De vez em quando é bom desopilar os sentidos e conferir experiências cinematográficas mais diversas, sair dos parques de diversão de Marvel, DC e Star Wars e assistir CINEMA DE VERDADE. Por isso, esse Combo Breaker traz meus reviews - nada abalizados - de O Escândalo, Parasita e 1917, todos premiadíssimos no Globo de Ouro e de qualidade indiscutível, rumo ao Oscar 2020!
O ESCÂNDALO
Não sou um profundo conhecedor de política americana ou nada do gênero, e para não falar nenhuma besteira gigantesca - até porque besteiras leves é o que mais sei dizer! -, tive que me inteirar de alguns termos comuns antes de escrever sobre O Escândalo, um dos filmes mais politizados da lista que vou comentar aqui.
Conservador – 1. Que conserva ou preserva. 2. Que é contrário a mudanças políticas e sociais. Indivíduo que se opõe a inovações ou reformas.
Liberal – 2. Amigo da liberdade política e civil. 4. Pessoa partidária da liberdade política e religiosa; liberalista.
Liberalismo político é uma doutrina cuja meta é a proteção da liberdade do indivíduo. Os liberais defendem que o Estado é necessário como meio de proteção do indivíduo, mas não deve prejudicá-lo e nem representar, ele mesmo, um atentado à liberdade. Defende ainda que o Estado deve preservar a liberdade individual, de escolha dos representantes do povo, a igualdade dos indivíduos perante a eliminação de privilégios. Também defende a liberdade de expressão artística, cultural e religiosa.
A plataforma do Partido Republicano (GOP) envolve o apoio ao capitalismo de livre mercado, à livre iniciativa, ao conservadorismo fiscal, a uma forte defesa nacional, desregulamentação e restrições aos sindicatos. Além de defender políticas econômicas conservadoras, o Partido Republicano é socialmente conservador e busca manter valores tradicionais baseados principalmente na ética judaico-cristã.
Em meados de 2016, uma série de denúncias de assédio sexual contra o produtor de cinema Harvey Weinstein deu início ao popular movimento #metoo, que deu voz na internet a milhares de mulheres em milhares de outros casos de assédio pelo mundo todo, além de Hollywood. Weinstein acabou pagando caro por sua conduta, e muitas atrizes que já haviam trabalhado com ele, nos filmes que ele produzia (através do selo Miramax), o denunciaram à Justiça, colocando fim a sua carreira até então bem-sucedida.
Aqui Weinstein aparece ao lado de Quentin Tarantino e Uma Thurman, uma das atrizes que o denunciaram por assédio. |
As denúncias contra Weinstein serviram também como um estopim para que Gretchen Carlson, uma das âncoras jornalísticas da Fox News, revelasse as insinuações sexuais - um dos motivos dos quais, inclusive, culminou em sua demissão do canal - que sofria do patrão Roger Ailes, o grande magnata por trás do polêmico canal de TV. O caso foi tão grave, que abriu precedente para que diversas outras mulheres que trabalhavam com ele entrassem em uma ação conjunta contra o empresário, o que acabou ocasionando a sua demissão algum tempo depois.
O Escândalo, escrito por Charles Randolph e dirigido por Jay Roach (de Entrando Numa Fria) é uma reprodução bem fiel a essa história, colocando Nicole Kidman no papel de Gretchen Carlson, John Lithgow como Roger Ailes e Charlize Theron (que também é produtora do longa) como a âncora Megyn Kelly, outra das mulheres que mais tarde revela ter sido vítima de assédio sexual.
Enquanto ficção e realidade se misturam, Roach opta por uma direção dinâmica no início do filme e chega até mesmo a usar o recurso da quebra da quarta parede, com a personagem de Charlize mostrando para o público – enquanto encara a câmera – como funciona a redação da Fox News e as outras redações que estão no mesmo prédio. Quase toda a ação inicial se desenrola na queda de braço que Megyn Kelly acaba medindo com o, até então, candidato à presidência Donald Trump, e Roach mistura imagens encenadas com vídeos reais. Não há um ator interpretando Trump, por exemplo, e quando ele é interpelado por Kelly no filme, é ele mesmo quem está no vídeo, com imagens tiradas de arquivos.
John Lithgow em cena e o verdadeiro Roger Ailes |
Enquanto ficção e realidade se misturam, Roach opta por uma direção dinâmica no início do filme e chega até mesmo a usar o recurso da quebra da quarta parede, com a personagem de Charlize mostrando para o público – enquanto encara a câmera – como funciona a redação da Fox News e as outras redações que estão no mesmo prédio. Quase toda a ação inicial se desenrola na queda de braço que Megyn Kelly acaba medindo com o, até então, candidato à presidência Donald Trump, e Roach mistura imagens encenadas com vídeos reais. Não há um ator interpretando Trump, por exemplo, e quando ele é interpelado por Kelly no filme, é ele mesmo quem está no vídeo, com imagens tiradas de arquivos.
A verdadeira Megyn Kelly em debate com Trump |
A disputa entre Kelly e Trump se dá pelas acusações de assédio sexual do qual Trump era acusado na época, e num tom pouco ameno, ela acaba alfinetando Donald ao lhe questionar sobre isso, enquanto é insultada pelo candidato do partido republicano, em contrapartida. Se valendo de uma técnica bem conhecida também no Brasil, inclusive muito utilizada pelo hoje atual presidente, Trump usava sua conta no Twitter para disseminar seu ódio, chegando a ofender Kelly, chamando a de “repórter de baixa qualidade”, “alucinada”, “incompetente”, “pouco profissional” e “pouco talentosa”. Seja antes de ser eleito ou depois, Trump nunca escondeu de seu eleitorado seu machismo e misoginia, e esse embate entre ele e Kelly é um bom início para O Escândalo, se estendendo até a metade do filme e mostrando que causa certa instabilidade na carreira da jornalista.
É bem difícil não fazer certa correlação com o que nós brasileiros sentimos em nossa última eleição, já que o perfil dos dois presidentes se iguala bastante – o nosso idolatrando o deles, inclusive – e uma vez que as táticas usadas para agredir com a total falta de tato social pelos meios de comunicação são as mesmas. Depois que se coloca contra Trump, embora faça parte da folha de pagamento do canal mais conservador dos EUA, e o PREFERIDO de Trump, Kelly começa a receber críticas nas ruas, tendo que ouvir sempre um “Truuump” em provocação, enquanto anda por aí. Se fosse no Brasil seria um “Mito” acompanhado do sinal da arminha nas mãos!
Introduzida no filme para escancarar mais os casos de assédio sexual contra Ailes e para que eles sejam mostrados graficamente, a personagem Kayla Pospisil de Margot Robbie é uma jovem e ambiciosa jornalista que almeja galgar degraus na profissão rapidamente, atitude que logo é notada por Ailes. A fim de dar um "empurrãozinho" na carreira da moça, o magnata a convida para uma reunião privada em sua sala, e claro, a assedia. Após as visitas ao chefe, ela começa a ascender na redação, mas a custo da própria consciência. Quando as denúncias de Gretchen contra Ailes explodem na mídia, um grupo de mulheres começa a se organizar na Fox News para também denunciar os abusos, e é quando Kayla decide se mobilizar, ficando ao lado delas.
Megyn Kelly é praticamente uma das últimas a aderir à causa, e por um bom tempo ela simplesmente se nega a acusar o homem que a ajudou em começo de carreira, e que praticamente a tornou a âncora de renome que ela se tornou nos quase 12 anos de Fox. Essa questão também pode ser levada para o nosso dia a dia. Quem nunca teve que aguentar até mesmo outros tipos de assédio por parte do chefe escroto só para manter seu emprego e o salário no final do mês? Vendo por esse lado, na vida real, mesmo que o assédio sexual seja algo tão grave e imoral, não dá para julgar uma mulher, que de repente, aceita passar por uma situação dessas em nome do prestígio e do bem-estar financeiro, ou para que seu status quo profissional não seja alterado. Quando Kelly percebe que o movimento das mulheres unidas contra o assédio sexual e a postura condescendente da empresa onde trabalha quanto aos casos de assédio é maior do que seu nome e prestígio, ela adere a ele e passa até mesmo a liderar o grupo, indo a fundo nas investigações e posteriormente derrubando Ailes do cargo.
Outra nuance que o filme trata é justamente o do comodismo de se trabalhar numa empresa que não representa os seus ideais, mas que paga seu salário e suas contas. A personagem de Kate McKinnon representa bem isso. Após um rápido relacionamento com Kayla, ela admite que está na Fox porque foi um dos primeiros empregos na área que ela conseguiu e que ele lhe dá seu sustento. Embora tenha que esconder sua orientação sexual de todos ali – porque afinal, ela está trabalhando no canal de TV mais conservador dos EUA! – e que não concorde em NADA com a ideologia da empresa, ela faz seu papel lá dentro como jornalista, fingindo que concorda com os discursos moralistas e pouco liberais dos patrões.
Margot Robbie, Nicole Kidman, Jay Roach (diretor), Charlize Theron e Charles Randolph (roteirista) |
Apesar de dirigido e roteirizado por homens, O Escândalo mostra o assunto assédio sexual contra mulheres de uma maneira até mesmo bem didática, deixando bem claro o quanto essa prática, infelizmente corriqueira, acaba afetando de forma negativa suas vidas. Longe de saber o que realmente uma mulher passa quando é assediada no próprio local de trabalho, eu consegui captar a mensagem que o filme passa, e como às vezes – ou na maioria das vezes – o medo, a culpa e até mesmo o receio de uma possível difamação acabe atingindo de vez a vítima após a denúncia do crime.
"E se eu denunciar e ninguém acreditar em mim?"
"E se eu perder meu emprego e ficar queimada no mercado profissional por ter denunciado?"
Esses questionamentos chegam a ser levantados pelos advogados de Gretchen quando ela decide denunciar os abusos de Alies, e ela só consegue êxito quando mais mulheres aderem à causa. Sozinha, praticamente ela teria sido destruída pela Fox.
Alguns meses depois das acusações, foi descoberto que tanto a Fox News quanto Roger Ailes chegaram a pagar milhões de Dólares para abafar algumas denúncias de assédio ao longo dos anos, e mesmo defenestrado do canal, Ailes recebeu uma bela indenização por sua demissão, vindo a falecer em 2017.
Charlize incrivelmente parecida com Megyn Kelly |
Charlize Theron e Margot Robbie concorrem ao Oscar de Melhor Atriz e Melhor Atriz Coadjuvante respectivamente, e O Escândalo ainda concorre ao prêmio de Melhor Maquiagem, o que convenhamos, o filme merece pela transformação de Theron em Megyn Kelly, que ficou perfeita.
PARASITA
Dirigido por Bong Joon Hoo o filme sul-coreano Parasita é com certeza uma das maiores surpresas do cinema em 2019. Vencedor do Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Roteiro de Cinema e Melhor Diretor, o filme não agradou somente a crítica especializada, como também deixou muito espectador casual de queixo caído na sala de cinema.
Bong Joon Hoo |
Criado para causar um impacto com a diferença gritante entre o estilo de vida da família de Ki-taek (Song Kang-Ho) e a dos Park, Parasita não funciona só como uma crítica social sobre o abismo que separa ricos e pobres, mas também como uma forma muito sólida de nos mostrar o quanto a realidade de uma cultura tão distante da nossa, na verdade não é tão diferente assim. Espelhando os perrengues que Ki-Woo (Woo-sik Choi) e a família passam no começo do filme com qualquer morador pobre de país sul-americano de terceiro mundo, não chega a ser algo tão incomum. Soa até mesmo familiar.
O que difere Parasita das demais produções que disputam o Oscar, por exemplo, é a criatividade com que a história nos é contada, algo que só percebemos que estamos perdendo, quando nos despimos de nossos preconceitos culturais e abraçamos uma obra que vem um pouco mais além do que os EUA.
Morando numa espécie de porão – os chamados banjiha –, os desempregados Ki-taek, Ki-Woo (ou Kevin, como aparece nas legendas), Ki-Jung (Park So-Dam) e Chung-Sook (Chang Hyae Jin) se espremem no cubículo malcheiroso abaixo das ruas da cidade, enquanto tentam ganhar a vida da maneira como podem. A sorte da família começa a mudar quando um amigo de Ki-Woo oferece a ele um emprego para dar aula de inglês à filha de uma tradicional família de Seul, e ao conhecer a família Park e sua luxuosa mansão, a ambição de uma ascensão social começa a crescer em Kevin. Com um plano meticulosamente intrincado em mente, o rapaz e sua irmã golpista - chamada de Jessica na legenda- começam a dar um jeito de colocar os membros da própria família um a um para dentro da mansão dos Park, e é aí que a cobiça começa a lhes cobrar um preço altíssimo.
Simplesmente não dá para tirar os olhos da tela depois que se começa a assistir Parasita. A trama nos faz mergulhar de um jeito bem particular no filme, e é impossível não torcer para que o plano da família aproveitadora dê certo em seus mínimos detalhes, bem como simpatizar com os carismáticos personagens. Com nuances de comédia bem características no cinema asiático, mas com uma dosagem bem grande de suspense e até mesmo de terror gore, Parasita é surpreendente em suas quase duas horas, e deixa boquiaberto qualquer cinéfilo em sua meia-hora final. Sem grandes efeitos visuais, truques de câmera ou mesmo exageros artificiais, o filme todo prende apenas com a direção firme de Bong Joon Hoo e com as atuações fantásticas do elenco, o que nos faz acreditar que mesmo com poucos recursos, é possível fazer cinema de qualidade.
Parasita concorre ao Oscar de Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Roteiro Original, Melhor Filme Internacional, Melhor Montagem e Melhor Direção de Arte, e dificilmente sairá de mãos abanando da premiação. Num ano em que Coringa, JoJo Rabbit e Adoráveis Mulheres disputam o principal troféu da noite do Oscar, não acho nada difícil que o filme coreano abocanhe o prêmio, o que seria merecido.
1917
A meu ver, e pela minha parca experiência como espectador de cinema, eu diria que o filme que mais faz frente à Parasita como Melhor Filme no Oscar é 1917, do diretor Sam Mendes. Com uma história simples em que dois personagens devem se deslocar do ponto A até o ponto B em meio a Primeira Guerra Mundial, numa cidade francesa, o primor técnico que Mendes e sua equipe conseguem ao executar as filmagens quase que inteiramente num longo plano-sequência, num filme de quase duas horas, é de se aplaudir em pé. Eu não me lembro de ter visto nada parecido em minha vida.
Sam Mendes no set |
Filmes de guerra são muito populares, e de cabeça dá para citar uns cinco aqui sem apelar para o Google, mas a ousadia de Sam Mendes em querer contar a história fictícia dos soldados Blake (Dean-Charles Chapman, o Tommen Lannister de Game of Thrones) e Schofield (George Mackay) em meio a uma França tomada por rivais alemães, precisando entregar um recado a uma tropa que está prestes a cair numa armadilha, fazendo os dois rapazes atravessarem a cidade sem nenhum apoio, não só prende a atenção do espectador do começo ao fim como o coloca de carona com eles. O tempo todo nós somos a companhia de Blake e Schofield e não os perdemos de vista até que sua missão seja cumprida (pelo menos parcialmente!).
O plano-sequência é com certeza um dos meios de filmagem mais complexos de se conseguir no cinema, já que exige que uma infinidade de fatores contribua para o sucesso dele, tendo que funcionar tudo AO MESMO TEMPO. Para uma “cena simples” em plano-sequência dar certo, o ator não pode errar a fala (se for o caso de um diálogo), o cenário tem que estar bem iluminado, a câmera tem que estar bem posicionada, os figurantes precisam estar atentos para não aparecerem mais do que devem e principalmente a execução disso tudo tem que estar bem afiada com o desejo do diretor. Um erro não compromete só uma cena, mas uma sequência inteira!
Vocês se lembram de Birdman? O filme que ganhou o Oscar em 2015 era quase que totalmente filmado em plano-sequência, mas era baseado mais em diálogos e interação entre atores do que em ação propriamente dita. Em 1917, estamos no meio de uma batalha. Os personagens precisam lutar por suas vidas enquanto tentam chegar até seu destino e os empecilhos no caminho são muitos. Como se faz sequências tão grandes e complexas de ação sem que tiremos nossos olhos da tela?
Não sei, mas Sam Mendes conseguiu!
Os cenários de guerra são riquíssimos em detalhes. Enquanto os dois rapazes se deslocam, podemos ver os pormenores de trincheiras, casebres, fortes e até mesmo rios cheios de corpos humanos putrefatos boiando, e isso tudo DO NOSSO LADO, ou NA NOSSA CARA. Com um olhar mais clínico, é possível adivinhar os momentos em que os cortes de cena são inseridos na edição, óbvio, mas o plano-sequência falso é tão bem executado, que a sensação ao final do filme é que estivemos acompanhando toda a missão dos dois soldados em tempo real. Tem hora que nem dá pra saber onde está fixada a câmera. É sensacional!
Um bom exemplo de como esse estilo de filmagem impressiona, é quando o avião alemão despenca do céu, após ser abatido. Do momento em que vemos ao longe a batalha aérea, até o ponto exato em que o veículo começa a se precipitar ao chão, não tem um só corte na cena. Nessa sequência tudo funciona. A câmera, a reação dos dois soldados, a sonorização, o impacto da queda e a surpresa. Ali só não funciona mesmo a "bundamolice" de Blake e Schofield, que acabam sendo “bonzinhos” demais com seus inimigos, mesmo após identificá-los – o piloto falou alemão, porra! -, caindo numa armadilha previsível e mortal ao tentar salvar a vida do piloto.
Mais adiante da missão, é a vez de Schofield se deparar com um inimigo e tentar silenciá-lo, em vez de acabar com ele de uma vez, já que ele estava em desvantagem. Mas não são esses detalhes que estragam o filme.
1917 é uma belíssima obra cinematográfica que precisa ser assistida em tela grande, com uma sonorização especial de cinema. Esses recursos ajudam bastante na entropia da imersão à história, além de causar uns sustos providenciais na hora que a bala começa a comer solta.
O filme ganhou o Globo de Ouro de Melhor Filme Dramático, Melhor Direção para Sam Mendes (justíssimo!) e Melhor Trilha Sonora Original. O filme tem 10 indicações ao Oscar, entre elas, pela parte técnica, Melhor Edição de Som e Melhor Mixagem de Som, e prêmios gigantes como Melhor Filme e Melhor Direção.
A disputa esse ano vai ser acirradíssima, lembrando que na lista de melhores filmes ainda consta Ford vs. Ferrari, O Irlandês, História de um Casamento e Era uma vez... Em Hollywood.
Fontes usadas no post:
Liberalismo político
Partido Republicano
Megyn Kelly vs. Trump
O caso Harvey Weinstein
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Liberalismo político
Partido Republicano
Megyn Kelly vs. Trump
O caso Harvey Weinstein
NAMASTE!
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