13 de julho de 2012

O Diabo é o pai do Rock?



"Então é everybody rock
O diabo é o pai do rock
Enquanto Freud explica
o diabo dá os toques"

Pensei numa forma atrativa e instigante de começar esse texto, e procurei encontrar algo que representasse a essência do estilo musical a ser abordado, então pensei “por que não usar uma pergunta polêmica e os versos de um dos maiores representantes brasileiros desse gênero tão querido (e maldito) chamado Raul Seixas”? Voilá! Eis o início perfeito de um post em homenagem ao Rock n’ Roll.
Sim, meninos e meninas. Tirem as camisetas pretas do armário, coloquem suas munhequeiras de espinhos metálicos, usem seus coturnos, espetem seus moicanos atochem a calça de couro, porque hoje nós vamos falar de Rock n’ Roll.


Pra quem viveu em Marte nos últimos cinquenta anos, cabe lembrar que o Rock nasceu da mistura de outros gêneros musicais muito difundidos da cultura negra norte-americana, o Blues, o Jazz e o Country. Naquela época, música de branco era música de branco e música de negro era música de negro, e nenhum dos dois procurava uma união ou mesmo algo em comum que pudessem compartilhar. O mundo vivia o pós Guerra, a sombra nazista de Hitler havia imposto o caos e a desconfiança em cada recôndito mais escuro do mundo, e as pessoas precisavam de referências, de algo com o qual pudessem se apegar para esquecer do terror da ameaça nuclear e da separação de etnias e classes. O Rock n’ Roll serviu como uma luva a esse propósito. 

É necessário ressaltar que o Rock que conhecemos hoje não existiria se não tivesse sido criado pelos negros com todo seu ritmo e ginga naturais. Usado a princípio como uma forma de protesto contra o mundo que desde sempre os escravizava, o Rock surgiu da mescla das letras melancólicas do Blues, o som das guitarras elétricas e da voz poderosa dos negros, ganhando suas mais reconhecidas características ainda na década de cinquenta.
A fórmula perfeita para sacudir as estruturas do mundo estava criada, agora só faltava um meio que a divulgasse.


Curiosamente (ou ironicamente) foi o rosto de um homem branco que ficou mais conhecido por representar o poder do Rock, e muitos anos mais tarde, após a criação desse “ritmo quente”, Elvis Presley, o garoto caipira de Mississipi, serviu como o veículo que levou ao conhecimento massivo do público aquilo que chamavam de Rock n’ Roll. O próprio Elvis dizia que não estava fazendo nada diferente do que caras como Chuck Berry, Little Richard, Buddy Holly ou Jerry Lee Lewis já não o tinham feito, e o assim mais tarde conhecido como “Rei do Rock”, reconhecia as origens daquilo que ele ajudara a popularizar, dando total valor aqueles que o haviam precedido.
Elvis podia não ser o mais talentoso de todos os artistas da época (em início de carreira ele não passava de um caipira carismático!), podia não ser o mais importante do gênero, mas foi o cara que fez com que o mundo conhecesse o Rock em toda sua glória, por isso merece todas as honrarias e festejos em sua homenagem.
 
Desde sua origem nos guetos dos Estados Unidos, o Rock soava como algo transgressor cujo caráter “moderninho” incomodava e causava arrepios por onde era executado. Mesmo depois de cair nas graças dos brancos, que viram na figura de Elvis um motivo para requebrar seus quadris ao som das guitarras elétricas, o Rock continuou a soar como algo marginal, que ia contra a moral e os bons costumes. Enquanto os jovens vibravam em bailes e em shows, seus pais e avós maldiziam aquela “música do Capeta” que instigava o mau comportamento e a rebeldia de seus filhos, o que desde sempre impôs uma sombra de maldição sobre o ritmo, sombra essa enxergada até mesmo por artistas já célebres da época como o cantor Frank Sinatra, que chegou a declarar: Rock n’ Roll é a coisa mais brutal, feia e degenerada que eu já tive o desprazer de ouvir.
Se você queria transgredir leis, regras e mandamentos, você deveria tocar Rock.
Com o passar das décadas, com a morte dos principais representantes negros da música e a vertiginosa queda do Rei para o mundo das drogas, o Rock parecia ter encontrado seu derradeiro fim, quando então novos nomes e símbolos decidiram assumir o bastão da contraversão, surgindo também em outros lugares do mundo. Beatles, Rolling Stones, Led Zeppelin, The Doors, Janis Joplin e tantos outros assumiram a batuta, e mantiveram o legado, criando e influenciando a perpetuação de novos segmentos dentro do próprio Rock.
Sim, meus amigos. O Rock havia encontrado uma forma de se tornar imortal, diferente de seus representantes.


O poder autodestrutivo que os astros do Rock acabaram assumindo para suas personas começou a se tornar algo comum a todos eles, e após a melancólica morte de Elvis Presley (que fora encontrado em sua mansão no dia de sua morte com diversos tipos de drogas circulando em seu corpo), várias outras mortes trágicas acabaram marcando o mundo do Rock, como a de Jimi Hendrix, Janis Joplin e o polêmico líder do The Doors Jim Morrison, todos com 27 anos e por efeito das drogas. Por ora odiado ao ensinar trejeitos sexuais aos jovens com o requebrar dos quadris de Elvis, outras vezes adorado por dar ao gênero um visual “engomadinho” com os meninos de Liverpool em começo de carreira, o Rock sofreu altos e baixos em sua popularidade desde sempre, o que de maneira alguma permitiu que ele fosse exaltado ou considerado um ritmo “do bem” durante um período muito longo. 


Nem os próprios Beatles conseguiram sustentar por muito tempo a cara “limpinha” que eles trouxeram ao estilo, e quando na década de 70, por influência de drogas alucinógenas misturada a uma visão mais pacifista eles deixaram os cabelos e as barbas crescerem, assumindo seu lado “riponga”, os ingleses, embora reverenciados por sua música, também caíram no espectro negativo do Rock, e se juntaram a todos os demais “filhos do Capeta”. Impossível negar as inúmeras referências ocultistas que os quatro roqueiros começaram a inserir em suas canções, nas capas de seus álbuns e em suas próprias vidas pessoais a partir de então.

Foi na mesma década com Led Zeppelin, Black Sabbath e Deep Purple que o Rock ganhou de vez o rótulo de maldito, e para desespero das carolas, beatas e defensores da moral e bons costumes o ritmo passou a defender a liberação do Sexo e das drogas, aliada ao próprio estilo musical. Com essa trinca sendo difundida mundo afora, a preocupação dos pais com seus filhos e o temor que eles começassem a não só adorar aqueles “cabeludos”, mas que também seguissem seus “ensinamentos” era crescente, e o cenário se virou completamente contra a música que nascera como uma forma de protesto contra a opressão. 


A atitude Rock n’ Roll, o consumo excessivo de drogas pesadas como LSD e Ácido, as bebedeiras homéricas e a lascívia dos bastidores dos shows contribuíram e muito para sua má fama, e atualmente não há quem consiga botar a mão no fogo por qualquer um dos integrantes da sua banda favorita. “Os meus ídolos não se drogavam”. “O meu cantor favorito jamais faria isso!”. Não se engane, jovem padawan. Ninguém entra na chuva para não se molhar, e usar pelo menos cinco tipos de drogas diferentes é pré-requisito básico para se tornar um astro do rock.

Além da perversão, o mau costume do uso desenfreado de alucinógenos e das quebradeiras costumeiras em hotéis onde as bandas se hospedavam antes e depois das turnês, outro estigma que marca até hoje as bandas de Rock é o do satanismo. O Rock nasceu como um grito de independência sobre dogmas e religiões, mas isso foi muitas vezes confundido com adoração ao lado negro da Força, o que não deixa de ser um exagero. Nem todo mundo que não possui uma religião definida é adorador do demo.


Quem nunca ouviu falar do pacto demoníaco feito por Gene Simmons e sua trupe do KISS para alcançar o sucesso ou os rituais satanistas que a banda teoricamente executava no palco em pleno show?
Quem nunca experimentou girar o LP (os velhos bolachões) ao contrário para ouvir as mensagens subliminares deixadas pelos integrantes do Led Zeppelin nas faixas de suas músicas?
Quem aí não se arrepiou com o lanchinho da tarde que o velho Ozzy Osbourne fez no palco com a cabeça de um morcego?
E a história de que os caras do Slipknot (banda contemporânea e um dos últimos resquícios de Rock moderno) usam máscaras por causa de um pacto que eles fizeram para conseguir sucesso e fama? 


Histórias de rituais, pactos e ofertas de almas ao Coisa Ruim feitas por astros do Rock povoam o imaginário do público há décadas, e muito de fantasia acabou se criando ao redor desses diversos relatos. Mas afinal, o que é verdade e o que é mito nesse papo de Rock do Diabo?
Tenho uma história de infância com o clássico do Led Zeppelin "Stairway to Heaven", música cujos versos falam de uma dama misteriosa que quer encontrar sua escada para o céu. Interpretações para o que a música realmente quer dizer também existem aos montes (ocultismo e uso de drogas são algumas delas), mas é fato notório que a banda de Robert Plant e Jimmy Page sempre esteve no topo das mais relacionadas a satanismo e outros tipos de bruxarias. Os fatos macabros que ocorreram com integrantes do grupo ao longo de sua carreira como o acidente que deixou Plant longe dos palcos por um bom período além da morte estúpida do baterista John Bonham, são só algumas das passagens bizarras envolvendo a banda, mas o que fica mais evidente são mesmo as mensagens subliminares deixadas pelas letras de suas canções. 


Page chegou a comprar a mansão e alguns pertences de Aleister Crowley (o “Mr. Crowley” da canção do Ozzy e o criador da frase “Faz o que tu queres, há de ser tudo da lei” da música “Sociedade Alternativa” do Raul Seixas), um reconhecido bruxo e filósofo inglês do século XIX. Stairway to Heaven, uma de minhas músicas favoritas, segundo pesquisadores, possui diversas reverências ao Você-sabe-quem, e embora saibamos que religiosos acabam forçando a barra de vez em quando para que essas mensagens subliminares apareçam (quem vai ficar procurando mensagens virando um disco de trás pra frente durante horas??), alguns trechos são intrigantes.
No trecho da música em que Robert Plant canta "Your stairway lies on the whispering wind" a mensagem que dizem se conseguir ouvir ao inverso é: "I will sing because I live with Satan" (Eu vou cantar porque vivo com Satan. Aqui o arquivo em MP3 do trecho para baixar).
Só mesmo um cara possuído pra ter essa capacidade de criar uma frase que tenha um significado falada normalmente e outro completamente diferente falado de trás pra frente! Criatividade do capeta, literalmente!


Se destrinchado, esse papo sobre mensagens subliminares vai longe, portanto vou me ater apenas ao que foi falado até aqui, deixando para falar mais sobre isso num post vindouro.
O fato é que, assim como tudo no mundo, o Rock n’ Roll também possui seu lado negativo, e o negócio é se preocupar apenas com a parte boa. O Rock é acima de tudo um ritmo contagiante, feito também para entreter, e é isso que atrai tantas pessoas há cinco gerações. Para mim, o Rock é uma forma de abstrair do mundo quando este me parece demasiadamente injusto, e tem dia que não há nada melhor do que colocar um fone de ouvido e descarregar toda a tensão enquanto um riff furioso ou melódico atinge o tímpano, te fazendo sacudir a cabeça e embalar o corpo num balanço que te faz bem. Rock é bem estar. Rock é um alimento para alma.
Com certeza existe Rock do Diabo e feito para o Diabo, mas duvido muito que o mesmo tenha sido criado pelo dito cujo. Ele não teria a capacidade de criar algo tão empolgante. 


Viva o Rock n’ Roll, e que Deus abençoe todos os roqueiros! Amém!


Feliz Dia Mundial do Rock!


NAMASTE!

5 comentários:

  1. meu prefeiro é Link Park :D

    vote na enquete do meu blog http://arcadecomic.blogspot.com.br/

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  2. A musica "Stairway to Heaven" é uma linda canção com referencias apenas ocultistas. Existe referencias da Ordo Templi Orientis, da qual Aleister Crowley foi fundador e existem referencias da Cabala alem de outras coisas.

    Satanismo é algo um pouco diferente do que todo mundo imagina. Nenhum Satanista sério fica adorando imagem nenhuma de Demônio até por que ninguém acredita em Satã. Satã foi uma criação pura e simples da Igreja Católica que uniu partes e nomes de deuses pagãos para criar um "Adversário" para Deus. Alias, esse o significado da palavra Satã.

    Enfim, o satanismo é uma filosofia que se baseia no caminho da mão esquerda, ou seja, é totalmente voltado para si do que para os outros. Sobre o seu conhecimento e evolução pessoal. O satanista não tem a pretensão de querer ajudar ao outro pois acredita que todos tem capacidade para serem maiores do que realmente são. Não é bonitinho como as Igrejas, porem não é hipócrita como elas. Até por que quem és você para achar que tal pessoa precisa realmente da sua ajuda? Para evitar atrapalhar a evolução das pessoas, os satanistas se abstém e se preocupam somente com eles mesmos.

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    1. Excelente colocação, Gabriel. Vale como um complemento mais profundo do post.
      Obrigado!

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  3. Quanta gente sem o que fazer,mds,porra se for do demonio vcs n tem nada a ver,certo?

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  4. Rock nunca poderia ser coisa de demónio, digo isto porque já salvou muitas mais pessoas do que matou. Talvez tenha ficado a ser conhecido como tal porque as pessoas empurraram esse estilo de música para isso, o Rock em si não tem culpa que muitas pessoas (e por mais "quebradas" que sejam, cada um com as suas confusões), não conseguissem lidar tão bem com os seus problemas. Mas Rock é de longe do demónio.

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