmente preocupados em EXPLODIR suas naves para mostrar-lhes quem é que manda no universo. Claro, que o ápice do filme gira em torno da tentativa desesperada de Louise e de Ian de IMPEDIREM que o governo da China inicie um ataque em massa às conchas, mas em grande parte do filme, estamos mais preocupados em aprender a LINGUAGEM dos aliens (os chamados heptapods) e entender suas reais intenções em nosso mundo, além de lhes informar dados importantes para que eles também nos compreendam.


A Chegada concorreu a 8 Oscars e só levou um para casa, o de Melhor Edição de Som, considerado sempre um prêmio “técnico” e, portanto, de menor valor. A história é de difícil compreensão se você não prestar muita atenção nas nuances entre as premonições de Louise e a história “real”, mas a mensagem final que o filme passa é uma das mais inovadoras que o cinema de Hollywood já produziu nos últimos anos. Arrival, nome original da película, teve um orçamento de US$ 47 milhões e faturou quase US$ 100 milhões, o que o aponta como um bom investimento, apesar de ter saído do Oscar quase de mãos abanando.


Nota: 8

ATÉ O ÚLTIMO HOMEM

Depois de praticamente jogar sua carreira no lixo entrando em conflitos antissemitas, de se envolver em escândalos de agressão e de bebedeira, Mel Gibson parece que conseguiu dar a volta por cima com seu Até o Último Homem, filme que o levou de volta às premiações onde ele era figurinha carimbada desde Coração Valente (1996), obra que lhe rendeu o prêmio de Melhor Filme e de Melhor Diretor.


Dirigido por Gibson, o filme conta a história de Desmond Doss (Andrew Garfield), o chamado Opositor Consciente que se alista no exército durante a Segunda Guerra Mundial, mas que se recusa a pegar em uma arma para tirar vidas. Devido uma crise de consciência grave na infância, após quase assassinar o irmão com uma pedra e depois quase atirar contra o pai (vivido por Hugo Weaving) que agredia sua mãe, Desmond se vê incapaz de ir contra suas crenças religiosas, mesmo que isso signifique não poder salvar nem sua própria vida. 


Com a ideia fixa de servir sua Pátria, mas acima disso ajudar as pessoas na Grande Guerra, Doss se alista, a exemplo do irmão, só que precisa encarar uma barra muito forte que é colocar seu ideal de não agressão ACIMA dos ideais da Guerra. Afinal, como um soldado pode se recusar a pegar numa arma e a tirar outras vidas, mesmo que em sua própria defesa?


Até o Último Homem é baseado em uma história real e os personagens do filme (alguns deles pelo menos) aparecem em uma filmagem de 2006 durante os créditos finais, mostrando que algumas cenas e situações do filme aconteceram de verdade. 


O elenco ainda traz Vince Vaughn como o Sargento Howell do batalhão de Doss numa das interpretações MAIS FELIZES de sua carreira (quem diria que ainda veríamos Vaughn num filme que disputa Oscar!), o sumido Sam Worthington (de Avatar e Terminator 4) como o Capitão Glover, um dos que fica ao lado de Doss até o final para fazê-lo mudar de ideia quanto a sua Oposição Consciente, mas que o apoia quanto a sua crença de “não agressão”, e Teresa Palmer, que interpreta a enfermeira Dorothy Schutte, a mulher que se torna a esposa de Doss e que fica a seu lado mesmo quando ele é preso pelo Exército acusado de não obedecer ordens diretas de seus superiores.


Desde O Resgate do Soldado Ryan e Falcão Negro em Perigo não víamos um filme sobre guerra tão bem produzido, e as cenas de batalha (que não são o foco da história) são primorosas e SANGRENTAS, bem ao estilo de Mel Gibson. Algumas tomadas chegam a nos causar aquela dor psicológica, onde sentimos pelos personagens. As explosões com efeitos práticos, desmembramentos e os head shots sem aviso são feitos de uma maneira a temermos pela vida de Doss o tempo todo (engraçado que em o Espetacular Homem Aranha a gente torcia para os inimigos dele!), e enaltece bastante o perigo representado pelos soldados japoneses no local chamado Hacksaw Ridge (titulo original do filme), conhecidos até então como invencíveis.


Até o Último Homem concorreu a 6 Oscars e levou pra casa dois, o de Melhor Mixagem e o de Melhor Edição, tendo arrecadado US$ 66 Milhões dos US$ 40 Milhões que custou.


Nota: 8,5

LA LA LAND

Em 2014 o diretor Damien Chazelle encantou o mundo com seu Whiplash – Em Busca da Perfeição, um filme tecnicamente perfeito (hein, hein!) que falando de jazz e a obsessão de seu protagonista (Miles Teller) em ser o MAIOR baterista do universo, rendeu o Oscar de Ator Coadjuvante a J.K. Simmons merecidamente, já que o ator arrebentou em seu papel do professor de música perfeccionista.


La La Land ainda fala de jazz e a obsessão de seu personagem Sebastian vivido por Ryan Gosling em NÃO PERMITIR que o gênero se torne obsoleto, seguindo seu sonho de músico de abrir um Bar de Jazz que faça muito sucesso. Em suas tentativas frustradas de seguir com sua carreira musical, Sebastian cruza o caminho da aspirante a atriz Mia, vivida por Emma Stone, no trânsito, enquanto ela decora sua fala para mais um de seus testes para ingressar no cinema. Mia que trabalha como garçonete em uma lanchonete temática (estilo anos 50) de um estúdio de cinema, vive diariamente com estrelas de Hollywood, mas ela não descansa de seu sonho de se tornar uma atriz. Logo nas primeiras cenas do longa percebemos o quanto sua vida é frustrante, enquanto ela vai de um teste de cena a outro, mas o quanto também, por outro lado, a sua persistência é grande.


A história do filme começa a se desenrolar quando as vidas de Mia e Sebastian se cruzam, primeiro no trânsito, depois em um restaurante, onde ela o vê tocando uma composição sua ao piano e sendo demitido logo em seguida (por J.K. Simmons) pela ousadia de não seguir seu script musical de canções de Natal. Após trata-la com total indiferença à saída do restaurante, ele volta a encontrá-la em uma festa, onde ele toca com uma banda de repertório dos anos 80, e onde ele é desafiado por ela a tocar uma música totalmente fora de seu setlist. Após se estranharem muito, Mia e Sebastian descobrem que têm muito em comum, e eles começam a se relacionar de uma forma encantadora para os espectadores, que logo em seguida embarcam no amor entre eles sem questionar muito o começo meio forçado daquele namoro.


Eu não sou lá um grande entusiasta dos musicais. Passei muito da minha vida pregressa curtindo bastante filmes como Grease, A Noviça Rebelde (tá... não sou tão velho, mas esse passava muito na Sessão da Tarde) e até Footloose com o Kevin Bacon, mas com o passar do tempo os musicais começaram a me irritar, o que me tornou um grande defensor daquela máxima que diz que “a vida real não é assim! Ninguém vai parar na rua e sair cantando e dançando!”. Embora animações como O Rei Leão e até mesmo comédias como O Máskara sejam recheadas de cenas musicais e tenham me agrado muito, me recusei a ver Moulin Rouge ou Chicago, e parei no meio de Frozen de tanta cantoria desnecessária. O que me levou ao cinema para ver La La Land (anunciadamente um MUSICAL) foi mesmo a confiança em Damien Chazelle pelo trabalho que ele tinha realizado em Whiplash e nem tanto pelo resto. Eu sabia que de alguma forma ele me daria uma boa história para assistir, e quanto a isso não pude reclamar.


O hype em cima de La La Land (cujo termo podia ser traduzido com algo parecido como “Mundo da Lua”) tem sua razão de ser, já que a produção do filme é magnífica. A direção de Chazelle é pontual, e ele faz cenas que pareceriam simples se tornarem impressionantes, como a cena inicial na ponte onde ele coloca dezenas de figurantes em uma coreografia quase de um take para dançarem ao som de “Another Day Of Sun”, uma das músicas mais empolgantes do filme.


Aiin, Rodman! É só uma cena de abertura de filme! Nada demais!

Porrããnn! Reveja a cena e me diga o grau de dificuldade que deve ter sido exigido para se filmar aquilo em um plano sequência! Haja sincronismo!


Além das lindas tomadas por Los Angeles, dos cenários bem construídos para nos remeter a um período mais inocente e mágico dos musicais antigos (embora a história se passe nos dias atuais), Chazelle é um excelente diretor de atores, já que deixou tanto Emma Stone quanto Ryan Gosling (que desistiu de ser o Fera de A Bela e a Fera por causa de La La Land) muito à vontade em cena, extraindo o melhor de cada um deles. As cenas dos dois juntos são muito verdadeiras, já que o tempo todo eles nos convencem que são apaixonados. Mesmo quando a crise começa a atingir o relacionamento deles, num período em que ele começa a deslanchar na carreira, embora numa banda que não toca exatamente sua especialidade, e em que ela continua frustrada em sua vida de atriz, a decepção e a tristeza ficam estampadas nos rostos de Gosling e Stone. A dedicação ao papel foi tão grande, que Gosling aprendeu a tocar piano de verdade em seis meses para as cenas do filme, e Stone caprichou nas aulas de sapateado e de canto, algo que ela utiliza bastante durante o longa, e que acabou lhe rendendo o Oscar de Melhor Atriz.


La La Land é tipo um conto de fadas moderno que tenta revitalizar a paixão pelo Jazz (algo que nós brasileiros nunca entendemos direito devido nossa total ignorância no assunto), pelos musicais (gênero bastante decadente nos cinemas hoje em dia) e por que não dizê-lo também ao próprio AMOR, sentimento que é exaltado o filme todo, embora o casal de protagonistas NÃO TERMINE junto na história. Se no começo a gente reclama que o filme não é realista “porque as pessoas param para dançar no meio da rua”, ao final dele estamos reclamando que o filme é realista demais porque o casal não ficou junto para que cada um pudesse seguir o próprio sonho, algo que claramente não seria possível devido a união deles. É bonito perceber que embora um apoiasse o outro em busca de seus sonhos, ela jamais poderia se tornar uma atriz de sucesso ao lado dele, já que teria que abrir mão de várias coisas para ficar com ele, e inversamente isso também se aplicaria a ele, que jamais abriria seu Bar de Jazz se não tivesse ido tocar na banda de sucesso de seu amigo Keith (John Legend). Diga se isso não é muito “vida real”? Quem disse que você não vai precisar abrir mão daquela pessoa que mais quer em busca de seu sonho? E se ela fizer o mesmo por você, amigo, isso é amor verdadeiro.


La La Land custou US$ 30 milhões e faturou US$ 135 milhões, só ficando atrás de Estrelas Além do Mar (US$ 144,5 milhões) em faturamento de filmes indicados ao Oscar de 2017. O filme ainda fez a rapa nessa edição do Oscar, levando o de Melhor Trilha Sonora (que é mesmo fantástica e quase toda cantada por Gosling e Stone e regada do bom e velho Jazz) , Melhor Design de Produção, Melhor Direção (para Damien Chazelle), Melhor Atriz (como já mencionado a Emma Stone), Melhor Música Original (“City Of Star”, música que NÃO VAI SAIR DA SUA CABEÇA) e Melhor Fotografia, que é simplesmente magnífica mesmo, usando e abusando das cores que tornam LA uma cidade dos sonhos.


Se eu amasse musicais, La La Land seria um dos meus filmes favoritos de todos os tempos, e embora ele seja apaixonante, eu não consegui me conectar inteiramente a história, vendo um ou outro ponto negativo. Não vi Moonlight e nem imagino o que ele possa ter de tão mais maravilhoso assim que La La Land para levar a estatueta de Melhor Filme aos 45 minutos do segundo tempo devido a lambança da entrega ERRADA, mas acredito que ele não tenha sido mesmo o melhor filme. Nem eu achei. E isso, acredite, não desabona em nada o filme, que deve ser excelente para ser visto juntinho com seu amor... Ou não, né, já que no final eles também não ficam juntos.

Nota: 9  

PS.: Pare o que está fazendo agora e vá ouvir a trilha sonora de La La Land no Youtube ou no Spotify. Tem algo de mágico nessas canções!

Leiam também a minha opinião sobre Whiplash, filme que concorreu ao Oscar em 2015.



NAMASTE!  

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