Faltou aquele “mojo”, na minha opinião.
Mas será que algo mudou agora ao término do segundo ano?
Desta vez a máxima que diz que em time que está ganhando não se mexe não funcionou para a série dos errantes, e Frank Darabont, o principal diretor dos seis episódios anteriores, saiu do posto assumindo só a produção executiva, e cada um dos treze novos episódios foi escrito e dirigido por uma pessoa diferente. Darabont assinou apenas o primeiro episódio da temporada, dando continuidade aos fatos que levaram os sobreviventes do Z-Day a buscar por proteção e a manter suas vidas a salvo.
O que a princípio podia parecer que ia virar uma incrível colcha de retalho, deu muito certo, uma vez que não é perceptível a mudança de direção ou de roteiro ao longo dos episódios. Claro que, assim como aconteceu na primeira temporada, alguns episódios são mais arrastados do que outros, mas isso é a própria narrativa que exige, já que o foco da história de The Walking Dead é nos personagens em meio ao caos de zumbis, e não nos próprios errantes desmiolados. Ao tratar personalidades e sentimentos, é comum que sejam necessários capítulos mais lentos, e esse é um recurso que acaba funcionando para a trama, porque sempre ao final de cada episódio acaba acontecendo algo impactante que nos deixa com aquele “agora fodeu” entalado na garganta.
The Walking Dead deve ser a primeira adaptação em muito tempo que agrada tanto a gregos (fãs da série) quanto a troianos (fãs das HQs), e só mesmo os mais chiliquentos devem ter alguma objeção quanto à série seguir um caminho diferente do material de origem.
Mas, afinal, a série te agrada mais agora, Rodman?
ÉÉÉÉÉÉééé... Digamos que sim.
Pois bem.
A primeira temporada terminou com aquela tentativa, a meu ver pífia, de querer explicar a praga zumbi e com a explosão daquele que parecia ser, depois de muito tempo, um porto seguro para os sobreviventes, o laboratório onde tudo começou.
De volta à estrada, Rick Grimes (Andrew Lincoln), sua esposa Lori (Sarah Wayne Callies), o filho Carl (Chandler Riggs), o “amigo” Shane (Jon Bernthal), T-Dog (Irone Singleton), Andrea (Laurie Holden), Daryl (Norman Reedus), Glenn (Steven Yeun), Dale (Jeffrey DeMunn), Carol (Melissa McBride) e sua filha Sophia (Madison Lintz) precisam achar um local seguro para ficar, e se deparam com uma estrada bloqueada por um engarrafamento de carros abandonados. Logo o grupo é surpreendido por uma multidão de errantes e eles precisam se esconder imediatamente antes que as criaturas os localizem e os peguem desarmados e em menor número.
Procurando evitar atirar com sua arma para que outros errantes não sejam atraídos pelos estampidos, Rick enfrenta os zumbis no mano a mano e coloca Sophia em segurança próximo a uma caverna. Porém, quando ele se afasta dali tentando atrair os zumbis para longe da menina e retorna, ela já não está mais lá.
O clímax do episódio de início acontece quando um tiro atinge Carl, o filho de Rick quando eles encontram um cervo na floresta. Na sequência, um morador de uma fazenda localizada nos arredores surge se dizendo o autor do tiro acidental (destinado ao cervo) que deixa o menino em estado grave e necessitando de cuidados médicos urgentes.
Surge então o plot principal da temporada, que é o deslocamento dos sobreviventes para a fazenda de Hershel Greene (Scott Wilson), um médico aposentado que mora com a família e que prefere se manter distante do restante do mundo, procurando lidar da maneira como pode com a infestação zumbi. Otis (Pruitt Taylor Vince), o homem que atirou sem querer em Carl, os conduz até a fazenda para que Hershel possa cuidar do garoto, e os próximos episódios se estendem na busca por Sophia, que desapareceu na floresta, e em salvar a vida de Carl.
Como aprendemos em Zumbilândia, quando a praga Zumbi se instaurou, os primeiros a morrerem foram os gordinhos e Otis se enquadra nessa característica!
Os sobreviventes, em especial Daryl, que se compadece do sofrimento de Carol pelo desaparecimento de sua filha, passam a fazer buscas incessantes pela menina mata à dentro, mas a procura por Sophia se mostra cada vez mais infrutífera.
Na fazenda, Glenn começa a se envolver amorosamente com uma das filhas de Hershel, a intrépida Maggie (Lauren Cohan). Após transarem em um armazém onde eles se dirigem para buscar suprimentos de higiene para os moradores da fazenda, o coreano marca um encontro romântico com a moça no celeiro da fazenda à noite. Sem que ele saiba, no entanto, o local está repleto de zumbis que são alimentados como num cativeiro por Hershel e sua família. Todos os errantes são conhecidos do velho médico e ele os mantém ali na esperança de que haja uma cura para o mal que assolou seus parentes. Ledo engano.
Nesse momento entra uma questão bem curiosa: O que você faria se um ente querido seu se transformasse em um zumbi devorador de carne humana? Você manteria as esperanças de uma cura ou terminaria de uma vez com seu sofrimento?
(Minuto de silêncio)
Sério.
Foi a coisa mais chocante que eu já vi em uma série.
A cena foi tão bem feita que eu me vi em desespero exatamente como os personagens naquele momento. Toda a composição ficou perfeita. Interpretações, trilha musical, fotografia. Tudo funcionou pra criar aquele clima de choque.
A menina que eles tiveram procurando todo aquele tempo e do qual não tinham nenhuma pista do paradeiro havia sido encontrada por Otis antes de sua morte, e colocada no celeiro, assim como os demais zumbis cativos.
Em nenhum momento os criadores da série dão qualquer dica de que a menina pudesse estar ali, e quando ela surge de dentro do galpão rastejante, transformada em zumbi, é uma das maiores surpresas da história da TV.
Acho que nem descobrir que Nina Meyers havia matado a esposa de Jack Bauer foi tão surpreendente!
Nem descobrir que o Locke já estava morto desde o começo da quinta temporada de LOST causou tanto impacto!
Depois disso a série sofre uma pausa pra galera recuperar o fôlego e volta com um desfecho inesperado, que se desenvolve dos episódios 8 ao 13.
Se a temporada tivesse terminado por aí, já teria valido a pena toda aquela enrolação pela busca da menina e o lenga-lenga das crises de inveja de Shane quanto a Rick e Lori, que descobre que está grávida, mas que não tem certeza qual dos dois é o pai!
É ou não é essa passagem muito parecida com a origem do Homem Aranha?
Depois da morte de Dale, Rick decide honrar sua vontade antes de morrer, e comunica que dará uma chance a Randall e que irá soltá-lo na estrada longe da fazenda, sem eliminá-lo a sangue frio.
Cansado das ordens de Rick, Shane resolve armar um plano para liquidar o “amigo”, e começa libertando Randall, simulando uma fuga. O maluco arma uma emboscada para o Xerife, atraindo-o para um local ermo onde pretende matá-lo. Porém no último instante ele amolece e permite que Rick se aproxime o suficiente para apunhalá-lo no estômago. Carl chega ao local minutos depois, e vê o pai ajoelhado próximo ao corpo de Shane.
O episódio final começa imediatamente após a morte de Shane, e quando notam, Rick e Carl estão cercados por uma horda de errantes que se aproximou atraída pelo tiro disparado pelo garoto contra Shane. Sem outra opção, os dois fogem e ao chegarem à fazenda, percebem que o local está infestado de mortos-vivos, que chegaram ali atraídos pelo som de um helicóptero durante o dia.
Em menor número, com pouca munição, os sobreviventes e a família Greene são obrigados a abandonar aquela que fora sua morada durante todo aquele tempo. Incansáveis e vorazes, os zumbis atacam tudo que veem pela frente, e Patricia (Jane McNeill) e Jimmy (James McCune), filhos de Hershel são brutalmente devorados. Rick, Hershel e Carl conseguem escapar em um dos carros, Daryl salva Carol no último instante, enquanto T-Dog consegue levar Lori e Beth (Emily Kinney), outra das filhas de Hershel. Glenn e Maggie também conseguem se safar, mas Andrea acaba ficando para trás e é encurralada por zumbis, o que a obriga a fugir pela floresta.
Quando Andrea fica para trás confesso que torci com toda minha força para que ela não morresse até o momento que ela é ajudada na floresta por uma misteriosa figura de capuz e lâmina que elimina o zumbi que fatalmente a mataria.
Sinceramente, o personagem Rick, apesar de toda aquela odisseia que ele passa na primeira temporada, sozinho, andando por uma Atlanta tomada por zumbis e tentando encontrar desesperadamente a esposa e o filho, depois que ele se junta ao grupo de sobreviventes se torna meio maçante. Cada uma de suas decisões parece mais equivocada que a anterior, e junto à visão que o próprio Shane tem dele, nós acabamos duvidando de sua capacidade de liderança também. Confesso que preferia o Shane em alguns episódios, e aquela imagem de bundão que Rick acaba passando cansa os espectadores. E olhe que não costumo torcer pra nenhum bad boy! Quem leu um dos meus primeiros artigos do blog A vez dos cascas-grossas, sabe o que penso sobre o assunto.
No final da temporada, após eliminar Shane, Rick enfim consegue se impor a seu grupo, e numa atitude autoritária, porém necessária, já que ele pretende manter todos ali em segurança, ele decide que todos vão obedecê-lo quer queiram ou não. “A partir de agora isso não é mais uma democracia!”.
Agora sim senti firmeza, senhor Rick Grimes.
Acho que agora enfim The Walking Dead me cativou e a terceira temporada promete manter esse clima meio que claustrofóbico de viver em um mundo onde praticamente todos estão infectados pelo vírus zumbi, inclusive eles mesmos! E mais uma vez eu estarei lá.
NAMASTE!