O Golpe Militar iniciado no ano de 1964 no Brasil começou a ganhar força após a posse do presidente João Goulart (o Jango) em 1961. Devido à sua estreita relação com o sindicalismo brasileiro, os grupos conservadores no país viam Goulart com extrema desconfiança, frequentemente o acusando de ser comunista.
A crise política do governo de Jango se fortaleceu também por causa das reformas defendidas pelo seu governo — as Reformas de Base —, que, entre outras coisas, propunham a reforma agrária, tributária, eleitoral, bancária, urbana e educacional.
Entre todas essas propostas, a que
teve discussão mais avançada nos quadros políticos brasileiros foi a agrária,
que estipulava que terras com mais de 500 hectares que fossem improdutivas
seriam alvo da reforma, sendo desapropriadas mediante a indenização de títulos
da dívida pública a serem resgatados em longo prazo.
A posse de Goulart não era um incômodo apenas para os grupos
conservadores do Brasil que eram contra as tais reformas propostas por ele. A
sua eleição incomodava também o governo dos Estados Unidos, que considerava
João Goulart um político “muito à esquerda” do que se esperava de um presidente
brasileiro — lembrando que nessa época, a Guerra Fria dividia o mundo em dois
segmentos, aqueles apoiados pelos EUA e os apoiadores da URSS.
Duas ações do governo de Jango aumentaram essa oposição do
governo americano, que passou a financiar as movimentações golpistas no Brasil.
A primeira ação foi a Lei de Remessas de Lucros de 1962, que impedia
multinacionais de enviar mais do que 10% de seus lucros para o exterior. A
segunda medida que desagradava aos americanos, era a continuidade da política
externa independente do Brasil e praticada pelo Ministro das Relações
Exteriores, San Tiago Dantas.
Com isso, a partir de 1962, os Estados Unidos passaram a
financiar ativamente grupos e políticos conservadores no Brasil. Dois grupos
que recebiam amplo financiamento americano ficaram conhecidos como “complexo
Ipes-Ibad”, sendo Ipes o Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais, e o Ibad, o
Instituto Brasileiro de Ação Democrática.
O Ibad, inclusive, foi alvo de uma CPI em 1962 porque
recebeu milhões do governo americano para financiar a campanha de mais de 800
políticos durante as eleições daquele ano. Os políticos apoiados eram conservadores,
e o objetivo era criar uma frente parlamentar que barrasse o governo de João
Goulart de todas as formas. Segundo a legislação brasileira da época, esse tipo
de financiamento era ilegal.
Já o Ipes era um grupo que atuou decisivamente no sucesso do
golpe civil-militar em 1964. Em sua fachada pública, o Ipes atuava como
instituição que fazia produção intelectual de livros e documentários, mas a
atuação secreta do Ipes nos quadros políticos do Brasil é resumida em custear
uma campanha de propaganda anticomunista, bancar manifestações públicas
antigovernistas e escorar, inclusive no âmbito financeiro, grupos e associações
de oposição ou de extrema-direita.
Em meio às discussões acaloradas sobre reforma agrária, quem atuou como vice-presidente da CPI instaurada para investigar o
financiamento eleitoral suspeito de parlamentares com uso de recursos do
Instituto Brasileiro de Ação Democrática (Ibad) e do Instituto de Pesquisas
Econômicas e Sociais (Ipes) foi o, na época, deputado federal Rubens Paiva.
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Rubens Paiva |
A desestabilização do governo de Jango também foi, em grande
parte, realizada pela imprensa brasileira. Os jornais de grande circulação do
Brasil — entre eles, O Globo — uniram-se em uma articulação golpista que recebeu o irônico nome de “Rede
da Democracia”.
Em março de 1964, a conspiração dos grupos da
extrema-direita estava a pleno vapor, e uma ação de Jango desencadeou de
maneira antecipada o golpe no Brasil. Em 13 de março de 1964, foi realizado o
Comício da Central do Brasil. Esse comício mobilizou aproximadamente 200 mil
pessoas. Nele, João Goulart reassumiu seu compromisso com a realização das
Reformas de Base. O discurso de Jango deu a entender que o presidente havia
abandonado a política de conciliação e que partiria na defesa das Reformas de
Base junto aos movimentos sociais.
A reação conservadora foi imediata na forma da assim chamada "Marcha da Família com Deus pela Liberdade" nas ruas, no dia 19 de março. Essa
passeata mobilizou mais de 500 mil pessoas em São Paulo contra o comunismo e pela
reivindicação da intervenção dos militares na política brasileira. Essa
passeata foi organizada pelo Ipes e deixou bem clara a extensão do poder dos
grupos golpistas, além do temor da classe média com as reformas e com os
movimentos sociais que surgiam pelo país.
Enfraquecido e sem o apoio dos aliados mais próximos — como
o Amaury Kruel, representante do Exército que apoiava Jango — e enquanto os
militares marchavam contra o governo, Goulart foi removido do seu cargo como
presidente pelo senador Auro de Moura, em 2 de abril de 1964. O ato abriu o
caminho para que a Junta Militar tomasse o poder do Brasil. No dia 9 de abril,
foi decretado o Ato Institucional nº 1 e a Ditadura Militar no Brasil começou a
ganhar forma.
Após o governo de Castello Branco (1964 – 1967) que sucedeu
Jango e que foi nomeado como o primeiro presidente militar da ditadura, quem
assumiu o posto de presidente foi Costa e Silva (marechal do Exército e um dos
articuladores do golpe de 1964), consolidando a transição para o período mais
repressivo da ditadura.
Com os poderes concedidos a ele, o marechal conseguiu ampliar
o aparato repressor do governo, perseguiu movimentos estudantis e operários e
concluiu esse processo com o decreto do Ato Institucional nº 5 no final do ano
de 1968.
Segundo as historiadoras Lilia Schwarcz e Heloísa Starling,
“O AI-5 era uma ferramenta de intimidação pelo medo, não tinha prazo de vigência e seria empregado pela ditadura contra a oposição e a discordância”.
Com a morte de Costa e Silva em decorrência a um derrame,
quem assumiu o cargo foi Garrastazu Médici (general do Exército brasileiro) em 1969. O
seu governo foi instaurado em um contexto de crescente repressão política após
o AI-5, e a sucessão de Costa e Silva foi marcada por um forte autoritarismo,
com intensa censura e repressão aos opositores, ao mesmo tempo que o país vivia
o chamado “Milagre Econômico”, caracterizado por um rápido crescimento
econômico e aumento das desigualdades sociais.
É em meio a esse cenário sombrio da nossa história que se
passam os eventos narrados no filme “Ainda Estou Aqui” dirigido por Walter
Salles e baseado no livro homônimo escrito por Marcelo Rubens Paiva.
O filme
A história do filme se inicia no ano de 1971, em meio ao endurecimento
da ditadura militar e à perseguição dos simpatizantes às causas ditas
comunistas. No Rio de Janeiro, a família Paiva — Rubens (vivido por Selton
Mello), Eunice (interpretada por Fernanda Torres) e seus cinco filhos — vive à
beira da praia em uma casa de portas abertas para os amigos.
Já nos primeiros minutos do longa-metragem, é possível ver
que a repressão do Exército está presente nas ruas do Rio, com veículos
camuflados “desfilando” de um lado a outro da cidade, deixando bem clara a sua
opressão e eterna vigilância.
Como é descrito no roteiro e no livro a que ele é baseado, Eunice e os filhos não sabiam a natureza das ações paralelas que o engenheiro Rubens tinha junto aos aliados — entre eles, sindicalistas, professores, ativistas políticos e militantes clandestinos.
Após o AI-5, em 1968, Paiva buscava
apoiar, de alguma forma, grupos como o MR-8 — o Movimento Revolucionário 8 de
Outubro, uma organização política marxista que participou da luta armada contra
a ditadura militar brasileira — e encaminhava cartas de perseguidos políticos
exilados no Chile.
O filme chega a mostrar algumas dessas reuniões e expõe o
desejo de Paiva em ajudar as inúmeras pessoas que estavam sendo perseguidas
contundentemente pelos militares que tomavam conta do país.
Paiva nunca ignorou os riscos, mas subestimou a capacidade
das forças militares a cargo do governo de monitorar os seus movimentos, tal qual ao de seus aliados. A ponto que num certo dia, ele é levado por militares à
paisana de sua própria casa e desaparece para sempre, deixando a mulher e os filhos. Eunice — cuja busca pela verdade
sobre o destino de seu marido se estenderia por décadas — é obrigada a se
reinventar e traçar um novo futuro para si e seus filhos.
O filme também mostra que, mesmo após o desaparecimento de Rubens,
a família Paiva continua sendo alvo da coerção dos agentes militares. Num dos
trechos mais tensos do longa, Eunice é levada de casa junto de uma das filhas,
a Eliana (vivida na primeira fase do filme pela atriz Luiza Kosovski) para que ambas deem
depoimento ao DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações - Centro de
Operações de Defesa Interna).
Como toda a história é focada em Eunice, não vemos com nitidez o que ocorre à Eliana ao longo das vinte e quatro horas que a menina de, na época, quinze anos, ficou em poder dos militares. Em vez disso, somos atingidos duramente pela realidade à que a própria Eunice passou durante os doze dias em que esteve trancafiada, não só pelos intermináveis interrogatórios como também à sua privação da liberdade. Da distância dos filhos pequenos e da ignorância completa sobre o que teria acontecido com a filha adolescente enquanto ela estava fechada em uma cela, ouvindo o lamento dos outros presos políticos e os sons das agressões a que eram submetidos.
Toda essa sequência do filme é brilhantemente dirigida por
Walter Salles, a ponto de sentirmos toda a angústia de Eunice e todo o terror
que os porões do DOI-Codi causavam em suas vítimas. Tanto físicos quanto
psicológicos.
No filme, é dito que Eliana foi apenas interrogada e que ela
não chegou a sofrer nenhum tipo de agressão física, porém, em uma reportagem a um jornal, anos após o ocorrido, a filha de Rubens Paiva revelou que sofreu sim
abusos por parte dos militares. Que além de interrogada, ela chegou a ser
agredida — com choques na cabeça — e que passou até mesmo por abusos sexuais, o que não é mostrado na
história do filme, mas que fica subentendido, já que ninguém que entrava naquelas
salas de tortura conseguia ficar ileso.
Após a prisão e a sua liberdade, Eunice começa então a sua luta
para descobrir o paradeiro do marido. Ela recorre à antiga rede de aliados de
Rubens na esperança de que alguém lhe diga o que houve com ele, que lhe revele
o que aconteceu do momento em que o engenheiro foi levado de casa até chegar aos portões do
DOI-Codi, e é baseado nesse “mistério” que o filme Ainda Estou Aqui constrói algumas
das melhores sequências dramáticas que elevaram o nome de Fernanda Torres às
premiações mundiais de cinema por sua atuação magnífica.
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Walter Salles e Fernanda Torres |
O filme não conta uma história ficcional, mas sim faz um recorte muito
específico daquele que foi um dos períodos mais sombrios da política brasileira, e que deixa marcas no país até hoje. Marcas essas que muita gente ainda nega ou
que tenta enfraquecer com discurso populista para agradar os seus seguidores.
Além de Selton Mello e Fernanda Torres, o longa ainda conta
com atores como Dan Stulbach (Bocayuva Cunha), Humberto Carrão (Félix) e Daniel
Dantas (Raul Ryff) — todos eles fazendo parte da rede de amigos próximos de
Rubens.
As crianças, que interpretam os filhos de Eunice e Rubens
são encabeçadas pelo menino Guilherme Silveira (Marcelo, o autor do livro “Ainda
Estou Aqui” em sua infância), Valentina Herszage (como Veroca, a filha mais
velha), a já citada Luiza Kosovski (Eliana), Bárbara Luz (Nalu) e Cora Mora
(como a caçula Maria Beatriz).
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Guilherme Silveira, Valentina Herszage, Luiza Kosovski, Bárbara Luz e Cora Mora |
Com cinco milhões de espectadores só no Brasil, Ainda Estou Aqui já arrecadou mais de R$ 127 milhões nacionalmente. O filme foi
muito bem recebido no exterior e, desde o início da sua campanha de exposição na
gringa, já abocanhou alguns dos prêmios mais importantes do cinema, entre eles, o
Prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Veneza e o Globo de Ouro de Melhor
Atriz de Drama para Fernanda Torres — o que rendeu uma comemoração a la Copa do
Mundo no país.
Ainda na lista de prêmios de "Ainda Estou Aqui", constam:
Prêmio do público do Vancouver International Film Festival;
Filme Favorito do Público do Mill Valley Film Festival;
Filme Favorito do Público do Miami Film Festival GEMS;
Prêmio do Público do Festival de Pessac, na França;
Prêmio Danielle Le Roy;
Satellite Awards;
Melhor filme ibero-americano pelo Prêmio Goya;
É claro que ainda estamos na torcida pelo Oscar, em que o
filme concorre a três categorias: Melhor Filme, Melhor Filme Estrangeiro e
Melhor Atriz, com chances muito boas para Fernanda Torres, que já levou o Globo
de Ouro por sua atuação como Eunice Paiva.
Enquanto boa parte da população brasileira torce pelo sucesso do filme que escancarou de maneira elegante um recorte do que foi a ditadura militar brasileira financiada pelos Estados Unidos, é claro que há também uma boa parcela de elementos da nossa sociedade que têm se botado contra a simples elegibilidade do filme a prêmios como o Oscar, por exemplo, e que tem tentado boicotar o longa no país.
Para essa raça desgraçada e asquerosa gente, nunca houve um Golpe Militar em
1964, logo não há porque acreditar na palavra dos familiares dos presos políticos, nos sequestros ou
nas execuções que ocorreram nos porões de coerção do Exército ao longo dos vinte e um anos que
durou a ditadura no Brasil.
O na época presidente do país, Jair Bolsonaro — hoje inelegível e às vias de ser punido pela tentativa de Golpe do Estado em 2023 — alegou a plenos pulmões em 2022, ano em que se completava 58 anos do Golpe que:
“31 de março. O que aconteceu nesse dia? Nada. Nenhum presidente da República perdeu o mandato nesse dia. Congresso, com quase 100% dos presentes, elegeu Castello Branco presidente à luz da Constituição”.
Disse ainda que se não fossem as obras realizadas pelo
governo militar “seríamos uma republiqueta”, negando absolutamente os horrores causados
a quem ousava pensar diferente do governo vigente de 64, ou que simplesmente
divergisse do modo conservador de se encarar o mundo.
Ainda sobre os desaparecidos durante o regime militar, como foi o caso do próprio Rubens Paiva cujo corpo jamais foi encontrado, o mesmo Bolsonaro alegou que "quem procura osso é cachorro", desdenhando abertamente acerca do paradeiro daqueles que foram punidos violentamente entre 1964 e 1985 e cujos restos mortais nunca foram entregues às suas famílias para um enterro digno.
O fato é que a própria figura de Bolsonaro — um ex-militar ignorante, mas de língua solta contra os adversários — serviu para desenterrar esse sentimento de impunidade que tomou o país mesmo após as Eleições Diretas em 1985 e a volta da democracia ao país — lembrando que pouquíssimos militares foram punidos pelos desaparecidos políticos no país ou sequer foram indiciados.
Desde a sua ascensão ao âmbito nacional, Bolsonaro e todo o seu séquito fanático alardeiam que a ditadura foi algo "benigno para a sociedade", que "só quem tinha culpa no cartório é que devia se preocupar com as punições da ditadura" e que "os
cidadãos não tinham o que temer".
Cidadãos de bem esses que desejam sempre morte e destruição a quem pensa diferente a eles. Que amam a Deus acima de tudo, mas que na primeira oportunidade, querem pegar em uma arma para eliminar o seu próximo.
Em 2023, logo após a posse do então eleito presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, ocorreram os atentados de 8 de janeiro e a depredação do
patrimônio público do Planalto em Brasília. Com esse ato hediondo, veio a revelação de que
pessoas poderosas estavam por trás das ações daqueles que foram colocados à
frente do quebra-quebra, usados como massa de manobra. E as investigações que
vêm sendo feitas até hoje apontam que houve SIM uma nova tentativa de golpe —
com planos de assassinato ao presidente eleito, ao seu vice e ao Ministro do
Supremo Tribunal Federal —, e que o Brasil esteve muito perto de um novo 31 de
março.
Se engana quem acha que estamos seguros em uma democracia inabalável. Que a ascensão da extrema-direita em vários pontos do mundo não impacta diretamente na política brasileira.
Filmes como Ainda Estou Aqui precisam continuar
sendo criados para que a nossa memória sobre esse passado sórdido não seja
amortecida, e que estejamos sempre alertas contra aqueles que não querem nada
além do próprio bem acima de tudo. Pelo “bem”, pela “pátria” e pela “família”.
P.S. – Enquanto desfilava em um bloco de carnaval em São
Paulo, Marcelo Rubens Paiva, o autor de Ainda Estou Aqui, foi agredido por uma lata e uma mochila, atiradas por um representante bolsonarista que fazia parte
do bloco. O autor da agressão saiu ileso e não sofreu nenhum tipo de
represália. Em depoimento aos jornalistas após o ocorrido, Marcelo falou sobre a
covardia de um sujeito que tem coragem de se manifestar dessa maneira em uma
festa popular, ainda mais atacando um cadeirante que só estava ali para se
divertir, como todo mundo.
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Marcelo Rubens Paiva e o homem apontado como o autor da agressão |
Parece um fato isolado, mas é necessário continuarmos em
alerta. Quem apoia a extrema-direita não tem pena. Não tem compaixão ou sequer
empatia por ninguém. Eles acham que estão acima de qualquer pessoa porque “acreditam
em Deus” e que por isso podem fazer qualquer coisa.
P.S. 2 - Recentemente foi veiculado que o STF vai analisar o caso Rubens Paiva mesmo após 54 anos do seu desfecho trágico. Se a Lei da Anistia puder ser aplicada aos casos de tortura da Ditadura, é possível que, enfim, os culpados do assassinato do engenheiro — que ainda estão vivos — possam ser culpabilizados e punidos devidamente.
Concluo esse post com "É preciso Dar um Jeito, Meu Amigo", a música tema de Ainda Estou Aqui, composta por Roberto e Erasmo Carlos e interpretada por Erasmo.
♪É preciso dar um jeito, meu amigo
É preciso dar um jeito, meu amigo
Descansar não adianta
Quando a gente se levanta
Quanta coisa aconteceu♫
FONTE DE PESQUISA:
NAMASTÊ!
Que matéria foda! Sem palavras.
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