24 de novembro de 2017

Qual o MELHOR FILME de super-herói de 2017?


Lááááááá no longínquo mês de Maio, este que vos escreve criou uma enquete para saber de você, nobre leitor, qual seria o MELHOR FILME de Super-Herói de 2017. Agora que todos os filmes citados já foram lançados, e provavelmente ASSISTIDOS por todos vocês, é hora de comentar individualmente sobre a expectativa que cada um criou e as impressões causadas por eles.

Bora lá, caralhoooo!


ABSOLUTAMENTE NINGUÉM achava que Thor Ragnarok seria o melhor filme de super-herói entre vocês leitores, e o filme ficou com 0% na enquete que entrou no ar no começo do ano e se encerrou em Maio, obviamente muito antes da produção entrar em cartaz no Brasil e no mundo (o que só aconteceu em Outubro).

Thor Ragnarok custou US$ 180 Milhões aos cofres da Disney e da Marvel Studios e já faturou US$ 650 milhões em todo o mundo (US$ 211,6 milhões só nos EUA). O terceiro filme solo do herói “nórdico” já é de longe o maior em rendimento de todos eles, o que o coloca na nona posição das maiores bilheterias de 2017. Feito para pegar o hype de Guardiões da Galáxia, incluindo todo seu clima pastelão, gags engraçaralhas e clima oitentista, Ragnarok conseguiu seu intento de agradar toda a família.



Dirigido por Taika Waititi, Thor 3  tem um tom totalmente diferente dado nos quadrinhos para o arco Ragnarok, que é onde não só Asgard sucumbe ao poderoso Surtur, como também todos seus moradores perecem violentamente, incluindo o Poderoso Thor, que fica fora de ação por um longo tempo no Universo Marvel, dado como morto para o mundo.  No filme, Thor (Chris Hemsworth) acaba se encontrando com Surtur em sua peregrinação pelo universo em busca das Joias do Infinito, e derrota a criatura (facilmente até), levando sua coroa de volta para Asgard, para a sala de troféus de Odin. 



De volta a seu lar, ele acaba descobrindo que em sua ausência, Loki (Tom Hiddleston) assumiu o lugar de seu pai, desfrutando de todas as regalias que um soberano poderia desfrutar. Começa então a busca pelo verdadeiro Odin (Anthony Hopkins), que foi abandonado sem memória na Terra por Loki. Com a ajuda do agora (pelo visto) Mago Supremo da Terra, Stephen Strange (Benedict Cumberbatch), Thor e Loki encontram Odin perdido na Noruega, apenas para se despedirem dele e vê-lo desaparecer para sempre não antes de confessar um de seus piores crimes: O aprisionamento de sua primogênita Hela (Cate Blanchett). 



Todo o enredo do filme parte do princípio que Odin sempre foi um grandessíssimo filho da puta que arrasava os nove reinos por onde passava conquistando seu título de “Pai Supremo” na força, e que Hela sempre fora sua executora, empunhando inclusive o poderoso Mjolnir. Quando num ato de arrependimento ele quis se redimir de seus pecados, assumindo um caráter mais “diplomático”, ele tratou de esconder seu passado, encarcerando assim Hela e fazendo com que todos a esquecessem. A prisão de Hela não poderia ser aberta enquanto Odin vivesse, e assim que ele parte, ela retorna, com sede de vingança e PUTAÇA (com razão!).



Na primeira tentativa de detê-la, Thor e Loki são vencidos facilmente, e enquanto ela viaja para Asgard, eles se perdem, caindo em Sakaar, um planeta arena comandado pelo Grão-Mestre (Jeff Goldblum) e onde lutas sangrentas alimentam o bom e velho Pão e Circo. Provando sua valentia e capturado pela guerreira asgardiana Valquíria (Thessa Thompson), Thor acaba virando um combatente da arena, e em seu primeiro desafio é obrigado a enfrentar o campeão de Sakaar: O Incrível Hulk (Mark Ruffalo).



Falando assim Thor Ragnarok parece um puta de um filme épico, não é mesmo? Mas só parece mesmo. Embora tenha boas cenas de ação e potencial para se tornar um dos filmes mais dramáticos e emocionantes da Marvel Studios, toda a dramaticidade e seriedade se perde fácil em meio a um show de piadinhas e gags divertidinhas que fazem o público cair na gargalhada o TEMPO TODO nas quase duas horas de projeção. Sim, o filme é muito engraçado e funciona muito bem como uma comédia, já que tanto Hemsworth quanto Ruffalo possuem em sua gênese uma veia mais cômica do que dramática.  As interações entre Thor e Hulk fazem com que o filme seja muito divertido, e deslocam completamente a seriedade que Cate Blanchett impõe a sua Hela, de longe uma das melhores vilãs dos filmes Marvel. 



Após esmigalhar o Mjolnir sem nem suar e surrar Thor e Loki juntos por mais de uma vez, fica muito claro que ela é um dos personagens mais poderosos apresentados até então nos quase vinte filmes do MCU, e seu destino fica incerto ao final da história, o que poderia muito bem ser aproveitado no futuro. Se deslocarmos Thor Ragnarok do restante da cronologia cinematográfica e não levarmos nem um pouco a sério, ele é uma excelente comédia 10/10, mas dentro do que já tinha sido estabelecido (a reunião das Joias do Infinito e o perigo representado por Thanos), o filme se torna uma baboseira sem tamanho que não consegue impactar (talvez com a luta entre Thor e Hulk que é a única REALMENTE memorável), não consegue emocionar (personagens morrem a RODO sem qualquer comoção ou importância) e não consegue empolgar com péssimas tomadas de combates e uma caralhada de CGI desnecessária, vide o combate da Hela contra os soldados de papel de Asgard.



Parece estranho eu dizer isso ao final do review, mas Thor Ragnarok é um filme muito bom que vale o ingresso. Só esquecer a fonte de origem e também o que aconteceu no cinema de 2008 pra cá que tá tranquilo, tá favorável.

Nota: 7,5/10


Homem Aranha: De Volta ao Lar já chegou aos Blu-rays e provavelmente já conseguiu ser visto por todo serumaninho que gosta de HQs e filmes de heróis. Se você ainda não viu... Tudo bem também, não é nada que se possa dizer “Nooooossa, que filme imperdível”.

Falei um pouco das minhas expectativas sobre o filme aqui, quando foi lançado o trailer da bagaça, e devo admitir que a conclusão a que cheguei assistindo não mudou muito minha opinião prévia. Entre vocês, assim como Thor 3, 0% acreditava que o filme seria o melhor de 2017.



Uma parceria entre a Sony e a Marvel Studios, Homecoming custou US$ 175 milhões e rendeu um pouco mais do que US$ 880 milhões, deixando para trás muitas outras produções com o próprio Homem Aranha somente capitaneadas pela Sony antigamente. Embora a bilheteria tenha sido boa, a impressão que se tem é que a própria recepção do público já não é mais a mesma com o Cabeça-de-Teia, o que se dá em grande parte pelo fracasso de O Espetacular Homem Aranha 1 e 2 (ambos dirigidos por Marc Webb) e pelo desgaste do personagem na telona. Seja como for, o filme solo do personagem acabou sendo uma aposta da Marvel, que viu o burburinho que se criou com a presença do mesmo em meio a Guerra Civil e aproveitou a deixa. 

Bem... Não dá pra dizer que o estúdio errou, já que a grana que entrou (embora menor do que a prevista) por conta dele foi absurda.



O clima do filme é bem “soft” e condiz com o que esperamos do Homem Aranha. O Peter Parker de Tom Holland é nerd, é inteligente e como Homem Aranha é engraçado, exatamente como nos quadrinhos, mas as semelhanças acabam por aí quando o atrelam MUITO a Tony Stark (Robert Downey Jr.), o amarrando completamente ao Homem de Ferro de modo a impossibilitar que a Sony o pegue de volta por motivos contratuais. Pra começar, toda a tecnologia do traje do Aranha é “by Stark Industries” (exceto o disparador de teia e a própria substância pegajosa), e o Aranha é quase um inútil sem essa tecnologia.



Aiiin, Rodman! Ele tem a agilidade proporcional a de uma aranha, ele anda pelas paredes e super-força mesmo sem a tecnologia. Não seja um pau no cu do caralho, seu pau no cu do caralho!

Ok, jovem padawan, mas tirando os momentos decisivos em que ele se vale apenas de suas habilidades aracnídeas e sua própria inventabilidade genial, ele passa o resto do filme querendo chamar a atenção de Tony Stark e se valendo de sua tecnologia (incluindo sua interação com a IA Karen, o que gera momentos muito engraçados na história). O Homem Aranha da Marvel é quase um Homem de Ferro Jr. e isso incomoda bastante, o que faz com que o personagem seja diminuído e se torne, aparentemente, incapaz de se virar sozinho.



Aiiinn, Rodman! Mas ele derrota o Abutre sozinho, usando apenas seu traje de cospobre!

Sim, e no final, depois de dizer que não quer se tornar um vingador ao Tony e virar-lhe as costas o que ele faz? Aceita o traje “by Stark Industries” novamente e continua sendo um Homem de Ferro Jr.

 Nota: 7,5/10


A segunda parte de Guardiões da Galáxia é com segurança tão boa quanto a primeira, e dá uma unicidade impressionante a seus personagens principais, tratando-os não mais como um grupo de desajustados disfuncionais, mas sim uma verdadeira família. Aliás, o tema desse filme é exatamente esse: Relações familiares.

Dirigido mais uma vez por James Gunn (que parece ser o diretor mais legal de Hollywood!!), a produção custou US$ 200 milhões de doletas, e arrecadou mais do que US$ 863 milhões em todo o mundo.



Um contraponto interessante entre Guardiões da Galáxia vol. 2 e Thor Ragnarok é que apesar de ser SIM uma comédia e descambar VÁRIAS VEZES para a palhaçada gratuita, Guardiões sabe ser sério e dramático na hora que precisa. A gente ri muito com a interação entre Drax (David Bautista) e a assecla de Ego (Kurt Russel) Mantis (Pom Klementieff), se diverte com o Rocky (Bradley Cooper), mas se emociona com o drama de Peter Quill (Chris Pratt), sua relação errática com seu pai Ego e tudo que envolve sua estranha aproximação da terráquea Meredith Quill, a mãe de Peter. 



Diferente de Thor Ragnarok, nós nos importamos com TODOS os personagens, e torcemos para que eles consigam se safar, até mesmo aqueles que são vilões na primeira parte, como o Yondu de Michael Rooker. A gente torce para o Michael Rooker!! Sério!!!



Guardiões da Galáxia vol. 2 é mais uma ode aos anos 80 com músicas setentistas, e essa mistura de passado com futuro torna o filme excelente de ser visto em tela grande, criando também uma expectativa grande para que essa equipe se junte aos Vingadores em Guerra Infinita. Quem está empolgado com essa junção coloca a cabeça pra fora (UIIIAAA!) da janela e dá um grito agora!



Na enquete, Guardiões da Galáxia 2 ficou com 12% da preferência de vocês como melhor filme de 2017.

Nota: 9/10


Mulher Maravilha deu a chance da Warner/DC dar um respiro muito importante em seus investimentos cinematográficos após as porradas que levou da crítica por Batman V. Superman e Esquadrão Suicida. Embora os filmes tenham arrecadado uma grana violenta (nesse caso), dinheiro não é tudo, já que os dois se tornaram bons exemplos do que NÃO DEVE SER FEITO em matéria de filmes de super-heróis.



Mulher Maravilha dirigido por Patty Jenkins provou que dá SIM para fazer um filme épico com um orçamento apertado e que agrade gregos e troianos (olha a ironia! Eu ainda sei usar!). Tendo em mãos US$ 149 milhões (o orçamento mais baixo de todos os filmes até aqui citados) Jenkins e sua produção fez o filme render mais de US$ 821 milhões, o que é um ótimo número em se tratando de um filme PROTAGONIZADO por uma personagem feminina e dirigido por uma mulher. Wonder Woman serviu, entre outras coisas, para quebrar paradigmas, em especial o de que “personagens femininas não rendem boas histórias e bilheterias”. 



Tratada em seus primórdios como um sexy symbol nos quadrinhos e usada com um apelo sexual AINDA MAIOR nos polêmicos anos 90, a Mulher Maravilha voltou a ser vista com o respeito devido graças a sua nova intérprete, Gal Gadot, que não só abraçou sua causa como se entregou de corpo e alma a personagem, tendo filmado inclusive algumas tomadas grávida. Muito criticada por seu porte físico “longilíneo” em demasia na época que foi anunciada como a Princesa das Amazonas do Universo cinematográfico, Gadot acabou provando que seu carisma podia ser maior do que a falta de curvas, e após a projeção do filme não tinha uma pessoa na sala do cinema que não estivesse a enchendo de elogios “como ela é linda!”, “olha esse sorriso!”, “estou apaixonado!”. 



E é exatamente o que Gadot nos passa na pele da inocente e ao mesmo tempo guerreira Princesa de Themyscira.



Ela já havia sido uma luz no fim do túnel em Batman V. Superman, e voltou a impressionar em seu filme solo, mostrando que ela não é a Mulher Maravilha que merecemos, mas a Mulher Maravilha que precisamos. Méritos a Patty Jenkins que recebeu um auxílio de Zack Snyder durante a produção (provavelmente as cenas em Slow Motion foram ideia dele!). Como nem tudo são flores, o vilão Ares vivido por David Thewlis Wheeler deixa bastante a desejar no quesito imponência (porra! É o Ares... o deus da Guerra, caralhooo!), o que torna a luta final entre ele e Diana chaaaaata, looooonga e com um CGI tão ruim quanto o usado no Cococalipse de Batman V. Superman. Fora isso, o filme é bão demaisdaconta (sotaque mineiro), incluindo a interação de Diana com Steve Trevor (Chris Pine, que seria um Lanterna Verde/Hal Jordan perfeito!).



Mulher Maravilha ficou com 18% na enquete de melhor filme de 2017.

Nota: 8/10



Ok. Temos o melhor filme da Warner/DC até o presente momento.

Como já havia falado aqui, nenhum dos setecentos trailers lançados havia me empolgado (aliás, o último que me empolgou foi Vingadores 3: Guerra Infinita, e olhe que nem vi numa qualidade que dá pra se ter alguma opinião formada!), mas ver a Liga da Justiça se juntando e partindo pra porrada causa uma sensação de realização de um sonho.


Vamos admitir que a última vez que isso aconteceu foi em Vingadores (o primeiro de 2012), e não era tanto pela importância dos personagens (na vida real, antes da Marvel Studios, quem se importava com Vingadores???), mas sim pela importância do EVENTO. Aquela era a primeira vez que víamos a união de vários personagens que a gente tinha se acostumado a ver separados em seus filmes solo, mas ver a tal “iniciativa Vingadores” do Nick Fury tomar forma foi algo orgásmico.


De lá pra cá tivemos dezenas de filmes de super-heróis, e a gente começou a ficar empanturrado de tanto ver esse gênero na telona (quem diria!), de forma que poucos filmes ainda causavam aquela “sensação de Vingadores”. A última fagulha pareceu ter se apagado quando Batman V. Superman, aquele que deveria ser o filme das nossas vidas da última semana, fracassou nos jogando na cara um Batman assassino, um Lex Luthor com problemas mentais e um Apocalipse medonho feito de bosta. Liga da Justiça já não parecia mais tão interessante... Mas a vela que estava quase apagando voltou a se acender, e iluminou toda a sala.


Dirigido por Zack Snyder quase que 90%, o filme tem um tom levemente diferente de seus predecessores, e exatamente por isso se dá melhor que eles. Afastado da produção devido uma tragédia familiar, Snyder foi obrigado a passar o bastão para Joss Whedon, nada mais nada menos o cara responsável pelos Vingadores no cinema.

“Aiiiin Rodman! Tá explicado porque o filme é melhor que Batman V. Superman!”.

Não é bem por aí, marvete safado! Whedon pegou a produção bem no finalzinho, e ficou responsável, entre outras coisas, pela montagem do filme, o que hoje, lendo as críticas, podemos perceber que enfureceu os fãs do Deusnyder, já que na edição final ele deixou muita coisa do material original de fora. Pra perceber isso, não precisamos ir muito longe. Dá um play aí em qualquer um dos trailers lançados e você vai notar pelo menos uma duas ou três cenas que não aparecem no filme.


Liga da Justiça tem um ritmo muito bom do começo ao fim, e a falta de explicação para o aparecimento de alguns personagens não incomoda, tornando desnecessário, por exemplo, um filme solo do Flash (Ezra Miller) para mostrar o acidente que transformou Barry Allen, outro pra mostrar como Aquaman (Jason Momoa) se tornou o soberano da Atlântida (renegado ao que parece) ou como Victor Stone (Ray Fisher) “morreu” para se tornar o Ciborgue ANTES do filme da Liga. A primeira aparição de cada um deles acontece de forma orgânica, e algumas delas auto-explicativas. O que não é explicado de início, acaba sendo mostrado posteriormente em diálogos, como o de Barry e Victor enquanto cavam uma cova (!!) e entre o Aquaman e Mera (Amber Heard) no fundo do mar.  


Algumas cenas de ação são bem empolgantes, em especial as que não se valem do maldito cenário CGI em que tudo fica explodindo ou rodando em volta e das caralhas das cenas em slow motion, mas praticamente TUDO que envolve a Mulher Maravilha é extremamente bem cuidado, incluindo a cena de abertura em que ela impede um assalto a banco e salva reféns. Ali podemos ver a Srta. Diana em toda sua glória, valendo de todos os seus dons especiais.


Aliás, assim como Peter Quill é o coração de Guardiões da Galáxia, a Mulher Maravilha funciona da mesma forma em Liga da Justiça, colocando-a não só como a líder do grupo, como o elemento de ligação entre eles, algo que o Batman trevoso do Ben Affleck JAMAIS poderia ser, já que ele não funciona como estrategista (“eu derrubo a torre! Não se preocupem comigo!”), não funciona como líder, não funciona como personagem furtivo, não funciona como brucutu e nem porra nenhuma. Se o Grant Morrison tivesse escrito o roteiro de Liga da Justiça, o Batman não só venceria sozinho o Lobo da Estepe como também já teria chamado o Darkseid pra porrada já pensando em pelo menos quatro maneiras diferentes de chutar a bunda dele.  


Aproveitando a deixa... Vamos falar de problemas?

Apesar do ritmo bom, Liga da Justiça sofre de um problema recorrente de filmes que passaram por refilmagens ou troca de diretor: O remendo evidente. Em mais de uma oportunidade dá pra sacar que a passagem de tempo e as cenas de conexão são mal feitas, deixando o espectador com aquela cara de “what a f...”. A própria união da Liga se dá de maneira bem genérica e inexplicável, como por exemplo, como o Aquaman sabia que os demais estavam caindo na porrada com o Lobo da Estepe naquele subsolo e como diabos ele apareceu no meio daquela enxurrada???


Enfim. Suspensão de descrença funciona nessas horas.

Achei o batveículo com pernas (o tal Nightcrawler) do Batman uma bela de uma coisa inútil, e quando o Ciborgue assume o comando dele nem é tão impactante quanto parece no trailer, tornando toda aquela sequência de salvamento de reféns e enfrentamento com o Lobo da Estepe bem qualquer nota, já que não serve nem pra provar a superioridade física do vilão medonho de CGI... Aliás, mais um pra conta da DC!

Por que um vilão de CGI, DC? Por que?


O Lobo da Estepe simplesmente não funciona, e grande parte disso é porque esse desgraçado é 100% feito em CGI. Problemas para arranjar um ator com algum talento dramático para dar alma a esse vilão (que já é bem mequetrefe nos quadrinhos!)? 

Por ser um boneco digital, as interações dramáticas com ele se tornam quase nulas, e nem mesmo os embates físicos salvam, já que fica bem óbvio que os atores reais estão “acertando o ar” quando simulam golpes contra ele. O Lobo é só um vilão genérico com desejos megalomaníacos de “destruir ou dominar o mundo” e é mais raso que um pires, incapaz de causar medo ou aquela sensação de “ih, agora fodeu!”. A cena pós-crédito e o que acontece nela consegue ser mais empolgante que a presença do Lobo da Estepe durante o filme todo!


Sem dar muitos spoilers desnecessários, é possível dizer que a presença do Superman de Henry Cavill no filme é bem pontual. Assim como já era esperado, ele surge sim como a salvação da lavoura, e depois que ele volta, a balança volta a pender para o lado da Liga, que até então estava tomando um cacete do Lobo e de seus parademônios. Toda a polêmica envolvendo o bigode de Cavill, que precisou ser retirado digitalmente nas cenas adicionais, tem razão de existir. Ficou bem tosco


Em IMAX fica ainda mais gritante as mudanças digitais no rosto do ator, que acabou ficando com um queixo todo bem esquisito na edição. A esquisitice fica clara na PRIMEIRA cena do filme, quando então eles tentam dar uma forçada de barra dizendo que o mundo amava o Superman e que tudo de ruim que aconteceu é consequência direta da sua morte. 

Claro! Um alienígena superpoderoso que cai na porrada com outro alienígena superpoderoso derrubando prédios na cabeça de pessoas e destruindo UMA CIDADE no processo. Sim, a Terra ama o Superman. Aham!


Seja como for, o Superman  ressuscitado é mais agradável que suas versões anteriores, e por algum momento a gente quase que pode sentir uma exaltação com a sua presença, algo que todos os Supermen de todas as outras mídias sempre causou, mas que o de Henry Cavill nunca antes conseguiu.

Vamos lá... Seja sincero. Você deu pelo menos uma suspirada quando a Lois Lane (Amy Adams) chegou naquele momento em frente ao monumento dedicado ao Superman, depois do quebra pau com a Liga. Fala a verdade! Meus velhos olhos deram uma marejada, devo confessar.


Aliás, falando do quebra do pau do Superman contra a Liga... 

PUTA QUE PARIU! 

Uma das melhores cenas de pancadaria ENTRE HERÓIS da história do cinema. Disparada a melhor cena do filme inteiro. Fez valer o ingresso! 

Em resumo (depois de escrever um Senhor dos Anéis aqui!!) o filme da Liga da Justiça corrigiu alguns dos principais problemas que as demais produções Warner/DC sofreram, e trouxe tudo de melhor que aconteceu em Mulher Maravilha. Ponto para a DC. A insistência em Zack Snyder na direção talvez seja um erro, mas como boa parte do filme foi dirigida e planejada por ele, claro que as coisas boas devem ser creditadas ao cara... Assim como as ruins. Sua visão de heroísmo parece sempre limitada e isso não permite que seus personagens evoluam. O Flash do cinema, além de bobalhão, é burro (não tem sequer noção de direção!!) e nem parece ser um cientista forense (como ele conseguiu a porra do trabalho no final do filme??). 


O Aquaman de Jason Momoa está mais para um Brucutu louco por briga do que para um soberano dos mares, o que não o diferencia muito de seu Conan ou de seu Khal Drogo. É verdade que sua atuação está bem melhor e ele tem mais falas também! Hehehehe! O Batman é só um velho combatente que não sabe agir em meio a caras superpoderosos e prova que sem o poder do roteirista ele é só um ninjinha de merda mesmo, como fica bem claro nas falas do Aquaman “me desculpe, mas você é só um cara normal” e da Mulher Maravilha “ele não vai durar um minuto” quando ela visualiza seu plano “brilhante” de derrubar a torre tomada por Lobo Estepe.

Eu gostei do filme? Sim. De grande parte dele. O filme tem problemas? Sim. Vários, mas alguns são fáceis de relevar e os que incomodam mais não deixam a nota ser superior a 8,5/10.


Na enquete do Blog do Rodman a Liga da Justiça ficou com 25% da escolha do público, e pela grandiosidade do evento, (porra! É o encontro dos personagens MAIS CONHECIDOS do universo pela primeira vez no cinema!) deveria ficar em primeiro, mas esse posto foi ocupado por Logan (43%), filme que nos mostrou um vislumbre do VERDADEIRO Wolverine pela primeira vez em tela grande. Mas desse eu já falei bastante aqui.

Liga da Justiça teve um orçamento exorbitante de US$ 300 milhões, e até o presente momento já arrecadou US$ 96 milhões em seu primeiro final de semana. Nada mal, hein!

NAMASTE!

18 de setembro de 2017

COMBO BREAKER #006 - Bingo, Atômica e It - A Coisa


Sim, amiguinhos! Parece que os anos 80 voltaram com tudo!

Nós trintões que nascemos nessa década tão feliz (e louca, MUITO louca!) estamos nos regozijando a cada novo lançamento do cinema, e não é que somos mais especiais que os demais públicos, é que os anos 80 dão mais possibilidades de criação de roteiros que os atuais anos 2000. Os anos 80 são tão mais legais que até estão querendo voltar com o medo do holocausto nuclear, não é senhor Kin Jong-un?

No Combo Breaker de hoje vou fazer meu review de três filmes que se passam durante os badalados anos 80, o nacional Bingo – O Rei das Manhãs, Atômica e o remake (reboot, sei lá) It – A Coisa.



Dirigido por Daniel Rezende, Bingo – O Rei das Manhãs é a cinebiografia (não inteiramente declarada) de Arlindo Barreto, o primeiro intérprete brasileiro do personagem Bozo para o programa de TV do SBT dos anos 80. O palhaço Bozo era uma franquia norte-americana trazida ao Brasil pelo Homem do Baú para bater de frente com a poderosa Rede Globo, que na época liderava a audiência das manhãs (e do resto do dia também!) com uma certa loira Rainha dos Baixinhos.

No filme, Vladimir Brichta dá vida a Augusto Mendes, um ex-ator pornô que decide mudar os rumos da sua carreira artística e virar um ator respeitável de novelas. Filho de uma importante atriz de TV agora aposentada (contra a vontade) interpretada por Ana Lucia Torre, Mendes vê a chance de impressionar o filho e a ex-esposa (também atriz vivida por Tainá Müller) ao conseguir um papel de figurante em novela da TV Mundial (Globo, Cof! Cof!). Querendo aparecer mais que os diretores permitem, Mendes é escorraçado da TV, o que faz crescer nele uma ira gigantesca contra a emissora, o fazendo prometer que um dia ele derrotaria a Vênus Platinada na audiência.



Ao tentar um papel em uma novela da TVP, Mendes decide se candidatar a vaga de palhaço para um novo programa infantil, e mesmo sem experiência no ramo, acaba impressionando o criador da franquia americana usando a arte do insulto. Sem entender porque todo o estúdio estava caindo no riso com as piadas de cunho sexual acerca dele, o produtor estrangeiro acabou escolhendo Mendes como o Bingo brasileiro.

Entre erros e acertos, sob a batuta da enérgica diretora do programa Lúcia (Leandra Leal) Augusto começa a tomar gosto pelo papel, assumindo de vez a identidade do palhaço. Mergulhando fundo no mundo televisivo enquanto decide tomar aulas de circo com um palhaço de verdade (vivido por Domingos Montagner) para refinar suas técnicas de fazer graça junto ao exigente público infantil, o ator começa a trazer resultados para a TVP que sobe de terceiro para segundo lugar na audiência das manhãs. 



Almejando o topo, como ele havia prometido para o arrogante diretor da TV Mundial um dia, Augusto começa a ficar obsessivo pelo trabalho, enquanto se aproxima do vício do álcool, cigarro e drogas ilícitas, junto ao cameraman e parceiro de farra Vasconcelos (Augusto Madeira).

Afastado da família e principalmente do filho Gabriel (Cauã Martins) enquanto Bingo começa a ganhar cada vez mais relevância, se tornando um verdadeiro ícone entre as crianças do Brasil, Augusto entra numa vibe de loucura quase suicida, se afundando cada vez mais nas drogas e no álcool, o que usa para se manter são. Quando finalmente Bingo bate a audiência da Mundial, o ator por trás da máscara de palhaço entra numa catarse impressionante, brilhantemente interpretada por Brichta, ator que caiu perfeitamente para o papel. Embora não consiga exprimir tão bem a carga emocional (no ápice da história quando Bingo está no topo e lhe ocorre uma tragédia familiar), Brichta está excelente em todos os outros momentos. A ironia do personagem Augusto e até mesmo sua dramaticidade revelam um talento que pouca gente conhecia de Brichta, sempre escondido em papeis cômicos nas novelas da Mundial... digo, Rede Globo!



A biografia do primeiro Bozo brasileiro rendeu um PUTA de um filme nacional que deixa pouco a desejar para outros sucessos como Tropa de Elite e Cidade de Deus, sem falar que a fotografia e figurino são do caralho, nos ambientando MESMO nos anos 80. O diretor Daniel Rezende mostra que entende da linguagem cinematográfica em várias cenas, usando técnicas de plano-sequência assustadoras e enquadramentos ousados. As cenas em que Augusto, em desgraça, se vê sozinho em seu apartamento, e drogado atinge uma televisão com o punho, e que ele entra ao vivo vestido de palhaço SEM o característico nariz vermelho, e que depois acaba sofrendo uma hemorragia nasal, são dignas de Hollywood. A dramaticidade implícita nas duas cenas nos faz querer aplaudir de pé o filme quando os créditos começam a subir.



Se você nunca assistiu o Bozo, não nasceu nos anos 80, não entende nenhuma das referências à TV daquela época e mesmo assim quer ver um baita de um filme nacional bem produzido e bem dirigido com atuações ótimas, vale a pena sim ir ao cinema para conferir Bingo – O Rei das Manhãs. O filme foi selecionado como candidato brasileiro para disputar uma vaga no Oscar de 2018, mas apesar de ser excelente e bem significativo para o nosso público, duvido que tenha muitas chances no estrangeiro.  Vale a torcida, no entanto!



NOTA: 9,0



Antes de falarmos do filme precisamos bater um papo sobre David Leitch, o diretor de Atômica.

Quem é esse cara????

Antes de John Wick (De Volta ao Jogo no Brasil) estrelado por Keanusou um boneco de cera, mas eu sou legalReeves eu NUNCA tinha ouvido falar nele, mas o cara já havia participado, seja na direção, seja na produção, de vários filmes (ruins) como Destino de Júpiter e Tartarugas Ninja Fora das Sombras. Antes de assumir a direção e produção, no entanto, Leitch fez uma carreira sólida como dublê, entrando na porrada inclusive no lugar de Brad Pitt e Van Damme, o que o gabaritou para dirigir as cenas IMPRESSIONANTES que ele tão bem tem executado de 2014 para cá. Apesar de NEM ter sido creditado em John Wick, filme que co-dirigiu com Chad Stahelski, Leitch agora parece ter encontrado um lugar ao sol, já que participou da produção de John Wick 2, dirigiu Atômica e já está trabalhando em Deadpool 2.



Estrelado por Charlize Theron que há bastante tempo tem se mostrado uma excelente atriz de ação além de atriz dramática, o filme é um thriller de espionagem que se passa no finalzinho da Guerra Fria, pré-queda do Muro de Berlim. Com um roteiro confuso e pouco linear, o filme nos deixa um pouco perdidos em seu andamento, enquanto tentamos entender, afinal, quem devemos odiar, quem devemos amar ou torcer. Enviada disfarçada pelo MI6 até Berlim para investigar o assassinato de um oficial e recuperar uma lista que contém a identidade de vários agentes duplos, Lorraine Broughton (Theron) acaba cruzando no caminho com o intrigante David Percival (James McAvoy) e com a linda e mortal Delphine (Sofia Boutella). 



Enquanto tenta recuperar a tal lista, Lorraine é atacada por todos os lados e tem que provar que seu treinamento especial valeu a pena.



Atômica é um misto de Jason Bourne com John Wick e James Bond, mas com uma MULHER como protagonista, o que só tornam as cenas de porrada AINDA MAIS realistas.  O estilo de filmagem de Leitch é de deixar o espectador abismado em frente à tela. Parece não haver espaço para “firulagens” ou muletas digitais enquanto ele desenha as cenas de ação, e nos dois exemplos de filmes dá se a impressão que tanto Keanu Reeves quanto Charlize Theron estão REALMENTE executando suas cenas, sem dublês.



O plano sequência de mais de 10 minutos em que a personagem Lorraine enfrenta dezenas de caras armados em um prédio enquanto tenta proteger uma testemunha importante (um agente que tem decorada toda a lista de espiões duplos em sua memória) é impressionante! Enquanto tentava achar o momento em que algum dublê assumia o lugar de Charlize Theron, a cena se desenrolava SEM PARAR, sem cortes, indo de um cômodo a outro do prédio, de um andar a outro, inclusive ESCADA ABAIXO. Essa cena é tão longa e impactante que parece que sentimos todas as fraturas e luxações da personagem em nosso corpo, ali sentados na poltrona do cinema. Já tinha visto algo parecido em John Wick, mas acredito que essa tenha sido uma das cenas de ação mais bem feitas da história do cinema. Nota 10!



Baseado na HQ The Coldest City de Antony Johnston e Sam Hart, Atômica custou US$ 30 Milhões e já tinha faturado mais de US$ 42 Milhões até a última semana de Agosto, rendimento considerado modesto se usarmos grandes blockbusters como comparativo.
Questionado sobre o assunto, Leitch comentou que gostaria de ver um filme em que Lorraine Broughton encontra John Wick, e que isso seria extremamente empolgante. Porra! Até eu me empolgaria com um filme assim! Vale lembrar que Theron e Reeves já se encontraram em cena nos anos 90 durante o excelente Advogado do Diabo e em Doce Novembro de 2001.

NOTA: 8,0



Parece que produtores e diretores encontraram nos anos 80 uma moradia segura e rentável para colocar em prática suas ideias acerca de roteiros. O tema nostalgia (além do canal do Castanhari!) já tem dado bons frutos na Netflix com Stranger Things (que em breve ganhará sua segunda temporada) e até mesmo no cinema, com Guardiões da Galáxia da Marvel, que apesar de se passar no “presente” e no espaço cheio de tecnologia, se vale muito das memórias do terráqueo Peter Quill sobre sua infância nos anos 80. Quem não se lembra de suas memórias sobre Kevin Bacon e Footloose no primeiro filme e na sua carência paterna aflorada com o Michael Knight de David Hasselhoff no segundo filme?



It – A Coisa de 1991 dirigido por Tommy Lee Walace foi criado direto para TV e adaptava o livro homônimo de Stephen King, o que faz de sua versão de 2017 a PRIMEIRA adaptação do livro para o cinema. Nunca vi o filme anterior, mas eu lembro que ele era recorrente no Cinema em Casa do SBT na década de 90. Embora eu saiba que isso também é uma falha grave em meu caráter, nunca li o livro de King, e tudo que posso dizer aqui é sobre a versão atual de It que me deixou positivamente impressionado.



A história se passa no final dos anos 80 na pacata cidade de Derry, onde estranhos desaparecimentos de crianças começam a tirar a paz dos moradores do lugar, colocando em alerta os integrantes do chamado “Clube dos Otários”, cujo membro Bill (Jaeden Lieberher) acaba perdendo o irmão caçula num dia chuvoso (na sequência da cena mostrada no trailer do barquinho de papel).




Enquanto o tempo passa, o pequeno clube continua sua vida cotidiana, assombrado pelo desaparecimento do pequeno Georgie (Jackson Robert Scott). Ao mesmo tempo em que enfrentam problemas familiares, os jovens são vítimas de um bullying nosso de cada dia na escola e no bairro. A jovem Beverly (Sophia Lillis) é aterrorizada pela abrutalhada Gretta (Mega Charpentier) na escola, enquanto os meninos Richie (Finn Wolfhard), Eddie (Jack Dylan Grazer) e Stanley (Wyatt Oleff) sofrem nas mãos do bad boy Henry Bowers (Nicholas Hamilton) e sua gangue de bullies. É engraçado relembrar que os trintões de hoje em dia costumam dizer que “não existia bullying” em nossa infância e que “ninguém morreu” por ter sofrido nas mãos dos valentões da escola, mas o tema sempre foi recorrente na maioria dos filmes que retratavam adolescentes na Sessão da Tarde. Em It o tema não só é tratado de forma séria como também é mostrado de forma bem cruel, provando que o bully SEMPRE tem um passado de maus tratos em casa e que por isso eles sentem a necessidade de descontar nos mais fracos. A relação conturbada do garoto Bowers com o severo pai policial é um dos gatilhos que mostra a verdadeira natureza humana em momentos de pressão.



Depois do desaparecimento de Georgie, todos os garotos começam a passar por situações de desespero, assombrados pela figura de um palhaço que encarna seus principais medos e inseguranças. Inicialmente longe do Clube dos Otários, Ben Hanscom (Jeremy Ray Taylor) passa boa parte de seu verão na biblioteca, onde estuda sobre o passado de Derry. Encontrando várias relações entre o desaparecimento das crianças com acidentes graves ocorridos na cidade em décadas anteriores, Ben é o primeiro a ter um “encontro” com o palhaço Pennywise, que o persegue na biblioteca. Após ser perseguido e ferido por Henry Bowers e seus amigos idiotas, Ben acaba cruzando o caminho de Bill, Richie, Eddie e Stanley e acaba entrando para o clube, junto da garota Beverly e do garoto Mike (Chosen Jacobs).



It – A Coisa é um filme MUITO BOM não só pelo saudosismo de uma época em que os adolescentes andavam de bicicleta pelos bairros, ouviam rádio e estudavam na biblioteca, mas principalmente porque fala de assuntos que até hoje são tabus como assédio sexual DENTRO de casa às vezes praticado pelos pais, pelo bullying, pela autoridade excessiva dos pais, tragédias familiares e pela violência. O palhaço Pennywise interpretado por Bill Skarsgard é um demônio que a cada 27 anos assola a pequena cidade atrás de vítimas cujo medo o alimenta, mas ele está longe de ser o grande vilão, já que ele desperta nas pessoas o que há de mais maligno nelas. It tem cenas absurdas que em alguns momentos pode até chocar a plateia (a minha sessão estava repleta de crianças com seus pais), mas o terror é usado na medida, como uma forma de contar bem a história.


O filme é de terror, mas os personagens de alívio cômico funcionam bem demais. Conhecido em Stranger Things (ele é o Mike Wheeler), o garoto Finn Wolfhard interpretou muito bem o personagem “zoeiro” do grupo, aquele que tem sempre uma boa sacada e uma piadinha pra tudo (em grande parte envolvendo o próprio pinto). Da mesma forma o personagem Eddie e sua hipocondria potencializada pela mãe superprotetora causa momentos hilários de humor durante o filme, já que ele é visto como o nojentinho, e sobram piadas até mesmo nos momentos de maior tensão, o que fez com que muita gente comparece It com as produções Marvel, conhecida por inserir piadinhas que quebram o clima dramático dos filmes.   



Assisti uma versão dublada do filme no cinema e senti falta de conhecer os termos em inglês usados pelas crianças bem como aproveitar melhor a intepretação delas, porém não tenho nada a reclamar da dublagem que foi bem competente, em especial com as vozes das crianças. A sessão também estava bem falante, como costume em filmes de terror, mas mesmo assim consegui me conectar com o enredo, chegando a me emocionar com a tocante história do menino Bill e a busca por seu irmãozinho perdido. A idade tem me tornado cada vez mais sensível com essas questões, e não faltaram lágrimas com o “reencontro” de Bill e Georgie já próximo do final do filme. O triângulo amoroso entre Beverly, Bill e Ben também rende vários momentos de consternação no cinema (à favor do gordinho) e a paixão que o garoto revela ter pela menina com o cartão postal é um dos momentos mais fofos de It.



Regado de efeitos digitais fantásticos que potencializam a característica terror e a periculosidade de Pennywise, o filme deixa pouco a desejar para outras produções de sucesso recentes de terror como Invocação do Mal, e assustam na mesma medida. It já se tornou fácil um dos meus filmes de terror prediletos e com o tema “grupo de crianças que tentam resolver problema” já está lado a lado com Super 8, produção que adoro e que tem temática parecida.



It - A Coisa foi elogiado pelo próprio Stephen King, custou US$ 60 Milhões e já rendeu mais de US$ 217 Milhões, o que possivelmente vai alavancar a carreira do diretor Andy Muschietti de Mama. O filme é incrivelmente bem cuidado e vale a assistida.

NOTA: 9,5.

NAMASTE!        

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