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26 de novembro de 2020

A última temporada de Demolidor e Justiceiro



Para fazer e mente aquietar um pouco durante a pandemia — que para muita gente já até acabou! — eu tenho assistido muitos filmes e séries, mas se engana quem acha que é só coisa nova. Porra nenhuma! Eu tenho revisto muita coisa velha e até tenho aproveitado para consumir material que já foi lançado há algum tempo, mas que eu nunca tinha sentado para ver.

Nesse Combo Breaker nostálgico, vou falar minhas impressões sobre a terceira (e última) temporada do Demolidor da Netflix e a segunda temporada do Justiceiro.

SIGAM-ME OS BONS! 

DEMOLIDOR (Terceira Temporada)

Eu já tinha assistido a última temporada do Demolidor na época em que ela foi lançada, em 2018, mas foi como se o impacto do cancelamento da série só tivesse me atingido agora. Eu sou um grande fã do Demônio Audacioso de longa data — looonga mesmo! — e fiquei bastante empolgado quando surgiram os boatos que o personagem ia ganhar um seriado próprio lá por 2015. Escrevi alguns posts de expectativa, falei sobre as outras temporadas, mas acabei não tendo saco para falar sobre a última, que não deixa NADA a dever para as anteriores. 



O grande problema das séries Marvel/Netflix foi a quantidade exagerada de episódios que as tornou, em muitos casos, excessivamente arrastadas, e isso era uma questão grave para uma história que em seu cerne, deveria conter mais ação do que falação — dando mais uma vez o exemplo de Punho de Ferro, que com segurança é a pior da safra! No caso de Demolidor, no entanto, seja por ele ser meu personagem preferido de todos os que ganharam vida pela Netflix ou seja porque sua série era realmente melhor, eu veria tranquilamente mais 13 episódios, mesmo que Matt Murdock (Charlie Cox) aparecesse mais do que o Demolidor, como já acontece nessa season finale

Nessa terceira temporada, após os acontecimentos de Os Defensores (que eu resenhei aqui), Matt vai parar de volta ao orfanato onde cresceu depois do assassinato de seu pai, e lá, sob os cuidados da Irmã Maggie Grace e do Padre Paul Lantom (Peter McRobbie), ele enfrenta o peso das escolhas que fez em vida, começando a renegar sua antiga identidade do advogado cego Matthew Murdock.



Em doses excessivas de sua própria autopiedade e sendo alvo do sarcasmo da Irmã Maggie (Joanne Whalley em ótima atuação), que já havia cuidado dele quando criança, Matt vagarosamente tenta retomar sua vida de vigilante mascarado — desta vez sem usar o traje reforçado criado para ele por Melvin Potter — saindo à ruas noturnas de Hell's Kitchen e descobrindo que as coisas por ali não melhoraram em nada após o sumiço do Demolidor. 



Em paralelo à tentativa da retomada de "carreira" de Matt, nós acompanhamos a recuperação de Wilson Fisk (Vincent D'Onofrio) a seu posto de o grande chefão do crime organizado, e mesmo preso — desde a primeira temporada — ele continua manipulando a tudo e a todos para alcançar seus objetivos, inclusive conseguir uma prisão domiciliar no topo de um dos prédios mais luxuosos das cidade — que é de sua propriedade. Longe das grades da penitenciária e com um sistema de vigilância próprio em sua nova "prisão", Fisk busca eliminar todos que o impedem de ascender ao topo do submundo como o Rei do Crime e isso inclui, óbvio, o herói da Cozinha do Inferno a quem ele dedica uma atenção especial — desta vez já sabendo que o advogado cego e o vigilante mascarado são a mesma pessoa. 



Um dos que são manipulados por ele é o agente do FBI Ray Nadeem (Jay Ali), que mesmo sem saber do quão está sendo manipulado por Fisk, acaba fazendo tudo que o chefão precisa para tornar sua vida melhor, caçando o Demolidor — que acaba se tornando o inimigo público nº 1 — e prendendo os demais chefes de gangue da cidade numa "delação premiada" que deixaria a Lava Jato brasileira com inveja! 



Nesse ínterim, um dos agentes do FBI que trabalha com Nadeem, chamado Benjamin Poindexter (Wilson Bethel), acaba sendo usado como bode expiatório depois que recorre à violência excessiva para abater os criminosos que tentaram matar Fisk durante seu transporte da penitenciária. O agente vê sua carreira ir para o buraco enquanto o Rei do Crime ganha cada vez mais regalias em sua prisão domiciliar fajuta, o que o desestabiliza emocionalmente. Fisk descobre que o homem que o salvou possui diversos problemas psiquiátricos originados ainda em sua infância, além de transtornos de ansiedade e problemas para controlar sua raiva. De maneira muito arguciosa, o chefão manipula esses fatos a seu favor e transforma o habilidoso Poindexter — que tem uma mira infalível! — em seu maior aliado, colocando-o contra seu pior adversário, o Demônio de Hell's Kitchen. 



A forma como toda essa trama é conectada desde o primeiro episódio é fantástica e o roteirista Drew Goddard nos coloca a roer as unhas enquanto o Demolidor vai se enrolando cada vez mais numa teia de intrigas e traições à medida que o Rei vai se aproximando para lhe dar o bote final. Eu assisti essa temporada duas vezes, com o intervalo que comentei no início do texto de dois anos, e nessa segunda vez foi como se eu estivesse vendo a primeira vez. Embora eu já soubesse o que acontecia nos pontos-chave da história, muito sobre a trama política que Wilson Fisk usa para se safar da justiça eu tinha esquecido completamente. A maneira como ele manipula Dex para que ele se torne seu parceiro é incrível e não soa como algo forçado, já que o personagem sofre de diversos problemas psiquiátricos graves que o tornam vulnerável a essa manipulação. Aliás, palmas para como o Mercenário foi trazido à vida na série. Além da ótima atuação do ator Wilson Bethel, seus traumas de infância, seu descontrole emocional — ao mesmo tempo contraposto com seu TOC — e a maneira como ele se treinou para ser fisicamente imbatível dão ao Ben Poindexter de Demolidor todas as condições para que ele seja o rival perfeito do personagem-título. Destaque para o primeiro embate entre os dois no prédio de O Boletim em que, trajado como o Demolidor, Dex usa artigos de papelaria para acertar Matt, transformando tesouras, clipes de papel e até um grampeador em armas mortais de arremesso! 



Ao final dos 13 episódios, com o combate final entre Murdock, Fisk e Poindexter e com a restituição da firma de advocacia de Nelson e Murdock — e Page! — fica aquela sensação que cabia ali uma quarta temporada, além de um sentimento meio que de abandono. Por mais que se critique a forma meio covarde que a Marvel lidou com os personagens nas séries em parceria com a Netflix, falando que eles pertenciam ao MCU, mas ao mesmo tempo escondendo seus ovos de ouro, sem deixá-los ao menos serem citados nos episódios, é fato que mesmo isoladamente, Matt Murdock e todo o elenco de Demolidor funcionam muito bem e mereciam um melhor tratamento futuro. 

A parceria entre Marvel e Netflix foi encerrada por conta da criação do serviço de streaming próprio da Disney — o Disney+, que estreou recententemente no Brasil — e embora ainda possamos assistir Demolidor, Jessica Jones, Justiceiro, Punho de Ferro, Luke Cage e Os Defensores na locadora vermelha, é fato que nada mais acerca desses personagens vai ser criado para a marca. Gostaríamos muito que a própria Marvel ressuscitasse todos eles desta vez em sua própria casa — o Disney+ —, usando, quem sabe, até o mesmo elenco, mas é difícil dizer o quanto disso seria possível, já que envolve direitos de imagem, contratos vigentes e uma caralhada de coisas que entendemos tão pouco. Assim como aconteceu no período em que tanto o Demolidor quanto o Justiceiro estavam licenciados para a FOX — e sofreram com aqueles filmes merdas na era pré-MCU —, é necessário que se espere um tempo até que os personagens possam ser usados novamente em outras mídias e temo que nesse meio-tempo, os atores talvez não estejam mais disponíveis ou interessados em participar de um vindouro projeto de ressuscitação. 

Vincent D'Onofrio foi um dos que se posicionou sobre o fim da série e mencionou que gostaria de voltar ao papel de Wilson Fisk. Duvido que Charlie Cox, Deborah Ann Woll e Elden Henson não topassem voltar também, já que não fizeram nada de muito relevante depois de 2018.     

NOTA: 9

O JUSTICEIRO (segunda temporada)

Eu fui um daqueles caras que simplesmente largou as séries da Marvel/Netflix assim que foi anunciado que todas elas tinham sido canceladas, e confesso que não tinha visto a segunda temporada de O Justiceiro até esses dias. 

Eu tinha detestado a primeira temporada e fui um dos que critiquei fervorosamente o ritmo cansativo que a série própria do personagem tinha ganhado após sua excelente apresentação ainda na segunda temporada de Demolidor. Todo fã de quadrinho sabia o potencial que o Justiceiro tinha para ganhar um live-action decente e após três adaptações lamentáveis para os cinemas — duas dos quais eu destrinchei lá no início do Blog do Rodman — precisávamos de uma adaptação decente do personagem, e ela surgiu na pele do ótimo ator Jon Bernthal, que convenhamos, nasceu para ser Frank Castle!



A primeira temporada foi uma bosta, mas construiu todos os elementos que conduziram a segunda temporada, bem como também criou o principal adversário de Castle — seu ex-companheiro fuzileiro Billy Russo —, deu a ele um suporte importante dentro das forças da lei — a agente Dinah Madani (Amber Rose Revah) — e carta branca para começar uma vida nova, sob a identidade de Pete Castiglioni



Vagando pelos EUA de bar em bar, vemos agora Castle tentando levar uma vida pacata, longe dos problemas que o transformaram no Justiceiro. De passagem pela cidade, ele encontra a companhia da atendente de bar Beth Quinn (a maravilhosa Alexa Davalos) após defendê-la de uma tentativa de assédio, e essa é a primeira vez em muito tempo que vemos Frank tentando dar continuidade à sua vida, após o trauma de perder a esposa e os filhos — e com a alma lavada por acreditar que fez todos os culpados por seus assassinatos pagarem caro. 



Mas essa é uma série do Justiceiro, amigo, e como devia ter sido desde a primeira temporada, é claro que Frank Castle não encontra a paz que precisa e acaba se envolvendo até o pescoço numa trama política de chantagem, assassinatos e perseguições implacáveis que o fazem querer salvar a pele da jovem Amy (Giorgia Whigham) — que é atacada por combatentes fortemente armados — e fugir com ela não só do bar de Beth como também através do estado.  



Sem entender à princípio onde se meteu, Frank faz de tudo para manter a garota viva, enquanto um misterioso e habilidoso perseguidor contratado para matar Amy e recuperar as fotos comprometedoras de um senador que estão em sua posse, segue a dupla. O homem conhecido apenas como John (Josh Stewart) lidera uma equipe especial de agentes impiedosos e (quase) tão habilidosos quanto Frank e conforme os dois fogem do homem vestido feito um pastor de igreja, Castle vai descobrindo aos poucos os segredos de sua jovem parceira e o que, afinal, ela tem que tanto interessa aos criminosos, que não se importam de deixar um rastro de sangue por onde passam.

Em paralelo a essa fuga desesperada de Frank e Amy, vemos que Billy Russo (Ben Barnes) não só sobreviveu a seu último encontro com Castle, como tem se recuperado lentamente no hospital, onde está sendo atendido pela psiquiatra Krista Dumont (Floriana Lima, a Maggie Sawyer de Supergirl). Enquanto a agente Dinah Madani — que foi atingida por um tiro disparado por Russo — faz marcação cerrada ao ex-amante no hospital, ela faz de tudo para desmascarar — não literalmente, é claro! — seu agressor, dizendo que ele está mentindo sobre sua condição de amnésico, e que ele se lembra SIM, de tudo que fez, tanto a ela quanto a Castle e sua família. 



Os destinos de Castle, Russo e Madani voltam a se cruzar mais pra frente na temporada, e a certo ponto da trama vai dando aquele cagaço de que os roteiristas da série (dentre eles o showrunner Steve Lightfoot) não saibam como amarrar todos os nós que vão sendo deixados soltos pela temporada. Eu cheguei a pensar que não teria como resolver as tramas isoladas de Billy Russo com a da perseguição de John Pilgrim a Frank numa mesma temporada, mas a maneira como tudo é amarrado em um conflito até bem direto me deixou descansado. 

Tudo que reclamei de The Punisher Season 1 virou passado com a excelente segunda temporada que soube equilibrar muito bem os momentos de diálogo com os de ação. Mesmo a trama meio chata do personagem John Pilgrim — que tem um passado envolvendo grupos supremacistas brancos — e sua devoção à religião enquanto mata pessoas a mando de Anderson Schultz — a quem ele está ligado por conta de uma dívida — é muito bem diluída na trama principal e não chega a comprometer o seu ritmo como um todo. Schultz (Corbin Bernsen) é o pai do senador a quem as fotos em posse de Amy comprometem — mostrando um caso homossexual do político — e sua esposa, vivida por Annette O'Toole (a mãe de Clark Kent em Smallville) está em posse da mulher doente — com câncer terminal —  e dos filhos de Pilgrim, fazendo assim com que o matador de aluguel fique à mercê dos criminosos em pele de cordeiro. 



A grande surpresa do elenco é mesmo a Amy de Giorgia Whigham (de 13 Reasons Why) que não só funciona muito bem como a parceira mirim do Justiceiro — e quem diria que um dia íamos dizer isso! — como também puxa nossa torcida inteira por ela, já que a garota é extremamente carismática. É inegável que depois que a salva das mãos da gangue de Pilgrim no bar de Beth, Castle acaba criando um laço paternal com a menina e isso se desenrola numa das mais bonitas relações de pai e filha que já vi nas séries da Marvel. Quando Castle diz a John que faria tudo por Amy enquanto ela está na mira de seu revólver, as lágrimas rolam nos olhos de Amy, nos de Castle e também em quem está assistindo. Porra! Que momento foda! 



Se alguém me dissesse de antemão que o Justiceiro ia ter a sua "Robin" nessa temporada, eu teria desacreditado completamente, mas essa parceria acabou sendo um dos pontos mais positivos da temporada toda, que contou também com ótimas atuações de Jason R. Moore como Curtis Hoyle — que é a consciência moral de Frank — e do próprio Ben Barnes, que deu a seu Billy Russo / Retalho um ar de psicopatia bastante interessante, já que ele realmente não sabia o que tinha feito à família do amigo Frank Castle, embora fosse atormentado noite após noite com a caveira símbolo do Justiceiro em seus pesadelos.



A caracterização da série só pecou em uma coisa: As cicatrizes de Russo!

Caralho! Como alguém que teve a cara esfregada em cacos de vidro fica tão bem apresentável assim depois de tudo? Olhando para sua cara, dá a impressão que Billy Russo só teve um entrevero sério com um gatinho de estimação, saindo um pouco arranhado, e não que teve o rosto moído em um espelho quebrado! 

Os cirurgiões plásticos que cuidaram do cara são bons demais! Séloko! 



Eu adorei essa segunda temporada e ela mal acabou e eu quase dei play no primeiro episódio de novo só para rever tudo com mais calma. Por um lado, até foi bom ter visto com esse intervalo entre o cancelamento da parceria Marvel/Netflix e a estreia da Disney+, assim pelo menos, eu me afastei do hate em que estava após ter detestado a primeira temporada. Agora eu até apoio uma terceira temporada e o próprio Jon Bernthal — o melhor Justiceiro EVER! — chegou a se pronunciar nas redes que não seria impossível uma continuação da saga de seu Frank Castle, agora pela Marvel. Vamos ver no que vai dar. 

NOTA: 9

Leiam também quais eram as minhas expectativas para a primeira temporada de Demolidor lá em 2015:



Minha crítica às modorrentas temporadas de Punho de Ferro e Luke Cage:



E o que achei sobre a primeira temporada de Justiceiro, a segunda temporada de Jessica Jones e o crossover entre eles, Os Defensores:



P.S.: E quando a gente achava que o assunto já estava morto e enterrado, às vésperas dos direitos de uso do Demolidor retornarem exclusivamente para a Marvel, começou a rolar uma petição para salvar a série e ninguém menos que o próprio Vincent D'Onofrio está participando, pedindo aos fãs que assinem. Uma hashtag também foi criada para mostrar aos executivos da Marvel o interesse das pessoas num possível retorno da série. Basta tweetar #SaveDaredevil e assinar a petição online aqui!  



NAMASTE! 

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