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28 de julho de 2010

Sangue Fresco

Imagine acordar em uma manhã, ligar a TV e entrar um plantão extraordinário, daqueles que gelam a espinha sempre que surgem, falando sobre a criação de um sangue sintético. Sua reação até então não seria das mais fortes, certo? Agora imagine que logo em seguida, surgissem vampiros por todas as partes do mundo que agora não tem mais porque se esconder, já que o tal sangue sintético (o Tru Blood) veio para resolver o seu "pequeno problema" de alimentação. Esse é o mote principal da série True Blood, que já está na sua 3ª Temporada no canal HBO, mas que eu descobri há menos de um mês.

O criador da série é Alan Ball, que já havia desenvolvido a série Six Feet Under, e ele se interessou pelo assunto vampiros depois que leu os livros de Charlaine Harris, fonte inspiradora para sua obra. Harris, diferente de uma tal de Meyer, trata os vampiros como eles realmente deveriam ser, e como eles sempre foram retratados, sem muitas frescuras. A maioria deles é má, é perversa e atendem facilmente a seus instintos de sobrevivência, mas precisam aprender a viver com os humanos que não deixaram de temê-los agora que sabem que eles existem de verdade.

Anna Paquin (a Vampira insossa dos 3 filmes dos X-Men) está perfeita no papel da garçonete telepata Sookie Stackhouse, e além dela, a série tem o foco principal no vampiro Bill Compton (Stephen Moyer), Jason Stackhouse o irmão de Sookie (Ryan Kwanten), Sam Merlotte (Sam Trammel) e Tara Thornton (Rutina Wesley). Todos eles vivem em Bon Temps, cidade ficctícia situada na Louisiana e que como todo o resto do país, passa agora pelos contratempos de ter vizinhos sugadores de sangue. A pequena população da cidade se divide entre aqueles que simpatizam com o fato de viver com vampiros e aqueles que abominam a ideia, e essa divisão de pensamentos e atitudes é que tornam a série interessante. Dá para se pensar em algo semelhante na vida real se os vampiros saíssem da escuridão e viessem à tona de verdade.

Não dá para assistir True Blood e não comparar com a série começada com Crepúsculo. Por mais que esteja claro que Stephanie Meyer tenha escrito seus livros pensando em adolescentes sentimentais e apaixonadas, e que os filmes tenham sido desenvolvidos para esse mesmo público, é vergonhoso lembrar como os vampiros são tratados pela escritora. É como se a verdadeira essência das criaturas não estivesse ali. Em True Blood, apesar de vermos também um vampiro todo apaixonadão pela protagonista, todo o restante continua sendo guiado pelos instintos primitivos, o que os tornam perigosos e nunca EMOs. Diferente de Crepúsculo, há muito mais elementos que atraem a atenção masculina para a série, há cenas violentas, há cenas de sexo, mulheres nuas e sangue, muito sangue. Vi os dois primeiros filmes da série de Meyer para acompanhar minha namorada e para tentar entender todo esse fascínio repentino por vampiros, e tive muito sono enquanto via. Não há nada ali que prenda a atenção, só romance insosso e interpretações mais insossas ainda.


Logo que acabou LOST meio que me senti orfão de uma boa série que desse vontade de seguir. Tentei Fringe, tentei Flashforward (já finada), ainda tento ver V, mas nenhuma conseguiu me deixar curioso para ver o capítulo seguinte, como LOST sempre fez. Acompanhei a primeira temporada inteira de True Blood (12 episódios) quase sem pausas, mais de um episódio às vezes por dia, e ainda me sinto interessado e curioso para ver o próximo da 2ª temporada. Os elementos instigantes que a série tem estimulam alguns questionamentos simplistas como "o que eu faria se os vampiros surgissem mesmo?" ou outros mais complexos como "mas não é exatamente isso que vemos hoje em dia? Preconceito com pessoas diferentes?". Claro que não se trata de ninguém que pudesse saltar no seu pescoço e te dar uma dentada, é lógico, por isso esses questionamentos ficam só na base das especulações.
A série começou mostrando um ambiente bem reduzido, poucos personagens principais, com uma trama bem desenvolvida e simples de entender. As altas dosagens de sexo são mostradas desde o 1º capítulo e envolve o relacionamento de mulheres (na série, tratadas como fode-presas)da pacata Bon Temps com vampiros. Sabemos desde sempre que vampiros tem uma lascívia acima do normal e que eles podem induzir suas "vítimas" a fazerem o que eles querem, dessa forma não é difícil imaginar um certo fascínio que isso causa em algumas pessoas. Na série, é dito mais de uma vez que a forma meio "animalesca" com que os vampiros agem na "hora H" é um atrativo à parte para esse tal fascínio e aí entra a busca por esse "algo mais" que os vampiros tem. Humanos normais começam a matar vampiros e traficar seu sangue, que passa a ser conhecido como V ou V Juice. Surgem então viciados na nova droga que querem beber da fonte e ter para si todas as propriedades curativas e afrodisíacas de um bom e fresco sangue de vampiro. Bizarro, e acredito eu, inédito até então.

A série conta ainda com outros personagens secundários, porém igualmente interessantes como Lafayette (Nelsan Ellis) que faz de tudo um pouco para sobreviver em Bon Temps, desde cozinhar para o Bar de Sam Merlotte à traficar V. Gay assumido, arruma briga com qualquer um que o trata com preconceito, e não vê nenhum problema em se relacionar com vampiros, fazendo até programas com eles. Ellis manda muito bem no papel, e em alguns momentos ele é bem divertido, principalmente por seus diálogos afiados com a prima Tara. Apesar de coadjuvante, Lafayette tem grande destaque na trama.

Até vampiros tem chefes, e Eric Nothman (Alexander Skarsgard) é o chamado Xerife da Área 5, onde vive Bill Compton. Bill é subordinado a Eric, e tem que proteger Sookie do desejo do chefe, que se interessa pelos poderes paranormais da garota. Na época de escolha do elenco para o filme do Thor, Skarsgard (até o nome se assemelha com a cidade de Thor) foi um dos cotados para viver o Deus do Trovão, papel que ficou mesmo com Chris Hemsworth.

Arlene (Carrie Preston) também é uma das garçonetes do Bar Merlotte, é mãe de um casal de filhos pequenos e acaba tendo um caso com o misterioso Rene Lenier (Michael Raymond James), um sujeito que esconde um passado terrível e se aproveita da amizade com Jason, irmão de Sookie, para obter informações preciosas sobre pessoas próximas ao rapaz.

Além dos coadjuvantes e fora os problemas de Tara com a mãe alcóolatra Lettie Mae Thornton (Adina Porter), os mistérios também envolvem o passado de Sam Merlotte, o dono do bar onde fatos importantes se desenrolam. Ninguém sabe de onde ele veio ou se tem família, e quando ele começa a se comportar de maneira estranha, começamos a descobrir qual sua real natureza, e ela é assustadora.

A abertura da série é uma das melhores que já vi em todos os tempos, possui imagens fortes além do tema empolgante "Bad things" cantada por Jace Everett . Quando assistimos aquelas cenas bizzaras cortadas secamente sem conseguirmos nos prender nos detalhes, entendemos quase que completamente do que a série trata. Não só vampiros, vemos imagens de religião, pessoas simples de interior, animais, fanatismo e possessões, além claro, de muitas cenas sensuais o que lembra que o sexo as vezes pode despertar a animalidade que existe em cada um. Nota 10.





Não tente ver True Blood no sofá da sala com a mamãe e o papai, ela não é uma série família. Ela não trata de assuntos fáceis de se digerir, fala de drogas, sexo e muito sangue, e por isso tudo mesmo é boa, ganhando um enfoque muito intimista. Allan Ball cuidou para que os elementos certos fossem inseridos em cada capítulo e não é qualquer um que tem estômago para assisti-la. Conheço umas duas ou três pessoas que diriam "ai, que série nojenta", mas a meu gosto, até então, tem agradado bastante. Os mistérios que são criados dão um toque a mais, sem falar no interessante triângulo amoroso que acaba acontecendo entre Sookie, Bill e Sam. Receita para mais umas três temporadas. Seria True Blood um "Crepúsculo" com cenas de sexo e violência? Não mesmo. Vai muito além disso.


Postarei mais detalhes sobre a série logo que terminar de ver a 2ª Temporada.



Acho que enfim encontrei a substituta de LOST.




NAMASTE ou I Wanna do bad things with you.

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