O Post abaixo contém SPOILERS sobre a referida Saga!
A falta de originalidade nas Histórias em Quadrinhos tem se
tornado uma constante nos últimos tempos, e o que os leitores têm visto com
relação aos personagens com que cresceram admirando, é um esgotamento das boas
ideias. Tanto Marvel quanto DC, parecem ter atingido o fundo do poço criativo,
e tanto uma editora quanto a outra, não consegue mais nos presentear com
histórias boas e divertidas, cometendo o pecado de repetir as mesmas fórmulas
(que já não dão certo) Ad Infinitum. Por que continuamos consumindo esse
material então? Paixão? Loucura?
Talvez um pouco das duas coisas.
Recentemente terminei de ler A Essência do Medo, a última
Mega Saga da Marvel que “mudou para sempre o Status Quo da Editora e blábláblá”,
e honestamente, essa foi uma das séries mais fracas que li nos últimos, sei lá,
dez anos.
Escrita por Matt Fraction, um dos “Arquitetos” da Marvel
atual, e desenhada pelo talentoso Stuart Immonen, A Essência do Medo mais
parece um grande apanhado de boas ideias que não deram certo do que
necessariamente uma boa Mega Saga como foi, por exemplo, Guerra Civil, de Mark
Millar.
Sério! Nem mesmo os momentos mais impactantes do arco (e devem rolar só
uns dois ou três em 8 edições!!) conseguem marcar o leitor (sem falar que um
deles é desfeito no fim da saga!), e o resto não passa de um falatório sem fim,
que torna os personagens envolvidos maçantes e dispensáveis.
Nada contra bons diálogos, claro, mas Fraction não é um
Michael Bendis que consegue nos entreter mesmo quando seus personagens mais
falam do que agem. Ele não consegue nos manter interessados em seu texto, e pra
piorar, suas cenas de ação não são bem descritas, o que parece que está sempre
faltando alguma coisa na narração, e que tudo foi feito para que tivéssemos apenas
uma visão parcial e superficial do que está acontecendo na história.
A Essência do Medo conta a busca de Pecado, a filha do
falecido Caveira Vermelha, por um artefato místico que seu pai fracassou em
possuir na época da Segunda Guerra, e que a faz conquistar o poder de Skadi, a
verdadeira herdeira do Deus Serpente. Dotada de um martelo místico parecido com
o Mjolnir de Thor, o recém-liberado avatar da deusa de cara vermelha sai em
busca da libertação de seu pai nas profundezas do mar, onde ele fora
aprisionado pelo próprio Odin há milênios.
Enfim livre de sua prisão submarina,
o enfraquecido, porém não indefeso Pai Supremo resolve “tocar o terror” na
Terra, convocando com seu poder os Sete Dignos, sete martelos que caem em nosso
mundo dispostos a carregar de energia mística aqueles que atenderem seu
chamado. Assim sendo, O Fanático, O Hulk (que está no Brasil!), Titânia, Homem
Absorvente, Attuma, Gárgula Cinzento e o Coisa são transformados nos arautos da
destruição da Serpente, e conforme eles conclamam o caos e o medo ao redor do
Globo, mais o Pai Supremo se revigora, o que o torna cada vez mais apto de
confrontar seu próprio irmão Odin, aquele que usurpou seu lugar ao trono de
Asgard.
Nul (Hulk), Kuurth (Fanático) e Mokk (Gárgula Cinzento) |
Véi!! Irado!! Agora o pau vai comer solto entre os heróis e
vilões!! Hah! Essa vai ser a melhor história de todos, Todos, TODOS os tempos!
Pois é. Esse prelúdio nos dá mesmo essa sensação, mas a
expectativa criada não é nem de longe satisfeita pelo texto chato e enrolado de
Matt Fraction.
Pontos Negativos
Matt Fraction tinha de longe, um dos melhores argumentos para
um quebra-pau de responsa entre heróis e vilões, e esse argumento era tão
forte, mas tão forte que ele meio que entrou em parafuso, sem saber exatamente
o que fazer com ele.
Desta vez os heróis Marvel (leia-se Vingadores) não iam
enfrentar meros vilões da Terra. Quem estava do outro lado do ringue eram deuses
poderosíssimos, o que acabou “apequenando” em excesso personagens como Homem
Aranha, Punho de Ferro, Luke Cage, Mulher Aranha e Doutor Estranho, os Vingadores
buchas preferidos do Brian Michael Bendis. Diante de tanto poder e tanta
destruição, a meu ver, morreram poucos personagens, visto que eles não eram
mais do que moscas zunindo no ouvido de caras como os Sete Dignos, de Skadi e
do próprio Pai Supremo.
Os Vingadores de Brian Bendis X Skadi no traço de John Romita Jr. |
Só a chamada Blitzkrieg (algo como uma ação repentina e feroz
ao inimigo) já parecia demais para que os Novos Vingadores de Luke Cage
pudessem enfrentar (que na edição solo dos heróis, contam ainda com o “reforço”
do Demolidor!), e diferente do que Matt Fraction alardeou em entrevista (aqui
publicada na edição A Essência do Medo – Prólogo – O Livro da Caveira), nós
precisamos sim, acompanhar os tie-ins da saga para entender melhor a história. Eu
que só acompanhei os tie-ins publicados na revista dos Vingadores, nem pude
perceber a dimensão dos poderes dos outros Sete Dignos, como o Attuma, A
Titânia ou o Homem Absorvente.
Até mesmo as armas forjadas pelo Homem de Ferro
em Asgard para que os Vingadores tivessem alguma chance contra a turma da
Serpente, bem como os poderes que elas despertavam em quem as usava, foram
ridiculamente exploradas dentro da história. Como eu disse, tudo ficou muito
superficial.
Como é de se esperar, os Vingadores levam um sacode da turma
de deuses, mas o único que acaba pagando com a vida é mesmo Bucky Barnes, que é
arrasado por Skadi em uma cena bem chocante.
A morte do Bucky consta como um dos momentos mais
impactantes da série, mas dessa vez a Marvel nem espera uma nova Mega Saga para
trazer o personagem de volta, e o responsável pelo ressurgimento do Bucky (lá na
saga Soldado Invernal) Ed Brubaker o levanta do túmulo mais uma vez na última
edição da Essência do Medo, a meu ver, a mais bem escrita de todas.
Palmas pra Marvel! Um dos melhores momentos da saga é
simplesmente desfeito ao final dela!
Outro que “morre” e ressuscita na mesma edição é o Coisa,
que enquanto está possuído pelo martelo de Angrir o Destruidor de Almas, é
atravessado pelo Mjolnir de Thor, ficando a beira da morte. Claro que o
semideus Franklin Richards resolve esse problema, o que ele não consegue
melhorar é nossa cara de bunda vendo uma solução de roteiro tão covarde como o “toque
mágico” do menino, que salva a vida do tio.
Lembrando que foi culpa de Franklin também a Saga Heróis
Renascem... Mas é melhor nem comentar, afinal, é mágica, não precisa de
explicação.
E o escudo do Capitão América que agora todo mundo consegue
destruir?
Antigamente havia duas coisas nos quadrinhos da Marvel que
todos precisavam respeitar: O escudo do Capitão América é inquebrável e o
Martelo do Thor é invencível.
Atualmente, qualquer supervilão de quinta consegue destruir
os dois. E o que é pior. Qualquer um consegue consertá-los em seguida.
Os momentos de vergonha alheia em A Essência do Medo são
vários, mas não pretendo me estender mais, correndo o risco de me tornar tão enfadonho
quanto o texto do Fraction. A série tinha um bom potencial inserindo na
mitologia de Thor um personagem do passado de Odin que só ele mantinha
conhecimento, e que não só estava em busca de vingança contra o irmão, como
também seria o responsável pela derrocada de seu filho mais querido. Porém, no
entanto, todavia, A Essência do Medo tornou-se apenas mais uma série esquecível
e que NÃO VAI MUDAR NADA no Status Quo da Marvel, tendo ela própria revertido
todos seus maiores momentos.
Mas Rodman, o Thor continuou morto ao fim da história!
Vamos ver até quando, uma vez que o personagem já pode ser
visto em imagens promocionais da chamada “Marvel Now” que começa esse ano lá
nos States.
Claro que nem tudo é um desperdício total de papel, e
rolaram alguns bons momentos na história, em especial com relação a Steve Rogers, que com a
“morte” do Bucky reassume o escudo e volta a se chamar de Capitão América,
servindo mais uma vez como o pilar de sustentação dos Vingadores. Sua coragem
em enfrentar Skadi mesmo sabendo o quão grande é seu poder e sua bronca em
Odin, que pasmem, dá uma arregada pro velho soldado estrelado, é lindo de se
ver. A porradaria entre Thor e Hulk e o Coisa (ao mesmo tempo), também é bem
empolgante, pena que acaba rápido demais, quase como um daqueles coitos
interrompidos depois de um dia todo de expectativa.
Destaque também para os desenhos de Stuart Immonen que conseguiu tornar a história bem dinâmica com seu traço limpo e fluído. Por várias vezes, sua arte se assemelha a de outro fera da Marvel, Olivier Coipel, do qual também virei fã, como já mencionei no Review sobre o Cerco, e o cara tornou a história suportável de se ler.
Não me importo que a Marvel leve meu dinheiro com o meu consentimento, desde que ela me apresente no mínimo histórias bem escritas e bem desenhadas, e que acima de tudo, eu não esqueça no momento seguinte em que li. Tive que ler A Essência do Medo mais de uma vez para tentar memorizar o que acontece em suas páginas, e isso é um mau sinal de o quanto ela é descartável!
Não me importo que a Marvel leve meu dinheiro com o meu consentimento, desde que ela me apresente no mínimo histórias bem escritas e bem desenhadas, e que acima de tudo, eu não esqueça no momento seguinte em que li. Tive que ler A Essência do Medo mais de uma vez para tentar memorizar o que acontece em suas páginas, e isso é um mau sinal de o quanto ela é descartável!
NAMASTE!
Onde baixo essas HQs???!?!?!?!?!?!?!
ResponderExcluirEstou lendo esta resenha em 2017 porque vai ser republicada em 2v pela salvat capa preta. Ainda bem que li aqui hehehe... Vou passar longe
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