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26 de janeiro de 2021

1984 tons de Mulher Maravilha



Eu precisei assistir Mulher Maravilha 1984 duas vezes para tecer a minha opinião sobre o filme e vou tentar resumir nesse post meus sentimentos um tanto quanto controversos a respeito dessa produção que custou US$ 200 milhões aos cofres da Warner e já rendeu US$ 142,5 milhões em todo o mundo.

Sigam-me os bons!

Em primeiro lugar, é preciso defender a ideia da diretora Patty Jenkins e dos roteiristas Geoff Johns e Dave Callham de tentar levar para a tela um produto leve, divertido e muito mais positivo do que 80% das películas que o estúdio vinha trazendo à vida mais recentemente — pelo menos aquelas baseados nos super-heróis da DC. Nós havíamos nos desacostumado a assistir nos cinemas histórias que nos deixassem mais leves ao final do filme em vez de sair da sala de exibição com aquele gosto amargo do sangue derramado pelos personagens que tanto admirávamos nos quadrinhos e foi graças a Jenkins que pudemos ver uma vez mais o bem vencer o mal com WW 84, embora nesse caso, haja uma linha bem tênue entre esses dois extremos durante as quase duas horas e meia de projeção, além de personagens com mais de 50 tons de cinza em sua personalidade.



A própria diretora responde sobre isso quando perguntada a respeito da conduta sempre apaziguadora da personagem-título, e em poucas palavras, resume o que ela pensa sobre a Mulher Maravilha em entrevista ao Correio Braziliense:

“Normalmente, há heróis e vilões. Na maior parte do tempo, eles ficam tentando destruir uns aos outros. Eles perseguem na tentativa de se livrar uns dos outros, tendo por base o ódio. O diferencial de Diana é que ela nunca deseja machucar ou destruir ninguém. Mesmo quando são pessoas más. Ela tem um sentimento bondoso de compreensão. Ela se vê como uma pessoa prestativa, preocupada em melhorar a vida de quem está à sua volta. Ela cuida do mundo que a envolve. ”  



Ainda pela sua visão, a diretora comenta sobre o simbolismo que a sua Mulher Maravilha pretende transmitir aos espectadores:

“A Mulher-Maravilha é algo de que o mundo precisa agora. Ela não se encerra num conceito de derrubar os malvados. Ela desperta amor, compaixão, gentileza e desejo de se aprimorar como ser humano. Diana se desafia para se tornar uma pessoa melhor, ainda que esteja na posição de heroína. ”

Quem acabou comparando um pouco WW 84 com outro filme da DC de grande sucesso, o Superman de 1978, tem grande razão de fazê-lo, já que Jenkins não esconde em nenhum momento que o filme dirigido por Richard Donner foi uma grande referência para seu trabalho. A Diana Prince de Gal Gadot é quase tão heroica e inspiradora quanto o Clark Kent de Christopher Reeve e há diversos momentos em WW 84 que nos faz lembrar da simplicidade e do heroísmo daquele Superman que era muito mais próximo ao conceito do que um super-herói deveria representar ao mundo do que tudo que veio depois. Mas não vamos falar do maior cineasta do planeta aqui novamente. Já fiz um post inteiro em homenagem a ele recentemente!



Ok, Rodman! Isso quer dizer que, na sua opinião, o filme então é 10/10?

Ah, não, jovem padawan. Longe disso. O filme tem vários problemas e embora acerte e MUITO na forma como representa a Mulher Maravilha, peca em outros momentos que comentarei a seguir.

Apesar de parecer uma mistura de Cavaleiros do Zodíaco com Todo Poderoso e com uma pitada de Thundercats, WW 84 tem um enredo confuso e arrastado que nos faz cansar rápido, por exemplo, das motivações de Maxwell Lord, em tela interpretado pelo Mandaloriano Pedro Pascal. O personagem de cara surge como um vigarista ambicioso que parece ser capaz de passar por cima de tudo e todos para alcançar seu tão sonhado sucesso empresarial, mas enquanto ele tenta mover as engrenagens para conseguir seus objetivos, fica claro o quão fracassado o cara é, recebendo logo no começo do filme aquele "empurrãozinho" ladeira abaixo do sócio multimilionário que lhe dá um ultimato quanto ao futuro da parceria entre eles, o famoso “ou vai ou racha”.



Entra em cena então o elemento “místico” que vai permitir a Lord o tal impulso necessário para alcançar seu objetivo — o de pagar sua dívida com o sócio —, quando ele bota as mãos na “Dreamstone”, Pedra dos Sonhos. Daí até o final da história, Lord toma uma série de decisões questionáveis para se tornar rico, poderoso e influente, algo que certamente a maioria de nós faria em posse de um objeto místico que realizasse nossos desejos mais íntimos. Mais do que isso, Lord usa o super-trunfo dos desejos para se tornar ele mesmo o realizador de desejos, que é quando a sua história se perde um pouco, ao vê-lo o tempo todo desesperado para realizar os sonhos daqueles que ele almeja superar. 



Por ser um personagem quase patético, é difícil levá-lo a sério e é ainda mais difícil enxergá-lo como um adversário à altura da Mulher Maravilha, o que acaba o tornando algo como o Lex Luthor é para o Superman, — não um adversário físico, mas mental — só que nesse caso com bem menos talento que o vilão careca.

Ah, mas Rodman, o Lex Luthor usa a armadura e...

Cala a boca, jovem padawan!



É nos últimos instantes do filme que enfim conseguimos nos importar com Max Lord, e suas ações ao longo de toda a projeção quase podem ser justificadas ao vermos em forma de flashback sua trajetória desde a infância miserável. O amor ao filho e o reconhecimento de que ele é um fracassado é bastante comovente, e assim como previa o roteiro desde o início, acontece a redenção do personagem que nunca foi um vilão e sim alguém muito ganancioso em busca de seu lugar ao sol depois de uma vida de provações.



A outra personagem que se contrapõe à Mulher Maravilha no filme é Barbara Minerva (Kristen Wiig), que desde o início nos é retratada como o tipo mais comum de adversário ao herói lindo, tesão, bonito e gostosão. Assim que batemos o olho em Minerva com seu jeito tímido, retraído e desajeitado, vem à memória um monte de outros personagens que eram iguais em filmes de super-herói, e só para ficar em produções da Warner/DC não tem como não citar a Selina Kyle de Michelle Pfeiffer em Batman O Retorno (1992), o Edward Nygma de Jim Carrey em Batman Forever (1995) ou da Pamela Isley de Uma Thurman em Batman & Robin (1997). Todos eles têm em comum a característica de serem praticamente invisíveis para seus superiores, embora sejam dotados de uma inteligência ímpar que possivelmente os colocaria em destaque em outras circunstâncias. É praticamente o mesmo personagem em todos os filmes citados, e assim como seus antecessores, Wiig o conduz muito bem, a ponto de não nos importarmos muito com o bem-estar do assediador em quem ela dá uma lição logo que tem o seu desejo realizado pela Pedra dos Sonhos... dos desejos... sei lá!



Diferente do personagem de Pascal, a gente se importa com a Barbara, e a influência do poder que ela conquista sobre sua anteriormente frágil e inibida personalidade fica nítida conforme ela vai se acostumando a ser tão poderosa e admirada quanto sua “colega” de trampo Diana Prince. Aliás, em questão de interpretação, Kristen Wiig dá um banho completo em Gal Gadot, que está menos inspirada agora do que esteve no filme anterior em que protagonizou.

Embora simpatizemos um pouco com Barbara Minerva — a despeito de o quanto seu gosto por roupas vai piorando à medida que ela vai se tornando mais poderosa —, a personagem não tem um objetivo maior a alcançar, e fora se equiparar a Diana Prince, ela quase não tem o que fazer no filme, se tornando uma adversária sem muito peso para a Mulher Maravilha. É claro que o simples fato dela ser alguém que pode rivalizar em força com Diana a torna incrivelmente valorosa, e mesmo sem ter um objetivo tangível a alcançar, sua presença no filme é mais justificada por ela ser alguém próxima à personagem-título que acaba se tornando sua rival por consequência da realização de seus desejos. Ao querer se igualar à sua “ídola”, Minerva acaba se transformando em alguém que bate de frente com o que Diana defende e preza, e é essa rivalidade que dá algum tempero à relação entre as duas no filme.



Fala a verdade! Aquelas cenas das duas conversando no restaurante e a troca de confidências entre elas deve ter acionado na mente dos fanfiqueiros de plantão um monte de ideias pervertidas, nénão? Não procurei, mas é certeza que já tem uma porrada de ilustração e contos no Wattpad fazendo a Diana e a Barbara se pegando “diconforça” só por conta da admiração da cover de Cheetara pela Princesa de Themyscira em WW 84. O povo não consegue mais enxergar amizade entre duas pessoas, tem que partir logo para o roça-roça!

Eu estava no meio da plateia da CCXP 2019 quando o trailer de Wonder Woman 84 foi exibido pela primeira vez, e embora tenha sido contagiado pela reação orgásmica de todos ao meu redor naquele momento em ver as primeiras cenas do longa, confesso que depois que vi com mais calma, não achei nada muito surpreendente. Não sei se o fato de eu já estar morto por dentro há algum tempo diminuiu o impacto de tudo que vi como trailer depois de Vingadores Guerra Infinita, mas honestamente, eu caguei muito para todo o material promocional que vi de Mulher Maravilha 1984 até assistir ao filme.



Bem... depois de ver, não posso dizer que acabei sendo mais impactado do que quando assisti ao trailer. Achei a maioria das sequências de ação bem fracas e senti que o filme não se esforçou muito no sentido de gravar com ferro em brasa nenhuma cena em nossa memória. Salvo a sequência de pancadaria dentro da Casa Branca — aquela em que a Mulher Maravilha enfraquecida LEVA UMA SURRA da Mulher-Leopardo — pouca coisa se manteve em minha mente após assistir a “fita”. E olhe que já vi duas vezes!



Gal Gadot é uma péssima atriz de ação, e embora tenha nos enganado direitinho no primeiro Mulher Maravilha mostrando o contrário, suas expressões de esforço, dor e resistência são pouco convincentes quando o pau está torando de verdade na história. Gadot é dona de uma beleza e de um charme impressionante e todavia esteja nos planos da Warner/DC indicá-la como melhor atriz na próxima premiação do Oscar, acho que ela, por enquanto, leva mesmo o troféu Cigano Igor de interpretação, prêmio aliás, já vencido com todos os méritos por Brandon Routh na época de Superman Returns (2006).



Ainda falando dos problemas do filme, além das sequências de ação pouco trabalhadas, não tem como não citar os efeitos visuais usados para mostrar a supervelocidade da Mulher Maravilha. 



Todas as cenas em que ela aparece correndo são horríveis e até quando ela FINALMENTE aprende a voar — sem precisar do jato invisível —, falta um pouco da leveza e da naturalidade que aquele momento exigia, algo que conseguia ser capturado pelo filme do Superman de 1978 em alguns momentos — não todos, é claro — mesmo sem recurso digital quase nenhum à disposição na época. Bryan Singer também consegue essa leveza em algumas cenas de voo do seu Superman de cera no filme de 2006, mas Patty Jenkins não teve muito sucesso na sua vez, embora toda aquela sequência entre as nuvens seja bastante simbólica e importante ao desenvolvimento da personagem.



Outra coisa questionável no filme também é a decisão dos roteiristas fazerem de Diana uma eterna viúva que passou quase 70 anos sonhando com o namorado morto. Sério... Onde que isso seria aceitável? Sério mesmo! 

Eu entendo que a Diana Prince não é qualquer mulher, eu entendo a visão romântica da pessoa que nunca mais encontrou o amor depois da morte de seu (sua) parceiro (a), mas não consigo enxergar como isso poderia ter funcionado no mundo real. Pensa no tamanho da seca dessa mulher! Quase 70 anos sem dar umazinha! Nenhuma mulher que conheço seria capaz. A minha ex já tava dando pra outro uma semana depois do término e eu nem sequer morri! Ou esse Steve Trevor é muito bom de cama ou a Diana é a mulher mais fiel do mundo!



A que ponto chegamos... analisando a vida sexual de uma personagem fictícia!

Bem, assim como no primeiro filme, já que falamos do personagem de Chris Pine, Steve Trevor não é muito mais do que o par romântico da Mulher Maravilha em WW 84, mas a forma como ele é inserido na história novamente, apesar de ter sido explodido no ar no filme anterior, é bastante interessante. É bacana, para variar, ver um personagem masculino sendo somente o coadjuvante num filme de ação protagonizado por uma mulher e todas as cenas de humor que o filme tem para gastar são usadas com Trevor em destaque, enquanto ele tenta se adaptar ao admirável mundo novo. A questão da moda é algo que Jenkins faz questão de nos mostrar para ajudar a nos ambientar ao cafonismo dos anos 80 e os figurinos de Pine ao longo do filme mostram bem o quão ridículo era esse período da nossa existência.



Imagina o quão escrotas são as pessoas que nasceram nessa época...

Que tipo de merda você deve ter sido para nascer em plenos anos 80... ai ai! 

Assim como no primeiro filme, o ator está bem em cena e seu personagem é usado única e exclusivamente como a força motriz por trás das motivações de Diana para vencer o Baixo-Astral... além de dar aquela relembrada na cocota de como é dar umazinha após muitos anos. He He He...



Com boas interpretações de Kristen Wiig e Pedro Pascal, ótima caracterização dos anos 80, boa trilha sonora e uma excelente leitura do conceito super-herói na figura da própria Mulher Maravilha — que vence no final sem brandir uma espada, mas na base do amor e da compaixão —, WW 84 é sim, apesar das críticas, um bom filme de Sessão da Tarde e que não deve ser visto como nada além disso. Ao longo de décadas já vimos um monte de filmes bem piores com conceitos muito mais horríveis, e Mulher Maravilha 1984 tem ao menos uma mensagem positiva ao final... assim como Superman IV – Em Busca da Paz...

É... não foi uma comparação muito feliz, mas não tem como não equiparar os dois filmes, principalmente em se tratando de mísseis nucleares, do começo de uma quase Terceira Guerra Mundial e da “superforça de vontade” que faz as coisas voltarem a seus lugares de origem como mágica.

Nós, velhos de quase quarenta anos ainda adoramos ver esses filmes de lutinha, de raiozinho e de tirinho, e mais do que isso, adoramos criticar aquilo que não está “do nosso agrado”, mas é bem claro que nenhuma dessas produções é mais feita para pessoas como nós. Se pararmos para pensar bem, a gente se amarrava no primeiro filme dos Power Rangers e curtia os batmamilos em Batman Forever sem nem questionar. A molecada de 13, 14 anos deve ter se amarrado em Mulher Maravilha 1984 e é muito bom saber que um monte de menina vai crescer tendo ao menos um filme de super-heroína para se inspirar, assim como nós, velhos gordos, carecas e broxas tivemos o Superman de 1978. E não... eu não era nascido nessa época, mas essa porra reprisava na TV dia sim, dia não na Sessão da Tarde durante os anos 90!

Os velhos gordos, carecas e broxas no Rotten Tomatoes avaliaram o filme com 60% (no tal tomatômetro), enquanto a pontuação pública ficou em 74%. Só para comparar, o primeiro Mulher Maravilha alcançou 93% de nota da crítica “especializada”, enquanto 84% do público aprovou o filme. Vale lembrar, que isso não quer dizer nada, já que como comentei, o filme não é feito para esse tipo de pessoa que muito provavelmente o avaliou.

Em tempo, a Warner inscreveu Mulher Maravilha 84 para 15 categorias do Oscar 2021, incluindo Melhor Direção (Patty Jenkins), Melhor Atriz (Gal Gadot), Melhor Atriz Coadjuvante (Kristen Wiig, Robin Wright e Connie Nielsen) e Melhor Trilha Sonora Original (assinada por Hans Zimmer). Isso não quer dizer que o filme vai concorrer a todas essas estatuetas e sim que o estúdio tem a intenção que os velhos gordos, carecas e broxas da Academia escolham WW 84 como indicação a elas. Ficamos na torcida para que pelo menos Jenkins seja escolhida e represente as mulheres nessa categoria onde, costumeiramente, elas são tão marginalizadas no Oscar.

Quem eu realmente gostaria que disputasse algum prêmio de atuação é a fofíssima Lilly Aspell que dá um show de carisma na sequência inicial do filme em que a pequena Diana encara um tipo de Olimpíadas do Faustão contra as demais amazonas adultas. A cena em que ela fica contrariada em ser tirada da disputa por Antiope (Robin Wright) por ter trapaceado é de cortar o coração. Aspell, assim como no filme anterior, mostra que é uma atriz-mirim de primeira grandeza e encanta em todas as cenas que aparece. Devia dar umas aulas de atuação a Gal Gadot!



Se você ainda não viu porque ainda não tem HBO Max no Brasil ou porque não quis se arriscar a encarar uma sala de cinema lotada em plena pandemia de Covid-19, ou que, assim como eu, não teve o privilégio de poder viajar para os Estados Unidos DUAS VEZES só para assistir o filme antes de todo mundo, Wonder Woman 84 estará disponível nas plataformas digitais em breve. Até a Sky — a famosa choveu, caiu! — vai deixar o filme disponível para alugar. Assista sem medo. Diversão de Sessão da Tarde garantida.

P.S. - Alguém duvida que se Zack Snyder — vulgo o maior cineasta do universo — dirigisse o filme, a história não ia terminar com essa cena em vez do papo sobre responsabilidade e compaixão?



P.S. 2 - Eu abstraí um monte de soluções absurdas que o filme mostra como as mil e uma utilidades do Laço da Verdade — que laça de balas a relâmpagos! —, mas juro que não consegui explicar como é que funcionou aquele sistema de comunicação que o Maxwell Lord usa para realizar os sonhos de todas as pessoas que o estavam assistindo. Aliás... o que diabos é aquela câmara com luz azul em que ele fica gritando feito maluco enquanto Diana enrosca o Laço da Verdade em sua perna e por que tem um troço desses dentro da Casa Branca? entendi foi porra nenhuma! Acho que vou ter que ver o filme de novo.   


P.S. 3 - Como eu disse, a primeira pancadaria entre Barbara e Diana é muito bem coreografada e produz efeitos bem maneiros, mas o que essa briga tem de inventiva, a última tem de ruim. Além da coreografia bem qualquer nota, os efeitos digitais para criar a ilusão da agilidade e força da Mulher-Leopardo são bem mequetrefes, sem falar que ela mais parece um cosplay de CATS. Outra coisa que deixa bastante a desejar é a tão alardeada armadura de Asteria que é "vendida" como a coisa mais foda do filme, mas que parece mais feita de latão vagabundo durante a batalha.  



NAMASTE!

13 de dezembro de 2019

Eu fui a CCXP 2019! (Olha no que deu!)


Em 2019 a CCXP alcançou a incrível marca de 280 mil visitantes numa única edição, o que coloca o evento como a MAIOR Comic-Con do mundo. Com a visibilidade conquistada nos últimos anos, os organizadores da CCXP provaram que a paixão do público brasileiro pelos artistas e convidados da feira é tão grande (ou maior) do que os de lá de fora, e esse ano foi recheado de atrações de peso.


É o meu quarto ano acompanhando o evento, e cada um deles foi especial da sua forma. 2015 foi aquela febre da primeira vez, a ansiedade para descobrir o desconhecido e acabei me divertindo bastante, além de ter conhecido muitos artistas dos quais sou fã na companhia do meu amigo de longa data Rodrigo Costa. Em 2016 fui sozinho ao evento e pude perambular por mais estandes e observar os pormenores de uma feira gigantesca que reúne tanta gente diferente, porém, com gostos similares. Em 2017 fui acompanhado de uma amiga que compartilha dos mesmos gostos por coisas nerds que eu (isso porque a minha hoje, ex-namorada, para a qual eu tinha comprado o ingresso, não quis ir!), mas acabei ficando broxado para ir em 2018. 


Em 2019 decidi me dar de presente uma entrada para conferir ao menos um dia da CCXP e mais uma vez não me arrependi... Embora minhas costas dissessem o contrário ao final do dia.


Olhando agora com mais calma para a lista de convidados da CCXP 2019, é quase difícil acreditar que tantos nomes de peso em Hollywood pisaram realmente em solo brasileiro. O pessoal do Omelete e seus patrocinadores trouxe o elenco quase todo de Birds of Prey (incluindo Margot Robbie) para um painel muito animado da Warner na quinta (5), mostrando que independente do filme ser bom ou ruim, a galera ama a Margot. 

Margot Robbie e o BOPE... Digo, B.O.P

Na sexta (6) o estande da Amazon Prime recebeu os atores do elenco de The Boys, a grande série do ano da plataforma, e na área dos quadrinhos o nome de peso foi o de Neal Adams, artista conhecido como mala pra caralho que desenhou o Batman na DC por um bom tempo, já na revitalização do personagem nos anos 80. Quem também pisou em solo brasileiro e foi conferir as atrações da CCXP nesse mesmo dia foram as atrizes Lesley-Ann Brandt (de Lúcifer) e Lana Parrilla (de Once Upon at Time).  

O elenco de The Boys, da Amazon Prime

No sábado (7) as coisas pegaram fogo no Auditório Cinemark. Além da exibição exclusiva de Frozen 2 da Disney, o pessoal do Omelete recebeu o ator Ryan Reynolds para falar de seu novo filme Free Guy para a Netflix. 


Daisy Ridley (Rey), John Boyega (Finn), Oscar Issacs (Poe), o diretor J.J. Abrams e a produtora Kathleen Kennedy subiram ao palco para falar sobre o último capítulo de Star Wars, A Ascensão Skywalker, com muito humor e empolgação.


Para fechar esse dia bombástico, o próprio Kevin Feige apareceu para dar um vislumbre sobre o filme dos Eternos (a ser lançado em novembro de 2020) e mostrar cenas inéditas de Viúva Negra (que chega em maio de 2020 aos cinemas). 


O dono da porra toda na Marvel Studios ainda teve tempo de falar das séries do Falcão & Soldado Invernal e mostrou uma imagem de WandaVision. Tudo isso em... 20 minutos! Isso que é ganhar dinheiro na moleza! O painel do produtor e chefe executivo da Marvel estava agendado para uma apresentação de 45 minutos.

A primeira imagem oficial da série WandaVision

Era de se esperar que no domingo (8) o ritmo fosse aquele mesmo de fim de feira, mas o pavilhão do Expo São Paulo continuou em chamas com as presenças de Henry Cavill, que veio divulgar The Witcher, a série do qual será o protagonista na Netflix. O quase ex, atual, último eterno Superman do DCU apareceu de surpresa no evento, vindo direto da Argentina, onde também participou de um painel da Comic-Con hermana.


De volta ao palco, o ator Ryan Reynolds veio divulgar com o elenco o novo filme Esquadrão 6, dirigido por Michael Bay. Bay aliás, estava escalado para vir ao Brasil também, mas não deu as caras. Junto de Reynolds veio a atriz Mélanie Laurent (a Shosanna de Bastardos Inglórios) e o ator Corey Hawkins, que contaram um pouco a rotina insana no set de filmagem do diretor que adora explodir tudo. 



A espera diante da Arena Oi (uma das patrocinadoras) foi de aproximadamente uma hora (minhas costas contaram cada minuto), mas quando Gal Gadot apareceu, acompanhada de Patty Jenkins, a diretora de MM84, a CCXP veio abaixo. Não me lembro de ter visto e sentido uma recepção a um artista tão calorosa, e o público ovacionou a atriz israelense por toda a entrevista que ela concedeu ao pessoal do Omelete. 

Gagadô

O momento foi oportuno para lançar também o primeiro trailer do filme (do qual se sabia muito pouco até então) e a cena da personagem usando a armadura dourada (semelhante a das HQs) foi a mais comemorada. 


Tanto Gadot quanto Jenkins foram muito gentis e simpáticas o tempo todo, e não faltaram elogios ao calor do público brasileiro, que nas palavras da atriz, "não há nenhum igual no mundo". Gadot, que já estava um pouco familiarizada com o Brasil (desde Velozes e Furioso 5) ainda arriscou algumas palavras em português como "eu te amo" e "Mulher Maravilha". Aí, amigo... Foi aquela gritaria! Wonder Woman 84, ou apenas WW84 estreia em junho de 2020.


Claro que a CCXP 2019 não foi marcada apenas pela passagem dos estrangeiros em terreno brasileiro. Muitos brazucas também passaram pela feira, seja mostrando novos trabalhos ou comentando trabalhos mais antigos. Dos globais, estiveram presentes Duda Nagle, Otaviano Costa (ex-global, talvez!), Tiago Leifert, Selton Melo, Matheus Nachtergaele e até o Marcio Canuto


O Artists Alley esse ano foi bem tenso pela polarização política. Enquanto todos estavam lá com o objetivo comum de vender e promover seu trabalho artístico, bandeiras foram levantadas. De um lado estava o pessoal do "Quadrinhos antifascistas" e do outro, o pessoal que não gosta de envolver política no meio dos gibis... Como se isso fosse possível. Teve até quadrinista e "humorista" riscando o logo do antifascista no bottom para fazer "piada" com o assunto. 


Ao término da CCXP, outra vez rolou polarização nas redes sociais acerca das acomodações do Artists Alley da CCXP e como o pessoal não estava sendo bem tratado como o restante dos artistas que se apresentam no evento. Houve, claro, a galera que saiu em defesa do evento, dizendo que o pessoal que estava reclamando estava querendo mordomia em uma feira que claramente não é feita para agradar a eles, mas a guerra entre apoiar e esculhambar se estende até agora entre os quadrinistas. 



Aí o outro lado respondeu:


Não pude sair do evento sem prestigiar o talento do pessoal do Blog Melhores do Mundo no AA e entrei na fila para adquirir um exemplar da nova Gréfyque MDM (desenhada e roteirizada pelo artista Marcos Tavares Costa). Aproveitei pra levar um exemplar do primeiro Hell, No do Leo Finocchi e dois prints sensacionais da talentosa Adriana Melo, que hoje, além de participar do podcast MDManas, desenha a HQ da Arlequina e Hera Venenosa para a DC

Eu tietando a incrível (e simpática!) Adriana Melo

Pessoal muito gente boa e que valeu a pena conhecer. Alguns rever, no caso do Fabio Catena, que já tinha encontrado em 2016 na mesa do Rodney Buchemi

A Gréfyque MDM na mesa do Fabio Catena no AA

A CCXP não agrada gregos e troianos, mas é notável o quanto o evento tem evoluído desde a sua criação e atraído a atenção nacional e internacional. Com estandes de variadas empresas e marcas (Netflix, UOL, Facebook, Globoplay, Iron Studios, Disney...) a feira hoje é gigantesca e faz jus a totalidade de público que alcança. 


Num país onde cultura é besteira, perda de tempo e coisa de comunista, é bom ainda ver que um evento pop como esse chama tanto a atenção, além de dar emprego para uma caralhada de gente, mesmo que isso seja apenas no período em que ele funciona. Nem de longe é perfeito. O consumo interno é muito caro (em especial a parte da comida... um dogão com pão e salsicha sai por 25 talkeys!), as filas para qualquer coisa são grandes (embora esse ano tenha sido absurdamente melhor que em 2017)... Mas amigo... Quem tá na chuva é para se molhar! Se não sabe brincar, não desce pro play.


O mais bacana da CCXP é estar ali em meio a pessoas que são entusiastas das mesmas coisas que você, compartilhando sonhos e até mesmo gostos. É você poder dividir espaço com seus ídolos e sentir (mesmo que há metros de distância) que eles estão perto. Sei lá. É mais ou menos por aí. 

NAMASTE! 

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