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27 de dezembro de 2019

Star Wars – A Ascensão Skywalker



Assim como muita gente, eu me decepcionei pra cacete com Star Wars – Os Últimos Jedi (2017), filme que deu aquele declive íngreme numa trilogia que tinha começado espetacular com O Despertar da Força (2015). Muito criticado pelos rumos que tinha dado à história no filme que dirigiu, Rian Johnson saiu por diversas vezes em defesa de Os Últimos Jedi, explicando que a sua representação de Luke Skywalker (Mark Hamill) era a de um homem alquebrado e totalmente rendido a seus fracassos passados, mas que no final, encontra a sua redenção enfrentando seu maior erro ao mesmo tempo que ajuda a combalida Aliança Rebelde a sobreviver. 

O que muitos fãs não conseguiam engolir (eu me incluo nessa) é como Skywalker tinha cedido tão facilmente a seus fracassos, sendo que ele era o mesmo homem que tinha lutado até o fim para salvar o próprio pai do Lado Sombrio da Força, algo que, de certa maneira, ele conseguiu ao final de Star Wars – O Retorno de Jedi (1983). Como aquele mesmo Luke impulsivo e corajoso tinha se deixado vencer pelo medo e a desesperança ao notar o mal crescente dentro do sobrinho Ben Solo (Adam Driver) e DESISTIDO de se tornar um Mestre Jedi, bem como de sua própria fé na Força?


A resposta nos é dada nas próprias falas do personagem, quando ele se vê diante de seu etéreo Mestre Yoda (voz de Frank Oz), que uma vez mais o ensina o quanto o fracasso também pode servir como motivação para nossa vida, algo que Luke não tinha entendido até a partida de Rey (Daisy Ridley) do planeta onde ele tinha se isolado para morrer (tal qual o próprio Yoda em Dagoba, em O Império Contra-Ataca). Assim sendo, ver nosso grande herói se redimindo após desistir daquilo que o motivara por metade da vida não foi tão ruim assim, já que seu embate com o sobrinho ao final de The Last Jedi é um dos momentos mais épicos do filme, além de provar o quanto Luke dominava a Força, conseguindo se projetar astralmente a milhões de quilômetros de distância, como nunca antes tínhamos visto nenhum Jedi fazer. (Não que os Jedi representados nos cinemas sejam assim tão poderosos... Não parece tão difícil se destacar, vendo que muitos deles preferem cair na porrada com os inimigos do que usar a Força durante combates!)


Então você está dando o braço a torcer e admitindo que Os Últimos Jedi é bom, Rodman?  

Não, a meu ver o filme ainda é o pior da trilogia, mas revendo uma quarta vez, admito que não é nem de longe tão ruim quanto muita gente alardeia. O grande erro de Rian Johnson foi querer desfazer quase que totalmente o que J.J. Abrams tinha feito em O Despertar da Força, dando A SUA visão da saga galáctica. Não sei até que ponto a Disney e a Lucasfilm permitiram inserções em seu universo, mas há uma nítida impressão de que Johnson fez questão de repaginar o que J.J. tinha estabelecido, fugindo da obviedade e aplicando novidades. 


Como os fãs chiaram com as mudanças drásticas (seja na personalidade de Luke, no enfraquecimento de Snoke e no empobrecimento conceitual do personagem Finn que NÃO SERVIU PARA NADA em Os Últimos Jedi), coube a J.J. a tarefa de voltar tudo ao status quo habitual em A Ascensão Skywalker. Mas será que deu certo? 

A ASCENSÃO

Cara, saí do cinema muito conflitado com meus próprios sentimentos quanto ao fechamento da trilogia. Algumas partes me levaram às lágrimas, outras me deixaram bastante incomodado, e é sobre isso que quero falar em primeiro lugar.

Imperador Palpatine!

Páááa! Na cara! Logo no letreiro inicial após o logotipo “Star Wars”.


Mas de onde que tiraram essa ideia estapafúrdia de ressuscitar o velho Imperador depois de mais de 30 anos de sua derrota, jogado num foço sem fim por seu próprio aprendiz Darth Vader?

Hoje, apesar de não fazer mais parte do cânone de Star Wars, o universo expandido (como o assim já era chamado) com seus livros e quadrinhos já falava do ressurgimento de Palpatine através do processo de clonagem (embora isso não seja explicado no filme), e pelo que podemos ver em A Ascensão, J.J. Abrams (e seus colaboradores) beberam bastante dessa fonte “não canônica” na falta de um antagonista mais interessante para encerrar sua trilogia. Já tínhamos a dica de que ele estaria de volta ao ouvirmos sua risada maléfica no segundo trailer lançado do filme, mas ver o velho carcomido (vivido pelo excelente Ian McDiarmid) de volta dos mortos meio que criou aquela sensação de que nada é definitivo em Star Wars, assim como aprendemos à duras penas como leitores há anos de Marvel e DC nos quadrinhos. Em SW, assim como nos gibis, ao que se consta, nenhuma morte parece definitiva agora, já que tivemos um festival de fantasmas e zumbis desfilando pelo filme inteiro. Com um pouco mais de criatividade, era possível sim arranjar um antagonista para os mocinhos tão odioso quanto o Imperador, sem que ele precisasse sair de sua aposentadoria do além-túmulo, mas a forma preguiçosa como os roteiristas - entre eles Chris Terrio, um dos caras responsáveis pelo texto de Batman V Superman -  resolveram a questão da descendência da Rey, atrelando isso ao retorno do Imperador, meio que diminuiu bastante a força do filme. Por fim, o temível (pero no mucho) Supremo Líder Snoke (Andy Serkis) era aquilo mesmo que foi retratado em Os Últimos Jedi... Um capacho soberbo que não tinha a mínima noção de quem seu aprendiz Kylo Ren era, e que além disso, era subordinado ao Imperador O TEMPO TODO. Sem falar que, ao que consta, ele nada sabia sobre a verdade dos pais da Rey.


Meo deos! Que virada incrível de roteiro, não é mesmo?

Preguiçosa eu diria.

Ok. Passada a indignação de ter o Imperador de volta, voltamos a acompanhar a saga dos rebeldes, liderados pela General Leia (Carrie Fisher), em busca de um meio de deter o avanço ainda significativo da Primeira Ordem. Em menor número e cada vez mais cercados pelos inimigos, os rebeldes fazem tudo que podem para encontrar informações que os ajudem a enfrentar Kylo Ren e seus Cavaleiros de Ren, que os perseguem incansavelmente pela galáxia. Após um encontro com o próprio Imperador, Ren está convicto que precisa capturar Rey o quanto antes a fim de levá-la até ele, e aí passamos o filme todo DE NOVO com aqueles contatos mentais entre Ren e Rey, algo que se torna até cansativo de tanto que se repete. É mencionado em algum ponto que a ligação entre os dois (a tal da Díade) se dá devido o passado de suas famílias, e que a Força age de maneira a unificar ambos o tempo todo.

Que ligação, Rodman?

Quer SPOILER, jovem padawan?

Rey é neta do Imperador Palpatine!


PAM, PAM, PAAAAAAMMMM!

A meu ver, essa ligação entre eles e tudo que eles podem fazer através dela é outro grande problema do filme, já que torna tudo muito preguiçoso e fácil demais. É uma nova maneira de utilizar a Força, assim como a projeção astral de Luke Skywalker no filme anterior? Sim, mas não deixa de ser uma solução preguiçosa. 


A menina Rey está bem overpower nesse terceiro capítulo, tanto que ela domina a utilização de qualquer veículo em segundos, dá saltos espetaculares (justo aquilo que eu elogiei que NÃO TINHA no primeiro filme em minha resenha sobre O Despertar da Força!) e desenvolve o poder da cura com o toque, algo que nunca antes tínhamos visto um Jedi fazer. Ah, e eu nem mencionei que ela destrói uma nave disparando raios pelas mãos (quase matando o Chewie e o espectador do coração!), poder que só um Sith possui, de acordo com o cânone do universo Star Wars. Como ela é neta de um Sith (e isso é dito sem NENHUM destaque aos pais da moça!), isso nem soa tão estranho assim, bem como a forma como ela domina a Força bem mais facilmente que outros Jedi o fizeram (incluindo aí Luke e seu pai Anakin).


No ápice do enredo, durante a batalha final contra o Imperador, Rey consegue “teletransportar” o sabre de luz usado por Leia em seu treinamento Jedi (outra “novidade” tirada do universo expandido não-canônico) para as mãos de Kylo Ren através de sua ligação mental, mesmo eles estando fisicamente separados por muitos metros de distância, e a partir daí, amigo, a gente passa a aceitar qualquer coisa no filme!

Até que Leia teve treinamento Jedi sem nunca ninguém saber disso, Rodman?

Até isso! Em livros do universo expandido é dito que Leia tinha um domínio da Força que havia sido ampliado com um treinamento feito por ela e Luke. Leia demonstra que sabe usar a Força em Os Últimos Jedi, salvando a si mesmo do vácuo do espaço, mas nada sobre esse treinamento tinha sido dito em nenhum filme até hoje. 


Em seu descanso de trinta e seis anos, o Imperador esteve planejando uma derrocada final a seus inimigos, e nesse período, Palpatine tem tempo de recriar uma poderosíssima frota estelar, com a qual pretende, enfim, dominar a galáxia. 

Isso que é perseverança!

Como seria chato criar uma quarta Estrela da Morte, Abrams e Terrio inventam que cada destróier dessa frota de Palpatine tem o poder sozinho de EXPRUDIR um planeta inteiro e assim eles fazem, destruindo o planeta Kijimi, visitado a pouco tempo por Poe (Oscar Isaac), Finn (John Boyega), Rey, BB-8 e C-3PO (que tem em sua memória textos Sith que não podem ser lidos por ele devido sua programação). 

Para que os tais textos possam ser traduzidos, Poe conduz os amigos até dois aliados seus, Zorri Bliss (Keri Russell) e Babu Frik (o MELHOR personagem do filme!) no tal planeta Kijimi (antes dele ser exterminado), porém, o processo de tradução exige que a memória do velho robô dourado seja apagada


No trailer lançado há alguns meses, quando ouvimos o C-3PO dizendo que “quer dar uma última olhada nos amigos” dá a entender que o androide está indo para algum tipo de sacrifício (ou missão suicida), mas nem mesmo as memórias apagadas se mantem assim até o final, criando o desfecho mais amigável possível para o filme. E eu já falei dos destróieres capazes de explodir um planeta inteiro??


Um backup guardado com R2-D2 restaura as memórias do androide dourado diplomata, e dá aquela coceirinha nas glândulas lacrimais quando o pequeno robozinho consegue consertar seu melhor amigo, embora saibamos que isso seja mais covardia por parte dos produtores de não deixar nenhum dos "pets" do filme serem destruídos do que inteligência de roteiro.


 Outro momento lastimável de A Ascensão é descobrir que o informante dentro da Primeira Ordem, o que está passando informações para Poe Dameron e companhia, é o irritante (e ao mesmo tempo hilário) General Hux (Domhnall Gleeson), que se diz descontente com o comando de Kylo Ren. Não chega a ser contraditório ao personagem, já que ele está visivelmente incomodado com a importância que é dada a Ren desde o primeiro filme, mas a forma como ele é abatido após a descoberta de sua traição é patética.


Embora o impacto de saber que Rey é parente do Imperador Palpatine seja grande (e daí surja seu grande talento com a Força), a forma como os pais da garota são jogados para escanteio na história é impressionante. Quando ela e seu grupo chegam a Passaana (o planeta onde está rolando um carnaval fora de época!) descobrimos muito rapidamente que ela foi deixada para trás em Jakku, em sua infância, por escolha de seus pais, que não queriam que ela caísse em poder do Imperador. 


Mas quem são os pais de Rey? Seu pai é filho de Palpatine com quem? Quem é a mãe? Ele foi gerado exatamente em que período? Ao final de O Retorno de Jedi, um pouco antes, talvez? Se Palpatine havia sido morto por Darth Vader em 1983, como exatamente ele entrou em contato com o tal assassino Ochi e o persuadiu a raptar o casal e sua filha criança, se seu novo corpo clonado (ou ressuscitado no terceiro dia, sei lá!) estava decrépito, incapaz sequer de andar e dependente dos poderes da neta?


Aiiiin, Rodman! Certamente vai ter algum livro canônico que vai contar essa história. 

Certamente!

Aliás "Ochi" é mais um daqueles nomes que com certeza algum assistente ou estagiário brasileiro que trabalha na Lucasfilm deve ter arrumado, né? Deve ser o mesmo cara que batizou o General Panaka, o Sifo-Dyas o Conde Doku...


Muito se falou todo esse tempo sobre a redenção de Kylo Ren e como a fanbase queria que o ship #Reylo fosse real, e pelo que parece, J.J. Abrams esteve de olho nas redes sociais todo esse tempo, decidindo dar ao povo o que ele queria. Como o moço tinha ASSASSINADO O PRÓPRIO PAI em O Despertar da Força, era necessária uma passada de pano em sua imagem para amenizar o feito, e assim, usaram o próprio Han Solo (Harrison Ford) para atenuar o crime, numa aparição fantasma (que só aconteceu em sua mente) logo após o embate contra Rey. 


Na Lua de Endor, sobre os restos da segunda Estrela da Morte, após o entrevero entre Rey e Kylo Ren pelo domínio do localizador Sith que levaria a moça até o Imperador Palpatine, ela o atinge mortalmente com seu próprio sabre de luz, após a interferência à distância de Leia, que usa suas últimas forças para convencer o filho a desistir de seu caminho sangrento. Após recuperar a saúde do cara com seu novo poder empático, Rey desiste de lutar e se isola no planeta Ahch-To, mesmo lugar onde Luke se isolou para morrer desde a destruição de sua Academia Jedi.


Tava todo mundo torcendo por esse ship, Rodman! Muito massa! #reylo

Todo mundo, exceto quem realmente se importava com o Han Solo na primeira trilogia de George Lucas, não é mesmo?!


Apesar de oscilar entre o lado sombrio e a luz quase que o tempo todo, Kylo Ren era por essência um vilão que chacinava vilas inteiras de moradores indefesos para provar que merecia o legado do avô Darth Vader. Após matar o próprio pai, ele provou que estava além da redenção, mesmo que a culpa o corroesse de forma cada vez mais evidente. 


Ele voltar a se importar com o bem-estar de Rey e correr para salvá-la das garras do Imperador no final do filme, como um príncipe encantado arrependido, não condiz com quase nada que ele estava fazendo até então (um grande exemplo é a própria briga entre eles em Endor, totalmente sem sentido e com uma agressividade inexplicável). Para coroar a cagada, após o embate entre Rey e seu avô (que agora tem o poder de todos os Siths dentro de seu corpo decadente), a moça perece e Kylo Ren concede a ela sua última força vital, salvando-a e ganhando sua redenção após um beijinho de despedida.


É ISSO AÍ, RODMAN! MEU SHIP ESTÁ VIVO! #Reylo

O romance entre os dois era uma das coisas que eu menos queria ver nessa trilogia, e quando rolou o beijo eu juro que quase me levantei do cinema e fui embora! (Mentira! A porra do ingresso custou mais de cinquenta pau! Eu não ia dar esse mole!). A moça ao meu lado no cinema fez um sonoro “ahhhh” quando Kylo Ren (agora Ben Solo) desfalece e desaparece (como todo bom JEDI!) no colo de sua amada, e por dentro eu juro que comemorei. Redenção é meu ovo!


Aiiin, Rodman! Deixe de ser pau no cu! O Darth Vader também se redimiu no final de O Retorno de Jedi e se tornou um com a Força. Por que o meu Kylo Ren linduuu não podia?

Pior que é, né!

Star Wars sempre foi sobre redenção, erros e acertos, e mais uma vez J.J. Abrams copiou um filme inteiro fazendo agora a sua versão de O Retorno de Jedi assim como ele tinha feito sua versão de Uma Nova Esperança em O Despertar da Força provou que conhece do legado em suas mãos e deu um final digno ao grande personagem Kylo Ren.


A Ascensão Skywalker tem o final mais chapa branca que já vi em Star Wars desde O Retorno de Jedi (e aqueles insuportáveis Ewoks, que fazem aparição surpresa também nesse final), e meio que não há com o que se compadecer. Pra quem se acostumou a ver finais épicos de sagas em que nossos heróis se sacrificam por um bem maior (Tony Stark, tamo junto, irmão!), quase não há o que se lamentar sobre o encerramento da saga. Tirando o trio principal (Han, Luke e Leia), todos os demais permanecem vivos, e por incrença que parível, isso é meio frustrante. 


Tanto Vingadores Guerra Infinita quanto Ultimato, só para termos de comparação, terminam num clima ultra depressivo, com várias baixas de guerra e com os espectadores assistindo tudo banhados em lágrimas. Mesmo no universo Star Wars, o final de A Vingança dos Sith é putaqueparísticamente depressivo, com Anakin queimado vivo, com a morte de Padmé, com o extermínio dos Jedis e com o autoexílio de Yoda e Obi-Wan. Não há nada que se comemorar ali. Quer outro exemplo mais recente? O excelente Rogue One termina num clima fúnebre, com todos os heróis da resistência mortos após o roubo dos planos da Estrela da Morte. Sem falar que a chacina causada pelo Darth Vader na nave rebelde para recuperar os planos da Estrela da Morte cria um clima de terror, o que nos faz sair meio abalados do cinema. 


A Ascensão Skywalker, diferente de toda essa carnificina, termina leve, com um clima de esperança no ar... Tudo que nos faz ficar triste mesmo é o final mais ou menos criado para os personagens que aprendemos a amar. E só.

O LADO BOM DA VIDA

Às vezes é necessário ler um comentário mais rude no Twitter para que nós trintões (velhos pacarai!) nos liguemos que essas produções cinematográficas não são mais feitas para nós, e sim para conquistar um novo público. Mesmo assim ainda é difícil se desgarrar de um produto que amamos por tanto tempo. Como adiantei na outra resenha, minha paixão pelo universo de Star Wars começou tardiamente, em 1999 com o início da trilogia prequel, e de lá para cá, consumi (quase) tudo que foi lançado sobre esse universo. Eu ainda era jovem na época, e me amarrei de uma forma inexplicável ao que George Lucas tinha idealizado lá na década de 70 e que tinha revivido no finalzinho da década de 90. Por alguma razão eu gostava daquilo. Espadas lasers, naves, armaduras espaciais, a Força... Eram elementos que me prendiam à história, à narrativa, o que me fez me tornar um viciado em SW. Em 1999 não era legal ser nerd. Ninguém queria ser nerd porque era descolado. Você era nerd por falta de opção. As pessoas simplesmente te deixavam de canto. Não existiam séries para nerds, os filmes de ficção científica só eram vistos por pessoas meio malucas e gostar de quadrinhos era coisa de retardado. As meninas não achavam (e nunca vão achar) sexy um imbecil que vivia dentro do quarto lendo gibi, e achar alguém igual a você que conversasse sobre as mesmas coisas era raríssimo.


Por que você não conversava pela internet, Rodman? Twitter, grupos do Facebook, comentários em canais de Youtube?


HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!

Não existia internet, caro padawan. Na verdade, existia, só que ninguém tinha acesso a ela no meu círculo restrito de convivência. Star Wars era tão interessante naquela época para as pessoas, que eu terminei a sessão de A Ameaça Fantasma sozinho na sala do cinema. As pessoas simplesmente se levantavam e iam embora enquanto o Jar Jar Binks bancava o Pateta na tela. Ninguém ligava.

Foco, Rodman! Você perdeu o foco!

Verdade! 

O que quero dizer com tudo isso é que Star Wars fez parte da minha juventude, e por mais que as pessoas queiram que eu largue toda essa baboseira de navinhas, lutinhas de espadinhas, ainda é bem emocionante se despedir (mais uma vez) desse universo.

No começo do post eu comentei que A Ascensão Skywalker me levou às lagrimas em alguns momentos, e não há o que esconder quanto a isso. Rever Han Solo em cena e todo seu discurso de perdão ao filho foi bem lacrimejante (apesar de eu discordar da cena e a achar apenas um passamento de pano para a redenção de Ren). O fanservice de Ascensão Skywalker também é bem caprichado, já que visita uma cacetada de lugares e mostra uma porção de elementos que já vimos nas demais trilogias. De planetas, temos Mustafar (onde Anakin Skywalker é deixado para morrer queimado por Obi-Wan), a Lua de Endor (onde deu-se a derrocada do Império em O Retorno de Jedi) e claro Tatooine, ao final. No planeta onde toda a saga teve início, Rey retorna para guardar os sabres de luz dos mestres Luke e Leia, e lá firma um compromisso de manter o legado Skywalker, chamando a si mesmo pelo sobrenome dos mentores, deixando para trás sua descendência maligna.


Rever Lando Calrissian (Billy Dee Williamsem cena (e o filho da puta está a CARA do meu pai!) também foi bem significativo, apesar de sua participação ser bem pontual: Uma vez no começo do filme e outra no final, servindo ali como o Falcão Sam Wilson para o Poe Dameron, o chamando pelo rádio quando os destróieres do Imperador pareciam que iam fazer os rebeldes em pedaços. Sério! A cena é igual à chegada do Doutor Estranho e dos heróis “desfalecidos” ao final da batalha contra o Thanos em Vingadores Ultimato visualmente, mas não tem nem metade da emoção que a primeira causou!


Mesmo assim, rever o grande mulherengo Lando em sua maturidade foi bem emocionante, embora ele seja pouco efetivo no desenrolar do enredo.

Durante o filme eu mergulhei em meus pensamentos e comecei a pensar sobre a velhice e o que ela passou a significar para mim. Embora eu não os tivesse conhecido em sua plena forma, eu aprendi a ver a maioria daqueles atores em sua juventude, e é bem bizarro revê-los agora já mais idosos, com rugas, cabeleiras descoloridas e sem o mesmo vigor de outrora. 


Eu já havia tido esse estranhamento nos dois filmes anteriores, mas por alguma razão meio que dei uma importância maior a isso em A Ascensão Skywalker. Tanto Harrison Ford, quanto Mark Hamill, Billy Dee Williams, Ian McDiarmid e Anthony Daniels (o homem dentro da armadura do C-3PO) hoje são senhores idosos, e é muito bom saber que deu tempo deles prestarem essa homenagem em vida à saga que os lançaram ao cinema, estando todos ainda com saúde e vigor físico. (Bem... Não sei quanto ao Sir McDiarmid que passa o filme todo ou sentado ou amparado por um equipamento que o mantém em pé). 


Infelizmente para Carrie Fisher e Peter Mayhew (o primeiro Chewbacca) as despedidas aconteceram mais cedo, o que causa aquela dor no coração em saber que nossos heróis morrem de verdade...


Falando um pouco sobre Carrie Fisher, é bem visível que a produção fez o que pode para não precisar recorrer a uma Leia Organa digital (como aconteceu em Rogue One) após o falecimento da atriz, mas dá para perceber os remendos no roteiro para aproveitar e estender ao máximo as cenas que ela já havia gravado na época de Os Últimos Jedi. Espero que num futuro próximo saibamos mais informações sobre essas cenas extras e a razão de Fisher as ter filmado na época do filme anterior. Será que já estava previsto por Rian Jonhson um treinamento Jedi de Rey por Leia ou será que isso foi criado depois?


Até o final dessa postagem Star Wars - A Ascensão Skywalker tinha arrecadado a PIOR bilheteria de primeiro final de semana da nova trilogia sob a batuta da Disney, e isso confirma um desgaste que a franquia sofreu após o fracasso comercial de Han Solo - Uma história Star Wars e do excesso de críticas negativas à Star Wars - Os Últimos Jedi. Comenta-se que numa galáxia não tão distante uma nova trilogia terá início (até porque a Disney não vai querer deixar uma marca tão lucrativa guardada na gaveta!), mas nada se sabe sobre ela, exceto que NÃO seguirá mais os Skywalker e nem contará com  a direção e produção de David Benioff & D.B. Weiss, a dupla que afundou Game of Thrones em sua última temporada na chacota e no escárnio. O futuro ao Mickey pertence. 

Nota: 8


P.S. - Não há como encerrar esse post sem uma homenagem digna a um dos caras que elevou o nível de Star Wars desde 1977 com seus temas icônicos e que foi lembrado nesse último filme, fazendo uma ponta como ator. Star Wars não seria o que é hoje sem as composições de John Williams, e já que falamos de melhor idade nesse post (essa lenda está com 87 anos!!), que bom que ele chegou com saúde até esse encerramento de saga e que ainda está produtivo para compor os temas inesquecíveis de A Ascensão Skywalker. Ouvi toda a soundtrack do filme enquanto escrevia esse texto, e as músicas de Williams nos faz viajar para o mundo de Star Wars. Que coisa fantástica! Toda a trilha sonora das três trilogias foi composta por ele e chega a ser uma tarefa ingrata escolher apenas uma como a preferida. Vai demorar para que outro compositor tenha a importância e grandiosidade que John Williams tem para o cinema de um modo geral, e para homenagear esse homem seria necessário... Sei lá... Batizar um planeta em seu nome! Dar a ele um sistema planetário inteiro! Viva John Williams! 

Que a Força Esteja com Você!

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