22 de agosto de 2010

Os Mercenários do Stallone

Eu não fui criado apreciando belas obras cinematográficas como os filmes do Almodóvar, não sou fanático pelo Bertolucci, não me ligo em filmes franceses (até hoje só vi Amelie Poulain) e nunca na vida assisti a um filme iraniano. Cresci vendo filmes de ação e fui doutrinado na escola da voadora e dos dois pés no peito. Sim, estou falando de como passei minha doce e saudosa infância e de como o cinema de ação (sobretudo o Brucutu) marcou minha vida.

Já comentei aqui sobre minha expectativa para ver aquele que eu esperava ser o melhor filme de ação do ano, Os Mercenários de Sylvester Stallone, e como a maioria da galera que eu conheço (os machões principalmente) estava empolgada com a ideia da reunião dos maiores ícones do cinema porradaria num mesmo filme. As expectativas estavam lá em cima, uma vez que algo desse gênero jamais havia acontecido, e seria uma espécie de celebração pelos anos dourados (fim dos anos 80 e início dos 90), onde os maiores nomes do cinema ainda eram Schwarzenegger, Stallone e Van Damme. Da expectativa para a realidade há uma grande diferença, mas há compensações.

O cinema não estava tão cheio, e na sala havia um público variado de jovens (provavelmente assim como eu, fã dos brucutus), senhores e até mesmo meninas (uns 3% que não devem curtir muito Vampiros Cintilantes e 97% que deveriam estar ali só acompanhando os namorados). Havia uma certa empolgação na fila antes da entrada, porém ela era discreta. Não era nada como se vê em grandes produções que saem em cartaz, mas também não era aquele clima “não estou esperando nada desse filme”. Acho que todo mundo ali aguardava para ver um grande filme.


Os Mercenários não é brilhante e tampouco inteligente. Tem um roteiro fechado de fácil digestão. Fácil até demais, tanto que dá a sensação de já se ter visto aquilo pelo menos umas 10 vezes antes. Ditadorzinho de um país de Terceiro Mundo subdesenvolvido (lembram que metade das filmagens aconteceram no Brasil??) trata a população como lixo e se beneficia disso. Mocinha é seqüestrada fazendo o mocinho ir resgatá-la nem que pra isso ele tenha que botar o país inteiro abaixo. Tiroteio, o vilão morre. Fim. Já viu isso em algum lugar? Eu já.
As atuações chegam a ser torturantes às vezes, pra não dizer sofríveis, salvo Jason Statham, que é o segundo nome mais importante do filme e o grande parceiro do personagem de Stallone, Mickey Rourke (que já tinha dado show em Homem de Ferro 2), Terry Crews e Erick Roberts, que outra vez é vilão. Statham, apesar de porradeiro, se sai melhor que os colegas no quesito interpretação, mas sozinho não salva o filme. Stallone até tenta fazer algumas caras e bocas, tenta fazer algumas expressões faciais e até tenta emocionar (indo quase às lágrimas numa determinada cena com Rourke), mas ainda assim é algo longe do que ele consegue em Rocky, no auge de sua carreira. Não sei se por causa do seu personagem ser meio ogro (bem, todos ali são, mas nesse caso mais ogro), Dolph Lundgren por vezes parece meio retardado (ou drogado) em cena e sua interpretação se assemelha muito ao que ele conseguiu em Soldado Universal, ao lado de Jean Claude Van Damme. Ao menos lá, ele estava interpretando uma espécie de morto-vivo sem emoções...
Jet Li, que embora tenha participado de grandes produções como Herói e A Múmia 3 – A Tumba do Imperador Dragão, ainda tem dificuldades de interpretação, seja por seu inglês com sotaque ou pelo talento reduzido. Em Cão de Briga, que é um filme de mais tensão emocional do que seus outros filmes, por exemplo, ele se saiu bem melhor.
Randy Couture que é um lutador de MMA além de ator (?) não compromete no papel, até por ser um dos de menor destaque no quesito interpretação (ele quase não fala no filme). Terry “Pai do Chris” Crews, no entanto, junto com Statham é um dos que fazem a diferença em cena e mesmo não sendo tão engraçado como estamos acostumados (Todo Mundo Odeia o Chris, As Branquelas...) rouba a cena em alguns momentos-chave da película. Mickey Rourke que interpreta um ex-mercenário que busca a redenção pelos seus atos parece ser o único realmente gabaritado para o papel, e faz o que já havia conseguido fazer no filme O Lutador, emocionar.
Gisele Itié, mais uma brasileira (meio mexicana) a entrar no mercado internacional aparece o filme todo e é a motivação para que as ações heróicas do filme aconteçam. Seu inglês parece meio decorado demais o tempo todo, mas ela não atua mal fazendo seu papel de donzela em perigo. Na história ela é filha do ditador que se alia ao personagem de Erick Roberts, e é seqüestrada para delatar o real motivo da breve excursão dos Mercenários em seu país.
É natural se exigir sempre boas atuações num filme que você está pagando para ver, mas falar de interpretações num filme que foi vendido para ser nitroglicerina pura é sacanagem!

Por alguns momentos, confortável lá em minha poltrona, degustando a minha pipoquinha, pensei estar vendo um filme do Michael Bay de tantas explosões que haviam por segundo de fita. Sério! É inacreditável o quanto eles explodem de coisas durante o filme todo. Deu até para imaginar os brasileiros aplaudindo em volta do set a cada detonação! “Viva!” “Manda ver, Stallone!” “Explode tudo!”
OK, não dava para esperar um filme cabeça com essa quantidade de atores porradeiros envolvidos, mas isso torna Os Mercenários um filme ruim? De jeito nenhum. Eu gostei muito do filme. Desliguei meu cérebro durante duas horas e vibrei a cada combate e a cada perseguição. Curti muito o encontro dos três pesos pesados na tão comentada cena que aparece nos traillers, onde Stallone e Schwarzenegger são convocados por Bruce Willis (o agente Church da CIA) para a missão de ir lá no país de Terceiro Mundo e eliminar o ex-agente da CIA que comandava o cartel de drogas.

O diálogo entre eles é breve, porém inesquecível. Rola até uma zoação sobre os quilos a mais do Governador da Califórnia e sobre a inteligência do personagem de Stallone. “Você devia ler mais!”. A cena não deve durar mais do que 5 minutos, mas é com certeza uma das mais memoráveis. A intimação que Church faz no final para o personagem de Stallone também é de arrepiar, e deixa o público imaginando uma sequencia em que ambos se confrontam. Seria foda demais!

Já vi muito filme de ação, mas o grau de violência de os Mercenários atinge os picos mais altos com certeza. É importante notar a quantidade de soldados buchas (aqueles que só aparecem para morrer) que se proliferam do nada enquanto os protagonistas se deleitam esfaqueando, atirando e socando. Statham é o especialista em facas, Jet Li o cara do kung fu (embora ele utilize pouco no filme), Couture a força bruta (seus golpes de MMA são excelentes) e Crews o detonador. Sobraria para Stallone a parte do cérebro da equipe, mas não vamos exagerar!
Podemos acusar Stallone de tudo, menos de ter uma sensibilidade ótima para o que o público quer ver. As cenas de ação são de tirar o fôlego, as lutas são grosseiras e espetaculares, e não deixa nada a desejar a quem está ali justamente para isso: ver muito sangue e dilacerações. Esse papel o filme cumpriu e bem.
Nota: 8

Seja lá qual for o sucesso do boicote que alguns brasileiros chegaram a veicular na Internet que seria feito ao filme por aqui, ou qual seja o resultado das bilheterias em todo o mundo, a sequencia para esse filme é quase uma certeza e esperamos uma dose maior ainda de testosterona caso os nomes sugeridos desde o primeiro sejam inseridos num novo projeto. Ver Van Damme, Steven Seagal (embora eu não goste dele), Chucky Norris (se ele estiver vivo até lá) ou talvez Wesley Snipes, Vin Diesel e The Rock junto com a galera do primeiro filme ia ser algo sobrenatural. Quem sabe os egos se acalmem até lá e esses atores (a maioria em péssima fase) percebam que eles estarão fazendo história e proporcionando um espetáculo para um público, que embora cada vez menor, ainda se mantém fiel aos bons e velhos filmes de ação estilo anos 80.

Que venha Os Mercenários 2, e que o Brasil aprenda que a imagem que temos lá fora é a imagem que nós mesmo construímos aqui, a de um país em que tudo é liberado, onde só se pensa em Carnaval e em futebol e que o povo morre de fome enquanto assiste a Copa do Mundo e seus milhões gastos a toa. Se podemos adorar esses pernas de pau que se vendem para entregar um campeonato de futebol, porque não adorar Stallone e sua trupe? Mercenário por mercenário ainda prefiro ir ao cinema e me divertir nem que seja por duas horas.

Nota: O filme é do caramba, mas no Metrô na viagem de volta já tinha me esquecido da maioria das cenas.

Nota 2: No trailler antes do filme foi exibido Tropa de Elite 2, filme nacional que mostra a realidade da violência no Rio de Janeiro, algo pelo qual a maioria dos governantes fecha os olhos, preferindo o Carnaval e o futebol. Essa é nossa realidade.
NAMASTE!

12 de agosto de 2010

Batman contra o Capuz Vermelho


Há algum tempo atrás, uns três anos no máximo, comecei a ouvir boatos de que Jason Todd, o segundo Robin a assumir o cargo, iria retornar dos mortos de forma misteriosa. O que? Você não sabia que o Robin já havia morrido? Pois é. Aconteceu na saga “Morte em Família”, título que ainda falta na minha coleção, mas do qual já li vários artigos relacionados. O retorno de Todd que ocorreu num passado não muito longínquo é retratado de forma bem similar ao da HQ no longa animado Batman contra o Capuz Vermelho, onde o antigo menino prodígio (ou rodízio, como diria o Coringa) volta da tumba na pele do misterioso Capuz Vermelho, um bandidão que almeja controlar o crime organizado de Gotham City utilizando meios bem persuasivos.


Gostei muito do clima do filme e do enredo, só que dessa vez devo comentar que a animação deixou um pouco a desejar em relação a outros longas animados recentes como Crise nas Duas Terras (que eu já fiz o Review aqui), Mulher Maravilha e do Lanterna Verde: Primeiro voo. A movimentação dos desenhos acontece de forma meio apressada e desajeitada, o que prejudica um pouco durante as cenas de ação. Assim como vem acontecendo nos últimos filmes da DC como Superman/Batman Inimigos Públicos e no ainda inédito Superman/Batman Apocalypse, os desenhos de Batman contra o Capuz Vermelho são inspirados nos traços do desenhista da obra original, nesse caso os do artista Doug Mahnke, que rabiscou a HQ que mostrou a ascensão de Jason Todd. De qualquer forma, exceto esse pequeno probleminha técnico de movimentação, a animação é bem empolgante, sendo seu forte os diálogos afiados, em vez das cenas de ação.

Na versão original, Bruce Greenwood emprestou sua voz ao Batman, enquanto Jensen Ackles (um dos irmãos Winchester da série Supernatural) dubla Jason Todd. No Brasil, Mauro Ramos, conhecidíssimo por dublar o Pumba, o Shrek, o Sulley de Monstros SA e a maioria dos personagens grandalhões do cinema, recebeu a missão de dublar o Coringa, e se saiu muito bem, como sempre. Já o outro vilão da história, o Máscara Negra foi dublado pelo lendário Isaac Bardavid, que no passado já dublou o Esqueleto do He-Man e é mais conhecido por dublar o Wolverine tanto na primeira série animada dos X-Men quanto nos filmes. Sua interpretação pessoal deixou o Máscara Negra ainda mais engraçado, uma vez que ele apesar de mal, é um dos alívios cômicos do desenho. Por alguns momentos pude me lembrar daqueles chiliques que o Esqueleto dava sempre quando He-Man estragava seus planos, e a voz de Bardavid é inconfundível, combinando bem com a cara cadavérica do Máscara Negra. Nota 10 para a dublagem.



Para escrever esse post tive que dar uma revirada nas minhas HQs do Batman da época do retorno de Jason Todd e notei algumas diferenças em relação ao longa animado, o que sempre ocorre numa adaptação. Nunca essa transição do papel para a tela acontece de forma 100% fiel. As alterações amenizam um pouco a carga dramática que envolve o que o próprio Batman considera como sua maior falha, e quando ele se vê assombrado por fantasmas do passado ele começa a questionar sua verdadeira culpa em relação à morte do Robin pelas mãos do Coringa.


Nas HQs, sempre que um personagem volta da morte sem que isso seja tratado de forma competente pelo roteirista, é quase como se as editoras de quadrinhos estivessem carimbando “idiota” em nossas testas. Dificilmente eu vi uma ressurreição feita com tanto cuidado como Ed Brubaker fez com o Bucky, nas histórias do Capitão América. Ele trouxe de volta o personagem, que teoricamente teria morrido na época da 2 ª Guerra, de forma gradativa e adicionou uma porção de retcons (eventos inseridos posteriormente na cronologia) à história do Capitão para que isso fizesse sentido. E fez. No caso de Jason Todd, o trouxeram de volta quase que como num “passe de mágica” (mais ou menos como apagaram mais de 20 anos da história do Homem Aranha também). Jason foi trazido de volta à vida, seis meses após sua morte (na cronologia normal) quando o Superboy da Terra Prime (na teoria, a primeira Terra, onde os super-heróis não existem de verdade) golpeou as “paredes da realidade” para que ele pudesse escapar de sua prisão. Isso acarretou uma “onda” de acontecimentos em nosso mundo, o que acabou ocasionando a ressurreição de Todd.
Faz algum sentido pra você? Pra mim também não. Foi uma das desculpas mais fracas do qual já ouvi falar para trazer de volta um personagem, porém serviu para gerar ótimas histórias com um enredo bastante intrigante: O que o Batman faria se sua maior falha retornasse para tocar-lhe a ferida? Na animação, quem o traz de volta à vida é um dos Poços de Lázaro de Ra’s Al Ghul, que o vilão usa para rejuvenescer. Jason não só é trazido à vida como também se torna mais vigoroso, e após escapar começa sua peregrinação para se tornar o Capuz Vermelho. Desfecho digno para um início pífio.


Enquanto para o Batman a dor de sua perda é seu maior problema, para Jason a questão é mais profunda: Por que Batman jamais se vingou daquele que o matou? Por que ele deixou o Coringa vivo, permitindo que ele continuasse sua onda de crimes, escapando do Arkham a toda hora e manchando Gotham de sangue? Por que Batman jamais eliminou aquele que matou o Robin?

Esse questionamento torna Jason um adversário de seu mestre, levando o garoto a combater o crime da sua maneira. Por que destruir o crime se é mais fácil controlá-lo? Dessa forma, assumindo o manto do Capuz Vermelho, Todd passa a dominar o submundo tomando-lhe de assalto e deixando a maioria dos criminosos da cidade de olho em suas ações, e preocupados com elas. O Máscara Negra é o primeiro a ser atingido pessoalmente quando seu comando do crime começa a ser ameaçado, e ele tenta de tudo para se livrar de seu inimigo incluindo contratar vilões superpoderosos (na HQ ele usa o Mr. Freeze). No entanto, fica claro que só o Batman pode enfrentar o habilidoso Capuz Vermelho e é interessante notar que ele acaba se tornando uma versão mais jovem e melhorada de Bruce Wayne, tendo inclusive, treinado ao redor do mundo durante os anos em que esteve desaparecido, assim como seu mentor. Jason acaba por vezes superando Batman em combate, mas isso fica claro que é por causa do abalo emocional que o Homem Morcego sofre quando percebe que seu oponente é o Robin que ele deixou morrer.


A mim agrada muito a ideia de ver Batman enfrentando alguém que conhece seus truques e que ele mesmo ensinou, acabando um pouco com essa "pose de invencível" que ele tem. O que aconteceria se o Asa Noturna ou o Robin Tim Drake se voltassem contra ele? O Resultado seria parecido. De tempos em tempos surge uma versão “melhorada” de algum herói, mas no final, sempre o original prevalece, se mostrando com mais escrúpulos do que seu predecessor. No caso de Jason, ele mesmo admite que é um Batman melhor que Wayne por não ter tanto pudor em matar em nome do que ele acha certo, mas por fim, o heroísmo prevalece. O final da história na animação também é alterado e se torna menos dramático que o original. Batman é confrontado diretamente, é questionado de o porquê deixou o Coringa vivo mesmo depois de tudo que ele fez, e sempre aquele código de honra vem à tona: Se o Batman o matasse, ele se igualaria a seu inimigo, e isso não o tornaria melhor e sim pior. Matar o Coringa em vez de entregá-lo à justiça mancharia aquilo que o Batman representa, e ele jamais conseguiria conviver com isso. Para Jason, no entanto, essa atitude o torna fraco, e prova que o Batman não tem coragem de vencer seus limites para vingar nem mesmo um filho morto.


Tenso, não é mesmo?

No desenho vemos um resumão da história toda, temos a presença do ex-Robin Asa Noturna ajudando Batman contra o andróide Amazo (como na HQ), temos o envolvimento de Ra's Al Ghul no ressurgimento de Todd, temos o Coringa intermediando o momento de tensão entre Wayne e Todd e temos também o Alfred, com a mesma dublagem do desenho animado do Batman da década de 90. Tudo isso culmina no final que é alterado para se tornar menos chocante (eu mesmo discordei da atitude que Batman tem nas HQs ao ter que decidir entre Jason e o Coringa), mas nada que afete a animação. Judd Winick, o roteirista da HQ foi muito feliz ao criar essa narrativa envolvendo Jason Todd, mas a forma como ele foi trazido de volta e o que ele se tornou depois do confronto com o Batman deixou bastante a desejar. Foi mais ou menos o que aconteceu com o Bane no Batman e com o Apocalypse no Superman: Dois vilões que vieram com tudo, destruíram seus adversários, mas que atualmente não passam de figurantes sem brilho. Assim como os personagens citados, Jason Todd só funcionou com esse propósito, o de ser um desafio à altura para o protagonista, mas esticar sua participação na trama torna seu conceito inicial bastante desgastado. Pena que os produtores de quadrinhos não ligam muito para isso. Batman contra o Capuz Vermelho é uma ótima opção de divertimento, e pra quem não está muito ligado no que acontece na HQ tudo é bem mastigado durante uma hora e meia, só que como eu disse, de forma diferente à sua origem. Nota: 8


NAMASTE!

4 de agosto de 2010

Super Herói Preguiçoso

Sabem aqueles dias que você não está muito a fim de ter responsalidades?

Clique para ampliar



Grandes poderes trazem grandes responsabilidades... Que saco!!



NAMASTE!

31 de julho de 2010

Top Blog 2010

E não esqueçam de votar no Blog do Rodman para a categoria Blog Pessoal. É rápido e fácil, você só precisa clicar no link de votação no canto superior direito da tela (do próprio Blog) e votar. Logo que a mensagem de conclusão surgir, você deve confirmar seu voto em outro link que será enviado a seu e-mail de cadastro. Ah, e você não paga nada por isso!


Prometo uma bala de tamarindo a todos que votarem no meu Blog!!




NAMASTE!

28 de julho de 2010

Sangue Fresco

Imagine acordar em uma manhã, ligar a TV e entrar um plantão extraordinário, daqueles que gelam a espinha sempre que surgem, falando sobre a criação de um sangue sintético. Sua reação até então não seria das mais fortes, certo? Agora imagine que logo em seguida, surgissem vampiros por todas as partes do mundo que agora não tem mais porque se esconder, já que o tal sangue sintético (o Tru Blood) veio para resolver o seu "pequeno problema" de alimentação. Esse é o mote principal da série True Blood, que já está na sua 3ª Temporada no canal HBO, mas que eu descobri há menos de um mês.

O criador da série é Alan Ball, que já havia desenvolvido a série Six Feet Under, e ele se interessou pelo assunto vampiros depois que leu os livros de Charlaine Harris, fonte inspiradora para sua obra. Harris, diferente de uma tal de Meyer, trata os vampiros como eles realmente deveriam ser, e como eles sempre foram retratados, sem muitas frescuras. A maioria deles é má, é perversa e atendem facilmente a seus instintos de sobrevivência, mas precisam aprender a viver com os humanos que não deixaram de temê-los agora que sabem que eles existem de verdade.

Anna Paquin (a Vampira insossa dos 3 filmes dos X-Men) está perfeita no papel da garçonete telepata Sookie Stackhouse, e além dela, a série tem o foco principal no vampiro Bill Compton (Stephen Moyer), Jason Stackhouse o irmão de Sookie (Ryan Kwanten), Sam Merlotte (Sam Trammel) e Tara Thornton (Rutina Wesley). Todos eles vivem em Bon Temps, cidade ficctícia situada na Louisiana e que como todo o resto do país, passa agora pelos contratempos de ter vizinhos sugadores de sangue. A pequena população da cidade se divide entre aqueles que simpatizam com o fato de viver com vampiros e aqueles que abominam a ideia, e essa divisão de pensamentos e atitudes é que tornam a série interessante. Dá para se pensar em algo semelhante na vida real se os vampiros saíssem da escuridão e viessem à tona de verdade.

Não dá para assistir True Blood e não comparar com a série começada com Crepúsculo. Por mais que esteja claro que Stephanie Meyer tenha escrito seus livros pensando em adolescentes sentimentais e apaixonadas, e que os filmes tenham sido desenvolvidos para esse mesmo público, é vergonhoso lembrar como os vampiros são tratados pela escritora. É como se a verdadeira essência das criaturas não estivesse ali. Em True Blood, apesar de vermos também um vampiro todo apaixonadão pela protagonista, todo o restante continua sendo guiado pelos instintos primitivos, o que os tornam perigosos e nunca EMOs. Diferente de Crepúsculo, há muito mais elementos que atraem a atenção masculina para a série, há cenas violentas, há cenas de sexo, mulheres nuas e sangue, muito sangue. Vi os dois primeiros filmes da série de Meyer para acompanhar minha namorada e para tentar entender todo esse fascínio repentino por vampiros, e tive muito sono enquanto via. Não há nada ali que prenda a atenção, só romance insosso e interpretações mais insossas ainda.


Logo que acabou LOST meio que me senti orfão de uma boa série que desse vontade de seguir. Tentei Fringe, tentei Flashforward (já finada), ainda tento ver V, mas nenhuma conseguiu me deixar curioso para ver o capítulo seguinte, como LOST sempre fez. Acompanhei a primeira temporada inteira de True Blood (12 episódios) quase sem pausas, mais de um episódio às vezes por dia, e ainda me sinto interessado e curioso para ver o próximo da 2ª temporada. Os elementos instigantes que a série tem estimulam alguns questionamentos simplistas como "o que eu faria se os vampiros surgissem mesmo?" ou outros mais complexos como "mas não é exatamente isso que vemos hoje em dia? Preconceito com pessoas diferentes?". Claro que não se trata de ninguém que pudesse saltar no seu pescoço e te dar uma dentada, é lógico, por isso esses questionamentos ficam só na base das especulações.
A série começou mostrando um ambiente bem reduzido, poucos personagens principais, com uma trama bem desenvolvida e simples de entender. As altas dosagens de sexo são mostradas desde o 1º capítulo e envolve o relacionamento de mulheres (na série, tratadas como fode-presas)da pacata Bon Temps com vampiros. Sabemos desde sempre que vampiros tem uma lascívia acima do normal e que eles podem induzir suas "vítimas" a fazerem o que eles querem, dessa forma não é difícil imaginar um certo fascínio que isso causa em algumas pessoas. Na série, é dito mais de uma vez que a forma meio "animalesca" com que os vampiros agem na "hora H" é um atrativo à parte para esse tal fascínio e aí entra a busca por esse "algo mais" que os vampiros tem. Humanos normais começam a matar vampiros e traficar seu sangue, que passa a ser conhecido como V ou V Juice. Surgem então viciados na nova droga que querem beber da fonte e ter para si todas as propriedades curativas e afrodisíacas de um bom e fresco sangue de vampiro. Bizarro, e acredito eu, inédito até então.

A série conta ainda com outros personagens secundários, porém igualmente interessantes como Lafayette (Nelsan Ellis) que faz de tudo um pouco para sobreviver em Bon Temps, desde cozinhar para o Bar de Sam Merlotte à traficar V. Gay assumido, arruma briga com qualquer um que o trata com preconceito, e não vê nenhum problema em se relacionar com vampiros, fazendo até programas com eles. Ellis manda muito bem no papel, e em alguns momentos ele é bem divertido, principalmente por seus diálogos afiados com a prima Tara. Apesar de coadjuvante, Lafayette tem grande destaque na trama.

Até vampiros tem chefes, e Eric Nothman (Alexander Skarsgard) é o chamado Xerife da Área 5, onde vive Bill Compton. Bill é subordinado a Eric, e tem que proteger Sookie do desejo do chefe, que se interessa pelos poderes paranormais da garota. Na época de escolha do elenco para o filme do Thor, Skarsgard (até o nome se assemelha com a cidade de Thor) foi um dos cotados para viver o Deus do Trovão, papel que ficou mesmo com Chris Hemsworth.

Arlene (Carrie Preston) também é uma das garçonetes do Bar Merlotte, é mãe de um casal de filhos pequenos e acaba tendo um caso com o misterioso Rene Lenier (Michael Raymond James), um sujeito que esconde um passado terrível e se aproveita da amizade com Jason, irmão de Sookie, para obter informações preciosas sobre pessoas próximas ao rapaz.

Além dos coadjuvantes e fora os problemas de Tara com a mãe alcóolatra Lettie Mae Thornton (Adina Porter), os mistérios também envolvem o passado de Sam Merlotte, o dono do bar onde fatos importantes se desenrolam. Ninguém sabe de onde ele veio ou se tem família, e quando ele começa a se comportar de maneira estranha, começamos a descobrir qual sua real natureza, e ela é assustadora.

A abertura da série é uma das melhores que já vi em todos os tempos, possui imagens fortes além do tema empolgante "Bad things" cantada por Jace Everett . Quando assistimos aquelas cenas bizzaras cortadas secamente sem conseguirmos nos prender nos detalhes, entendemos quase que completamente do que a série trata. Não só vampiros, vemos imagens de religião, pessoas simples de interior, animais, fanatismo e possessões, além claro, de muitas cenas sensuais o que lembra que o sexo as vezes pode despertar a animalidade que existe em cada um. Nota 10.





Não tente ver True Blood no sofá da sala com a mamãe e o papai, ela não é uma série família. Ela não trata de assuntos fáceis de se digerir, fala de drogas, sexo e muito sangue, e por isso tudo mesmo é boa, ganhando um enfoque muito intimista. Allan Ball cuidou para que os elementos certos fossem inseridos em cada capítulo e não é qualquer um que tem estômago para assisti-la. Conheço umas duas ou três pessoas que diriam "ai, que série nojenta", mas a meu gosto, até então, tem agradado bastante. Os mistérios que são criados dão um toque a mais, sem falar no interessante triângulo amoroso que acaba acontecendo entre Sookie, Bill e Sam. Receita para mais umas três temporadas. Seria True Blood um "Crepúsculo" com cenas de sexo e violência? Não mesmo. Vai muito além disso.


Postarei mais detalhes sobre a série logo que terminar de ver a 2ª Temporada.



Acho que enfim encontrei a substituta de LOST.




NAMASTE ou I Wanna do bad things with you.

23 de julho de 2010

Top 10 - Melhores Desenhistas

Até mesmo eu me perguntava por que ainda não havia feito um post dedicado ao Homem-Aranha, já que ele é meu personagem preferido dos quadrinhos e isso há muitos e muitos anos. Eu não sei a resposta, mas sem mais delongas aqui está o novo Top 10, após o 1º que dediquei aos carros da ficção.

Um pouco mais da metade das HQs que mantenho em minha coleção que já ultrapassa as 550 são do Homem-Aranha, por isso me sinto muito à vontade para falar sobre o assunto, já que tenho um certo conhecimento sobre ele.
Assim como qualquer personagem de quadrinhos, o Aranha já passou pelas mãos de uma porção de artistas diferentes ao longo dos seus 50 anos, alguns bastante talentosos, outros nem tanto, e dentre todos esses profissionais eu destaquei os meus preferidos e aqueles que merecem estar no Top dos maiores que já tiveram a honra de rabiscar o Cabeça-de-Teia.
A numeração que cada um recebeu talvez não esteja justa o suficiente, mas isso não quer dizer que um seja melhor do que o outro. Todos tem seus méritos e seus defeitos. Vamos à lista:


Todd McFarlane nasceu em 1961, em Calgary, Canadá, e após rápidas passagens pelos títulos do Incrível Hulk e da minissérie Batman Ano 2 escrita por Frank Miller, seu sucesso só começou mesmo quando ele assumiu a revista do aracnídeo a partir do nº 298 de Amazing Spider-Man.
McFarlane causou uma verdadeira revolução no visual do Homem-Aranha com seu traço um tanto quanto caricato e exagerado, e definiu uma linha que seria seguida pelas próximas gerações de desenhistas.

As posições em que ele desenhava o Aranha, todo encurvado, sombrio e por vezes em perspectivas inimagináveis até então, levou o artista à fama rapidamente e caiu no gosto do público, fazendo com que a Marvel criasse um segundo título para o personagem cujo nº1 figura até hoje, como uma das HQs mais rentáveis da história.

Além do fluido de teia trançado cujo design é sua marca e que nunca mais deixou de ser usado, os olhos da máscara do Aranha imensamente grandes (até então o personagem nunca havia sido retratado assim) e da curvatura que o assemelhava mais a uma aranha de verdade, McFarlane é também responsável pelo desenvolvimento do personagem Venom e de toda a onda de violência que se seguiu nos quadrinhos dos anos 90 por causa desse sucesso estrondoso.

Eu particularmente fui um desses fãs "babões" da arte de McFarlane, e houve uma época em que se as revistas não fossem desenhadas por ele não atraíam tanto a minha atenção. A enxurrada de capas desenhadas pelo cara naquela época em que eu comprava revistas nos sebos era impressionante, e muitas delas eu adquiri apenas por isso, pela capa. Ah, a doce inocência! Atualmente eu prefiro artistas mais realistas como Steve Epting, Gabrielle Dell' Otto e por aí vai.

 

Rich Buckler nasceu em 06 de Fevereiro de 1949, e é um veterano na arte dos quadrinhos, já tendo trabalhado com praticamente todos os personagens da Marvel e da DC, criando inclusive muitas capas. Sua passagem pela revista do Homem-Aranha foi breve, porém intensa.

Ao lado do roteirista Peter David, ele desenhou uma das mais memoráveis histórias do personagem conhecida apenas como "A Morte de Jean DeWolff". Tenho as duas edições brasileiras em que esse arco foi publicado e a história é um fantástico thriller policial com muito suspense e um desfecho estrondoso em que o Aranha é obrigado a enfrentar o Demolidor. Os desenhos de Buckler criam o cenário perfeito para a trama, e seu Aranha é esguio e ágil, diferente do Demolidor, que apesar de ser um acrobata, aparece mais truculento nos traços do artista.

Gosto muito da arte de Buckler, e desenhistas como ele deveriam ser usados como referência para as novas gerações. Eu tinha um pôster com uma capa do Aranha de uniforme negro desenhado por ele, e era meu xodó.
 
 

A molecada que acompanha o Homem-Aranha hoje em dia (em especial a versão Ultimate) está acostumada com esse visual do personagem criado por Mark Bagley, esse alemão naturalizado americano que nasceu em 07 de Agosto de 1957. Praticamente todos os produtos que foram lançados nos anos 90, após a era McFarlane tinham a aparência do Homem-Aranha magrelo estilizado por ele, e que na minha opinião é um dos melhores já desenvolvidos. Os jogos lançados pela Marvel em parceria com a Capcom usavam os desenhos de Bagley como referência, e por muito tempo era assim que ele ocupava o imaginário dos fãs.

Bagley começou sua carreira desenhando os Novos Guerreiros que eram roteirizados por Fabian Nicieza. Após sua saída do título, ele ocupou a vaga deixada por Erik Larsen (na época, um aprendiz de McFarlane) nas revistas do Aranha, e ali ficou um bom período, na companhia de David Michelinie, que escrevia a maioria das histórias. Tenho quase todas essas edições, e por um bom tempo ele foi meu artista favorito do personagem, pois ele criava um Aranha extremamente ágil e forte, além de cenários empolgantes recheando as páginas. A maioria dos vilões da imensa galeria do Aranha ficava bem nos traços de Bagley, exceto os mais truculentos como o Rino e o Rei do Crime. Todo mundo ficava meio "desnutrido" nos desenhos dele e infelizmente, com o tempo essa característica começou a se tornar uma constante. Já na fase do Clone (a polêmica Saga do Clone do Aranha) a arte de Bagley começou a se tornar intragável para mim, e comecei a preferir outros artistas que mantinham mais ou menos seu estilo anterior, como o Steven Butler.

Guardo na memória aquela fase inicial de Bagley nas histórias do Aranha, e mesmo quando eu desenhava o personagem eu sempre tentava copiar aqueles tornozelos finos que ele fazia. Sua arte tem sim um dinamismo incrível, ele é detalhista e sabe cumprir prazos (algo elogiável no meio profissional das HQs) e é considerado um desenhista rápido. Quebrou o recorde de permanência à frente de um título que antes era de Stan Lee e Jack Kirby com o Quarteto Fantástico, e ao lado de Brian Michael Bendis fez história no título do Homem-Aranha Ultimate, onde ele refinou seu traço e alterou algumas características de Peter Parker, que deveria parecer um adolescente.

 
Mike Zeck nasceu em 06 Setembro de 1949 na Pensilvânia, e sua passagem pela revista do Homem-Aranha foi ainda mais meteórica do que a de Rich Buckler. Os dois artistas, inclusive, se revezaram nos títulos do personagem por um período e quando eu ainda nem sabia distinguir muito bem desenhistas, achava que se tratava da mesma pessoa, pelo estilo parecido de ambos.

A importância de Zeck para o Aranha é grande, porque ele não só desenhou a excelente minissérie A Última Caçada de Kraven, escrita por J.M. DeMatteis como também é o autor dos primeiros rascunhos do uniforme negro do Aranha, que surgiu pela primeira vez em Guerras Secretas (a 1ª das grandes sagas dos Quadrinhos), evento que envolvia todos os heróis Marvel . Ao lado de Rick Leonardi (que desenhou o Homem-Aranha 2099), Zeck criou o uniforme preto e branco, que até hoje é meu preferido e que mais tarde foi imortalizado por McFarlane, que criou seu Venom com base nele.

Mike Zeck também trabalhou à frente do Justiceiro por muito tempo, e nos anos 90 ele desenhou uma minissérie em que ele aparecia ao lado do Homem Aranha. No Brasil, a primeira edição da publicação vinha com um disco holográfico que fazia o Aranha "se mover" pelas paredes.


 


Ron Frenz nasceu dia 1 de Fevereiro de 1960, em Pittsburgh, e assumiu a prancheta deixada por John Romita Jr. à frente do Escalador de Paredes em 1984. Seu traço remetia aos primórdios do personagem, quando ele ainda era desenhado por Steve Ditko. Com o passar dos anos ele aprimorou sua técnica, e ele é considerado um dos grandes desenhistas do Homem-Aranha, tendo várias histórias clássicas do herói no currículo, como a primeira aventura com o uniforme negro (que ainda era um simbionte) e a emocionante "O Garoto que colecionava Homem-Aranha", título que falta na minha galeria, mas no qual já dei uma olhada na Internet. Pra ver como Frenz esteve à frente do Aranha em uma das suas melhores fases, ele também desenhou quase todos os primeiros combates do aracnídeo com o Duende Macabro e a surpreendente batalha contra o Senhor-do-Fogo (não, não estou falando do Syd de a Era do Gelo), ex-arauto de ninguém menos que Galactus. Se Mike Zeck foi o primeiro a desenhar o Homem-Aranha em seu traje negro simbiótico, Ron Frenz é o criador do uniforme, ao lado de Tom DeFalco, que na época era a mente criativa da revista.

Por mais que tenha sido emblemática a primeira aparição do Aranha usando a fantástica roupa negra (no Brasil saiu na edição #71 no formatinho da Abril), e eu me lembro bem como achei aquele visual em preto e branco espetacular quando o vi pela primeira vez, a história que me lembro com maior carinho desenhada por Frenz é uma toda protagonizada apenas por Peter e Mary Jane, que conversam sobre o passado de ambos enquanto andam pelo Central Park. Não há qualquer ação nessa história, nenhum vilão dá as caras e é engraçado como ela surge sempre em minha mente quando penso nos desenhos de Ron Frenz. Nessa época Peter havia acabado de se livrar do traje simbiótico, e ao fim da conversa com MJ ele retorna pra casa e volta a vestir o uniforme vermelho e azul clássico após 6 edições com o negro.



Alex Saviuk nasceu dia 17 de Agosto de 1953, chegou na Marvel em 1986 onde ficou pelos próximos 7 anos desenhando o Homem-Aranha em seu título principal The Amazing Spider-Man e de 1994 a 1997 assumiu o título The adventures of Spider-Man.

Certamente Saviuk não está no hall dos maiores desenhistas do Aranha e até passa despercebido pelo grande público (eu mesmo nem sei pronunciar seu sobrenome!), mas pra mim, ele fez parte de uma fase muito legal pelo qual o personagem passou, e achava a Mary Jane que ele desenhava muito linda, quase parecida com a de John romita Sr.
O seu Peter Parker usava mullets e essa característica é o que mais o distinguia dos outros artistas, além dele também inserir o olho grande na máscara do Amigão da Vizinhança e desenhá-lo curvado, quase ao estilo McFarlane. O dinamismo que ele inseria nas cenas de ação e as expressões nos rostos de seus personagens eram excelentes, e o seu Homem-Aranha era menos forte do que o de McFarlane e bem mais robusto do que o de Mark Bagley, o que funcionava como um equilíbrio bacana. Sempre preferi ele do que os horríveis Sal Buscema e Steve Skroce, tecnicamente falando. Entre as fases mais interessantes que Saviuk desenhou está a infame saga do Aranha de Ferro (que ilustra esse box), onde o Aranha desenvolve um agente solidificador (!) com as mesma propriedades de sua teia e recobre seu uniforme, tornando-se então o Aranha de Ferro (!). Parece absurdo, e na verdade é. Na ocasião ele enfrentava terríveis inimigos (!) que podiam disparar esporos venenosos e dardos, e essa proteção extra lhe vinha bem a calhar. Por sorte, a tal "roupa de ferro" só durou algumas páginas, sendo destroçada logo em seguida.
Aqui no Brasil, a edição de nº 150, ainda no formatinho, vinha numa capa especial ilustrada por Saviuk e mostra o herói lado a lado com o Rosa (filho do Rei do Crime), algo que nunca acontece no interior da revista. Heheheh!


 

Não foi a toa que coloquei Gil Kane entre os quatro primeiros, pois pra mim a imagem que ele ajudou a iconizar do Homem-Aranha é uma das mais perfeitas de todos os tempos, e só comprova o que esse grande artista representou para o mundo dos quadrinhos.

Eli Katz, seu verdadeiro nome, nasceu em 06 de Abril de 1926 e esteve presente nos momentos áureos da história das HQs. Kane ajudou a modelar a Era de Prata dos Quadrinhos, e renovou conceitos de personagens da década de 40 como o Lanterna Verde e o Eléktron da DC. Na Marvel, durante a década de 60, trabalhou nas histórias clássicas do Homem-Aranha e de outros super-heróis da editora, e seu estilo de traço que misturava figuras detalhadas com movimentos exagerados era o seu ponto forte. Seus personagens pareciam saltar de dentro dos quadros, e foi com ele que comecei a ver as primeiras imagens de quadros inteiros ou de meia página no ambiente que sempre fora todo "certinho" como era o das HQs americanas, seguindo quadro-por-quadro.

Kane desenhou a história que revolucionou não só a vida do personagem Homem-Aranha como também todos os Quadrinhos, colocando a morte de uma personagem importante como foco (hoje em dia, qualquer um que morre nas HQs volta daqui a seis meses no máximo!). "A noite em que Gwen Stacy morreu" é pra mim a melhor história que já li do Homem-Aranha. Nenhuma outra me ofereceu uma carga dramática tão grande ou uma violência tão desenfreada protagonizada por Peter Parker quanto essa, e a tenho na memória quase que quadro a quadro, em especial os momentos decisivos. A expressão fria de Peter em busca de Norman Osborn, a ternura com que ele protege a pobre Gwen Stacy depois de morta, a cólera com que ele espanta um policial que tenta prendê-lo e a fúria com que ele ataca o responsável pela morte de sua amada chega a ser cinematográfico. Gil Kane nunca fora tão feliz em criar uma obra de arte quanto o fez nessa HQ e sinceramente duvido que eu volte a ver desenhos como aqueles em meio a uma história tão bem narrada e impactante.

Kane faleceu em Janeiro de 2000, deixando um legado inesquecível.



Ainda mais que seu pai, "Romitinha", como é conhecido por aqui, com certeza é o desenhista que mais vezes e por mais tempo esteve à frente do Homem-Aranha, e um dos mais talentosos também. Meu primeiro gibi do Homem-Aranha (a edição 23 da Abril) já tinha desenhos dele, e de lá pra cá seu nome se tornou uma constante nas páginas de abertura das revistas do aracnídeo.

Em seu começo, sendo arte-finalizado por seu pai, Romitinha que nasceu em 17 Agosto de 1956, tinha praticamente o mesmo traço que ele, seus desenhos eram arredondados e seu Peter Parker era bem semelhante ao do "Romitão". Com o tempo, o artista refinou seu estilo e o tornou mais quadradão e é assim que o conhecemos hoje em dia.

Devo confessar que me desagradava antigamente aqueles desenhos muito quadrados que Romitinha fazia, e as histórias ficavam menos interessantes para o meu gosto "Markbaglyano". Quase nunca folheava as edições 98 e 99 que no Brasil anteviam o casamento do Aranha com Mary Jane por serem desenhadas por ele, e torci o nariz quando ele ressurgiu em meio à Saga do Clone... É incrível como nosso gosto sofre mudanças com o passar do tempo. Antes um Romitinha do que um Rob Liefeld da vida!

Quando enfim a Saga do Clone passou, a Tia May voltou da morte (muito antes do pacto com o Mephisto), Norman Osborn voltou a ficar maluco e a Mary Jane sumiu do mapa num acidente de avião (!) foi John Romita Jr. quem desenhou todas essas sagas, passando o bastão lá na frente para o brazuca Mike Deodato, que teve um certo brilho rabiscando o Cabeça de Teia. Mas isso já é outra história.

John Romita Jr. já passou por títulos como Demolidor, X-Men, Hulk, Wolverine e até mesmo desenhou o encontro do Batman com o Justiceiro, mas é com seu trabalho em Homem-Aranha que ele é mais reconhecido, e onde seus fãs querem que ele fique ainda por um bom tempo.


 
Eu passei algumas semanas pensando em cada artista que havia sido importante para o mundo do Homem-Aranha para modelar esse post, mas acima de tudo, sabia que o traço do caboclo deveria me agradar para que eu pudesse colocá-lo na lista, o que não era o caso de Steve Ditko.

Veja só! Eu ia cometer o sacrilégio, a heresia de deixar de fora do meu Top 10 simplesmente o cara que desenvolveu todo o visual que hoje conhecemos não só do Homem- Aranha, mas também de toda sua galeria de vilões e personagens coadjuvantes como a Tia May, Flash Thompson, JJ Jameson e todos aqueles que já fizeram parte dessa história. Quando pensei nisso, me arrependi de meus pecados e o posicionei logo abaixo daquele que considero o melhor desenhista do Homem-Aranha de todos os tempos.

Stephen J. Ditko ou Steve Ditko nasceu em 2 de Novembro de 1927 em Johnston, e ao lado do próprio Stan "the Man" Lee é uma das figuras mais importantes no que diz respeito a Homem-Aranha. Diz a lenda, que no princípio, quando teve a ideia para sua criação, Stan Lee imaginava o Homem-Aranha um sujeito magrelo e aparentemente frágil, como todo adolescente (Nerd) deveria ser, e entregou a responsabilidade da arte para o amigo Jack Kirby - juntos, esses dois caras praticamente criaram todo o panteão de heróis e vilões da Marvel e DC - que não conseguiu dar asas ao que Lee queria. Kirby já havia criado a concepção original do Aranha (uniforme com teias, olhos em preto e branco, teias embaixo do braço, etc., etc.) e coube a Ditko dar o toque final, já que Kirby não conseguia desenhar personagens muito magros, acostumado aos mais parrudos (Kirby inventou o Darkseid!). Estava criado o Amigão da Vizinhança, que teve sua estreia na revista Amazing Fantasy #15, hoje uma raridade na mão de algum colecionador.

Tive a oportunidade de ler a primeira história do Aranha na edição de aniversário da revista do Capitão América nº 100, também publicada pela Abril. Hoje os desenhos podem parecer estranhos, mas aquela história tem uma magia única e não é só por sua importância.

A arte de Ditko chegou à mim pela primeira vez numa coletânea de histórias que mostrava todos os combates do Homem-Aranha com seu pior inimigo, o Duende Verde que saiu em duas publicações de mais de 100 páginas cada pela Abril. Me lembro que na infância e na pré-adolescência, a nº 1 das coletâneas era minha revista preferida do pequeno acervo de pouco mais de 20 revistas que meu irmão tinha de super-heróis. Li e reli aquele gibi sem dúvida umas 20 vezes e daí surgiu o motivo pelo qual eu não poderia deixar Ditko de fora do meu Top 10. Tenho um carinho muito grande por aquele passado, e pelas histórias do Aranha que fizeram parte do começo de meu interesse por HQs, e muito disso se deve a arte de Ditko.




John Romita nasceu em 24 de Janeiro de 1930 em Nova York e começou na Marvel desenhando o Demolidor. A pedido de Stan Lee, ele fez um teste inserindo o Homem-Aranha numa história do Demônio Audacioso, e o teste deu tão certo que Romita assumiu o título pouco depois da saída do icônico Steve Ditko. O artista impôs todo seu estilo de desenho ao escalador de paredes, tirando um pouco de sua aparente fragilidade, e deixando Peter Parker um pouco mais robusto. Era uma nova era começando e o Aranha estava em boas mãos.

Lembra daquele gibi que mencionei acima? Das histórias do Aranha contra o Duende Verde? Adivinha quem desenha a última história do primeiro volume?? Sim, ele, John Romita em sua estreia na revista do escalador de paredes. De primeira o talentoso artista já foi incumbido de mostrar a verdadeira face do Duende Verde e fomos apresentados a Norman Osborn e a seu filho Harry, que aparecem pela primeira vez inseridos no universo de Peter Parker. Nessa mesma história, Osborn descobre que Peter e o Aranha são a mesma pessoa, e começa aí toda a trama entre os dois inimigos mortais que com o passar do tempo teve várias reviravoltas.

Romita também teve a honra de nos mostrar quem afinal era a sobrinha misteriosa da amiga da Tia May que apenas era citada na fase desenhada por Ditko, ninguém mais ninguém menos do que a estonteante Mary Jane Watson. Ele também ilustrou a capa da revista do celebrado casamento entre os dois alguns anos mais tarde, e que por aqui saiu na edição de nº 100 da revista do Homem-Aranha.

Embora Mary Jane tenha sido apresentada oficialmente apenas na fase de Romita, e de sua concorrente pelo amor de Peter, Gwen Stacy já ter aparecido na fase Ditko, foi o prestigiado autor que deu seu toque no visual da loirinha, inserindo o famoso "arquinho" que ela usava quase sempre nos cabelos. Devo adimitir que eu era apaixonado pela Gwen de Romita e entraria fácil na disputa pelo coração da filha do Capitão Stacy! Hehehe!

John Romita é pra mim o melhor de todos os desenhistas que já passaram pelo Homem-Aranha pela fluidez de seu traço, pela ação dinâmica que ele conseguia inserir nos quadrinhos e principalmente pela humanidade que ele conseguia imprimir nas expressões faciais de seus personagens. Pra mim, o seu Peter Parker é o rosto oficial do personagem, e sempre quando vem esse nome na mente penso logo nos desenhos de John Romita, mesmo com aquelas costeletas ridículas que o Peter tinha nos anos 60! Vida longa ao mestre!

 
Para fechar ao post, gostaria de citar alguns desenhistas que não entraram na lista, mas que já tiveram a sua importância no universo do Aranha e cujos desenhos também fazem parte de minha coleção: os Brazucas Luke Ross (gosto muito de seus desenhos quase cartunescos e atualmente mais realistas, emulando Steve Epting no Capitão América) e Mike Deodato, que desenhou a horrível Saga O Outro, mas cujos tons sombrios caíram muito bem, em especial na surra que o Aranha leva do vilão Morlun. O falecido Mike Wieringo que participou da divertida fase Crise de Identidade em que Peter assumia novas 4 identidades enquanto o Homem-Aranha estava sendo acusado de assassinato, Alex Ross, que nos fez acreditar que poderia mesmo existir um homem de verdade por trás daquela máscara vermelha com sua pinturas ultra-relistas de Marvels e Mark Beachum por razões óbvias:

Não ficaram óbvias as razões de Mark Beachum ser citado??


Sei lá, pra mim ficaram bem óbvias as razões!

NAMASTE!

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