Um dos maiores prazeres que tenho na vida é ir ao cinema para ver um bom filme. E seja esse filme um Blockbuster no sentido amplo do termo, um filme mais cabeça ou mesmo um filme mais pipoca, o prazer deve ser invariavelmente o mesmo. Poltergeist, Divertida Mente e Jurassic World foram os últimos filmes que vi no cinema, e vou dividir com vocês minhas experiências com eles! Sigam me os bons!
POLTERGEIST
Dirigido por Gil Kenan (A Casa Monstro e Cidade das Sombras)
Poltergeist é um remake do clássico filme de terror dos anos 80 que coloca a
família Bowen de mudança para uma nova casa, onde, sem que eles saibam, estranhos
fenômenos costumam acontecer. Nunca vi o Poltergeist clássico (podem jogar
pedras) e dele só conheço mesmo a fama de maldito que permeou a produção
durante um longo período. Não era raro surgirem boatos (pelo menos eu achava
que eram boatos) sobre atores que morreram ao fim das filmagens ou objetos de
cenas que pareciam MESMO ganhar vida no set, mas fora isso, eu pouco sei sobre
o filme.
A versão de 2015, no entanto, não me convenceu NEM UM POUCO
no quesito terror, e se esse era mesmo o objetivo dos produtores (coisa que
comecei a duvidar do meio do filme pra frente), pelo menos comigo, a estratégia
falhou miseravelmente. Sam Rockwell é o único rosto mais conhecido no começo do
filme, e como o pai de família bonachão e divertido ele se sai bem. O problema
é quando ele tem que demonstrar tensão, medo ou preocupação... O tom gozador
não sai de seu semblante em nenhum momento, e mesmo quando os tais espíritos
obsessores raptam sua filhinha e a levam para... dentro da TV (!!), Rockwell,
que é um excelente ator e que já nos convenceu que pode fazer um sujeito
completamente pirado em cena em À Espera de um Milagre, não consegue nos
entregar esse sentimento.
Sinceramente eu nem sei o que ele está fazendo nesse
filme! Fiquei com aquela impressão de que ele estava precisando de uma grana
pra pagar um agiota, sei lá, e aceitou o papel, mesmo sem ter o intuito de se
entregar ao personagem.
O filme?
Cara! Eu não sei se esse argumento de espíritos obsessores que te levam para dentro de eletrodomésticos existia no filme original, mas achei esse lance de uma falta foda de criatividade, além de não causar QUALQUER medo nos espectadores os efeitos visuais exagerados que fazem as coisas na casa da família se moverem e tentar matar todos. Na animação A Casa Monstro (e se você prestou atenção até agora no texto, sabe que é do mesmo diretor), quem em teoria foi feita para um público mais jovem, esses recursos de “ai meu Deus a casa está querendo nos matar!!” são bem mais convincentes do que em Poltergeist, mas o fator terror ficou muito aquém do que deveria.
Sério! Eu vi o filme todo com um ar entediado na cara, enquanto esperava que a cada minuto a história virasse e me entregasse mais do que eu estava vendo. O roteiro mais do que batido de “família se muda para nova casa do subúrbio e coisas estranhas começam a acontecer” pode SIM ser bem trabalhado. Basta darem uma olhada em Invocação do Mal que é um dos melhores filmes de terror dos últimos dez anos, que te causa um cagaço inacreditável e que não soa clichezento. Poltergeist - O Fenômeno é de uma pobreza criativa de dar pena, e não recomendo a ida ao cinema. Espere chegar em DVD ou na Netflix.
Vale lembrar, que a produção do filme é de Sam Raimi, o criador da franquia Evil Dead e de Homem Aranha.
NOTA: 6
DIVERTIDA MENTE
Fazia tempo que a PIXAR não fazia um filme de animação tão
tocante quanto Divertida Mente, e se você foi ao cinema, assistiu, acompanhou a
história de Riley e seus sentimentos e não esboçou qualquer reação... Sério,
cara. Provavelmente você já está morto por dentro!
Escrito pelos principais nomes envolvidos nas maiores
animações dos últimos anos como Up, Toy Story e Monstros S.A., Divertida Mente
é um resgate da alma da PIXAR, que parecia ter se desgastado nos últimos tempos
com fracas animações como Carros 2, Aviões e até mesmo o apenas bacaninha
Universidade Monstros. Desde Valente que a PIXAR não parecia mais ser capaz de
fazer frente à própria Disney ou a Dreamworks, que nos últimos anos vinha
ganhando cada vez mais espaço e fazendo animações senão melhores, pelo menos
equivalentes à qualidade sempre entregue pela PIXAR. Divertida Mente é uma
parceria PIXAR/Disney como tem sido desde Toy Story 3, e todo esse esmero e
competência que os profissionais da empresa sempre fizeram questão de entregar
exala por todo os quase 120 minutos de filme.
Como dito, anteriormente aqui, Riley é uma menina de onze
anos que precisa se mudar de sua cidade junto com os pais. Deixando para trás
seus amigos e o time de hockey onde jogava, Riley é obrigada a recomeçar sua
vida num novo lugar, além de se adaptar à nova escola. Enquanto externamente
esses problemas começam a afetar a menina, somos jogados para DENTRO de sua
cabeça, onde conhecemos os avatares de seus principais sentimentos: A ALEGRIA,
o MEDO, o NOJINHO, a RAIVA e a TRISTEZA. Cada avatar tem a sua vez de comandar
as ações de Riley cada vez que as situações externas começam a exigir certas
atitudes da menina, mas é a ALEGRIA quem sempre procura manter as coisas em seu
devido lugar, afastando a Tristeza do controle e mantendo os demais sob rédeas
curtas.
Os roteiristas desenvolveram uma forma tão espetacular de
representar os sentimentos e toda a logística por dentro do cérebro humano, que
é impossível não sair do cinema e começar a imaginar se não é daquele jeito que
as coisas funcionam mesmo em nossa cabeça. Além da sala de controle dos
sentimentos, ver que há uma espécie de “prateleira” onde as memórias-chave,
aquelas que formam nosso caráter desde a infância, são armazenadas, ou saber
que há funcionários responsáveis por organizar nossos arquivos de memória,
excluindo aquelas que não estão mais sendo usadas, foi uma das saídas mais
didáticas que vi para explicar o cérebro.
Certamente esse filme será um sucesso
entre as crianças durante um longo tempo, até pela forma lúdica como ele trata
algo que até cientificamente é complicado de explicar. Colocar um pirralhinho
em frente à TV para que ele entenda como funciona a sua cabeça, ou como ele
deve se comportar para que as “ilhas” de sua mente não comecem a ruir, vai ser
muito mais fácil nesse sentido.
E como Divertida Mente é bonito, gente!
O trailer do filme e os pôsteres nos entregam uma trama
DIVERTIDA, alegre e alto astral, onde o elemento central é o humor, afinal, ter
avatares coloridos comandando nossas ações parece mesmo engraçado... Só que o
filme em si, chega a ser profundo, e se torna comovente, a tal ponto que é
impossível segurar as lágrimas quando elas veem. A jornada na Alegria e da
Tristeza para retornarem a sala de comando depois que elas se perdem procurando
manter intactas as memórias-chave de Riley, é uma verdadeira aventura dentro da
mente da menina, onde elas encontram os perigos do vácuo do esquecimento, pra
onde vão as memórias apagadas ou esquecidas pela infância, e onde correm o
risco de serem também esquecidas para sempre.
A participação de Bing Bong, o
amigo imaginário da Riley que é uma mistura de elefante, coelho e gato, é de
cortar o coração. Ele representa aqueles anseios da infância que vão ficando
para trás à medida que nós crescemos, e não há como fazer uma referência, por
exemplo, à passagem da infância da dona da Jessie de Toy Story 2 à
adolescência, que é quando ela abandona a pobre boneca por já não ter mais
interesse nela. Com Bing Bong, o sentimento de abandono é o mesmo, e consegui
ouvir alguns “Ahhhhh” no cinema quando o amigo imaginário se vai. :’(
Em geral a dublagem brasileira com sua mania de incorporar atores
globais e gente sem o menor talento pra coisa tem estragado toda a experiência
de ver uma boa animação nos cinemas, algo que prefiro ver em DVD, já que tenho
a opção em meu controle remoto pelo som original.
Porém, em Divertida Mente, a
dublagem acabou sendo um ponto positivo. Não há exageros, maneirismos ou vícios
de linguagem, e todos os sentimentos acabaram sendo bem interpretados por Miá
Mello (Alegria), Otaviano Costa (Medo), Danni Calabreza (Nojinho), Léo Jaime (Raiva) e Katiuscia Canoro (Tristeza).
Alguns deles se tornaram irreconhecíveis
devido o excelente trabalho vocal empregado, algo que amadores não conseguiriam
fazer (Luciano Huck, COF! COF!), e como todos têm experiência com atuação, suas
vozes acabaram sendo um ponto positivo para a animação, deixando a história
mais fluída. Todos foram muito bem, mas o destaque especial vai para Miá Mello
que tornou a Alegria verdadeira e a Léo Jaime, que fez um engraçadíssimo Raiva,
com várias entonações graves e seguras.
Não sei bem o que aconteceu, mas apesar de ter me emocionado
e curtido à vera Divertida Mente, eu senti que ele ainda não foi perfeito, e
que em alguns momentos se tornou meio que cansativo, algo que nunca senti em
Toy Story 3 e Wall-E, duas animações que estão no topo de minha preferência.
Seja como for, vale muito a pena ver no cinema seja com sua namorada, esposa,
filho, filha ou amante. Emoção garantida!
NOTA: 9
JURASSIC WORLD
Seria injusto pautar a avaliação de Jurassic World apenas
pelo ridículo que foi ver uma mulher correr em terreno irregular, fugindo de
dinossauros, o filme todo em seu sapato de salto inquebrável. Algo desse tipo
soa estranho em um filme de aventura? Soa! Mas a continuação de Jurassic Park
vai muito além do que o salto alto de Bryce Dallas Howard!
Devo salientar, claro, que Jurassic World é o PRIMEIRO filme
da franquia que vejo no cinema, e por ser um fã incondicional do primeiro
filme, dirigido em 1993 por Steven Spielberg, me senti comovido pelas
homenagens que Jurassic World presta a Jurassic Park. Dirigido por Colin
Trevorrow, que não tem quase nada relevante no currículo, O Mundo dos
Dinossauros mais parece uma continuação direta de Jurassic Park, fazendo
questão de ignorar o segundo (Mundo Perdido, de 1997) e o terceiro filme
(Jurassic Park 3, de 2001), nos jogando na história 20 anos após o fracasso da
inauguração do parque de John Hammond (Richard Attenborough), que é citado o
tempo todo.
O novo parque, reforçado com recursos tecnológicos de ponta
(pero no mucho!) funciona agora como um Sea World ou qualquer parque da Disney,
e por incrível que pareça, seus administradores encontram dificuldades para
tornar as pessoas interessadas por “esses dinossaurozinhos aí”. Ao que consta
na história, o novo parque já parece estar em funcionamento há algum tempo, sob
a batuta da doutora Claire Dearing (Bryce Dallas Howard) e financiado pelo
bilionário Simon Masrani (Irrfan Khan), que investe boa parte de sua grana em
aprimoramento genético.
A maré vira para os dois ambiciosos administradores
quando os cientistas da InGen (empresa de pesquisas desenvolvida por John
Hammond), tendo em vista a criação de algo nunca visto no parque, resolvem
mexer alguns “pauzinhos genéticos” para desenvolver um dinossauro híbrido e
consequentemente mais aterrador e mais poderoso. Afinal, quem ainda se
impressiona com um T-Rex de algumas toneladas, não é mesmo???
Esse super-dinossauro chamado de Indominus é desenvolvido em
cativeiro dentro dos limites do parque, e passa por testes enquanto cresce e se
desenvolve sem a presença de qualquer outro dinossauro por perto. É dito
inclusive que haviam sido feitos dois espécimes fêmeas, e que o Indominus teria
devorado sua pobre irmã, mostrando o quão foda é o bichão!
Cê é bichão mesmo, hein Indominus!
Claro que dá merda, e após enganar os tratadores fingindo
que escapou de seu isolamento simulando que pulou o muro, o Indominus consegue
fugir DE FATO de sua prisão, e passa a tocar o terror no parque, que naquele
dia está recebendo mais de vinte mil visitantes, incluindo os dois sobrinhos de
Claire, Zach (Nick Robinson) e Gray (Ty Simpkins).
Cabe ao encantador de velociraptores, Owen Grady (Chris
Pratt) assumir a caçada ao Indominus e tentar salvar os dois meninos, que
àquela altura dos fatos, estão perdidos pelo parque alheios ao perigo que estão
correndo.
Diferente do que aconteceu em Jurassic Park, o elenco jovem
de Jurassic World não consegue convencer nas cenas de susto e medo.
Simpkins e
Robinson são bem mais fracos em atuação que os irmãos Murphy Ariana Richards e
Joseph Mazzello. Como esquecer a clássica cena em que a menina percebe que algo
muito grande está se aproximando, vendo o líquido de um copo tremer no painel
do carro? Ou quando o irmão da menina se vê perseguido por velociraptores em um
ambiente fechado?
A cena da girosfera (veículo terrestre que conduz os
visitantes pelo parque) em que o Indominus tenta despedaçar a esfera e matar os
sobrinhos de Claire é o único momento em que realmente vemos os garotos em
perigo, e mesmo assim, ambos não parecem saber demonstrar isso para o público. Não
sentirmos medo pelos personagens também é algo que se estende no restante do
filme, e apesar de estarem sendo seguidos por monstros gigantes assassinos, não
nos parece que algo de ruim vai acontecer a eles. Jurassic Park é bem mais
competente nesse sentido.
As cenas de ação, no entanto, são de um impacto visual bem
expressivo, e são a força-motriz que fazem de Jurassic World o grande
arrasa-quarteirão que em um único final de semana conseguiu desbancar a marca
que pertencia a Vingadores desde 2012, com $ 208.806.270. Difícil descolar os
olhos da tela quando o bicho começa a pegar (LITERALMENTE) no filme, e quanto a
isso, Jurassic World deixa pouca coisa a dever para seu antecessor de 1993.
Para contrabalancear o elenco infantil que é bem fraco, Chris Pratt, Bryce
Dallas Howard, Vincent D’Onofrio (o Rei do Crime de Marvel’s Daredevil) e Omar
Sy estão muito bem em cena, nos passando toda a realidade das cenas de perigo e
ação.
Não vá ao cinema esperando que Jurassic World vá ser melhor
que Jurassic Park, mas vá esperando ver um filme Blockbuster de costume,
daquele que te convence pelas cenas visuais e os efeitos digitais. Nisso, ele
cumpre seu papel.
NOTA: 8,5
NAMASTE!