18 de setembro de 2017

COMBO BREAKER #006 - Bingo, Atômica e It - A Coisa


Sim, amiguinhos! Parece que os anos 80 voltaram com tudo!

Nós trintões que nascemos nessa década tão feliz (e louca, MUITO louca!) estamos nos regozijando a cada novo lançamento do cinema, e não é que somos mais especiais que os demais públicos, é que os anos 80 dão mais possibilidades de criação de roteiros que os atuais anos 2000. Os anos 80 são tão mais legais que até estão querendo voltar com o medo do holocausto nuclear, não é senhor Kin Jong-un?

No Combo Breaker de hoje vou fazer meu review de três filmes que se passam durante os badalados anos 80, o nacional Bingo – O Rei das Manhãs, Atômica e o remake (reboot, sei lá) It – A Coisa.



Dirigido por Daniel Rezende, Bingo – O Rei das Manhãs é a cinebiografia (não inteiramente declarada) de Arlindo Barreto, o primeiro intérprete brasileiro do personagem Bozo para o programa de TV do SBT dos anos 80. O palhaço Bozo era uma franquia norte-americana trazida ao Brasil pelo Homem do Baú para bater de frente com a poderosa Rede Globo, que na época liderava a audiência das manhãs (e do resto do dia também!) com uma certa loira Rainha dos Baixinhos.

No filme, Vladimir Brichta dá vida a Augusto Mendes, um ex-ator pornô que decide mudar os rumos da sua carreira artística e virar um ator respeitável de novelas. Filho de uma importante atriz de TV agora aposentada (contra a vontade) interpretada por Ana Lucia Torre, Mendes vê a chance de impressionar o filho e a ex-esposa (também atriz vivida por Tainá Müller) ao conseguir um papel de figurante em novela da TV Mundial (Globo, Cof! Cof!). Querendo aparecer mais que os diretores permitem, Mendes é escorraçado da TV, o que faz crescer nele uma ira gigantesca contra a emissora, o fazendo prometer que um dia ele derrotaria a Vênus Platinada na audiência.



Ao tentar um papel em uma novela da TVP, Mendes decide se candidatar a vaga de palhaço para um novo programa infantil, e mesmo sem experiência no ramo, acaba impressionando o criador da franquia americana usando a arte do insulto. Sem entender porque todo o estúdio estava caindo no riso com as piadas de cunho sexual acerca dele, o produtor estrangeiro acabou escolhendo Mendes como o Bingo brasileiro.

Entre erros e acertos, sob a batuta da enérgica diretora do programa Lúcia (Leandra Leal) Augusto começa a tomar gosto pelo papel, assumindo de vez a identidade do palhaço. Mergulhando fundo no mundo televisivo enquanto decide tomar aulas de circo com um palhaço de verdade (vivido por Domingos Montagner) para refinar suas técnicas de fazer graça junto ao exigente público infantil, o ator começa a trazer resultados para a TVP que sobe de terceiro para segundo lugar na audiência das manhãs. 



Almejando o topo, como ele havia prometido para o arrogante diretor da TV Mundial um dia, Augusto começa a ficar obsessivo pelo trabalho, enquanto se aproxima do vício do álcool, cigarro e drogas ilícitas, junto ao cameraman e parceiro de farra Vasconcelos (Augusto Madeira).

Afastado da família e principalmente do filho Gabriel (Cauã Martins) enquanto Bingo começa a ganhar cada vez mais relevância, se tornando um verdadeiro ícone entre as crianças do Brasil, Augusto entra numa vibe de loucura quase suicida, se afundando cada vez mais nas drogas e no álcool, o que usa para se manter são. Quando finalmente Bingo bate a audiência da Mundial, o ator por trás da máscara de palhaço entra numa catarse impressionante, brilhantemente interpretada por Brichta, ator que caiu perfeitamente para o papel. Embora não consiga exprimir tão bem a carga emocional (no ápice da história quando Bingo está no topo e lhe ocorre uma tragédia familiar), Brichta está excelente em todos os outros momentos. A ironia do personagem Augusto e até mesmo sua dramaticidade revelam um talento que pouca gente conhecia de Brichta, sempre escondido em papeis cômicos nas novelas da Mundial... digo, Rede Globo!



A biografia do primeiro Bozo brasileiro rendeu um PUTA de um filme nacional que deixa pouco a desejar para outros sucessos como Tropa de Elite e Cidade de Deus, sem falar que a fotografia e figurino são do caralho, nos ambientando MESMO nos anos 80. O diretor Daniel Rezende mostra que entende da linguagem cinematográfica em várias cenas, usando técnicas de plano-sequência assustadoras e enquadramentos ousados. As cenas em que Augusto, em desgraça, se vê sozinho em seu apartamento, e drogado atinge uma televisão com o punho, e que ele entra ao vivo vestido de palhaço SEM o característico nariz vermelho, e que depois acaba sofrendo uma hemorragia nasal, são dignas de Hollywood. A dramaticidade implícita nas duas cenas nos faz querer aplaudir de pé o filme quando os créditos começam a subir.



Se você nunca assistiu o Bozo, não nasceu nos anos 80, não entende nenhuma das referências à TV daquela época e mesmo assim quer ver um baita de um filme nacional bem produzido e bem dirigido com atuações ótimas, vale a pena sim ir ao cinema para conferir Bingo – O Rei das Manhãs. O filme foi selecionado como candidato brasileiro para disputar uma vaga no Oscar de 2018, mas apesar de ser excelente e bem significativo para o nosso público, duvido que tenha muitas chances no estrangeiro.  Vale a torcida, no entanto!



NOTA: 9,0



Antes de falarmos do filme precisamos bater um papo sobre David Leitch, o diretor de Atômica.

Quem é esse cara????

Antes de John Wick (De Volta ao Jogo no Brasil) estrelado por Keanusou um boneco de cera, mas eu sou legalReeves eu NUNCA tinha ouvido falar nele, mas o cara já havia participado, seja na direção, seja na produção, de vários filmes (ruins) como Destino de Júpiter e Tartarugas Ninja Fora das Sombras. Antes de assumir a direção e produção, no entanto, Leitch fez uma carreira sólida como dublê, entrando na porrada inclusive no lugar de Brad Pitt e Van Damme, o que o gabaritou para dirigir as cenas IMPRESSIONANTES que ele tão bem tem executado de 2014 para cá. Apesar de NEM ter sido creditado em John Wick, filme que co-dirigiu com Chad Stahelski, Leitch agora parece ter encontrado um lugar ao sol, já que participou da produção de John Wick 2, dirigiu Atômica e já está trabalhando em Deadpool 2.



Estrelado por Charlize Theron que há bastante tempo tem se mostrado uma excelente atriz de ação além de atriz dramática, o filme é um thriller de espionagem que se passa no finalzinho da Guerra Fria, pré-queda do Muro de Berlim. Com um roteiro confuso e pouco linear, o filme nos deixa um pouco perdidos em seu andamento, enquanto tentamos entender, afinal, quem devemos odiar, quem devemos amar ou torcer. Enviada disfarçada pelo MI6 até Berlim para investigar o assassinato de um oficial e recuperar uma lista que contém a identidade de vários agentes duplos, Lorraine Broughton (Theron) acaba cruzando no caminho com o intrigante David Percival (James McAvoy) e com a linda e mortal Delphine (Sofia Boutella). 



Enquanto tenta recuperar a tal lista, Lorraine é atacada por todos os lados e tem que provar que seu treinamento especial valeu a pena.



Atômica é um misto de Jason Bourne com John Wick e James Bond, mas com uma MULHER como protagonista, o que só tornam as cenas de porrada AINDA MAIS realistas.  O estilo de filmagem de Leitch é de deixar o espectador abismado em frente à tela. Parece não haver espaço para “firulagens” ou muletas digitais enquanto ele desenha as cenas de ação, e nos dois exemplos de filmes dá se a impressão que tanto Keanu Reeves quanto Charlize Theron estão REALMENTE executando suas cenas, sem dublês.



O plano sequência de mais de 10 minutos em que a personagem Lorraine enfrenta dezenas de caras armados em um prédio enquanto tenta proteger uma testemunha importante (um agente que tem decorada toda a lista de espiões duplos em sua memória) é impressionante! Enquanto tentava achar o momento em que algum dublê assumia o lugar de Charlize Theron, a cena se desenrolava SEM PARAR, sem cortes, indo de um cômodo a outro do prédio, de um andar a outro, inclusive ESCADA ABAIXO. Essa cena é tão longa e impactante que parece que sentimos todas as fraturas e luxações da personagem em nosso corpo, ali sentados na poltrona do cinema. Já tinha visto algo parecido em John Wick, mas acredito que essa tenha sido uma das cenas de ação mais bem feitas da história do cinema. Nota 10!



Baseado na HQ The Coldest City de Antony Johnston e Sam Hart, Atômica custou US$ 30 Milhões e já tinha faturado mais de US$ 42 Milhões até a última semana de Agosto, rendimento considerado modesto se usarmos grandes blockbusters como comparativo.
Questionado sobre o assunto, Leitch comentou que gostaria de ver um filme em que Lorraine Broughton encontra John Wick, e que isso seria extremamente empolgante. Porra! Até eu me empolgaria com um filme assim! Vale lembrar que Theron e Reeves já se encontraram em cena nos anos 90 durante o excelente Advogado do Diabo e em Doce Novembro de 2001.

NOTA: 8,0



Parece que produtores e diretores encontraram nos anos 80 uma moradia segura e rentável para colocar em prática suas ideias acerca de roteiros. O tema nostalgia (além do canal do Castanhari!) já tem dado bons frutos na Netflix com Stranger Things (que em breve ganhará sua segunda temporada) e até mesmo no cinema, com Guardiões da Galáxia da Marvel, que apesar de se passar no “presente” e no espaço cheio de tecnologia, se vale muito das memórias do terráqueo Peter Quill sobre sua infância nos anos 80. Quem não se lembra de suas memórias sobre Kevin Bacon e Footloose no primeiro filme e na sua carência paterna aflorada com o Michael Knight de David Hasselhoff no segundo filme?



It – A Coisa de 1991 dirigido por Tommy Lee Walace foi criado direto para TV e adaptava o livro homônimo de Stephen King, o que faz de sua versão de 2017 a PRIMEIRA adaptação do livro para o cinema. Nunca vi o filme anterior, mas eu lembro que ele era recorrente no Cinema em Casa do SBT na década de 90. Embora eu saiba que isso também é uma falha grave em meu caráter, nunca li o livro de King, e tudo que posso dizer aqui é sobre a versão atual de It que me deixou positivamente impressionado.



A história se passa no final dos anos 80 na pacata cidade de Derry, onde estranhos desaparecimentos de crianças começam a tirar a paz dos moradores do lugar, colocando em alerta os integrantes do chamado “Clube dos Otários”, cujo membro Bill (Jaeden Lieberher) acaba perdendo o irmão caçula num dia chuvoso (na sequência da cena mostrada no trailer do barquinho de papel).




Enquanto o tempo passa, o pequeno clube continua sua vida cotidiana, assombrado pelo desaparecimento do pequeno Georgie (Jackson Robert Scott). Ao mesmo tempo em que enfrentam problemas familiares, os jovens são vítimas de um bullying nosso de cada dia na escola e no bairro. A jovem Beverly (Sophia Lillis) é aterrorizada pela abrutalhada Gretta (Mega Charpentier) na escola, enquanto os meninos Richie (Finn Wolfhard), Eddie (Jack Dylan Grazer) e Stanley (Wyatt Oleff) sofrem nas mãos do bad boy Henry Bowers (Nicholas Hamilton) e sua gangue de bullies. É engraçado relembrar que os trintões de hoje em dia costumam dizer que “não existia bullying” em nossa infância e que “ninguém morreu” por ter sofrido nas mãos dos valentões da escola, mas o tema sempre foi recorrente na maioria dos filmes que retratavam adolescentes na Sessão da Tarde. Em It o tema não só é tratado de forma séria como também é mostrado de forma bem cruel, provando que o bully SEMPRE tem um passado de maus tratos em casa e que por isso eles sentem a necessidade de descontar nos mais fracos. A relação conturbada do garoto Bowers com o severo pai policial é um dos gatilhos que mostra a verdadeira natureza humana em momentos de pressão.



Depois do desaparecimento de Georgie, todos os garotos começam a passar por situações de desespero, assombrados pela figura de um palhaço que encarna seus principais medos e inseguranças. Inicialmente longe do Clube dos Otários, Ben Hanscom (Jeremy Ray Taylor) passa boa parte de seu verão na biblioteca, onde estuda sobre o passado de Derry. Encontrando várias relações entre o desaparecimento das crianças com acidentes graves ocorridos na cidade em décadas anteriores, Ben é o primeiro a ter um “encontro” com o palhaço Pennywise, que o persegue na biblioteca. Após ser perseguido e ferido por Henry Bowers e seus amigos idiotas, Ben acaba cruzando o caminho de Bill, Richie, Eddie e Stanley e acaba entrando para o clube, junto da garota Beverly e do garoto Mike (Chosen Jacobs).



It – A Coisa é um filme MUITO BOM não só pelo saudosismo de uma época em que os adolescentes andavam de bicicleta pelos bairros, ouviam rádio e estudavam na biblioteca, mas principalmente porque fala de assuntos que até hoje são tabus como assédio sexual DENTRO de casa às vezes praticado pelos pais, pelo bullying, pela autoridade excessiva dos pais, tragédias familiares e pela violência. O palhaço Pennywise interpretado por Bill Skarsgard é um demônio que a cada 27 anos assola a pequena cidade atrás de vítimas cujo medo o alimenta, mas ele está longe de ser o grande vilão, já que ele desperta nas pessoas o que há de mais maligno nelas. It tem cenas absurdas que em alguns momentos pode até chocar a plateia (a minha sessão estava repleta de crianças com seus pais), mas o terror é usado na medida, como uma forma de contar bem a história.


O filme é de terror, mas os personagens de alívio cômico funcionam bem demais. Conhecido em Stranger Things (ele é o Mike Wheeler), o garoto Finn Wolfhard interpretou muito bem o personagem “zoeiro” do grupo, aquele que tem sempre uma boa sacada e uma piadinha pra tudo (em grande parte envolvendo o próprio pinto). Da mesma forma o personagem Eddie e sua hipocondria potencializada pela mãe superprotetora causa momentos hilários de humor durante o filme, já que ele é visto como o nojentinho, e sobram piadas até mesmo nos momentos de maior tensão, o que fez com que muita gente comparece It com as produções Marvel, conhecida por inserir piadinhas que quebram o clima dramático dos filmes.   



Assisti uma versão dublada do filme no cinema e senti falta de conhecer os termos em inglês usados pelas crianças bem como aproveitar melhor a intepretação delas, porém não tenho nada a reclamar da dublagem que foi bem competente, em especial com as vozes das crianças. A sessão também estava bem falante, como costume em filmes de terror, mas mesmo assim consegui me conectar com o enredo, chegando a me emocionar com a tocante história do menino Bill e a busca por seu irmãozinho perdido. A idade tem me tornado cada vez mais sensível com essas questões, e não faltaram lágrimas com o “reencontro” de Bill e Georgie já próximo do final do filme. O triângulo amoroso entre Beverly, Bill e Ben também rende vários momentos de consternação no cinema (à favor do gordinho) e a paixão que o garoto revela ter pela menina com o cartão postal é um dos momentos mais fofos de It.



Regado de efeitos digitais fantásticos que potencializam a característica terror e a periculosidade de Pennywise, o filme deixa pouco a desejar para outras produções de sucesso recentes de terror como Invocação do Mal, e assustam na mesma medida. It já se tornou fácil um dos meus filmes de terror prediletos e com o tema “grupo de crianças que tentam resolver problema” já está lado a lado com Super 8, produção que adoro e que tem temática parecida.



It - A Coisa foi elogiado pelo próprio Stephen King, custou US$ 60 Milhões e já rendeu mais de US$ 217 Milhões, o que possivelmente vai alavancar a carreira do diretor Andy Muschietti de Mama. O filme é incrivelmente bem cuidado e vale a assistida.

NOTA: 9,5.

NAMASTE!        

23 de julho de 2017

COMBO BREAKER #005 - Pantera Negra, Thor e Liga da Justiça


Ir a CCXP no final do ano em São Paulo é uma experiência e tanto, mas estar na San Diego Comic Con deve ser algo de explodir a cabeça! Nesse momento o grandioso evento está rolando, e diretamente de lá, trailers inéditos e fresquinhos estão pipocando para todo o mundo. Nesse post especial vou comentar um pouco sobre as minhas impressões dos trailers de PANTERA NEGRA, THOR RAGNAROK e LIGA DA JUSTIÇA


PANTERA NEGRA





Apesar de várias artes promocionais do soberano de Wakanda terem sido lançadas na SDCC, o trailer em si já tinha sido exibido há algum tempo antes do evento.

O que eu achei?



Conheço muito pouco da história do personagem Pantera Negra criado pela dupla Stan Lee e Jack Kirby, exceto que ele surgiu numa história do Quarteto Fantástico (desafiando o grupo inteiro na cara e na coragem) e que mais tarde ele viria a fazer parte dos Vingadores. Li muitas histórias do personagem já fazendo parte das fileiras dos Maiores Heróis da Terra, mas pouquíssimas aventuras solo dele. Uma que li e recomendo é a que recontou a origem do Pantera escrita por Reginald Hudlin e desenhada por John Romita Jr. lançada já nos anos 2000. 

Mas o que tem a ver o cu com as calças?



Tem que olhando o trailer eu percebi que, tirando o próprio Pantera e o Ulysses Klaw (Andy Serkis), eu não sou capaz de reconhecer MAIS NENHUM personagem ali, ou mesmo criar uma relação de suas aparências com a das HQs. Seja como for, isso não piora ou melhora o trailer, que de todos os últimos lançamentos eu achei o mais morno de todos.

A mitologia em cima de Wakanda é muito bem utilizada, tratando-a como uma espécie de lenda "nunca vi nem comi, só ouvi falar". Toda essa mística sobre a nação deve criar um interesse do governo americano em conquistar essa nação, o que pode gerar um conflito diplomático interessante na história, mais ou menos como acontece no enredo escrito por Reginald Hudlin que já mencionei. 



As cenas de ação parecem muito pouco orgânicas, muito ensaiadinhas e o CGI continua sendo usado em momentos ruins. A primeira aparição do Pantera Negra em Capitão América 3 foi justamente o contrário. O personagem parecia ser um profundo conhecedor das artes marciais africanas de Wakanda e fez o Bucky (Sebastian Stan) suar em um combate corpo a corpo. Mesmo sem seu traje de vibranium à prova de balas, o ator Chadwick Boseman na pele de seu T'Challa conseguia nos fazer acreditar que ele manjava de combate direto, e isso ficou pouco claro nesse trailer.


A trilha sonora é muito boa e todo o visual tecnológico de Wakanda é de cair o queixo. Embora pouco tenha sido mostrado nesse primeiro trailer, é possível que Pantera Negra seja um dos filmes mais diferentes da Marvel Studios e que valha a pena mergulharmos fundo nessa aventura selvagem protagonizada pelo primeiro personagem negro relevante da Marvel. Que ele traga a representatividade negra aos cinemas que o filme da Mulher Maravilha trouxe às mulheres. Lacra tudo, Pantera!

O filme dirigido por Ryan Coogler estreia em Fevereiro de 2018.



THOR RAGNAROK


Considerem todos os 15 (16? sei lá! perdi as contas!) filmes da Marvel Studios até hoje e respondam sinceramente: Qual foi o filme mais fraco de todos?

Eu tenho uma leve implicância com o filme do Homem Formiga por considerá-lo engraçadinho demais (mas demais da conta mesmo) e com o Doutor Estranho, que se tornou pra mim o filme mais ESQUECÍVEL de todos esses com super-heróis, mas muita gente irá descordar de mim e falar que o primeiro Thor (dirigido por Kenneth Branagh) é o filme mais fraco do MCU. Thor 2, dirigido por Alan Taylor tem momentos muito marcantes, mas consegue ser ainda mais genérico que seu antecessor, o que dá a Thor 3 uma responsabilidade DESGRAÇADA de recuperar a franquia, já que aqueles que o precederam não servem para mais nada além de apresentar o personagem e fazê-lo se juntar a história das joias do infinito que vai ser o mote principal de Vingadores 3 - Guerra Infinita



Dirigido por Taika Waititi (de Uma Fuga para a Liberdade), Thor Ragnarok tem um clima muito louco de anos 70, com cores berrantes e músicas que parecem ter saído da trilha de Guardiões da Galáxia. Aliás, olhando com calma o trailer, é bem fácil fazer algumas relações com os filmes de James Gunn, desde o clima "espacial", as criaturas alienígenas e até aos letreiros, o que não deve espantar ninguém, já que o Grão Mestre (Jeff Goldblum), personagem que faz parte do elenco de Thor faz uma pequena aparição nos créditos finais de Guardiões da Galáxia 2, dançando com o restante dos personagens do filme. 

Diferente de Pantera Negra, o trailer de Thor Ragnarok traz elementos muito empolgantes que criam uma expectativa muito grande, que antes mesmo dele ser lançado NÃO EXISTIA, já que ninguém se importava com o loiro do martelo nos cinemas. 



Mas Rodman, o trailer é todo engraçadinho, e você criticou o Homem Formiga por ele ser muito engraçadinho. Você está se contradizendo, seu pau no cu do caralho!

Não é problema o filme não se levar a sério, meu problema com Homem Formiga é que os coadjuvantes ficam querendo ser engraçadinhos o tempo todo e isso não acrescenta em NADA na história, diferente da interação do Thor com o Hulk (Mark Rufallo) em Ragnarok, por exemplo. Os dois ficarem se sacaneando faz parte da relação deles desde o começo. Ambos se acham os mais fortes do mundo e querem provar isso o tempo todo um ao outro, o que vai criar situações muito engraçadas no filme. 



O clima de "Planeta Hulk" deve ser um dos momentos mais épicos de Ragnarok, mas todo o restante do enredo envolvendo a Hela (Cate Blanchett maravilhosa no papel) e a destruição de Asgard deve explodir algumas cabeças no cinema. Muitos pontos me chamaram a atenção nesse trailer, mas em especial a forma como vão usar o Hulk para encarar o que há de pior em Asgard, como o Fenris (o lobo gigante) e o próprio SURTUR ao final do trailer. Além desses personagens, a Valquíria (Thessa Thompson), o Executor (Karl Urban) e a volta de Heimdall (Idris Elba) e de Loki (Tom Hiddleston) também vão fazer desse elenco um dos mais estelares dos filmes da Marvel... antes claro, de Guerra Infinita. Vale lembrar que Benedict Cumberbatch está cotado para aparecer em Ragnarok, embora não tenha dado as caras no trailer 2. O Thor fez aparição numa das cenas pós-crédito do filme do Doutor Estranho, e provavelmente os elementos místicos envolvidos farão necessárias a presença do mago supremo. 



Não estava, mas depois desse segundo trailer, estou pelo menos curioso para ver Thor Ragnarok. O filme estreia em Outubro de 2017.

LIGA DA JUSTIÇA



O segundo trailer de Liga da Justiça era regado de piadinhas e cenas de ação lotadas de CGI (comentei aqui sobre ele), mas esse terceiro trailer trouxe um pouco mais de seriedade a coisa toda. A chegada do Lobo da Estepe (ainda acho esse nome escroto!) traz uma sensação de "Agora fodeu" ao planeta, e como citado no próprio trailer "Não há protetores aqui. Não há Lanternas. Não há kryptonianos. Esse mundo irá cair" a Terra parece desguarnecida após a morte do Superman, o que faz necessária mais do que nunca a união da Liga da Justiça. 



São vários os pontos interessantes nesse trailer, e até mesmo a citação a "Lanternas" nos faz conjecturar várias coisas: Teria havido algum Lanterna Verde da Terra? E se houve, o que teria acontecido com ele?

Ao mesmo tempo que esse novo DCU nos faz entender que o Superman foi o primeiro meta-humano a dar as caras na Terra, é bem difícil de acreditar nisso, já que a citação ao Lanterna Verde, a aparição da Mulher Maravilha na Primeira Guerra Mundial e a existência do Aquaman contestam isso. Seja como for, é colocado no trailer que o Superman "era um exemplo para o mundo" e que ele não só salvava pessoas, mas que também as inspirava. Pensando seriamente nisso... Lembrando de Man of Steel e Batman V Superman, alguém pode dizer com certeza que tenha visto isso acontecer praticamente nos filmes? Essa é a lembrança do Superman clássico dos quadrinhos, mas ele nunca foi mostrado assim na telona! Engraçado que se lembrem dele dessa forma só porque morreu. É o famoso "morreu, virei fã"!



O clima do trailer inteiro é o de "somos a Liga da Justiça, mas claramente não somos suficientes para deter a ameaça representada pelo Lobo da Estepe e seus parademônios", e isso fica bem explícito nas falas do Aquaman de "vamos todos morrer" e do Batman, à pergunta do Comissário Gordon "quantos vocês são?", "não o suficiente". No meio do trailer vemos Bruce Wayne a olhar desolado para uma espécie de holograma do Superman e ao final do trailer... TARAAAAMMMM! Alguém de capa vermelha surge na Batcaverna e parece deixar o Alfred surpreso: "Ele disse que você viria. Vamos torcer para que não seja tarde!". 

É O SUPERMAN, CARALHO!!

(Seria muito frustrante que não fosse e eles colocassem, sei lá... o Tornado Vermelho ali para salvar o dia! HEHEHEHEHE!)



É impressionante que mesmo depois de um filme todo cagado como Batman V Superman a gente ainda tenha esperanças de ver algo bom saindo da mente maligna de Zack Snyder. Mesmo com alguns dedos dele em Mulher Maravilha o filme da Princesa Amazona foi o melhor filme do DCU, e temos que torcer muito para que Joss Whedon tenha tido chances de ter influenciado alguma coisa nesse filme e impedido ele de ser OUTRO desastre. O trailer pelo menos é bem empolgante. 

Liga da Justiça estreia em Novembro de 2017.

NAMASTE!   

5 de abril de 2017

Precisamos falar sobre as séries da Marvel/Netflix


Em meados de 2014 nós recebemos a ótima notícia de que os direitos do personagem Demolidor, que até então pertenciam a Fox, haviam retornado para sua casa de origem, e que em parceria com a empresa de streaming e produtora Netflix, a Marvel Studios iria começar a apresentar novos personagens baseados em seu universo cinematográfico. O Demônio Audacioso de Hell’s Kitchen foi o primeiro nome citado desses personagens, e era difícil acreditar, até então, que algo de bom ainda podia ser feito com o pobre Demolidor depois do DESASTRE que havia sido o filme de 2003 dirigido por Mark Steven Johnson e protagonizado por Ben Affleck.

Encarado como um personagem de “segundo escalão” na Marvel e sempre na sombra do Homem Aranha, Wolverine e Vingadores, o Demolidor tinha tudo, no entanto, para render ótimos arcos para uma série de TV, assim como o tinha rendido nas HQs, roteirizado por caras (e minas) como Frank Miller, Ann Nocenti, Brian Michael Bendis e mais recentemente por Mark Waid. Foi acreditando nesse potencial de histórias que Steven S. DeKnight (o showrunner) e Drew Goddard (o diretor) deram o pontapé inicial naquilo que parecia ser o GRANDE acerto da Marvel em matéria de séries televisivas baseadas em seu universo cinematográfico. E com o final dos treze excelentes episódios da primeira temporada de Marvel's Daredevil, quem poderia duvidar?


Desde o princípio era de conhecimento público que Marvel’s Daredevil era a primeira de uma leva de quatro séries que nos apresentariam ainda os personagens Jessica Jones (de ALIAS, criação de Brian Michael Bendis para as HQs), Luke Cage e Punho de Ferro. Era sabido também, que os quatro personagens ainda protagonizariam uma série em conjunto chamada de Os Defensores, o que deixou todo mundo que havia adorado a primeira temporada de Demolidor ainda mais empolgado, já que “É Marvel, cara! O que pode dar errado?!”.


E realmente parecia que NADA poderia dar errado, já que a crítica (em especial o Rotten Tomatoes) havia ADORADO Demolidor, e classificado a série com quase 98% de aprovação e notas 8/10. Salvo um detalhe ou outro que poderia ser alterado (como o ritmo LENTO causado talvez pelo excesso de episódios padrão Netflix), a iniciativa da Marvel parecia ter dado certo, e as portas pareciam abertas para o sucesso.

Não teve quem não mergulhou de cabeça na série da Jessica Jones (lançada no segundo semestre de 2015) confiando no “É Marvel, cara! O que pode dar errado?!”, porém, dessa vez, a queda foi dolorida. Criada por Melissa Rosenberg, produzida por Tim Iaconfano e em grande parte roteirizada pelo próprio Brian Michael Bendis (que criou a personagem) em parceria com Michael Gaydos, Marvel’s Jessica Jones teve a dura missão de apresentar ao grande público uma personagem praticamente desconhecida e obscura dos quadrinhos, que funcionava muito bem nesse clima meio noir de investigação e submundo super-heróico. Interpretada por Krysten Ritter, a Jessica Jones da série é irritantemente apaixonante, já que nos diverte com seu constante mau humor e seu pavio curto.


Aiiiinn, Rodman! Eu adorei Jessica Jones, vai tomar no seu cu!

E a personagem é EXCELENTE mesmo, Padawan! De todos os “super-heróis” apresentados até aqui, ela de longe é a que tem mais personalidade, e a única a apresentar um contraponto ao comportamento meio certinho de Matt Murdock, Luke Cage e Daniel Rand, o que pode render boa interação aos Defensores


O fato é que o roteiro da série não sustenta 13 episódios, o que a torna chata e cansativa em seu miolo, nos trazendo uma sequência de situações que não fazem a história andar e causam SONO. A perseguição ao Homem Púrpura Killgrave (David Tennant) e toda sua relação de abusos ao passado recente de Jessica, faz com que a série se desenvolva bem, mas temos a impressão de que toda essa história poderia ser contada em 8 episódios, sem a necessidade de se estender mais que isso, o que acaba prejudicando a nossa imersão.  Ainda assim, Marvel’s Jessica Jones foi avaliada com 93% de aprovação no Rotten Tomatoes.


Apresentado já em Jessica Jones o personagem Luke Cage (Mike Colter) teve a estreia da sua própria série no final de 2016, e bastaram os 13 episódios aparecerem na Netflix para as críticas negativas choverem em cima da história do protetor do Harlem.


Desenvolvida por Cheo Hodari Coker e produzida por Aïda Mashaka Croal, Akela Cooper e Gail Barringer entre outros, Marvel’s Luke Cage foi vendida como uma série que falava ao público negro, ou uma Neo-Blaxpoitation, e era EXATAMENTE isso que esperávamos, dado o histórico do personagem que foi criado nos anos 70 por Archie Goodwin, John Romita (Sr) e George Tuska. Queríamos ver o Luke Cage badass motherfucker limpando as ruas da bandidagem do Harlem e redondezas com sua pele invulnerável e sua super-força, em vez disso acompanhamos um DRAMALHÃO quase que insuportável vivido por um protagonista fraco e o tempo todo em dúvida, que nos faz querer que ele tome alguma atitude (qualquer uma que seja) ao nascer de cada episódio. É importante dizer também que as capacidades interpretativas de Colter são bem limitadas, o que dificulta que criemos empatia com sua história e seu drama, que dirá com suas motivações (que são quase nulas)!


A série só tem alguma relevância em seus primeiros episódios graças ao antagonista do Luke Cage, o vilão Boca de Algodão vivido por Mahershala Ali, ator que ganhou o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por Moonlight. Ali faz as vezes do grande gangster do Harlem, que usa uma boate de shows como fachada para seu tráfico de armas e drogas junto com a prima Mariah Dillard (Alfre Woodard), e quando ele acaba atravessando o caminho de Luke Cage (que trabalha no bar do local) é que as coisas parecem que vão ficar interessantes. Mas só parecem.


A saga de Cage para deter Boca de Algodão (que é eliminado prematuramente na série), depois Dillard e mais tarde seu “meio irmão invejoso” Willis Stryker (Eric LaRay Harvey) é chata e cansativa (adjetivos que vocês já conheceram em Jessica Jones), e é complicado se manter acordado enquanto essa enrolação toda TENTA se desenrolar ao longo dos 13 episódios. 


Sem Claire Temple (Rosario Dawson), personagem que serve como elo entre TODAS as séries e também sem a feroz Misty Knight (Simone Missick), personagem que com mais tempo de tela obrigaria a Netflix a mudar o nome da série, já que roubou fortemente a cena com sua personalidade forte (que não dura até o fim dos episódios) e com seu jeitão badass, a série seria intragável, e não chegaria nem a uma nota 3.


Lançada em Março de 2017, Marvel’s Iron Fist veio para lavar a alma marvete, que já estava começando a ficar com os dois pés atrás quanto a qualidade antes INDISCUTÍVEL das séries Marvel/Netflix. Aquele lance de que “É Marvel, cara! O que pode dar errado?!” já não estava bastando para fazer o público consumir o produto apenas pela capa, e após as péssimas experiências com Jessica Jones, Luke Cage (e até mesmo com a segunda temporada de Demolidor, que para muitos foi muito INFERIOR à primeira), Punho de Ferro foi recebida com grande desconfiança, e essa má vontade acabou influenciando na audiência do programa e nas notas negativas que antecederam a estreia no Brasil. Antes de estrear por aqui, a série já estava recebendo nota 4/10 e uma avaliação baixíssima de 17% no Rotten Tomatoes.


E olhe que pra ser ruim, a série ainda precisava melhorar muito!

Independente das críticas, assisti bravamente os 13 episódios. Eu mantinha a esperança de que pelo menos os elementos das HQs que fazem com que o personagem seja minimamente interessante fossem convertidos para a tela, já que esperar fidelidade de adaptação se tornou algo impossível nessa época de transição midiática. E isso não aconteceu.

Ok. O Punho de Ferro não é um dos grandes personagens da Marvel, mas essa mistura que sua origem faz entre o misticismo e as artes marciais daria sim um ÓTIMO roteiro para um filme e uma série. Até a metade dos anos 2000 ninguém dava a mínima para ele e seu parceiro Luke Cage, que nas HQs fundaram a empresa Heróis de Aluguel. Foi Brian Michael Bendis que resolveu tirar leite de pedra reintroduzindo os personagens em sua série ALIAS, e a pegada realista que o autor inseriu no personagem fez toda a diferença.  

Rodman... Eu nunca tinha ouvido falar de Punho de Ferro antes da Netflix!


E provavelmente ninguém que tenha contato com o universo Marvel apenas pelos filmes também tenha ouvido, jovem Padawan. É inegável, no entanto, que o personagem renderia um PUTA de um roteiro legal para a TV sem necessariamente precisa gastar milhões com efeitos digitais.

Na série, Daniel Rand (Finn Jones) é um jovem bilionário que é dado como morto junto dos pais após um acidente de avião na região do Himalaia, onde fica desaparecido por 15 anos. Enquanto o sócio de seu pai nas indústrias Rand, Harold Meachum (David Wenham) assume a empresa ao longo dos anos seguintes, a deixando para os dois filhos Ward (Tom Pelphrey) e Joy (Jessica Stroup) após sua suposta morte por câncer, Danny cresce na cidade mística de K’un-Lun, onde após ser resgatado por monges nas montanhas do Himalaia, aprende artes marciais e o domínio do punho de ferro, uma arte que lhe dá um poder além de seus limites tanto para o ataque quanto para a defesa.


Na série NÃO HÁ K’un-Lun. Vemos duas ou três cenas (algumas delas que se repetem apenas) situadas na tal cidade mística, mas não vemos NADA de místico nelas. Existem citações ao mestre de Danny Lei Kung (o Trovejante nas HQs) e a seu treinamento, mas a série faz questão de ignorar os elementos que mais podiam contribuir para deixá-la interessante e rica, deixando de lado K’un-Lun e se focando no retorno de Rand ao mundo dos vivos, em Nova York e a árdua retomada da empresa de seu pai.  

Como é K’un-Lun?

Como se parece Lei Kung?

Como Danny passou sua infância sozinho em um mundo místico e como ele se tornou forte o suficiente para vencer o torneio que o tornou o Punho de Ferro?

Essas não parecem respostas importantes para serem ditas.


Tudo que o público sabe a essa altura é que ele é um garoto que sabe artes marciais (mais ou menos, mais ou menos), que é muito mimado e que não tem quase nenhum controle sobre sua raiva, já que retornou única e exclusivamente para vingar a morte dos pais, algo que ele nem sabia que tinha sido causada pelos inimigos mortais de K’un-Lun, o Tentáculo.


O Danny Rand de Finn Jones não passa NENHUMA segurança quanto a seu “vasto conhecimento” nas técnicas orientais das artes marciais, muitas das quais pregam paciência e obediência, e o tempo todo o vemos cometer atitudes inconsequentes dignas de um moleque birrento e não de um mestre do kung fu. A sua cena de apresentação já chega a ser ridícula quando por duas vezes ele é colocado para fora das indústrias Rand tentando convencer os seguranças de que ele é Daniel Rand, o herdeiro da bagaça. Vestido como mendigo (humildade também é pregada no kung fu!) ele não só não consegue convencer os antigos amigos de infância Ward e Joy de que ele é quem diz ser, como cria situações vergonhosas como invadir a antiga casa que agora é ocupada pela herdeira de Harold Meachum.


Para piorar, a personalidade de Rand É TÃO FRACA que nem mesmo seus aliados conseguem confiar nele e em sua capacidade de tomar decisões ou resolver situações. Ele é visto o tempo todo como "o moleque de cabeça quente".


Os primeiros episódios são uma perda de tempo incrível nessa lenga-lenga de tentar provar que ele é realmente Daniel Rand, e fazendo um comparativo com outra série sobre super-heróis, Arrow conseguiu resolver isso - rapaz rico desaparece e retorna para reaver seu legado -  e partir logo para o que interessava em um único episódio. A jornada de Rand para provar a veracidade de sua identidade enquanto os dois irmãos Meachum se recusam a acreditar em sua palavra (e ter que compartilhar a grana toda com o recém “desfalecido”) NÃO É INTERESSANTE, e nos parece uma perda de tempo imensa, onde nem que fosse em flashbacks podíamos estar visualizando o passado de Daniel em K’un-Lun.

Ok, Rodman. Desapega de K’un-Lun!

Há de se esperar que em uma série cujo protagonista se diz mestre nas artes marciais, que as cenas de luta sejam de cair o queixo e o cu da bunda ao mesmo tempo, certo?


ERRADO!

Em vista do que já havia sido feito na primeira temporada de Demolidor, os coreógrafos e diretores de cena de Punho de Ferro erraram muito feio nesse quesito, e me pareceu que qualquer filme B de artes marciais possuía lutas melhores e mais empolgantes do que Iron Fist. É fato que o ator Finn Jones, que filmou a série entre Março e Outubro de 2016, não havia tido tempo suficiente para se preparar para o papel, já que artes marciais não se aprende da noite para o dia, mas em tempos muito mais remotos, todo mundo acreditava que o Michael Dudikoff era realmente um ninja (em American Ninja) ou que o ator Hikaru Kurosaki que interpretava o Jaspion sem armadura sabia mesmo artes marciais.  Por mim podiam colocar dublês em 100% das cenas de luta de Finn Jones, desde que tivéssemos a impressão que o Daniel Rand é de verdade um mestre das artes marciais, mas isso também não aconteceu.


As lutas não só são comuns demais como também fazem acreditar que Rand é no máximo um lutador mediano e que tem trabalho para encarar soldados rasos em um espaço fechado. Sem a ajuda da bela Colleen Wing (Jessica Henwick), atriz que possui mesmo algum treinamento marcial, Rand passaria grandes apuros na série.


Quem não se lembra da icônica cena do corredor logo nos primeiros episódios de Demolidor? Quem não se lembra da impactante cena do Justiceiro retalhando seus colegas de prisão no corredor de Blackgate usando as mãos, os dentes ou qualquer coisa afiada com a qual ele podia estripar alguém?

Claro que meus exemplos não denotam técnica apurada de artes marciais, já que tanto Murdock quanto Castle se valem mais da força bruta para vencer, mas são cenas que ficam na mente do espectador depois que acabamos de assistir. Iron Fist não tem sequer UMA CENA memorável de combate, dessas de lavar a alma, de causar uma catarse. 

Nada. 

No máximo temos lutas simples, sem nenhum efeito bacana de câmera ou tomada inovadora que nos faça pensar “caralho! Senti essa porrada aqui de casa!”. E sim, Punho de Ferro é uma Arma Viva, um dos maiores lutadores da Marvel.


Assim como aconteceu em Luke Cage, em que a coadjuvante feminina é mais interessante e porradeira que o protagonista chato e dramático, Colleen Wing é o grande colírio para os olhos de Iron Fist. Além de carismática, a atriz Jessica Henwick se vira bem nas cenas de luta, e convence em seu drama pessoal ao se revelar uma ninja do Tentáculo e logo depois ter que abdicar de seu cargo entrando em conflito com seu sensei em detrimento a sua paixão por Danny Rand.

Caralho, Rodman! Os ninjas do Tentáculo aparecem na série??


Não, amiguinhos. 

A gente não consegue ver as fuças de UM ninja sequer nessa merda. 
Em Demolidor somos apresentados ao clã do Tentáculo e sua chefe Madame Gao (Wai Ching Ho), e dando continuidade ao que vemos lá, a organização continua infiltrada nas principais centrais de poder da cidade, incluindo a própria Rand. Ao final da segunda temporada de Demolidor, o herói cego combate ao lado de Elektra vários ninjas do Tentáculo chefiados em campo por Nobu (Peter Shinkoda), ninja apelão que RETALHA Matt Murdock numa luta sensacional ainda na primeira temporada. Contra o Punho de Ferro, o Tentáculo manda o sósia do Caio Blat Bakuto (Ramón Rodriguez), o sensei de Colleen, que só dá trabalho físico para Rand, porque afinal, QUALQUER um daria trabalho para ele nessa série. Esse Punho de Ferro não duraria três minutos contra o Nobu e cinco segundos contra o Rei do Crime!


 Quando Rand deixa as emoções e a raiva pelo assassinato de seus pais falarem mais alto que sua “técnica”, ele perde o controle sobre seu punho de ferro, e se torna vulnerável nos momentos mais decisivos de sua jornada. O efeito do punho brilhando é legal, mas fora o momento em que ele derruba uma parede com um soco (chupa, Capitão América!) o recurso visual é pouco aproveitado na série, o que dá a entender que orçamento é um problema, pela economia que fazem em cenários (K’un-Lun, cadê K’un-Lun? Cadê o dragão Shou-Lao, símbolo do peito do herói?) e nos efeitos digitais, que pelo roteiro fraco nem são lá muito necessários, já que 70% das cenas se passam dentro do escritório dos Meachum ou no Dojô da Colleen.


Davos (Sacha Dhawan), que nos quadrinhos é filho do Lei Kung e o amigo invejoso de Danny Rand ao longo de seu treinamento, é apresentado de forma rápida já quase ao final da série, embora esteja à espreita do herói desde o começo, observando os passos de Rand na Terra. Nas HQs ele se torna o principal inimigo do Punho de Ferro, o Serpente de Aço, ao falhar em obter o poder do dragão Shou-Lao no torneio que dá os poderes do punho ao melhor combatente. Incapaz de vencer seu adversário, Davos guarda um grande ódio por seu antigo amigo, e isso fica bem claro no último episódio da série, quando após se dizer em missão de K’un-Lun para levar Rand de volta, Davos se volta contra ele, alegando que Danny está manchando o legado do Punho de Ferro e que ele não merece o poder que tem (bom, até aí até a gente concorda com isso!). Embora ainda não tenha se tornado o Serpente de Aço, é possível perceber que Davos pretende destruir o ex-amigo, e dá-se a entender que ele vai se aliar a Joy Meachum num futuro próximo, e quem sabe também ao Tentáculo para destruir o Punho de Ferro.


Então quer dizer que na segunda temporada teremos muito mais ação e emoção, hein, Rodman! A primeira serviu só para apresentar os personagens. Você é um cuzão apressado!

Porra nenhuma, caro Padawan!

Os produtores e diretores tiveram 13 episódios para deleitar os espectadores com uma história de um potencial absurdo, e só conseguiram nos enrolar com uma história fraca sobre mercado imobiliário e sucessão empresarial, aí querem que acreditemos que na segunda temporada as coisas vão melhorar?

Foda-se a segunda temporada!

Eles tinham que conquistar nossa atenção e nos pegar pelos bagos já nessa primeira, nos deixando ansiando por uma segunda temporada, como Demolidor conseguiu fazer, e não segurar tudo se garantido que a audiência estaria cativa pelo “É Marvel, cara! O que pode dar errado?!”. Amigo, não sei pra você, mas desde Luke Cage que essa máxima não funciona mais! A Marvel começou dando tapa na cara da concorrência com Demolidor, mas deixou a bola cair absurdamente depois disso, algo que aconteceu também com as fracas séries Agents of SHIELD e Agente Carter. Enquanto a DC e o CW nos enche de super-heróis saltando da tela a cada novo episódio de The Flash e Supergirl, inserindo conceitos típicos das HQs como multiverso, viagem temporal, a Marvel tem uma mania muito estúpida de preservar seus personagens e não expô-los nas séries. Sem colhões de sequer mencionar os nomes “Capitão América”, “Hulk” ou “Homem de Ferro” nas suas séries, quase não conseguimos ver que esses heróis compartilham o mesmo universo, salvo alguns easter-eggs sutis. Nem personagens menores aparecem. Eu ficaria feliz de ver o Açor-Assassino, o Corisco ou o Bumerangue que fossem tomando umas bordoadas do Demolidor ou do Luke Cage em alguns episódios aleatórios, mas essa atitude precavida demais acaba tornando a Marvel covarde em alguns momentos.


Punho de Ferro é com segurança a pior série da Marvel/Netflix, e depois desse resultado pífio (que segundo o ator Finn Jones é culpa do Donald Trump!), a expectativa para Os Defensores não está lá muito alta. A série que vai reunir os elencos das quatro séries individuais PRECISA deixar esses medos e pudores de lado e apresentar uma história que faça jus a união desses personagens, além de colocá-los para papear no bar. Murdock, Cage e Rand não apresentam características muito incomuns entre eles para que haja um conflito que torne sua interação interessante, e esse papel vai ser mesmo de Jessica Jones, que é a mais porra-louca de todo o grupo. 


A união das coadjuvantes também deve ser muito bacana, visto que Misty Knight e Colleen Wing já são parceiras de longa data nas HQs e que já fizeram parte da agência Heróis de Aluguel de Cage e Punho de Ferro. Claire Temple é disparado a melhor personagem de todas as séries, e ela foi a única que conseguiu me tirar algumas risadas durante os insossos episódios de Iron Fist. Sua ligação com todos eles deve dar um tempero bem apimentado a relação do grupo, além do que é possível que vejamos o Justiceiro (Jon Bernthal), a Elektra (Elodie Yung) e até mesmo os vilões Rei do Crime (Vincent D’Onofrio), Madame Gao e o próprio Serpente de Aço para dar liga a essa mistura.


A série Os Defensores já terminou de ser filmada nos EUA, e estreia em Agosto desse ano, enquanto a terceira temporada do Demolidor e a primeira do Justiceiro devem estrear só em 2018. Depois da decepção com Punho de Ferro, já não dá mais pra contar que “vai ser bom porque é Marvel”. Agora vai ser necessário um pouco mais de empenho para me fazer QUERER ver Os Defensores. Vamos aguardar.


Demolidor 1ª Temp. Nota: 9
Jessica JonesNota: 7
Demolidor 2ª Temp. Nota: 8
Luke CageNota: 6
Punho de FerroNota 5

NAMASTE!

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