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5 de abril de 2012

Review: Fúria de Titãs 2

Este post pode conter possíveis SPOILERS!

Dificilmente eu saio de casa para ir ao cinema assistir algum filme que não estou com vontade de ver ou pelo qual tenho pouco interesse, mas fui por livre e espontânea pressão imbuído de assistir Fúria de Titãs 2 como atividade complementar (!) da faculdade, então resolvi fazer um review do filme para o Blog.

Sigam-me os bons.

De imediato já posso informar que não tenho qualquer conhecimento sobre a história do primeiro Fúria de Titãs, portanto, vou me ater ao que acontece em sua sequência simplesmente.
Em primeiro lugar o filme é bem curto. Dura em torno de uma hora e meia e a narrativa utilizada faz com que a história que ele pretende contar seja bem linear e sucinta. Aliás, beeeeem sucinta.
O roteiro escrito por Dan Mazeau e David Johnson começa dez anos depois do primeiro longa, e mostra Perseu (Sam Worthington), filho de Zeus (Liam Neeson) levando uma vida pacata sem grandes aventuras em uma vila de pescadores ao lado do filho Hélio, tentando mantê-lo longe de conflitos.

Quando seu pai Zeus vem a seu encontro, ele informa que o tempo dos deuses na Terra está acabando e que tanto o Olimpo quanto o Tártaro (o submundo da mitologia grega) estão ruindo, o que significa que todo o mal em breve estará livre. Sem querer tomar partido daquela situação em prol da segurança de seu filho, Perseu decide não ajudar seu pai, até que é obrigado a assumir uma posição quando Zeus, traído por seu outro filho Ares (Édgar Ramirez), é capturado por seu irmão Hades (Ralph Fiennes), o senhor do Tártaro. Começa então a odisseia de Perseu, que precisa salvar Zeus, cujos poderes estão sendo drenados, antes que Cronos, o pai de todos os deuses e mestre do caos, desperte.

Para resgatar Zeus do Tártaro, Perseu recorre a Andrômeda (Rosamund Pike), por indicação de Poseidon (Danny Huston), e juntos eles acabam chegando a Agenor (Toby Kebbell), filho do deus dos mares, uma das únicas pessoas vivas que conhecem a localização do deus caído Hefesto (Billy Nighy), criador das armas de Zeus (o raio), Poseidon (tridente) e de Hades (o garfo). Unidas, as armas formam a lança de Triam, a única ferramenta capaz de destruir Cronos.


[Narrador da Sessão da Tarde MODE ON] Junta, essa turminha vive grandes aventuras e se mete em altas confusões para salvar um deus muito louco de outro mundo! [Narrador da Sessão da Tarde MODE OFF]

E é isso. A história não vai muito além desse plot.
Exceto alguns pontos específicos como a morte da esposa de Perseu ou o banimento de Hades para o Tártaro, achei desnecessário ter visto o primeiro filme para entender o enredo. Fúria de Titãs 2 possui uma linha narrativa muito simplista, o que permite que qualquer pessoa, mesmo que esta não tenha nenhum conhecimento em mitologia, possa entendê-la.
Nesse quesito eu me senti bem confortável.

Os efeitos visuais do filme são outros pontos fortes da produção.
Todo a computação gráfica e a interação desta com os atores está satisfatória. O filme é quase todo dependente de CG e gostei muito da maioria das criaturas desenvolvidas com esse recurso. Quase todo o “elenco” mitológico está lá.

Temos ciclopes gigantes, Quimeras e Makhais, estes, inovadores no quesito forma. Achei muito interessante os guerreiros bárbaros de dois troncos e duas cabeças lutando agilmente contra os soldados gregos, e o modo como eles se utilizam dessa aparente vantagem física para se sobrepor aos inimigos também é fantástica.

A criatividade na construção do labirinto do Minotauro também me surpreendeu. A princípio o esconderijo da criatura metade homem e metade touro se assemelha a um dos castelos do Super Mario, se deslocando e se encaixando em peças maiores, mas observando melhor, vemos que é ainda pior se perder em um labirinto que é móvel, e que além disso pode nos esmagar, do que um que seja estático.

Nunca tinha visto essa abordagem.
O Minotauro retratado em Fúria de Titãs 2 já é visualmente melhor que aquele mostrado em Imortais (que eu resenhei aqui), por exemplo, filme que conta uma história semelhante, que também usa elementos da mitologia grega (de uma forma mais carnavalesca, claro), mas que tem o herói Teseu como foco.
O monstro possui uma aparência grotesca, porém humanoide, e representa um adversário de respeito no quesito força, embora eu tenha sentido que ele não foi um desafio muito grande ao herói do filme.
Aliás, esse é um dos problemas do filme. Quase nada é um desafio suficientemente grande ao personagem principal.

Em primeiro lugar eu não me empolguei com os combates, diferente do que aconteceu com Imortais, por exemplo, comparando os dois títulos. Todos os embates físicos são rápidos demais e o estilo de filmagem parece não querer chocar o espectador com violência, escondendo os golpes com cortes de câmera ou com objetos de cena, como paredes ou rochas. Nenhuma das lutas causa qualquer frenesi, aquele que te faz torcer pelo herói (ou às vezes pelo vilão) e que te deixa inquieto na poltrona do cinema. Perseu até se esforça em alguns combates, mas ele vence tão facilmente ou com medidas tão simplistas, que acabamos com aquele ar de “nhé”, dando pouca credibilidade a suas vitórias.
Quase nada empolga em Fúria de Titãs, exceto talvez algumas cenas convertidas em 3D, que nos dão a sensação de profundidade de cenários ou que jogam alguma coisa em nossa cara, como fagulhas de fogo ou rochas depois de alguma explosão.

O ritmo do filme é acelerado e efêmero, criamos vínculos mais com os personagens cômicos como Agenor e Hefesto do que com o herói Perseu, e até mesmo a heroína Andrômeda tem pouca serventia na história.
Dos vilões, apenas Ares apresenta uma “fodacidade” digna de um antagonista, mas a luta dele contra Perseu é tão broxante e tão fracamente coreografada que toda aquela “fodacidade” se esvai em poucos segundos.

O que dizer então de Cronos, o gigante bobalhão?
A facilidade com que ele é derrotado é tão grande que o espectador até esquece que aquele cara é O PAI DE TODOS OS DEUSES. Cronos deveria comer deuses no café da manhã e me presta um papel daqueles?
Tirando toda a parte de CG, que o diretor Jonathan Liebesman soube utilizar muito bem em prol da história, os efeitos de maquiagem como no envelhecimento do personagem de Liam Neeson quando Zeus está tendo seus poderes roubados e a boa conversão para o 3D, não resta muita coisa que se salve em Fúria de Titãs 2. As atuações, excetuando talvez os trabalhos de Liam Neeson, Ralph Fiennes e do excelente Billy Nighy, que interpreta um engraçadíssimo Hefesto, estão de medianas para ruins. Sam Worthington até se esforça, mas é difícil você torcer pelo herói que ele encena. Ele não nos faz criar afeição por seu personagem, e nem quando ele está apanhando de Ares chegamos a sequer esboçar alguma reação de apoio a seu Perseu. Uma das novidades do filme é mesmo Tobby Kebbel que rouba a maior parte das cenas cômicas, e que é usado justamente como o alívio para as cenas de tensão... Que nem existem com tanta profundidade assim no filme.

Fúria de Titãs 2 é sim um bom divertimento durante uma hora e meia, mas entra para o hall daqueles clássicos esquecíveis em algumas horas. Confesso que na metade do caminho pra casa eu já nem me lembrava mais que tinha ido ao cinema, tão rasa foi a profundida das cenas do filme.

NOTA: 6... E com muita boa vontade.

NAMASTE!

2 comentários:

  1. Concordo ccom você. Mas achei que Liam Nesson e Ralph Fiennes não foram escolhas adequadas para papéis que DEVERIAM SER mais grandiosos do que o filme mostrou. Gostei de Nesson mais como o bom e velho Ra's Al Ghul.

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  2. Para esse filme acho que eles até se encaixam, mas eu sempre vou imaginar o Zeus mais como um Rei Leônidas (o Gerard Butler em 300) do que o Neeson, ou aquele outro ator de Imortais!

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