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21 de março de 2014

O dia em que Michael Jackson QUASE comprou a Marvel


Quem via Michael Jackson apenas como o ícone genial da música ou a pessoa excêntrica que causava furor por onde quer que passava, pouco sabia de seu talento incrível para os negócios, bem como seu impressionante faro para aquisições milionárias. O mesmo homem que adquiriu o catálogo ATV na década de 80, contendo quase todas as canções dos Beatles, numa época em que nem mesmo Paul McCartney se interessava por ele (ou quisesses desembolsar alguns milhões por ele!), esteve bem perto de comprar no final da década de 90, uma das empresas mais famosas do mundo Nerd (e que hoje vale alguns bilhões de Dólares!), a Marvel.


A Marvel conheceu seu céu no início dos anos 90, fazendo seus principais títulos baterem recordes e mais recordes de vendagens trazendo à baila artistas hoje consagrados, mas que na época não eram nada mais do que boas promessas. Caras como Todd McFarlane e Jim Lee fizeram com que o Homem Aranha e os Fabulosos X-Men se tornassem ícones de massa definitivos, e fizessem com que a editora fixasse seu nome no topo das vendas de quadrinhos por muito tempo, fazendo a DC/Warner amargar um incômodo segundo lugar até o final da primeira década dos anos 2000. Prestigiados, vaidosos e capazes de expandir seu sucesso por conta própria, McFarlane e Lee resolveram sair da Marvel para andar com suas próprias pernas, criando assim a Image Comics, editora que num primeiro momento chegou a ofuscar o brilho da própria Casa das Ideias, começando aí sua derrocada.


 Além dos dois artistas, nomes como Rob Liefeld, Marc Silvestri e Erik Larsen, que também trabalhavam em títulos importantes e ajudavam a manter seu sucesso com seus traços dinâmicos e expressivos, também se mandaram da Marvel, deixando a editora em uma situação muito difícil para manter seus super-heróis ainda interessantes. Nessa época surgiram vários artistas genéricos que tentavam emular os traços dos desenhistas famosos que haviam abandonado a empresa, mas a queda parecia ser sem fim, fazendo com que o próprio rendimento das vendas não bancasse mais as dívidas. Na tentativa de recuperar a editora, vários investimentos malsucedidos feitos pelo então presidente da empresa Robert Perelman decretaram a banca rota da Marvel, que chegou a pedir falência em 1996, mesmo tendo em seu catálogo personagens muito famosos como Capitão América, Hulk e Homem de Ferro. No final da mesma década, Ike Perlmutter, um israelense que já fazia parte do Conselho de Administração da Marvel desde 1993, e Avi Arad, ambos sócios da empresa Toy Biz de brinquedos licenciados da Marvel, assumiram a dianteira da empresa e lhe deram uma sobrevida, pelo menos até a chegada do novo milênio.


O fato é que mesmo salva parcialmente da falência, a Marvel entrou nos anos 2000 meio que capenga, foi quando a dona do Homem Aranha fez os olhos do Rei do Pop brilharem com a possibilidade de que a editora de quadrinhos se tornasse seu novo catálogo ATV (levando-se em conta o potencial que os personagens sob licença da mesma possuíam). Em um encontro com o próprio Stan Lee, criador da maioria dos heróis que formam o Panteão Marvel, Michael Jackson pediu que Lee o ajudasse a administrar a empresa, caso de fato, conseguisse adquiri-la, e segundo Dieter Wiesner (empresário de Michael na época) em entrevista a Randall Sullivan para o livro INTOCÁVEL, uma biografia sobre os últimos anos de Michael Jackson, as negociações entre o Rei do Pop e Ike Perlmutter estiveram muito próximas de se chegar a um acordo, no que o dono da empresa pedia a bagatela de 1 Bilhão de Dólares por ela. Segundo Wiesner, Stan Lee havia topado ajudar Michael a administrar a Marvel, e, além disso, o cantor estava disposto a oferecer bem mais do que a empresa valia a Perlmutter, tudo isso para que ele, enfim, começasse seus projetos cinematográficos.


Na época, devido os diversos escândalos da qual havia sido vítima, Michael Jackson queria se manter afastado dos palcos e dos holofotes, trabalhando com aquilo que para ele, seria um grande motivo de realização: O cinema. Com a compra da Marvel, Michael tinha em mente o lançamento de um filme do Homem Aranha (muito antes de um filme do Homem Aranha ser imaginado), e ele passou três anos com a ideia obstinada de realizar seu sonho. Embora tivesse feito a exigência, no mínimo bizarra de ele mesmo viver Peter Parker (alguém consegue imaginar isso?) nos cinemas, Michael sabia o potencial midiático que o personagem possuía (algo que a própria Marvel duvidava), e ele estava disposto a bancar suas ideias. A Sony, no entanto, detentora do contrato de Michael e real dona de sua marca, não permitiu que o artista desse o catálogo ATV dos Beatles como garantia pela compra da Marvel, e esse foi o real empecilho para que ele virasse dono da Casa das Ideias. Frustrado pelas barreiras impostas por sua gravadora, Michael ainda tentaria outras inserções no mundo do cinema e do entretenimento audiovisual, embora sem sucesso.


O mais irônico é que, para sanar suas dívidas e não voltar a pedir falência, Perlmutter e Avi Arad venderam os direitos de seus personagens para vários estúdios de cinema diferentes, fazendo com que o Quarteto Fantástico, Demolidor, Motoqueiro Fantasma e os X-Men ficassem com a Fox e o Homem Aranha (pasmem) com a Sony. A empresa que também gerenciava a carreira musical de Michael Jackson, com o aval da Marvel, lançou o primeiro filme do Homem Aranha dirigido por Sam Raimi e estrelado por Tobey Maguire em 2002, o mesmo ano em que Michael tentou pela última vez adquirir a Marvel. O filme, como Michael parecia prever, foi o primeiro sucesso estrondoso da empresa nos cinemas, o que ajudou a salvá-la da sarjeta e que ainda pavimentou um caminho brilhante que se segue até hoje com os filmes da Marvel Studios como Homem de Ferro e Vingadores. É estranho imaginar isso hoje, mas será que as coisas para a Marvel teriam acontecido diferentes se Michael Jackson fosse seu dono na época conhecida como a grande volta por cima? Toque de Midas ao menos o artista possuía, pena que poucos acreditavam no real potencial empresarial que Michael tinha, ou fizessem de tudo para ofuscá-lo e depois se aproveitarem de suas ideias. Pena mesmo.

Fontes:

Intocável - A Estranha Vida e a trágica morte de Michael Jackson (Randall Sullivan), Editora Companhia das Letras.





NAMASTE!            

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