19 de janeiro de 2012

Review de Quadrinhos - Os Poderosos Vingadores

Antes do anúncio do aguardado filme dos Maiores Heróis da Terra, os Vingadores já tinham mais equipes espalhadas pelo mundo nos quadrinhos do que eu podia contar, agora então, com o filme estreando ainda esse ano, assim como aconteceu com os mutantes na época de lançamento dos filmes dos X-Men, está quase impossível contabilizar o número de vingadores oficiais, não-oficiais, reservas ou em treinamento existentes no universo Marvel.
Curiosamente, a maioria das equipes está sob a batuta do inoxidável Brian Michael Bendis. O careca escreve também aquela que é chamada de a equipe principal, e após o Reinado Sombrio e começo da Era Heroica, quem assumiu o lápis foi ninguém menos do que o polivalente John Romita Jr.

Após a dissolução dos Vingadores Sombrios e da prisão de Norman Osborn, Steve Rogers, a pedido do Presidente, passou a dirigir tanto a SHIELD quanto os Vingadores, e o cara dividiu a equipe em três principais: A comandada por ele (que eu comentei aqui), Os Novos Vingadores do Luke Cage (com a formação clássica de antes da Era Heroica, com ele, Miss Marvel, Punho de Ferro, Harpia, Homem Aranha, Wolverine, Jessica Jones e o reforço do Coisa) e a equipe mais cascuda, composta por Homem de Ferro, Thor, Mulher Aranha, Homem Aranha (ué, mas ele não está na equipe do Cage?), Gavião Arqueiro (De volta a seu uniforme tradicional depois de sua temporada como Ronin), Wolverine (ué, mas ele não está nos X-Men, na X-Force, no Quarteto Fantástico, no Quarteto Futuro, Agentes de Atlas e nos Vingadores do Cage??) e mais o ex-Marvel Boy Noh-Varr.
As novas aventuras dos novos Vingadores da última semana começam com um ligeiro vislumbre de um futuro alternativo, onde os filhos dos Vingadores (aqueles mesmos mostrados na animação Next Avengers) dão cabo do vilão temporal Immortus, também conhecido como Kang, sem maiores explicações.

Oh, Deus! Teriam os heroizinhos passado para o lado do mal?
Será mais um plano diabólico do próprio Kang?

Nada fica claro de início, e então eis que o próprio Kang surge do futuro diante dos Vingadores bem na hora da reunião em que Steve Rogers anuncia as novas equipes.

Sem pestanejar, o Deus do Trovão dispara uma rajada mística do Mjolnir, mandando o vilão para fora da torre dos Vingadores, e quando os heróis estão prontos a interrogá-lo sobre sua presença surpresa naquela realidade, ele os surpreende mostrando uma espécie de ovo que faz o Homem de Ferro se borrar de medo:
Pra trás! Eu tenho uma arma do juízo final e não tenho medo de usá-la!”
O dispositivo é uma invenção que Tony Stark nem chegou a construir no presente, mas que ele já havia planejado. Sabendo o poder que aquela arma possui (um tipo de gerador de matéria escura), ele pede que seus amigos recuem.

O vilão alerta os Vingadores que o tecido do tempo foi rompido e que somente eles podem deter os causadores de uma grande catástrofe no continuum espaço/tempo: Seus próprios filhos.
Pra quem não viu a animação Next Avengers, que é bem bacaninha por sinal, vale a pena mencionar que ela conta a história dos filhos dos Vingadores em um futuro não tão distante. Nele, os Vingadores foram dizimados pela Inteligência artificial conhecida como Ultron e o mundo caiu em desgraça depois disso, subjugado pela criatura metálica.

Na tentativa de salvar seus filhos, vendo que não havia qualquer chance de vencer Ultron, os Vingadores pedem que Tony Stark leve as crianças para longe dali, para um local onde nem mesmo Ultron as pudesse detectar. Dessa forma, James Rogers (filho do Capitão América com a Viúva Negra), Torunn (filha do Thor), Azari (filho do Pantera Negra com a Tempestade) e Henry Pym (filho do Gigante com a Vespa) são criados em uma espécie de “Show de Truman” (ou como no Mágico de Oz, presos num mundo que eles não criaram), onde eles são treinados para um dia substituírem seus pais, mortos em combate.

Na animação, após descobrirem toda a verdade sobre seus pais e encontrarem o filho perdido do Gavião Arqueiro, da mesma idade que eles, os pequenos Vingadores enfrentam corajosamente o robô Ultron com a ajuda do velho Homem de Ferro e do Hulk, que ainda está vivo nessa época.

Por que eu contei isso?
Porque o roteiro de Brian Bendis tem muito a ver com a animação, inclusive os personagens que aparecem nela. Fica bem claro, no entanto, que essa linha temporal onde vivem os pequenos Vingadores é apenas mais uma delas, e não a definitiva. Ao vislumbrarem esses possíveis futuros através de um equipamento criado por Noh-Varr com sua tecnologia Kree, é interessante notar que aparecem de relance vários futuros já retratados pela Marvel, incluindo a Era do Apocalipse, o futuro do Cable, o futuro da Garota Aranha (May Parker, a filha do Aranha) e até a era 2099.

Ao ler sobre viagens no tempo, paradoxos, possíveis rompimentos no espaço/tempo e modificações no fluxo temporal é bem comum ficar confuso, e apesar de conter uma narrativa simples, eu me perdi às vezes no texto de Bendis. O legal é que ele mesmo brinca com isso, colocando sempre os personagens menos cultos da equipe para falarem alguma merda que, sei lá, se eu ou você estivéssemos lá falaríamos. Nesse quesito, o Gavião Arqueiro e o Homem Aranha se saem muito bem, fazendo o papel do leitor (perdido) enquanto o Thor reage com grosseria e o Homem de Ferro e o Wolverine (quem diria) agem de forma mais cerebral.

No final do arco, descobrimos, afinal, que a ação dos Vingadores que viajam para a linha temporal dos pequenos Vingadores serve apenas para consertar o fluxo do tempo, que começava a apresentar instabilidades, misturando seres de várias épocas diferentes como dinossauros, neandertais, soldados da guerra civil e até o Galactus!

OK. Não há nada de novo nisso. Kurt Busiek, por exemplo, trabalhou isso magistralmente na junção dos Vingadores com a Liga da Justiça, fazendo os universos Marvel e DC se misturarem em várias épocas diferentes. Os desenhos de John Romita Jr., desenhista do qual sou fã, como já falei aqui, estão bem irregulares ao longo do primeiro arco. Seus desenhos nas duas primeiras edições (do arco de 4) lembram muito o relaxo característico de Frank Miller em Cavaleiro das Trevas 2. Claro que não chega àquele desastre, mas ao observar bem me parecem que foram feitos nas coxas às pressas, o que causa um certo desinteresse na leitura, apesar do texto muito divertido de Bendis, como de costume.

Pendenga temporal resolvida, os Vingadores voltam para casa após um acordo com Ultron, que se deixa ser derrotado por Kang para que as linhas temporais sobrevivam (uma vez que a derrota contínua de Kang para o robô é que estava acarretando a destruição do fluxo temporal).

Mostrando-se realmente um homem em quem não se pode confiar, Kang, mesmo aparentemente sob o jugo do Maestro (o velho Hulk) e do velho Tony Stark, dá cabo da dupla e acaba sendo morto pelos pequenos Vingadores, criando um novo paradoxo que nem mesmo a presença passageira dos Vingadores consegue impedir.

É importante lembrar a conversa que o velho Tony Stark do futuro tem com sua versão mais jovem. Nela o velho fala que, apesar da presença deles ali e sua vitória momentânea, o Holocausto Ultron irá acontecer de qualquer jeito (será isso que causará o fim do mundo em 2012??) e que cabe a Tony (o mais novo) impedir que isso aconteça. O Stark velho então lhe dá “de presente” a arma conhecida como dispositivo do juízo final e pede que ele faça qualquer coisa para impedir que Ultron vença a guerra.

Tenso.
Dou nota 7 para essa aventura. Apesar da união do universo 616 da Marvel com o da animação Next Avengers e da interação sempre carismática entre os Vingadores do Bendis, o resultado ficou meio aquém da capacidade do escritor, e os desenhos do Romitinha também podiam ter ficado melhores. Esse papo de fluxo temporal, viagens no tempo e afins já foi bastante abordado, e meio que já cansou. Eu esperava mais desse arco.

NAMASTE!

Sherlock Holmes – O Jogo de Sombras

Na faculdade de Design Gráfico, nas aprazíveis aulas de Cinema da professora Maria Goretti e também com minha própria experiência cinéfila, eu aprendi a enxergar além do que só aquilo que nos é entregue superficialmente em um filme. Estética, design de cenários, efeitos especiais, tudo isso é usado para compor o filme, mas está longe de ser a essência dele. A essência está naquilo que o roteirista procurou nos entregar e naquilo que o diretor conseguiu transmitir, bem como também está nas interpretações dos atores. Seja como for, eu me tornei, durante um tempo, exigente demais com aquilo que vejo na tela, e pouca coisa me agradou plenamente depois do período de faculdade.
A situação em que me vejo agora, no entanto, é a de ter perdido esse “faro” para detectar produções meramente comerciais (não que antes disso eu fosse um apreciador de filmes europeus ou iranianos) e que os filmes atuais têm me agradado bem mais do que o normal, como foi o caso de Sherlock Holmes – O Jogo de Sombras. O filme realmente é essa Coca-Cola todo ou eu que ando me empolgando à toa?

Saí do cinema bem satisfeito com o que vi na tela, e na minha opinião, Guy Ritchie acertou e muito a mão ao dar mais uma vez seu tom clipeiro à história do maior detetive do mundo (chupa, Batman!).
O Jogo de Sombras , diferente do que alguns críticos apontaram, conseguiu manter o clima inovador e moderno ao universo do personagem inglês, criado por Sir Arthur Conan Doyle, conseguido no primeiro filme, e que me desculpem os mais conservadores, mas é uma visão muito interessante do detetive, tanto quanto aquela sua imagem clássica do homem de meia idade de chapéu que fuma cachimbo.

A história se passa no final do século XIX, e enquanto seu fiel amigo e companheiro de investigações Dr. Watson (Jude Law) se prepara para o casamento com Mary (Kelly Reilly), Sherlock Holmes (Robert Downey Jr.) passa a se dedicar obsessivamente a mapear as ações do Professor Moriarty (Jared Harris), um renomado e culto matemático que começa a se revelar um verdadeiro gênio do crime. Encontrando ligações diversas do Professor com vários crimes que passam a acontecer na Europa, o detetive se vê instigado a estudar a mente de Moriarty, descobrindo ali uma rivalidade de astúcia nunca antes encontrada por ele.

Holmes se vale de todos os seus talentos para desvendar as maquinações de seu adversário intelectual, incluindo seus disfarces (mendigo, professor e até de mulher) e técnicas dedutivas, mas o Professor Moriarty mostra que não é um simples inimigo e leva Holmes ao longo do filme a diversas pistas falsas, bem como armadilhas que acabam se tornando mortais.
A relação entre Holmes e Watson se intensifica nessa continuação, mostrando a todo o momento que o detetive está incomodado com o casamento do amigo. Muitos podem ver ali, como bem alguns críticos já insinuaram, um comportamento homossexual entre os dois, do tipo que um não quer que o outro (no caso Holmes) se case com uma mulher e assim interrompa a relação duradoura de amizade de ambos. Cabe também, no entanto, a interpretação de que Holmes não encontra facilmente alguém que acompanhe seu raciocínio dedutivo lógico, e que a partida do amigo para o tão sonhado casamento vá deixa-lo terrivelmente sozinho com sua mente arguciosa e inquieta. Eu prefiro essa segunda interpretação.

Aquela que podemos entender como o único interesse romântico de Holmes, presente no primeiro filme no papel de Irene Adler (Rachel McAdams) faz uma pequena participação na sequência, e nos faz compreender melhor a peça que ela representava no jogo entre Moriarty e Holmes.

Quem também surge em cena é o irmão mais velho e mais inteligente (quem diria!) de Holmes, Mycroft (Stephen Fry) que nas poucas aparições que faz dá um tom bem cômico ao filme, na sua tentativa de ser arrogante. Percebe-se que há uma competição entre os dois irmãos, o que deve ser comum entre mentes brilhantes numa mesma família, mas apesar disso, os dois se ajudam na tentativa de impedir os planos de Moriarty de começar uma guerra mundial.

O Jogo de Sombras tem sequências de ação tão empolgantes quanto seu antecessor, e Guy Ritchie abusa do slow motion num ritmo bem “zacksnyderiano”. Desta vez vemos Holmes e Watson realmente em desvantagem contra os capangas de Moriarty, tendo que lutar para sobreviver enquanto o poderio bélico do Professor cresce logo que ele assume a fábrica de armas de uma de suas vítimas.

Contando com a ajuda da cigana Simza Heron (Noomi Rapace), cujo irmão é uma importante peça no tabuleiro de Moriarty, a dupla se mete nas mais impensadas aventuras, e os jogos mortais começam logo que o Professor se apresenta para Holmes, avisando-o que irá “cumprimentar” o Dr. Watson pessoalmente por seu casamento.

A sequência no trem em que Watson e Mary embarcam para a Lua de mel é uma das mais marcantes do filme, e enquanto os homens de Moriarty tentam liquidar o doutor, Holmes aparece travestido de mulher para salvá-lo. Impossível não notar a referência ao Coringa ao final dessa cena em que Holmes aparece já sem peruca e as roupas de mulher com a cara toda branca e com um batom borrado na boca.

Ritchie soube equilibrar seu filme entre ótimas cenas de ação e hilariantes cenas cômicas. Não foram raras as vezes em que me rachei de rir no cinema, e passaria um bom tempo aqui descrevendo as minhas preferidas. O casamento de Watson, com o noivo todo ferrado e rasgado após uma briga de bar e o mordomo velhinho de Mycroft renderam as melhores gargalhadas.
Stanley! Onde é que você vai?”

O desfecho do filme, sem querer entregar SPOILERS, como costumeiramente faço aqui (OK, me processem) é bem semelhante ao último confronto entre Holmes e Moriarty no livro escrito por Conan DoyleO Problema Final”, aquele que foi feito para ser o capítulo final da saga do detetive inglês. Moriarty, além de possuir uma mente brilhante quase ao mesmo nível que a de Sherlock também é um exímio boxeador, e é muito interessante o raciocínio lógico que ele utiliza para vencer Holmes, aquele mesmo que tão bem marcou as cenas de luta do primeiro filme. É de prender o fôlego a solução que Holmes encontra para não permitir que Moriarty o vença em combate, o que fatalmente aconteceria.

Dublagem

Como assisti o filme no fim de semana de estreia, não foi nenhuma surpresa que o cinema estivesse lotado. Em um horário bom, me sobrou uma sessão dublada, daquelas que uma boa parte do público costuma torcer o nariz, mas devo dizer que não fiquei inteiramente descontente com isso.
Apesar de preferir a versão legendada no cinema, como sempre costumo dizer aqui, a dublagem está de primeira. Todas as vozes do primeiro filme estão lá, incluindo Marco Ribeiro que dubla Robert Downey Jr. como de praxe (ele também o faz em Homem de Ferro 1 e 2), Alexandre Moreno que faz a voz de Jude Law, Fernanda Fernandes na voz de Rachel McAdams, Mauro Ramos como Stephen Fry e Dário de Castro (a voz do Ciclope da série animada dos X-Men dos anos 90) como o Professor Moriarty.
Sou um fã da dublagem brasileira, e esse meu carinho ficou impresso no Top 10 que fiz sobre dublagem. Lá, pra quem não ligou os nomes citados acima às vozes, dou detalhes de seus trabalhos, com exceção de Dário de Castro, cujo nome eu desconhecia. Agradeço a dica que Guilherme Briggs me deu através do Twitter sobre o dublador.
Todos estão, como de costume, acima da média, mas destaco o trabalho de Mauro Ramos, que empresta a voz a Mycroft Holmes, personagem responsável pelas principais gargalhadas do filme. Ele empostou mais a voz e encheu o personagem de um sotaque (que deveria ser o inglês britânico) de “r” muito engraçado. A frase “Stanley, onde é que você vai?”, quando o personagem chama seu mordomo meio caduco, ficou na minha cabeça depois da sessão. Mauro, pra quem não lembra, costuma dublar personagens grandalhões e/ou truculentos. Estão no seu currículo as vozes do Pumbaa, Sully (Monstros S.A), Fera (X-Men Evolution) e Shrek (à partir do segundo filme).
Ponto para o Brasil e seus excelentes dubladores que fazem com que apreciemos os filmes no cinema mesmo sem ter que ler nada para entender nomes de lugares ou de personagens.
Sherlock Holmes – O Jogo de Sombras é pra mim um filme nota 9. Me diverti além do esperado, e a julgar pelos aplausos ao final da sessão, tal qual ao fim de uma peça de teatro, não fui o único que aprovou as novas aventuras de Sherlock Holmes, e isso é elementar, meu caro Watson.

Pra quem não leu o review do primeiro filme, fique à vontade. A casa é sua:

Sherlock Holmes 1


NAMASTE!

17 de janeiro de 2012

Reviews de Quadrinhos: Vingadores Secretos

Terminei de ler recentemente os dois primeiros arcos escritos por Ed Brubaker para os Vingadores Secretos, publicados no Brasil pela Panini na revista Capitão América e os Vingadores Secretos, e devo comentar que vale muito a pena à leitura.

O ponto de fuga é imediatamente após os eventos de O Cerco (comentado aqui), que definiu um novo status quo para os heróis da Marvel. Com o fim do Reinado Sombrio de Norman Osborn, Steve Rogers, o recém-ressuscitado Capitão América é nomeado pelo Barack como o novo pica das galáxias comandante das forças especiais (tanto a SHIELD quanto os Vingadores) americanas e o cara decide aceitar o cargo sem pestanejar, abandonando o pijama bandeiroso (que ficou mesmo com o Bucky) e se tornando um agente secreto.

Eu gostei muito dessa ideia de transformar Steve Rogers em uma espécie de Jack Bauer com superpoderes, e diferente do que sempre acontece após a morte/ressurreição de um personagem, achei muito interessante a forma como o herói foi reinserido em seu universo, deixando-o fora dos holofotes principais e fazendo-o trabalhar nas sombras.




Os Vingadores Secretos agem como uma equipe que lida com perigos secretos antes que eles se tornem ameaças em nível mundial, e essas informações são conseguidas pelo intermédio de pessoas que trabalham como espiões dentro de grandes multinacionais em troca de segurança. Mais ou menos como acontece no serviço de proteção a testemunha. Desta forma não temos nada de “Avante Vingadores” no meio da rua ou grandes aparições públicas. A equipe age nas sombras, como se não existisse, e trabalha de forma cirúrgica (nem sempre dentro dos rigores da lei), resolvendo o caso e se mandando em seguida sem deixar pistas.

Na primeira edição já vemos a Viúva Negra e a Valquíria (aquela de Asgard que andava sumida) trabalhando disfarçadas de acompanhantes de um poderoso magnata da Roxxon, empresa que na Marvel está sempre metida em alguma maracutaia de grande escala. A ideia por trás do disfarce é encontrar o que eles achavam ser a verdadeira Coroa da Serpente, artefato místico que já andou nas mãos de muita gente perigosa ao longo dos anos. Com a intervenção do próprio Rogers e com o resgate de Sharon Carter, a Agente 13 da SHIELD, a Viúva e a Valquíria obtém êxito e os Vingadores levam a Coroa para o QG. Uma vez sob a análise de Hank McCoy, o Fera, que agora também faz um bico de vingador (se o Wolverine pode por que ele também não poderia?), eles descobrem que aquela não é A Coroa da Serpente e sim UMA Coroa da Serpente, que parece estar ligada à original.

Com a ajuda do Fera e do Máquina de Combate, após o trabalho de infiltração do Cavaleiro da Lua e do novo Homem Formiga ao banco de dados da empresa, Rogers descobre que a Roxxon adquiriu os direitos de exploração mineral em Marte (como o Ajax deixou uma porra dessas, Batman?!) e que vários funcionários simplesmente sumiram da folha de pagamento da empresa de uma hora para outra. Se mostrando um estrategista muito acima da média, o ex-Capitão América pede que seu agente mais poderoso mostre serviço, e então ele envia o Nova para uma inspeção em Marte.

Enquanto um grupo conhecido como Conselho das Sombras parece espreitar os Vingadores em busca da Coroa da Serpente roubada da Roxxon, Rogers percebe que o tiro saiu pela culatra, e eles são obrigados a resgatar o Nova, cujo sinal foi perdido há algum tempo em Marte.

Uma vez no planeta vermelho, os heróis descobrem que há mais do que a simples exploração mineral em jogo, e através de uma criatura chamada Arconte, que se diz uma espécie de guardião da verdadeira Coroa da Serpente (que estava em Marte dentro de um templo), os Vingadores descobrem que o Nova foi dominado pelo poder da Coroa, e que está trabalhando agora com o Conselho das Sombras na tentativa de abrir uma espécie de portal que irá liberar uma criatura maligna capaz de aniquilar o mundo.

O arco é contado em quatro partes, dá uma caída vertiginosa de qualidade na terceira parte, mas consegue se recuperar na quarta, mostrando que Steve Rogers é mais fodão do que todos já supunham. Ele não só adquire os poderes do Nova com a ajuda da Mente Global (uma espécie de consciência cósmica no interior do capacete do herói), como também derrota o próprio Nova, livrando-o da influência da Coroa da Serpente.

Ao destruir os planos do Conselho das Sombras em Marte e deixar a Coroa sob os cuidados do Arconte, os Vingadores retornam para a Terra, onde descobrem que Sharon Carter fora atacada na nave da equipe e que a outra Coroa da Serpente fora roubada dela. 
 Seu atacante? Ninguém menos do que Nick Fury!

Impressionante como essa Sharon Carter só sabe fazer cagada!

Como apresentação do novo status da equipe e para mostrar seus personagens e sua interação entre si, eu acho que esse arco valeu a pena, mas na minha opinião, Brubaker deu uma ligeira viajada durante a história, provavelmente na tentativa de inserir um personagem como o Nova no grupo. O cara é uma espécie de Lanterna Verde da Marvel, como ele se encaixaria em uma equipe que é tida como secreta e cujo trabalho é o de espionagem acima de tudo? O papo de ir pra Marte e de conceder temporariamente os poderes de Nova a Steve Rogers, algo dito como quase impossível para um humano sem treinamento e em tão pouco tempo, foi um tanto forçado, mas de resto eu curti.

O segundo arco chamado Olhos do Dragão, igualmente desenhado por Mike Deodato me agradou bem mais do que o primeiro em matéria de ação e de estratégia de equipe. O roteiro também é muito melhor elaborado, e envolve o Mestre do Kung Fu Shang Chi e o renascimento de seu malévolo pai, agora chamado Zheng Zu.

Pra quem é das antigas, como eu, deve se lembrar de um arco antigo de histórias publicadas nas revistas do Capitão América ainda pela Editora Abril em que o pai do Shang Chi aparecia na tentativa de envolver o filho em um ritual satânico. O herói chinês é obrigado a destruir seu pai para manter-se vivo, e nesse confronto o grupo de ninjas liderados por ele também é extinto, ficando desaparecido por muito tempo.

Logo no começo do novo arco escrito por Brubaker (que assim como Brian Bendis também adora resgatar elementos antigos da cronologia Marvel) vemos Shang Chi ser atacado por uma horda de ninjas (a ordem celestial de Hai-Dai), os mesmos que antigamente eram liderados por seu pai, o que o leva a crer que o velho retornou do mundo dos mortos.

Em suas investigações jackbauerianas, Steve Rogers descobre uma ligação entre o suposto Nick Fury que roubou a Coroa da Serpente da Sharon Carter (que na verdade é um modelo de vida artificial que acha que é Nick Fury), o Conselho das Sombras e o pai de Shang Chi, e ele decide com sua equipe ir em busca do herói chinês de modo a protegê-lo.

Na dança das cadeiras, entra em cena John Steele, personagem que num retcon criado recentemente foi colocado como um antigo parceiro de guerra do Capitão América e que como o próprio, possui dons especiais que o enquadram na categoria de supersoldado (mais um!!). Segundo a nova cronologia, Steele é um combatente desde os tempos da Guerra Civil americana, e seus dons físicos (super-força, resistência e vigor) foram usados como base posterior para a criação do soro do supersoldado e também para os experimentos que permitiram tornar a pele de Luke Cage invulnerável.

Steele, assim como o falso Nick Fury trabalham para Thorndrake, o líder do Conselho das Sombras, e juntos ambicionam tornar o mundo melhor, remodelando-o à sua maneira. Com o intuito de pegar uma fatia considerável no crescente mercado Oriental, Thorndrake decide ressuscitar o perigoso Zheng Zu e dar-lhe plenos poderes num ritual que envolve o sacrifício necessário de seu filho de sangue: Shang Chi.

Brubaker recria um momento marcante da história do personagem Shang Chi que é sua rixa com o próprio pai, e dá um tom muito extasiante ao arco envolvendo os Vingadores Secretos bem como o ressurgimento do tal John Steele. Para incorporar a receita, Brubaker também insere outro personagem que teria alguma relação com Rogers e Steele no passado, o fantasmagórico Príncipe dos Órfãos, que ajuda o mestre do Kung Fu, a pedido de Rogers, a se safar da ordem Hai-dai (os ninjas de Zheng Zu). Achei o personagem e sua inserção na história um tanto quanto gratuitas, pessoalmente acho que caberia ali um envolvimento maior do próprio Cavaleiro da Lua no enredo, que acabou ficando meio avulso na história, exceto por uma infiltração que ele faz como um soldado do Conselho das Sombras. O Príncipe dos Órfãos é um personagem relativamente novo que já teve algumas aparições nas histórias do Punho de Ferro.

Os desenhos do brazuca Mike Deodato estão impressionantes (ainda mais no segundo arco). O estilo cheio de sombras e com uma pegada mais realista que ele adotou combina bastante com o clima de espionagem inserido na história por Brubaker, e estou gostando bastante dessa mescla entre um de meus autores preferidos de HQ com um dos melhores desenhistas brasileiros da atualidade.

A pegada de espionagem, ameaças secretas e modus operandi furtivo é envolvente, e nos faz mergulhar no roteiro de forma muito pungente. Apesar de ser uma trama basicamente de espiões, rola muita porradaria, e dá gosto de ver a equipe de Rogers em ação. A violência aliás, está nos picos, e lendo esses dois arcos de história cheguei à conclusão de que o bom e velho Steve Rogers agora é adepto de uma forma mais peculiar de abordar os adversários, não lhes dando grandes chances de defesa e usando métodos que antes ele condenava. Não que ele esteja matando geral como seu “gêmeo” do universo Ultimate, mas é que agora ele não parece mais se importar tanto com a vida dos inimigos, deixando inclusive seus parceiros matarem à vontade, em prol daquilo que eles acham certo.

Ao lado de Rogers tem pelo menos três personagens que não hesitam em tirar a vida dos adversários, como a Viúva Negra, o Cavaleiro da Lua e a Valquíria (a arma da mulher é uma espada! O que pode se esperar disso?), além do Máquina de Combate (e seus trabucos), que como ele mesmo se define após as partidas de Marvel X Capcom Não, eu não sou o Homem de Ferro”, fazendo uma alusão de que ele não é tão bonzinho quanto seu chefe.

Fica pro Homem Formiga (um ex-agente da SHIELD que tomou pra si o equipamento do falecido Scott Lang) o cargo de o “engraçadinho” do grupo, servindo nas missões como o alívio cômico da história, enquanto o Fera e sua equipe de super-nerds agem nos bastidores dando suporte técnico e científico.


Quando Sharon Carter é capturada (êêêê, Sharon Carter!) por John Steele, os Vingadores são obrigados a entregar Shang Chi para o Conselho das Sombras em troca da moça, e na hora da troca o Capitão decide medir forças com o supersoldado, levando uma surra homérica.

Eu acompanho as histórias de Steve Rogers há um bom tempo e devo confessar que não constam em meus arquivos muitas histórias em que ele apanha feio. Já o vi ser derrotado ao enfrentar caras mais fortes e tals, mas do jeito que ele apanha pra John Steele é inédito. Além de vencê-lo em força, o supersoldado torce o joelho de Rogers, deixando-o incapacitado para detê-lo, além de impedir o Conselho das Sombras de escapar com Shang Chi.

Mais tarde os Vingadores conseguem deter os planos malignos que envolvem a restauração da forma decadente de Mumm-Rá Zheng Zu graças à dica do Cavaleiro da Lua que está disfarçado de soldado do Conselho, e os heróis chegam causando estardalhaço no meio da cerimônia. Além de impedir o ritual de sangue do mestre do mal com seu filho Shang Chi, a Valquíria consegue derrotar John Steele empalando-o com sua espada justiceira asgardiana, mas na confusão o falso Nick Fury e o diretor do Conselho Thorndrake acabam escapando.

Eu me diverti bastante lendo esses dois primeiros arcos dos Vingadores Secretos, e o que ficou dessa nova abordagem criada por Ed Brubaker é que os tempos são outros e que nossos heróis já não podem mais tratar os adversários com polidez. Agora chamado de Comandante por seus subordinados, Rogers assumiu de vez sua personalidade de liderança, e mesmo em campo de batalha ele mostra porque é conhecido como o Sentinela da Liberdade, e porque seus adversários devem temê-lo. Como diria o Capitão Fábio de Tropa de Elite, ele é o novo "Pica das Galáxias" da parada.
Gostei dessa equipe escolhida por Steve Rogers, mas acho que faltou maior espaço para o Cavaleiro da Lua, o que talvez possa acontecer nas próximas aventuras.

Espero também que Mike Deodato continue à frente dos desenhos e que Brubaker continue afiado em seus roteiros cinematográficos, se assim o for, ainda teremos uma ótima leitura pela frente.

NAMASTE!

12 de janeiro de 2012

A primeira música da sua vida

Dia desses, vagabundeando pelo Facebook descobri um site muito interessante postado por um amigo, em que é possível descobrir qual era a música mais tocada nas rádios no dia em que você nasceu.
A Billboard, revista especializada em criar listas e rankings das músicas mais executadas no mundo e em especial nas paradas norte-americanas, mantém desde 1950 arquivos em que constam esse tipo de informação, portanto, é possível saber o que estava tocando na época em que viemos ao mundo e quem era o artista que estava "bombando" no mesmo período.
A brincadeira é entrar no site, definir o mês, o ano e em especial o dia de nascimento, ver a música que estava melhor posicionada no ranking na data, e compartilhar o link do Youtube no Facebook. O meu resultado foi melhor do que o esperado.
Sabe quem estava arrebentando tudo nas paradas de sucesso quando este que vos fala deu as caras no mundo pela primeira vez?


Ele mesmo! O Rei do Pop, Michael Jackson!
Eu praticamente cheguei ao mundo ao som desta música:





Não dá pra ter "estreado" em melhor estilo, hein!

Beat it ocupava o topo mais alto do ranking da Billboard naquele ano.

Pra quem ficou curioso como funciona a brincadeira aí, o site é o seguinte http://www.joshhosler.biz/ . Ele está em inglês, mas mesmo quem não tem um conhecimento muito aprofundado do idioma consegue intuitivamente chegar ao resultado desejado.

A primeira coisa é escolher o mês em que você nasceu, depois você é direcionado para a tela onde se define o dia de nascimento e logo já dá pra saber qual era a parada de sucesso no período de toda a década.


Feliz ou não com o resultado (já pensou se sai tipo, YMCA do Village People ou Purple Rain do Prince??) basta você clicar no link do Youtube, do Rhapsody ou do Itunes e compartilhar com a galera.



Estão disponíveis no Youtube vídeos à partir da década de 80, então é bem difícil que você não encontre a sua música.
Agora entendo porque Michael Jackson foi e ainda é tão importante no decorrer de minha vida. O cara estava lá desde o começo de tudo!

Just Beat it!

9 de janeiro de 2012

Eu vi: Imortais

Tem dia que você sai de saco cheio de ficar em casa e decide escolher o filme na porta do cinema. Foi assim que fiz na sessão de Imortais e devo Lembrar que as opções não eram lá muito animadoras: Alvin e os Esquilos 3 (não vi nem o 1 e nem 2), Cavalo de Guerra (what??), As Aventuras de Agamenon, o repórter (filme do Casseta e Planeta? Passo!) e Missão Impossível (que eu já tinha visto).
O que eu já tinha ouvido falar do filme ou visto na Internet e no trailer não havia me empolgado a ponto de querer vê-lo no cinema (talvez esperar passar na Tela Quente??), mas acabei surpreendido por alguns fatores, o que foi bom. Devido o que eles nos vendem no trailer, cenas de batalha em slow motion, homens com pouca roupa saindo na porrada e cenários deslumbrantes com aquela tonalização meio azulada, eu não esperava nada além do que um 300 requentado, daí minha falta de interesse pelo filme.
Mas, Rodman, você não gostou de 300?
Sim, eu gostei, caro padawan, o problema é que de lá pra cá esses efeitos de slow motion tão bem utilizados (quase até a exaustão) pelo “visionário” Zack Snyder (ele usou isso até em Watchmen!) meio que se tornaram cansativos na tela grande, e ver um filme apenas por seu visual impactante não é bem o que eu ando esperando em um filme hoje em dia. É a idade.
É cansativo ver o sangue jorrando enquanto espadas, lanças e punhais atravessam o adversário? Não, até que é bacana, mas desde que o filme tenha uma história bem contada e personagens interessantes.
Pipoca e Coca Cola em mãos passei a acompanhar o filme, e não me vi incomodado em nenhum momento à princípio. Somos situados em que ponto da história estamos, é nos contada também qual a motivação do vilão (embora não saibamos de onde ele vem nem o porquê de sua maldade) e somos pautados por uma frase de Sócrates (o filósofo, não o Doutor) que diz: “As almas de todos os homens são imortais, mas as almas dos justos são imortais e divinas”, marcando bem a diferença entre o herói e o vilão, bem como a motivação de ambos.
As atuações também são bem agradáveis, a fotografia do filme não é nada de excepcional, porém bem executada e a direção do filme, que ficou a cargo de Tarsem Singh (desconhecido do grande meio) é decente, a ponto de sentirmos que estamos sendo bem conduzidos pela história escrita pela dupla Charley Parlapanides e Vlas Parlapanides, irmãos americanos com descendência grega (como bem podemos notar em seus sobrenomes!), embora a ação do filme nos distraia desses elementos mais qualitativos.

Há um grande atrativo em Imortais: Mitologia grega. Sempre fui fã dos seres mitológicos e dos deuses gregos, e foi divertido tentar adivinhar quem eram os deuses presentes no filme mesmo antes que seus nomes fossem citados, apenas pelos apetrechos e armas que usavam enquanto eles olhavam os mortais do alto do Monte Olimpo. Aliás, os trajes usados por Zeus e seus filhos causam estranheza de início por sua aparência um tanto quanto carnavalesca. Olha o Monte Olimpo aí geeente, chora cavaco! Alô minha bateria!


A história?
Em um belo dia o rei Hipérion (Mickey Rourke, muito bem em cena) decide eliminar os deuses e o resto da humanidade protegida por eles, e para isso ele sai em busca do Arco do Hank da Caverna do Dragão de Épiro, arma com a qual ele pode libertar os Titãs, criaturas capazes de rivalizarem com os deuses em poder.
Vendo que a humanidade não tem muitas chances de enfrentar Hipérion e a banda Slipknot seus comandados, Zeus (então na pele de Luke Evans) confia ao mortal Teseu (Henry Cavill, o novo Superman) a missão de liderar os gregos (que falam inglês) contra o poder da tropa helênica de Hipérion, e o rapaz decide aceitar o desafio ao ver a própria mãe ser executada pelo rei do mal.

Com a ajuda da bela oráculo Phaera (Freida Pinto) e de Iolaus Stavros (Stephen Dorff) um ladrão que se torna escravo de Hipérion, Teseu sai em busca do Arco de Épiro, sabendo da importância da arma para o desfecho da guerra imposta pelo rei helênico. Contando até então com as visões da sacerdotisa que decide ajudar Teseu por conta própria ao se ver em perigo, o trio acaba encontrando a poderosa arma quando o herói decide enterrar a mãe, mas o rei Hipérion está à espreita e manda seu mais cruel soldado para se apossar do arco. Apesar das semelhanças óbvias, não é citado em nenhum momento que aquele é o Minotauro (o ser mitológico, não o lutador de UFC!), mas tudo nos leva a crer que sim, uma vez que segundo a própria mitologia, Teseu realmente enfrentou e venceu o Minotauro.
A casa cai pro lado do mocinho, Hipérion se apossa do arco, Ares e Athena (vivida por Isabel Lucas de Transformers 2) se veem obrigados (não sei por quem!) a intervir para que Teseu sobreviva, o rei helênico libera os Titãs (os mitológicos, não a banda!) e começa uma batalha de vida e morte entre a humanidade liderada por Teseu e os titãs, e os comandados de Hipérion e os deuses... Um samba do grego louco!

O que ficou bem claro no filme é que tanto Hipérion quanto Teseu têm razões claras para não acreditarem nos deuses (deuses porque os gregos não eram monoteístas): Um teve a família (esposa e filhos) massacrada e o outro teve a mãe morta, o que leva ambos a duvidarem que exista algum tipo de ser superior que seja justo o suficiente para não permitir que tais atrocidades aconteçam na Terra. Um deles pende para o lado da barbárie, e decide juntar um exército capaz de fazer até mesmo com que deuses sangrem. Já o outro, influenciado desde pequeno por um desses deuses (o próprio Zeus representado em cena então pelo ator John Hurt) decide optar pelo lado do bem, querendo levar à justiça o assassino de sua mãe e ainda salvar a humanidade da extinção no processo.

Duas pessoas com passados semelhantes que são levadas para lados opostos devido suas próprias decisões. A pergunta é: Não teria Teseu trilhado pelo mesmíssimo caminho de Hipérion, o da vingança cega e descomedida, se Zeus não tivesse intervindo na vida do rapaz desde a infância?
A história, embora rasa e de fácil compreensão, nos leva a alguns questionamentos, mas não sei bem dizer se isso é o filme que desperta ou se nossa própria experiência com esse tipo de mídia é que acaba nos conduzindo a tais indagações.
Independentemente da parte filosófica que a própria frase de Sócrates nos permite ter em alguns momentos do filme, a ação e as cenas de combate são um deleite visual. É impossível despregar os olhos da tela na sequência final em que simplesmente três combates diferentes são mostrados intercaladamente, o dos deuses liderados por Zeus contra os Titãs, o dos comandados de Teseu contra o Slipknot grupo de Hipérion e a luta do próprio Teseu contra Hipérion. Todas num alto grau de sangue no zóio e violência sem freios de encher as vistas dos espectadores.

Os deuses, equiparados em força pelos Titãs (que no filme são mostrados como bestas-feras meio que irracionais), lutam como se não houvesse amanhã (e na verdade não haveria mesmo se eles perdessem) se igualando em ferocidade. Aliás, fiquei fã de Poseidon! Não sabia que o cara mandava tão bem assim em lutas corporais! Ele é um dos últimos a perecer (sim, padawan, todos vão pra vala!), mas consegue levar metade do exército titânico com ele. As lutas entre deuses e Titãs repetem um pouco daquela já batida coreografia (em slow motion) do levanta do chão com uma pancada e finaliza com outra, além de rolar arame-fu à rodo (e vocês sabem o que penso de arame-fu). O mais engraçado é que nenhum dos deuses pensa em usar seus poderes especiais para deter os titãs em vez de caírem na grosseria pura e simplesmente. Vai entender.

A batalha entre os homens de Hipérion contra o exército de Teseu não tem nada de muito inovador, deixando o grande desfecho mesmo para a luta corporal entre Henry Cavill e Mickey Rourke. Aliás, que luta!! Da poltrona quase que conseguimos sentir cada golpe desferido, e a briga é de uma violência sem parâmetros, o que deixa o espectador boquiaberto. Tem de tudo. É praticamente um MMA com direito a dar facadas no oponente e chute no saco. Essa cena provou também para quem ainda tinha dúvidas se Cavill daria certo como Superman. Apanhar que nem o Azulão pelo menos ele já sabe!
Como todo bom apreciador de HQs e com aquele pé meio atrás com relação à nova adaptação do Superman para as telonas que vem por aí (em 2013, se o mundo não acabar), fiquei de olho na interpretação de Cavill e o que vi me agradou. Seu personagem nem de longe tem o carisma que, por exemplo, o Rei Leônidas de Gerard Butler exala em 300, em algumas cenas ele meio que luta desengonçadamente (como no corredor onde ele encontra uma parede de soldados inimigos), porém sua desenvoltura em cenas de ação é aceitável, bem como seu talento interpretativo razoavelmente testado em algumas cenas mais dramáticas como a morte da mãe e a defesa da donzela em perigo. Não dá pra dizer com toda certeza que ele será um ótimo Superman, mas tem tudo para ser, incluindo a aparência. Queixo quadrado, uma leve semelhança com Tom Welling (o Clark Kent de Smallville) e pinta de que se ficar puto é bom sair da frente. Com uma barba e aquela mesma roupa de herói grego, eu bem que poderia dizer que ele ficaria semelhante ao Superman gladiador da época em que ele foi exilado da Terra e acabou parando no Planeta Arena.

O resto do elenco é aquela coisa: Não cheira e nem fede. Freida Pinto, a atriz indiana de 27 anos, não compromete no papel da mocinha em perigo, e quando tem que se mostrar a gostosa do filme, faz menos feio ainda.

O que dizer daquele close de seu derrière! Jesus!

O problema é que sua personagem perde completamente a função (que já não era lá grande coisa) quando entrega a virgindade ao herói, fazendo assim com que seus poderes precognitivos desapareçam (óraculos possuem o poder de prever o futuro apenas enquanto mantêm-se puras) , tornando-se um peso-morto para ele e Stavros. Longe de mim, no entanto, reclamar da beleza da morena na tela! O deleite visual que ela nos proporciona é, digamos, incomparável.
Luke Evans não passa toda a imponência que eu sempre imaginei em Zeus, muito menos o porte físico, mas no quesito interpretação não falha. Nenhum dos deuses se destaca para que possamos dizer “Nossa! Que interpretação!”, todos parecem modelos vestidos a caráter para o Gala Gay, mas entendemos que eles, afinal, são deuses gregos, e que por isso não poderia ser diferente.
John Hurt, como o Zeus velhinho que indica o caminho das pedras para Teseu desde sua infância aparece pouco, mas faz bem seu papel.O tão criticado pela mídia (e que eu desconheço o porquê) Stephen Dorff faz um personagem que qualquer um faria igual, portanto nem merece nota ou maiores detalhes.
Mickey Rourke mostra com seu Hipérion que ficaria foda interpretando o Lobo para o cinema, e ele faz em Imortais aquilo que ele melhor sabe fazer em filmes de ação: Causar medo e morrer no final. Alguém se esqueceu aí do seu Marv em Sin City?
Eu nem sabia que ele integrava o elenco de tão desinteressado que estava com esse filme, mas vê-lo atuar foi gratificante.

Em suma Imortais não é um filme ruim. Ele vem na onda do próprio 300 e de Fúria de Titãs, filmes com a mesma temática que da mesma forma que ascenderam esse aspecto visual único, o fizeram desmoronar e torná-lo mais do mesmo. É um filme “assistível”, e como eu sempre falo por aqui, faz aquilo a que se propõe: Diverte.
Não espere atuações shakespearianas, efeitos nunca antes vistos na história do cinema ou uma direção digna de Oscar. Espere uma história fácil de digerir e uma pancadaria que vale a pena ser acompanhada.

NOTA: 6,75







NAMASTE!

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