22 de março de 2018

PANTERA NEGRA E OS 10 ANOS DE MARVEL STUDIOS

Véio!

Se um viajante do tempo encontrasse o pequeno Rod Rodman remelento de 11 anos lá na década de 90, e falasse assim “Cara! O filme do Pantera Negra é uma das maiores bilheterias da Marvel nos cinemas em 2018!”, eu daria altas gargalhadas do sujeito e o colocaria em total descrédito!


Completando 10 anos do estúdio cinematográfico, a Marvel não conseguiu emplacar somente filmes com os medalhões da editora de quadrinhos como também tornar sucesso personagens que a maioria do público civil sequer tinha ouvido falar. Dizer hoje “Wakanda Forever” a plenos pulmões é fácil, amigão! Mesmo há doze anos, ninguém acreditava que era possível levar para o cinema o Thor, o Capitão América ou o Homem de Ferro de forma crível. Fox e Sony ainda procuravam meios de manter X-Men e Homem Aranha palatáveis para todos os públicos na telona, e ambos os estúdios FALHARAM MISERAVELMENTE à partir do terceiro filme, começando um novo declínio nas produções de super-heróis, que só se mantiveram equilibradas graças aos filmes do Batman de Christopher Nolan, lá pela Warner e a concorrente direta da Marvel, a DC.


Quem diria que o jogo viraria, hein queridinha!

Nesse momento, Pantera Negra, o décimo oitavo filme da Marvel Studios, já arrecadou no MUNDO $ 1,1 BILHÃO de verdinhas ($562,015,601 só nos Estados Unidos), o colocando na frente de filmes como Toy Story 3 (US$ 1,06 bilhão) e Batman – O Cavaleiro das Trevas (US$ 1,08 bilhão) no ranking de maiores bilheterias da história do cinema, o que não é um mau resultado, considerando a importância que esse filme teve para o momento atual de lutas sociais e combate ao racismo, à segregação e várias outras questões políticas e étnicas.


Nós brancos sempre tivemos a quem nos espelhar nos cinemas, sejamos sinceros. De Martin McFly, passando por Superman, Forrest Gump e Ferris Bueller, nós sempre tivemos um estereótipo caucasiano a quem nos referenciar, além de nos sentir representados o TEMPO TODO a cada filme que passava seja na Sessão da Tarde, na Tela Quente ou nos Telecines da vida. Personagens negros caricatos também sempre existiram aos montes, e até mesmo filmes protagonizados por atores negros como Eddie Murphy, Chris Tucker ou Martin Lawrence já fizeram sucesso junto ao público, a questão em Pantera Negra é outra completamente diferente. 


Em primeiro lugar o elenco do filme é quase que totalmente formado por atores negros, e a história do mesmo fala de uma nação africana altamente tecnológica com seus costumes e cultura próprias que independe de outros países para sobreviver. O público negro, aquele que anteriormente podia no máximo se ver na figura do Blade (filme de 1998) e todo seu elenco branco, na figura do Hancock (2008) ou ficar contente em ver o Falcão (Anthony Mackie) como ajudante do Capitão América (que é o protagonista do próprio filme!), hoje tem um filme INTEIRO protagonizado por pessoas da sua etnia e que, não só por isso (graças a Odin!), é um puta de um filme bem escrito (por Joe Robert Cole) e dirigido (por Ryan Coogler).



Motivos para se orgulhar do filme do Pantera Negra não faltam, já que, de acordo com as palavras do próprio Kevin Feige (o principal produtor da porra toda desde Homem de Ferro 1), “Pantera Negra é o filme mais importante da Marvel até aqui”. Longe de ser panfletário e de querer levantar bandeiras em pró de uma inclusão tardia, o filme nos faz pensar sobre diversos ângulos que estamos vivendo em tempos modernos, e que já não era sem tempo incorporar todo tipo de público à visibilidade maciça que Hollywood sempre teve. 



Pela Warner, Mulher Maravilha já tinha alcançado objetivo parecido com sua diretora Patty Jenkins provando que é possível retratar uma heroína forte, decidida e que não precisa apelar SEMPRE para seus dotes eróticos e sexuais para conseguir seus objetivos, como nós (homens, héteros) sempre aprendemos desde cedo que “é assim que funcionam as mulheres”. 


Por sua vez Ryan Coogler (de Creed) tomou para si a enorme responsabilidade de dar vida a uma nação africana inteira que só havia sido levemente mencionada no filme Capitão América – Guerra Civil e ainda tocar em um assunto delicado como segregação racial, o que ele fez com extrema competência, levando em consideração que os diretores contratados da Marvel Studios meio que já têm que seguir um script pré-estabelecido. “Você dirige, mas nós dissemos o que deve ser feito, OK?”. 



Ótimo diretor de atores (tendo em vista que o sujeito conseguiu fazer com que Sylvester Stallone fosse indicado ao Oscar de Ator Coadjuvante por Creed!!), Coogler tirou atuações elogiáveis do ótimo elenco que tinha em mãos, e tanto Chadwick Boseman (T’Challa) quanto Michael B. Jordan (Killmonger) estão muito bem em cena, protagonizando a história. Aliás... O que diabos Jordan tinha na cabeça para aceitar fazer parte daquela bomba atômica que era Quarteto Fantástico??


Jordan passa uma veracidade tão grande em seu papel de usurpador do trono de Wakanda, que por vários momentos nós chegamos a pensar que ele não é um vilão, e que suas razões em estar ali, frente ao primo T’Challa para derrubá-lo do trono, não são equivocadas. 


Tendo sido abandonado nos Estados Unidos à própria sorte após o assassinato do próprio pai, num dos lugares mais violentos da cidade, enquanto sua família goza de todo conforto e tecnologia avançada numa nação africana escondida do mundo, não era de se esperar que o garoto se tornasse um pacificador.



O elenco feminino de Pantera Negra é outro ponto positivo para o filme, já que mostra não só a competência das atrizes Lupita Nyong’o (Nakia), Danai Gurira (Okoye) e Letitia Wright (Shuri) como também a importância de suas personagens para a história, que só consegue seguir em frente (independente do protagonista) graças a coragem individual delas. 


Enquanto Nakia representa uma idealista que entende mais do que ninguém a importância de Wakanda ser uma nação mais presente nas questões mundiais em vez de se interiorizar e dar as costas as necessidades de seus irmãos africanos menos favorecidos, Okoye é a líder da Dora Milaje, o esquadrão de elite do reino que serve como o grupo militar principal de Wakanda. Não menos importante do que ambas, está Shuri, a jovem princesa, irmã de T’Challa, que está à frente de todo o avanço tecnológico e científico do reino, comandando quase que sozinha as evoluções em armamentos, trajes e veículos do país. Há quem diga que a jovem Shuri já pode deixar Tony Stark para trás como o principal inventor dos filmes da Marvel!



Com uma história plausível de tomada de trono e com personagens carismáticos (alguns até bem desperdiçados, se levarmos em consideração o destino do Ulysses Klaw de Andy Serkis) Pantera Negra atinge quase nota máxima em evolução, alegoria, mestre-sala e porta-bandeira, deixando um pouco a desejar aos efeitos visuais e a algumas cenas de ação que não empolgam como deveriam. 


O tal “Você dirige, mas nós dissemos o que deve ser feito, OK?” deve manter uma cláusula contratual que OBRIGA todos os diretores a usarem excessivamente e sem muito critério a PORRA DO CGI MALFEITO em suas produções, porque não é possível! Enquanto o CGI colabora para que sejamos imersos na beleza de Wakanda e seus cenários fantásticos, eles deixam os últimos centavos para gastar em lutas e em cenas de pancadaria tal é o grau de RUINDADE da coisa. 



De forma prática, usando bem seus dublês e as tais coreografias de artes marciais africanas que alegaram aprender para usar no filme, aquele combate final entre T’Challa e Killmonger seria INFINITAMENTE mais bem executada do que o uso daqueles bonecos digitais medonhos se socando no ar.



Um exemplo?

O mesmo personagem Pantera Negra foi muito melhor utilizado em cenas de lutas bem mais empolgantes em Guerra Civil (dirigido pelos ótimos Irmãos Russo), e mesmo o ator Chadwick Boseman parecia um perito em artes marciais encarando o Bucky boladão sem seu uniforme especial de Pantera. Hoje quando tento puxar da memória uma cena de combate que envolva o Pantera Negra, não me vem NENHUMA usada em seu próprio filme, o que é um mal sinal, já que o personagem aparece durante uns vinte minutos em Guerra Civil e agora ele tem um filme todo só pra ele. A cena da perseguição automotiva a Ulysses Klaw (exceto o modo “piloto-automático” usado por Shuri!) também é bem qualquer nota, enquanto o Pantera digital e sua guarda-costas Okoye “voam” por cima dos veículos. Sério, Marvel! Mais efeitos práticos e menos CGI onde não tem necessidade!


Nossa, Rodman! Você odiou o filme, seu cuzão!

Pelo contrário! Pantera Negra é um PUTA DE UM FILMAÇO que não perde quase nada por causa de um CGI mal empregado, mas que ganha muito por seu elenco fodão e PRINCIPALMENTE por representar a cultura negra e levar o nome do PRIMEIRO herói negro de quadrinhos ao ponto mais alto onde um personagem pode estar: Na boca do povo e no topo das bilheterias. Agora sim, pode dizer: “Wakanda Forever”.     

10 ANOS DE MARVEL STUDIOS

Como mencionei acima, em 2008 um dos únicos filmes de super-heróis que engrandecia a categoria era o Cavaleiro das Trevas de Christopher Nolan, o que ainda gera controvérsias, já que há quem diga que o Batman do "Nolanverso" não é bem um super-herói devido seu modus operandi e toda aquela cara paramilitar. Seja como for, após experimentar uma quase falência no final dos anos 90 e de vender seus grandes personagens para estúdios de cinema alheios, evitando assim a bancarrota, a Marvel viu com o sucesso inicial de X-Men (Fox) e Homem Aranha (Sony), que eles ainda tinham carta na manga, e que DAVA SIM para tirar leite de pedra com o que eles tinham sob seu direito. Em algum momento na metade dos anos 2000, alguém louco o suficiente reuniu uma galerinha do barulho e falou alto nos corredores da Marvel, olhando para um gibi do Homem de Ferro: “Isso dá um filme, porra!



E não é que dava mesmo?

Reunindo a nata da Casa das Ideias na época, as cabeças mais pensantes dos quadrinhos naquele início de década, caras como Brian Michael Bendis, Axel Alonso, Mark Millar e Joe Quesada, além do talento incontestável de Kevin Feige, a Marvel Studios foi fundada para tornar realidade o sonho de um universo cinematográfico coeso, que fosse o pontapé de início para algo muito maior (hoje conhecido como MCU), dando fim a produções fracassadas como os “Demolidores”, “Motoqueiros Fantasmas” e “Quartetos Fantásticos” de outros estúdios. 



Homem de Ferro dirigido por Jon Favreau (o “Foggy” Nelson do já citado fracassado filme do Demolidor da Fox) foi o primeiro filme da empreitada lá em 2008, e não há como dizer hoje, que ele já não foi desenvolvido e modelado para ser o início da “fórmula Marvel”. Engraçadão, com piadinhas a cada três ou quatro falas, com um personagem EXTREMAMENTE carismático à frente e um espetáculo de efeitos especiais inimagináveis há dez anos, o Homem de Ferro/Tony Stark de Robert Downey Jr. era um show à parte, algo que tornou possível (e crível) a formação desse universo que hoje nós batemos palmas de pé orgulhosos e embasbacados, mesmo 18 filmes depois



A fórmula mágica havia sido lançada, e a Marvel nos agarrou pelas bolas com a cena pós-crédito nos apresentando o Nick Fury de Samuel “Motherfucker” L. Jackson falando de uma tal “Iniciativa Vingadores”. Não sei vocês, mas eu gritei no cinema nessa hora!



Nós ainda não sabíamos, mas estávamos diante de uma revolução no modo de fazer filme de super-heróis com o primeiro Homem de Ferro, apesar dos problemas que surgiram com parte do elenco após o lançamento do mesmo. Jeff Bridges, que interpretou o ganancioso Obadiah Stane, alegou que eles chegavam para gravar sem que as falas dos personagens estivessem criadas, e que ninguém sabia exatamente o que estava fazendo no set de filmagem. Além de odiar o destino que seu personagem teve, Bridges deu a entender que, para ele, o filme era amador, e que não tivera uma experiência positiva com o tal "show de improviso". Outro que acabou saindo da sequência por divergências foi o ator Terrence Howard (James Rhodes), que por muito tempo foi acusado de pedir um salário maior do que o de Downey Jr. para fazer o 2º filme, mas que segundo ele, a questão foi que os produtores ofereceram um 1/8 do salário que já havia sido combinado antes (Howard havia sido contratado para três filmes) e que o Homem de Ferro 2 funcionaria e seria um sucesso com ou sem ele



Tanto Bridges quanto Howard acabaram criando um problema que se tornou recorrente nas contratações seguintes, que era trazer atores tarimbados demais para esse tipo de produção. Se atualmente atores famosos se estapeiam para conseguir um papel em um filme de super-herói, no início para a Marvel isso era um pesadelo, já que era complicado ter que lidar com o ego dos super-astros e ainda ter que corresponder às expectativas do público após o sucesso de Iron Man, filme que custou $ 140 milhões e que faturou mais de $ 500 milhões em todo o mundo.



Já na segunda empreitada da Marvel Studios, a empresa sentiu que as coisas poderiam não ir tão bem quanto eles planejavam, e novos desentendimentos entre atores e a equipe criativa quase colocaram O Incrível Hulk (2008) na lista de fracassos. Dirigido por Louis Leterrier (de Carga Explosiva e Fúria de Titãs) e com o ator Edward Norton à frente do elenco, o filme passou por diversas refilmagens e modificações de roteiro, o que desagradou Norton, que também era produtor além do primeiro roteirista do filme. 



Como fã das histórias em quadrinhos do Hulk e admirador da série de TV estrelada por Bill Bixby e Lou Ferrigno, Norton tinha uma visão mais apaixonada para o drama de Bruce Banner, e algumas decisões tomadas pelo diretor e pelo estúdio fizeram com que ele desistisse das sequências que viriam, e ainda criticasse a montagem final do filme. O Incrível Hulk não é um dos melhores filmes da Marvel, mas tem grandes momentos e ótimas atuações de Tim Roth (Emil Blonsky), William Hurt (General Ross) e Liv Tyler (Betty Ross), além de claro, Norton representar muito bem a fragilidade de Bruce Banner, o que contrasta bastante com seu “monstro interior”. 



O filme ignora quase que por completo Hulk (2003) dirigido por Ang Lee, na época que o personagem ainda estava sob os direitos da Universal, mas não subestima o público, mostrando rapidamente a origem do personagem ainda durante os créditos iniciais e nos colocando no meio da história. Com efeitos visuais bem desgastados e com criaturas digitais sem peso e com movimentação limitada, na época o filme inovou em dar uma textura melhor para o Hulk, comparado com sua versão de 2003, e Leterrier se virou com um orçamento de $ 150 milhões, fazendo a bagaça render um pouco mais de $ 263 milhões, considerado um valor bem abaixo do que se exige atualmente. Norton foi substituído por Mark Rufallo em Vingadores assim como Terrence Howard foi trocado por Don Cheadle como James Rhodes em Homem de Ferro 2, e o show pôde continuar.

Lá em 2010 eu fiz um review sobre Homem de Ferro 2 e não há muito a se acrescentar sobre isso além de que esse filme foi uma tentativa da Marvel de voltar ao topo usando o mesmo personagem que a havia levado para lá. Admitindo que O Incrível Hulk não tinha saído exatamente como eles previam, Homem de Ferro 2 foi a forma que o estúdio teve de continuar seu projeto de formar os Vingadores no cinema sem queimar novos personagens com filmes ruins. Como resposta, o filme rendeu mais de $ 600 milhões com um orçamento de $ 200 milhões.



No ano seguinte a Marvel nos trouxe Thor e Capitão América (ambos resenhados no Blog) para completar o time, e provando que nem só de Homem de Ferro se vive, as contratações de elenco começaram a se tornar mais ambiciosas. Nomes como Anthony Hopkins, Tommy Lee Jones e Hugo Weaving começaram a fazer parte da folha de pagamento da Marvel, e embora os protagonistas de ambos os filmes não tivessem o talento ou o estrelismo de Robert Downey Jr., conseguiu-se fazer bons filmes medianos com os dois personagens que representam os pilares dos Vingadores nos quadrinhos. 



Nas bilheterias os dois filmes conseguiram superar seus investimentos (e o do Hulk) e começaram a pavimentar o enredo que solidificaria a importância da próxima produção que seria Os Vingadores, introduzindo não só o Gavião Arqueiro (Jeremy Renner), o conceito do Tesseract (ou Cubo Cósmico nas HQs), outros mundos (Asgard e os Nove Reinos... Oito sem contar a Terra) e a unificação causada pela presença da SHIELD em todos os filmes.



Com 92% de aprovação no Rotten Tomatoes, um orçamento de $ 220 milhões (o mais caro nesses primeiros quatro anos de Marvel Studios) e um faturamento mundial de mais de $ 1,5 bilhão, Os Vingadores chegaram arregaçando completamente o conceito de se fazer filmes baseados em histórias em quadrinhos. Antes disso o máximo que se havia visto em matéria de grupo de heróis saindo na porrada no cinema era com os X-Men 3, e mesmo assim o gosto ainda era amargo devido os diversos problemas que esse filme havia sofrido. Nunca antes o público havia visto uma sequência tão longa de filmes que desembocaria numa trama muito maior como se tivessem acompanhando uma série, e ver Os Vingadores foi como uma sensação orgástica de desejo realizado. 



Como fã de quadrinhos e em especial dos Vingadores, eu nunca mais me senti tão feliz em uma sala de cinema como quando vi a união de Homem de Ferro, Capitão América, Thor, Hulk, Viúva Negra e Gavião Arqueiro pela primeira vez. A Marvel precisou de cinco filmes para ganhar nossa confiança, e no sexto nos presenteou com um filme divertido, empolgante e cheio de momentos marcantes para o cinema de ação até hoje. Joss Whedon, que já havia roteirizado algumas aventuras dos X-Men para os gibis, foi o cara responsável pela coesão do MCU que começou a ser anunciado lá na cena pós-crédito de Homem de Ferro 1, e os frutos colhidos por esse sucesso fortaleceram o estúdio com o final da chamada FASE 1 da Marvel nos cinemas. A gente aguentaria de ansiedade pelas próximas fases?



Claro que a chamada FASE 2 do MCU dependia muito do sucesso dos filmes que o estúdio tinha produzido, mas com o desbunde cinematográfico ($$$) causado por Os Vingadores, era certo que novas apostas viriam por aí, e não só nos cinemas. O primeiro spin-off do MCU veio em forma de série de TV, e já em 2013 estreou Agents of SHIELD, o que criou uma possibilidade ENORME de explorar os personagens que ainda não tinham tido chances (e talvez nem teriam) de aparecer na telona. É inquestionável que até hoje AOS não emplacou e nem aproveitou essa tal possibilidade de explorar os personagens (falei disso aqui e aqui), mas o sucesso do filme acabou criando uma aceitação forçada no público, que continuou assistindo tanto Agents of SHIELD quanto Agente Carter (cancelada após duas temporadas) meio que por obrigação, no hiato entre um filme e outro. A excelente série animada dos Vingadores – Os Maiores Heróis da Terra, que já havia estreado em 2011 (antes do filme), mas já no hype do MCU, acabou sendo cancelada para dar lugar a insossa Os Vingadores Unidos, que puxa mais para o clima engraçaralho do cinema e não se preocupa muito com a história e sim em fazer ceninhas engraçadas para divertir as crianças. 



Em 2015, após readquirir os direitos do Demônio Audacioso de Hell’s Kitchen, em parceria com a Netflix, a Marvel lançou a série do Demolidor, que faz parte do MESMO UNIVERSO de Os Vingadores e que trata mais dos heróis urbanos da editora. Além do Demolidor, a parceria incluía séries da Jessica Jones, Luke Cage e Punho de Ferro e depois uma dos Defensores, com a junção de todos eles numa mesma série. Nessa brincadeira, até o Justiceiro acabou ganhando uma série própria, e tudo isso foi possibilitado pelo sucesso da FASE 1 da Marvel nos cinemas. Vale lembrar que a toda poderosa Disney comprou a Marvel em 2009, e que de lá pra cá (tirando Homem de Ferro 1 e O Incrível Hulk), tudo que foi produzido pela Marvel também faturou grana para a dona do Mickey.



Homem de Ferro 3 dirigido agora por Shane Black (2013) começou muito bem a FASE 2, faturando nas bilheterias quase que a mesma quantidade que o filme anterior ($ 1,2 bilhão), embora nas críticas tenha deixado um pouco a desejar. Logo em seguida vieram Thor – O Mundo Sombrio (2013), Capitão América – Soldado Invernal (um dos filmes mais elogiados do MCU) e a primeira experiência do estúdio após consolidar os personagens que todo o público já conhecia: Os Guardiões da Galáxia (2014). 



Somente os leitores da velha guarda dos gibis conheciam esses heróis, e mesmo eu que lia quadrinhos desde o século passado NUNCA tinha visto ESSES Guardiões da Galáxia (no meu tempo eles eram formados por Águia Estelar, Charlie-27, Martinex, Yondu e Vance Astro!). Era muita obscuridade para uma aposta tão grande (custou $ 170 milhões), mas o filme é com certeza um dos mais simpáticos do MCU, além de nos apresentar personagens tão carismáticos que hoje todo mundo ama. Groot e Rocket Racoon já fazem parte da Cultura Pop e fazem sucesso! (Enquanto isso certos estúdios aí não conseguem emplacar filme nem com seu feijão com arroz!).

A FASE 2 se encerra com Vingadores – A Era de Ultron e Homem Formiga (ambos de 2015), e após sete anos de várias investidas cinematográficas, o peso de querer se manter sempre no topo começa a cobrar seu preço, e a fórmula Marvel já começa a apresentar sinais de desgaste, tornando os filmes do MCU bons filmes esquecíveis.



Mas Rodman, A Era de Ultron faturou $ 1,4 bilhão no mundo, como que isso é esquecível, seu pau no cu do caralho???

Pois é, jovem padawan. É nesse ponto que o sucesso financeiro da obra começa a não refletir bem a sua qualidade, já que A Era de Ultron é um filme bem mais fraco que Os Vingadores, embora seja sim quase tão divertido quanto. Vários problemas no set de filmagem criaram um alvoroço muito grande entre Joss Whedon e a Marvel (relação que até então era só amor), e além dos escândalos de abuso de autoridade e misoginia por parte de Whedon, várias decisões do diretor foram VETADAS pelo estúdio, o que o desagradou à ponto de cair fora da empresa. 



No caso de O Homem Formiga, novos problemas de bastidores acabaram afastando o diretor original do filme Edgar Wright do projeto, já que sua visão um tanto quanto autoral não combinava com o que a Marvel tinha planejado para a produção. Anteriormente pensava-se em Ant-Man como um projeto à parte do MCU, quase como que uma produção independente DENTRO do mesmo universo, mas depois a ideia foi mudada e Wright acabou não aceitando fazer algo de forma tão amarrada (lembram-se do “Você dirige, mas nós dissemos o que deve ser feito, OK?”). Como consequência, o filme caiu no colo de Peyton Reed (who?) que dirigiu a coisa mais do jeitinho Marvel, incluindo referências a Tony Stark e adicionando uma luta entre o Homem Formiga/Scott Lang (Paul Rudd) e o Falcão (Anthony Mackie).


A FASE 3 começou chutando bundas com Capitão América –Guerra Civil (mais um filme que atingiu a marca da casa do $ 1 bilhão), manteve as críticas positivas no alto com Doutor Estranho (90% de aprovação no Rotten Tomatoes), criou o verdadeiro conceito família no espaço com Guardiões da Galáxia 2 (e que puta filme emocionante e divertido!), mantendo a média de faturamento de Guardiões 1, arriscou tudo trazendo Homem Aranha “de volta ao lar” (2017) após a ótima recepção do personagem inserido em Guerra Civil, quebrou tudo com Thor Ragnarok (2017), o filme mais descaradamente “estilo Marvel” de todos os 18, e atingiu os céus com Pantera Negra, como falei no início do post



O próximo filme da FASE 3 é um dos mais ousados de todos os tempos, já que vai colocar na mesma tela TODOS os personagens já citados aqui para caírem na porrada com o todo poderoso Thanos, o titã louco que está à espreita dos heróis da Terra desde o primeiro Os Vingadores, e que vem almejando reunir todas as joias do infinito que já deram as caras ao longo desses 18 filmes: O Tesseract de Vingadores 1, o Éter combatido pelo Deus do Trovão em O Mundo Sombrio, a joia da mente encrustada na testa do Visão em Era de Ultron, a joia da orbe usada pelos Guardiões da Galáxia para derrotar Ronan – O Acusador e o Olho de Agamotto usada pelo Doutor Estranho. Ainda falta a joia da alma, mas tudo indica que ela aparecerá na testa de Adam Warlock, personagem que AINDA não foi apresentado no cinema, mas que já foi citado no final de Guardiões da Galáxia 2. Nos quadrinhos Warlock estava sempre metido nas sagas cósmicas, e mais de uma vez ele ajudou a derrotar Thanos com sua joia da alma.



Estamos pirados com os trailers e o material promocional lançado até agora de Vingadores – Guerra Infinita? PARA CARALHO!


E não tem como não ficar. Acompanhamos essa “série” há 10 anos. Rimos, choramos e sofremos com todos esses personagens, e com o fim da FASE 3 (a findar-se em Maio de 2019 com Vingadores 4), é hora de dar adeus a alguns deles, sabendo que contratos estão se encerrando e com eles a participação dos atores que acompanhamos. É quase certo que tanto Robert Downey Jr. (a estrela maior que está ficando cara demais para a Disney) quanto Chris Evans (que já vinha apresentando cansaço com seu Capitão América) não devem voltar para a FASE 4 do MCU, e nada indica que Don Cheadle, Scarlett Johansson (embora rolem boatos de um filme da Viúva Negra), Paul Bettany e Gwyneth Paltrow retornem a seus papeis. 



Não se sabe como ficará o “empréstimo” do Homem Aranha feito pela Sony após a conclusão de Vingadores 3 e 4 (dizia-se que a Marvel tinha direito a 3 filmes com o personagem) e não temos a menor ideia se Benedict Cumberbatch vai ter saco para continuar vivendo o arrogante Stephen Strange por mais filmes. 



O que vem daqui para frente é só especulação:

Bucky (Sebastian Stan) empunha o escudo e se torna o Capitão América após a possível morte de Steve Rogers?

Falcão, Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen) se juntam a Capitã Marvel (Brie Larson, cujo filme estreia em 2019) e formam os novos Vingadores?

Shuri sobrevive e se torna a nova Iron Heart, no lugar de Tony Stark?


Não sabemos. Guerra Infinita estreia em Abril, e é com certeza o filme mais esperado de 2018, já que esse ano NÃO TEM nenhum filme Star Wars RELEVANTE.

Quando a FASE 3 acabar, vamos poder olhar para trás e agradecer a Marvel por ter dado o pontapé inicial a maior saga baseada em quadrinhos da história do cinema! E que venham as FASES 4, 5, 6... 

NAMASTE!

24 de novembro de 2017

Qual o MELHOR FILME de super-herói de 2017?


Lááááááá no longínquo mês de Maio, este que vos escreve criou uma enquete para saber de você, nobre leitor, qual seria o MELHOR FILME de Super-Herói de 2017. Agora que todos os filmes citados já foram lançados, e provavelmente ASSISTIDOS por todos vocês, é hora de comentar individualmente sobre a expectativa que cada um criou e as impressões causadas por eles.

Bora lá, caralhoooo!


ABSOLUTAMENTE NINGUÉM achava que Thor Ragnarok seria o melhor filme de super-herói entre vocês leitores, e o filme ficou com 0% na enquete que entrou no ar no começo do ano e se encerrou em Maio, obviamente muito antes da produção entrar em cartaz no Brasil e no mundo (o que só aconteceu em Outubro).

Thor Ragnarok custou US$ 180 Milhões aos cofres da Disney e da Marvel Studios e já faturou US$ 650 milhões em todo o mundo (US$ 211,6 milhões só nos EUA). O terceiro filme solo do herói “nórdico” já é de longe o maior em rendimento de todos eles, o que o coloca na nona posição das maiores bilheterias de 2017. Feito para pegar o hype de Guardiões da Galáxia, incluindo todo seu clima pastelão, gags engraçaralhas e clima oitentista, Ragnarok conseguiu seu intento de agradar toda a família.



Dirigido por Taika Waititi, Thor 3  tem um tom totalmente diferente dado nos quadrinhos para o arco Ragnarok, que é onde não só Asgard sucumbe ao poderoso Surtur, como também todos seus moradores perecem violentamente, incluindo o Poderoso Thor, que fica fora de ação por um longo tempo no Universo Marvel, dado como morto para o mundo.  No filme, Thor (Chris Hemsworth) acaba se encontrando com Surtur em sua peregrinação pelo universo em busca das Joias do Infinito, e derrota a criatura (facilmente até), levando sua coroa de volta para Asgard, para a sala de troféus de Odin. 



De volta a seu lar, ele acaba descobrindo que em sua ausência, Loki (Tom Hiddleston) assumiu o lugar de seu pai, desfrutando de todas as regalias que um soberano poderia desfrutar. Começa então a busca pelo verdadeiro Odin (Anthony Hopkins), que foi abandonado sem memória na Terra por Loki. Com a ajuda do agora (pelo visto) Mago Supremo da Terra, Stephen Strange (Benedict Cumberbatch), Thor e Loki encontram Odin perdido na Noruega, apenas para se despedirem dele e vê-lo desaparecer para sempre não antes de confessar um de seus piores crimes: O aprisionamento de sua primogênita Hela (Cate Blanchett). 



Todo o enredo do filme parte do princípio que Odin sempre foi um grandessíssimo filho da puta que arrasava os nove reinos por onde passava conquistando seu título de “Pai Supremo” na força, e que Hela sempre fora sua executora, empunhando inclusive o poderoso Mjolnir. Quando num ato de arrependimento ele quis se redimir de seus pecados, assumindo um caráter mais “diplomático”, ele tratou de esconder seu passado, encarcerando assim Hela e fazendo com que todos a esquecessem. A prisão de Hela não poderia ser aberta enquanto Odin vivesse, e assim que ele parte, ela retorna, com sede de vingança e PUTAÇA (com razão!).



Na primeira tentativa de detê-la, Thor e Loki são vencidos facilmente, e enquanto ela viaja para Asgard, eles se perdem, caindo em Sakaar, um planeta arena comandado pelo Grão-Mestre (Jeff Goldblum) e onde lutas sangrentas alimentam o bom e velho Pão e Circo. Provando sua valentia e capturado pela guerreira asgardiana Valquíria (Thessa Thompson), Thor acaba virando um combatente da arena, e em seu primeiro desafio é obrigado a enfrentar o campeão de Sakaar: O Incrível Hulk (Mark Ruffalo).



Falando assim Thor Ragnarok parece um puta de um filme épico, não é mesmo? Mas só parece mesmo. Embora tenha boas cenas de ação e potencial para se tornar um dos filmes mais dramáticos e emocionantes da Marvel Studios, toda a dramaticidade e seriedade se perde fácil em meio a um show de piadinhas e gags divertidinhas que fazem o público cair na gargalhada o TEMPO TODO nas quase duas horas de projeção. Sim, o filme é muito engraçado e funciona muito bem como uma comédia, já que tanto Hemsworth quanto Ruffalo possuem em sua gênese uma veia mais cômica do que dramática.  As interações entre Thor e Hulk fazem com que o filme seja muito divertido, e deslocam completamente a seriedade que Cate Blanchett impõe a sua Hela, de longe uma das melhores vilãs dos filmes Marvel. 



Após esmigalhar o Mjolnir sem nem suar e surrar Thor e Loki juntos por mais de uma vez, fica muito claro que ela é um dos personagens mais poderosos apresentados até então nos quase vinte filmes do MCU, e seu destino fica incerto ao final da história, o que poderia muito bem ser aproveitado no futuro. Se deslocarmos Thor Ragnarok do restante da cronologia cinematográfica e não levarmos nem um pouco a sério, ele é uma excelente comédia 10/10, mas dentro do que já tinha sido estabelecido (a reunião das Joias do Infinito e o perigo representado por Thanos), o filme se torna uma baboseira sem tamanho que não consegue impactar (talvez com a luta entre Thor e Hulk que é a única REALMENTE memorável), não consegue emocionar (personagens morrem a RODO sem qualquer comoção ou importância) e não consegue empolgar com péssimas tomadas de combates e uma caralhada de CGI desnecessária, vide o combate da Hela contra os soldados de papel de Asgard.



Parece estranho eu dizer isso ao final do review, mas Thor Ragnarok é um filme muito bom que vale o ingresso. Só esquecer a fonte de origem e também o que aconteceu no cinema de 2008 pra cá que tá tranquilo, tá favorável.

Nota: 7,5/10


Homem Aranha: De Volta ao Lar já chegou aos Blu-rays e provavelmente já conseguiu ser visto por todo serumaninho que gosta de HQs e filmes de heróis. Se você ainda não viu... Tudo bem também, não é nada que se possa dizer “Nooooossa, que filme imperdível”.

Falei um pouco das minhas expectativas sobre o filme aqui, quando foi lançado o trailer da bagaça, e devo admitir que a conclusão a que cheguei assistindo não mudou muito minha opinião prévia. Entre vocês, assim como Thor 3, 0% acreditava que o filme seria o melhor de 2017.



Uma parceria entre a Sony e a Marvel Studios, Homecoming custou US$ 175 milhões e rendeu um pouco mais do que US$ 880 milhões, deixando para trás muitas outras produções com o próprio Homem Aranha somente capitaneadas pela Sony antigamente. Embora a bilheteria tenha sido boa, a impressão que se tem é que a própria recepção do público já não é mais a mesma com o Cabeça-de-Teia, o que se dá em grande parte pelo fracasso de O Espetacular Homem Aranha 1 e 2 (ambos dirigidos por Marc Webb) e pelo desgaste do personagem na telona. Seja como for, o filme solo do personagem acabou sendo uma aposta da Marvel, que viu o burburinho que se criou com a presença do mesmo em meio a Guerra Civil e aproveitou a deixa. 

Bem... Não dá pra dizer que o estúdio errou, já que a grana que entrou (embora menor do que a prevista) por conta dele foi absurda.



O clima do filme é bem “soft” e condiz com o que esperamos do Homem Aranha. O Peter Parker de Tom Holland é nerd, é inteligente e como Homem Aranha é engraçado, exatamente como nos quadrinhos, mas as semelhanças acabam por aí quando o atrelam MUITO a Tony Stark (Robert Downey Jr.), o amarrando completamente ao Homem de Ferro de modo a impossibilitar que a Sony o pegue de volta por motivos contratuais. Pra começar, toda a tecnologia do traje do Aranha é “by Stark Industries” (exceto o disparador de teia e a própria substância pegajosa), e o Aranha é quase um inútil sem essa tecnologia.



Aiiin, Rodman! Ele tem a agilidade proporcional a de uma aranha, ele anda pelas paredes e super-força mesmo sem a tecnologia. Não seja um pau no cu do caralho, seu pau no cu do caralho!

Ok, jovem padawan, mas tirando os momentos decisivos em que ele se vale apenas de suas habilidades aracnídeas e sua própria inventabilidade genial, ele passa o resto do filme querendo chamar a atenção de Tony Stark e se valendo de sua tecnologia (incluindo sua interação com a IA Karen, o que gera momentos muito engraçados na história). O Homem Aranha da Marvel é quase um Homem de Ferro Jr. e isso incomoda bastante, o que faz com que o personagem seja diminuído e se torne, aparentemente, incapaz de se virar sozinho.



Aiiinn, Rodman! Mas ele derrota o Abutre sozinho, usando apenas seu traje de cospobre!

Sim, e no final, depois de dizer que não quer se tornar um vingador ao Tony e virar-lhe as costas o que ele faz? Aceita o traje “by Stark Industries” novamente e continua sendo um Homem de Ferro Jr.

 Nota: 7,5/10


A segunda parte de Guardiões da Galáxia é com segurança tão boa quanto a primeira, e dá uma unicidade impressionante a seus personagens principais, tratando-os não mais como um grupo de desajustados disfuncionais, mas sim uma verdadeira família. Aliás, o tema desse filme é exatamente esse: Relações familiares.

Dirigido mais uma vez por James Gunn (que parece ser o diretor mais legal de Hollywood!!), a produção custou US$ 200 milhões de doletas, e arrecadou mais do que US$ 863 milhões em todo o mundo.



Um contraponto interessante entre Guardiões da Galáxia vol. 2 e Thor Ragnarok é que apesar de ser SIM uma comédia e descambar VÁRIAS VEZES para a palhaçada gratuita, Guardiões sabe ser sério e dramático na hora que precisa. A gente ri muito com a interação entre Drax (David Bautista) e a assecla de Ego (Kurt Russel) Mantis (Pom Klementieff), se diverte com o Rocky (Bradley Cooper), mas se emociona com o drama de Peter Quill (Chris Pratt), sua relação errática com seu pai Ego e tudo que envolve sua estranha aproximação da terráquea Meredith Quill, a mãe de Peter. 



Diferente de Thor Ragnarok, nós nos importamos com TODOS os personagens, e torcemos para que eles consigam se safar, até mesmo aqueles que são vilões na primeira parte, como o Yondu de Michael Rooker. A gente torce para o Michael Rooker!! Sério!!!



Guardiões da Galáxia vol. 2 é mais uma ode aos anos 80 com músicas setentistas, e essa mistura de passado com futuro torna o filme excelente de ser visto em tela grande, criando também uma expectativa grande para que essa equipe se junte aos Vingadores em Guerra Infinita. Quem está empolgado com essa junção coloca a cabeça pra fora (UIIIAAA!) da janela e dá um grito agora!



Na enquete, Guardiões da Galáxia 2 ficou com 12% da preferência de vocês como melhor filme de 2017.

Nota: 9/10


Mulher Maravilha deu a chance da Warner/DC dar um respiro muito importante em seus investimentos cinematográficos após as porradas que levou da crítica por Batman V. Superman e Esquadrão Suicida. Embora os filmes tenham arrecadado uma grana violenta (nesse caso), dinheiro não é tudo, já que os dois se tornaram bons exemplos do que NÃO DEVE SER FEITO em matéria de filmes de super-heróis.



Mulher Maravilha dirigido por Patty Jenkins provou que dá SIM para fazer um filme épico com um orçamento apertado e que agrade gregos e troianos (olha a ironia! Eu ainda sei usar!). Tendo em mãos US$ 149 milhões (o orçamento mais baixo de todos os filmes até aqui citados) Jenkins e sua produção fez o filme render mais de US$ 821 milhões, o que é um ótimo número em se tratando de um filme PROTAGONIZADO por uma personagem feminina e dirigido por uma mulher. Wonder Woman serviu, entre outras coisas, para quebrar paradigmas, em especial o de que “personagens femininas não rendem boas histórias e bilheterias”. 



Tratada em seus primórdios como um sexy symbol nos quadrinhos e usada com um apelo sexual AINDA MAIOR nos polêmicos anos 90, a Mulher Maravilha voltou a ser vista com o respeito devido graças a sua nova intérprete, Gal Gadot, que não só abraçou sua causa como se entregou de corpo e alma a personagem, tendo filmado inclusive algumas tomadas grávida. Muito criticada por seu porte físico “longilíneo” em demasia na época que foi anunciada como a Princesa das Amazonas do Universo cinematográfico, Gadot acabou provando que seu carisma podia ser maior do que a falta de curvas, e após a projeção do filme não tinha uma pessoa na sala do cinema que não estivesse a enchendo de elogios “como ela é linda!”, “olha esse sorriso!”, “estou apaixonado!”. 



E é exatamente o que Gadot nos passa na pele da inocente e ao mesmo tempo guerreira Princesa de Themyscira.



Ela já havia sido uma luz no fim do túnel em Batman V. Superman, e voltou a impressionar em seu filme solo, mostrando que ela não é a Mulher Maravilha que merecemos, mas a Mulher Maravilha que precisamos. Méritos a Patty Jenkins que recebeu um auxílio de Zack Snyder durante a produção (provavelmente as cenas em Slow Motion foram ideia dele!). Como nem tudo são flores, o vilão Ares vivido por David Thewlis Wheeler deixa bastante a desejar no quesito imponência (porra! É o Ares... o deus da Guerra, caralhooo!), o que torna a luta final entre ele e Diana chaaaaata, looooonga e com um CGI tão ruim quanto o usado no Cococalipse de Batman V. Superman. Fora isso, o filme é bão demaisdaconta (sotaque mineiro), incluindo a interação de Diana com Steve Trevor (Chris Pine, que seria um Lanterna Verde/Hal Jordan perfeito!).



Mulher Maravilha ficou com 18% na enquete de melhor filme de 2017.

Nota: 8/10



Ok. Temos o melhor filme da Warner/DC até o presente momento.

Como já havia falado aqui, nenhum dos setecentos trailers lançados havia me empolgado (aliás, o último que me empolgou foi Vingadores 3: Guerra Infinita, e olhe que nem vi numa qualidade que dá pra se ter alguma opinião formada!), mas ver a Liga da Justiça se juntando e partindo pra porrada causa uma sensação de realização de um sonho.


Vamos admitir que a última vez que isso aconteceu foi em Vingadores (o primeiro de 2012), e não era tanto pela importância dos personagens (na vida real, antes da Marvel Studios, quem se importava com Vingadores???), mas sim pela importância do EVENTO. Aquela era a primeira vez que víamos a união de vários personagens que a gente tinha se acostumado a ver separados em seus filmes solo, mas ver a tal “iniciativa Vingadores” do Nick Fury tomar forma foi algo orgásmico.


De lá pra cá tivemos dezenas de filmes de super-heróis, e a gente começou a ficar empanturrado de tanto ver esse gênero na telona (quem diria!), de forma que poucos filmes ainda causavam aquela “sensação de Vingadores”. A última fagulha pareceu ter se apagado quando Batman V. Superman, aquele que deveria ser o filme das nossas vidas da última semana, fracassou nos jogando na cara um Batman assassino, um Lex Luthor com problemas mentais e um Apocalipse medonho feito de bosta. Liga da Justiça já não parecia mais tão interessante... Mas a vela que estava quase apagando voltou a se acender, e iluminou toda a sala.


Dirigido por Zack Snyder quase que 90%, o filme tem um tom levemente diferente de seus predecessores, e exatamente por isso se dá melhor que eles. Afastado da produção devido uma tragédia familiar, Snyder foi obrigado a passar o bastão para Joss Whedon, nada mais nada menos o cara responsável pelos Vingadores no cinema.

“Aiiiin Rodman! Tá explicado porque o filme é melhor que Batman V. Superman!”.

Não é bem por aí, marvete safado! Whedon pegou a produção bem no finalzinho, e ficou responsável, entre outras coisas, pela montagem do filme, o que hoje, lendo as críticas, podemos perceber que enfureceu os fãs do Deusnyder, já que na edição final ele deixou muita coisa do material original de fora. Pra perceber isso, não precisamos ir muito longe. Dá um play aí em qualquer um dos trailers lançados e você vai notar pelo menos uma duas ou três cenas que não aparecem no filme.


Liga da Justiça tem um ritmo muito bom do começo ao fim, e a falta de explicação para o aparecimento de alguns personagens não incomoda, tornando desnecessário, por exemplo, um filme solo do Flash (Ezra Miller) para mostrar o acidente que transformou Barry Allen, outro pra mostrar como Aquaman (Jason Momoa) se tornou o soberano da Atlântida (renegado ao que parece) ou como Victor Stone (Ray Fisher) “morreu” para se tornar o Ciborgue ANTES do filme da Liga. A primeira aparição de cada um deles acontece de forma orgânica, e algumas delas auto-explicativas. O que não é explicado de início, acaba sendo mostrado posteriormente em diálogos, como o de Barry e Victor enquanto cavam uma cova (!!) e entre o Aquaman e Mera (Amber Heard) no fundo do mar.  


Algumas cenas de ação são bem empolgantes, em especial as que não se valem do maldito cenário CGI em que tudo fica explodindo ou rodando em volta e das caralhas das cenas em slow motion, mas praticamente TUDO que envolve a Mulher Maravilha é extremamente bem cuidado, incluindo a cena de abertura em que ela impede um assalto a banco e salva reféns. Ali podemos ver a Srta. Diana em toda sua glória, valendo de todos os seus dons especiais.


Aliás, assim como Peter Quill é o coração de Guardiões da Galáxia, a Mulher Maravilha funciona da mesma forma em Liga da Justiça, colocando-a não só como a líder do grupo, como o elemento de ligação entre eles, algo que o Batman trevoso do Ben Affleck JAMAIS poderia ser, já que ele não funciona como estrategista (“eu derrubo a torre! Não se preocupem comigo!”), não funciona como líder, não funciona como personagem furtivo, não funciona como brucutu e nem porra nenhuma. Se o Grant Morrison tivesse escrito o roteiro de Liga da Justiça, o Batman não só venceria sozinho o Lobo da Estepe como também já teria chamado o Darkseid pra porrada já pensando em pelo menos quatro maneiras diferentes de chutar a bunda dele.  


Aproveitando a deixa... Vamos falar de problemas?

Apesar do ritmo bom, Liga da Justiça sofre de um problema recorrente de filmes que passaram por refilmagens ou troca de diretor: O remendo evidente. Em mais de uma oportunidade dá pra sacar que a passagem de tempo e as cenas de conexão são mal feitas, deixando o espectador com aquela cara de “what a f...”. A própria união da Liga se dá de maneira bem genérica e inexplicável, como por exemplo, como o Aquaman sabia que os demais estavam caindo na porrada com o Lobo da Estepe naquele subsolo e como diabos ele apareceu no meio daquela enxurrada???


Enfim. Suspensão de descrença funciona nessas horas.

Achei o batveículo com pernas (o tal Nightcrawler) do Batman uma bela de uma coisa inútil, e quando o Ciborgue assume o comando dele nem é tão impactante quanto parece no trailer, tornando toda aquela sequência de salvamento de reféns e enfrentamento com o Lobo da Estepe bem qualquer nota, já que não serve nem pra provar a superioridade física do vilão medonho de CGI... Aliás, mais um pra conta da DC!

Por que um vilão de CGI, DC? Por que?


O Lobo da Estepe simplesmente não funciona, e grande parte disso é porque esse desgraçado é 100% feito em CGI. Problemas para arranjar um ator com algum talento dramático para dar alma a esse vilão (que já é bem mequetrefe nos quadrinhos!)? 

Por ser um boneco digital, as interações dramáticas com ele se tornam quase nulas, e nem mesmo os embates físicos salvam, já que fica bem óbvio que os atores reais estão “acertando o ar” quando simulam golpes contra ele. O Lobo é só um vilão genérico com desejos megalomaníacos de “destruir ou dominar o mundo” e é mais raso que um pires, incapaz de causar medo ou aquela sensação de “ih, agora fodeu!”. A cena pós-crédito e o que acontece nela consegue ser mais empolgante que a presença do Lobo da Estepe durante o filme todo!


Sem dar muitos spoilers desnecessários, é possível dizer que a presença do Superman de Henry Cavill no filme é bem pontual. Assim como já era esperado, ele surge sim como a salvação da lavoura, e depois que ele volta, a balança volta a pender para o lado da Liga, que até então estava tomando um cacete do Lobo e de seus parademônios. Toda a polêmica envolvendo o bigode de Cavill, que precisou ser retirado digitalmente nas cenas adicionais, tem razão de existir. Ficou bem tosco


Em IMAX fica ainda mais gritante as mudanças digitais no rosto do ator, que acabou ficando com um queixo todo bem esquisito na edição. A esquisitice fica clara na PRIMEIRA cena do filme, quando então eles tentam dar uma forçada de barra dizendo que o mundo amava o Superman e que tudo de ruim que aconteceu é consequência direta da sua morte. 

Claro! Um alienígena superpoderoso que cai na porrada com outro alienígena superpoderoso derrubando prédios na cabeça de pessoas e destruindo UMA CIDADE no processo. Sim, a Terra ama o Superman. Aham!


Seja como for, o Superman  ressuscitado é mais agradável que suas versões anteriores, e por algum momento a gente quase que pode sentir uma exaltação com a sua presença, algo que todos os Supermen de todas as outras mídias sempre causou, mas que o de Henry Cavill nunca antes conseguiu.

Vamos lá... Seja sincero. Você deu pelo menos uma suspirada quando a Lois Lane (Amy Adams) chegou naquele momento em frente ao monumento dedicado ao Superman, depois do quebra pau com a Liga. Fala a verdade! Meus velhos olhos deram uma marejada, devo confessar.


Aliás, falando do quebra do pau do Superman contra a Liga... 

PUTA QUE PARIU! 

Uma das melhores cenas de pancadaria ENTRE HERÓIS da história do cinema. Disparada a melhor cena do filme inteiro. Fez valer o ingresso! 

Em resumo (depois de escrever um Senhor dos Anéis aqui!!) o filme da Liga da Justiça corrigiu alguns dos principais problemas que as demais produções Warner/DC sofreram, e trouxe tudo de melhor que aconteceu em Mulher Maravilha. Ponto para a DC. A insistência em Zack Snyder na direção talvez seja um erro, mas como boa parte do filme foi dirigida e planejada por ele, claro que as coisas boas devem ser creditadas ao cara... Assim como as ruins. Sua visão de heroísmo parece sempre limitada e isso não permite que seus personagens evoluam. O Flash do cinema, além de bobalhão, é burro (não tem sequer noção de direção!!) e nem parece ser um cientista forense (como ele conseguiu a porra do trabalho no final do filme??). 


O Aquaman de Jason Momoa está mais para um Brucutu louco por briga do que para um soberano dos mares, o que não o diferencia muito de seu Conan ou de seu Khal Drogo. É verdade que sua atuação está bem melhor e ele tem mais falas também! Hehehehe! O Batman é só um velho combatente que não sabe agir em meio a caras superpoderosos e prova que sem o poder do roteirista ele é só um ninjinha de merda mesmo, como fica bem claro nas falas do Aquaman “me desculpe, mas você é só um cara normal” e da Mulher Maravilha “ele não vai durar um minuto” quando ela visualiza seu plano “brilhante” de derrubar a torre tomada por Lobo Estepe.

Eu gostei do filme? Sim. De grande parte dele. O filme tem problemas? Sim. Vários, mas alguns são fáceis de relevar e os que incomodam mais não deixam a nota ser superior a 8,5/10.


Na enquete do Blog do Rodman a Liga da Justiça ficou com 25% da escolha do público, e pela grandiosidade do evento, (porra! É o encontro dos personagens MAIS CONHECIDOS do universo pela primeira vez no cinema!) deveria ficar em primeiro, mas esse posto foi ocupado por Logan (43%), filme que nos mostrou um vislumbre do VERDADEIRO Wolverine pela primeira vez em tela grande. Mas desse eu já falei bastante aqui.

Liga da Justiça teve um orçamento exorbitante de US$ 300 milhões, e até o presente momento já arrecadou US$ 96 milhões em seu primeiro final de semana. Nada mal, hein!

NAMASTE!

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