23 de maio de 2019

Review - AVANTE Vingadores Ultimato!


Esse post tem SPOILER PRA CARALHO!


Bastaram 10 dias em cartaz para Vingadores – Ultimato alcançar o segundo lugar no ranking de maiores bilheterias do cinema, posto onde Titanic flutuava sentava-se confortável desde 1997. O filme já rendeu algo em torno de US$ 2,612 bilhões no mundo até o momento em que esse post foi concluído, e não se assustem se ele alcançar o, até então, destronável Avatar (2012), que reina absoluto com seus US$ 2,788 bilhões de bilheteria. James Cameron ficaria bolado!

Já tem um tempo que não posto nada no meu já cambaleante Blog, e as pessoas aflitas me mandam e-mails, mensagens de ZAP e me perguntam nas ruas o que tem acontecido comigo e porque não escrevo mais. Trabalho em excesso, vários problemas pessoais (entre eles fim de um relacionamento e alguns problemas de saúde) e um começo de tratamento psicológico são alguns pontos a serem ressaltados, mas tenho tentado me manter firme em meus hobbies, entre eles ir ao cinema curtir um bom filme. Tudo bem que a palavra “bom” não define Vingadores Ultimato. Talvez a expressão certa seja “foda pra caralho”!


Esperamos a continuação de Vingadores Guerra Infinita por um ano, e tivemos tempo suficiente para especular e imaginar tudo que aconteceria em Ultimato.

“A Capitã Marvel vai acabar com o Thanos com um soco!”

“O Visão vai voltar branco e sem emoções!”

“O Homem Formiga vai entrar no cu do Thanos e virar o Gigante lá dentro e...”, Tá, essa foi longe demais!

A gente errou quase tudo no que se refere a questão de roteiro, mas acertamos MUITO que Ultimato seria um filme de despedidas e que choraríamos muito vendo os personagens que aprendemos a amar nos últimos 11 anos indo embora, talvez para sempre. Pensando rapidamente sobre o assunto, eu já tive que me despedir de meus personagens preferidos algumas vezes antes, foi assim com Friends, com LOST, com O Senhor dos Anéis (os filmes), com Star Wars (embora a Disney fosse cagar com tudo algumas décadas depois!), e todas as despedidas terminaram em lágrimas. Diferente de todas as franquias que citei, eu tenho uma relação MUITO MAIS especial com Vingadores, já que como marvete safado® há décadas, eu já lia os gibis publicados em formatinhos da Editora Abril (e hoje relançados superfaturados em capa dura pela Panini!) quando era criança, e isso faz com essa despedida seja BEM MAIS dolorosa que as demais.

Nossa, Rodman! Deixe de ser viadinho!

Vingadores Ultimato me causou uma sensação (e agora vou parecer repetitivo) que eu não sentia desde o primeiro Vingadores. Falei um pouco disso em meu review de Guerra Infinita e lá até cheguei a mencionar o seguinte:

"Eu só havia saído tão empolgado do cinema ao final da sessão do primeiro Vingadores e desde então eu vinha esperando que outro filme preenchesse aquele vazio, me fizesse sentir de novo aquela emoção. Star Wars – O Despertar da Força quase conseguiu isso, mas foi com Guerra Infinita que eu voltei a me sentir como aquele moleque ranhento que tremia lendo a Morte do Superman pela primeira vez ou que ficava estarrecido vendo o Homem de Ferro sendo feito em pedaços pelo Poder de Fogo”

Os irmãos Russo e toda a equipe envolvida por trás dos filmes Marvel conseguiram fazer o raio cair duas vezes no mesmo lugar em dois anos seguidos, e isso, considerando que a carreira de ambos atrás das câmeras não é assim tão longa, é um baita de um feito. É fato que os filmes com o selo Marvel Studios não podem ser comparados a clássicos do cinema como O Poderoso Chefão, Laranja Mecânica ou 2001, Uma Odisseia chata pra caralho no Espaço, e acho que essa nunca foi a pretensão dos seus criadores. Por outro lado, pensem em tudo que essa empresa criou nos últimos 11 anos, e como isso vai entrar para a história. Mais de vinte filmes interligados desde sua origem para contar uma única história que se desenrolou inteira nesse último capítulo (último ato!) e que levou a plateia ao choro de tanta emoção. 


Se você vai ao cinema só pra comer pipoca, ou porque não tem nada melhor pra fazer, ou só pra pegar a cocota ou o gadinho da vez dentro da sala de projeção, tudo bem! Nada contra você que não se liga emocionalmente ao que está sendo projetado. Talvez você não tenha visto nada demais no filme, talvez ache que Liga da Justiça seja melhor ou que filmes da Marvel são bobos com cara de mamão, mas eu gostaria que todos sentissem a mesma emoção que eu senti vendo as cenas que eu tentarei descrever a seguir pelo menos uma vez na vida dentro do cinema. 

ULTIMATO


Os Vingadores foram arrasados por Thanos (Josh Brolin) logo que ele conquistou todas as joias do infinito. Ao estalar os dedos, como um ato de misericórdia por um universo onde, segundo ele, haviam mais bocas para alimentar do que alimento adequado a todos, o titã ELIMINOU metade da população universal, o que causou o desaparecimento de vários personagens que conhecíamos. 


As cidades estão devastadas e os Vingadores (ou os que restaram) não conseguem seguir em frente sabendo que Thanos está em algum lugar descansando, cumprindo exatamente aquilo que ele havia dito que faria após o extermínio. Enquanto na Terra, o Capitão América (Chris Evans), Viúva Negra (Scarlet Johansson), Máquina de Combate (Don Cheadle), Thor (Chris Hemsworth), Bruce Banner (Mark Rufallo) e Rocky (voz de Bradley Cooper) buscavam alternativas para lidar com suas perdas, Tony Stark (Robert Downey Jr.) e Nebulosa (Karen Gillan) estavam à deriva no espaço, à bordo da Milano dos Guardiões da Galáxia, esperando seu fim iminente agora que os recursos da nave haviam se esgotado. 


Na cena pós-crédito de Capitã Marvel os Vingadores conseguem acessar o pager que o Nick Fury (Samuel L. Jackson) utilizava para entrar em contato com a heroína cósmica, e ela surge no quartel-general dos caras. Logo, Carol Danvers (Brie Larson) é enviada para salvar a vida de Tony Stark, trazendo a Milano para a Terra. 


As peças se juntam, os sobreviventes entram em conflito, e com a ajuda de Nebulosa eles conseguem mapear o paradeiro de Thanos em seu plano de aposentadoria. 


Sem mais delongas o grupo parte em busca do titã e o encontra bastante danificado e SEM as joias do infinito. Após conseguir o que queria, Thanos destruiu as joias, acabando assim com a esperança dos Vingadores de desfazer os efeitos do estalar de dedos e trazer seus amigos de volta. Por estar ferido após a destruição das joias, Thanos é facilmente subjugado pelos Vingadores, e eles retornam para a Terra com o amargo gosto da derrota em suas bocas. 


Passam-se cinco anos desde a queda de Thanos, e os heróis restantes tentam restabelecer suas vidas, embora sem sucesso. É o retorno de Scott Lang (Paul Rudd) do reino quântico, onde ele esteve preso durante os últimos cinco anos, que traz de volta a esperança aos combalidos Vingadores. 


Dentro do reino quântico o tempo é manipulável, e eles juntam esforços para potencializar o equipamento que Hank Pym (Ih, que isso! Michael Douglaaaas) criou para salvar a esposa Janet (Michelle Pfeiffer em Homem Formiga e a Vespa), voltar no tempo e impedir que Thanos estale os dedos em posse das joias do infinito. Após convencer o relutante Tony Stark (que agora construiu família com a Pepper, Gwyneth Paltrow), Thor que se tornou um beberrão resoluto em sua “Nova Asgard” na Terra e o Gavião Arqueiro (Jeremy Renner) que se tornou o assassino Ronin a se juntar a eles, todos ganham uma nova motivação para trazer os amigos e familiares mortos de volta. 


A jornada atrás de todas as joias do infinito com eles separados em equipes é uma das coisas mais divertidas do filme inteiro, e faz uma bela homenagem aos demais filmes da franquia onde as joias já estiveram presentes. 


Assim, o Capitão América, Homem de Ferro, Hulk e Homem Formiga visitam a Nova York de 2012 em plena batalha contra os chitauris de Loki (Tom Hiddleston), Thor volta para Asgard com Rocky para recuperar o Éter (joia da realidade) que naquele momento está DENTRO de Jane Foster (Natalie Portman em cena deletada de Thor Mundo sombrio), Máquina de Combate vai com Nebulosa para o planeta Morag roubar a orbe com a joia do poder (mostrada em Guardiões da Galáxia) e a Viúva Negra e o Gavião Arqueiro partem para Vormir, em busca da joia da alma. 


Após vários percalços, reencontros inesperados e sacrifícios, eles conseguem reunir todas as joias do infinito para trazer todos que se foram de volta. Tony e Bruce forjam uma nova manopla capaz de conter o poder das joias, e sob protestos de Thor, é o próprio Hulk quem decide estalar os dedos, se dizendo o único capaz de aguentar a força de todas as gemas reunidas. 


Em Guerra Infinita parecia que o estalar de dedos era apenas um gesto simbólico e aleatório que Thanos havia escolhido para erradicar metade da população universal, mas em Ultimato eles estabelecem isso como se fosse o único meio de “ativar” o poder das joias. É como se o Superman não pudesse voar se ele não dissesse antes “para o alto e avante”! 


Seja como for, o Hulk consegue seu intento, embora seu braço tenha ficado bem ferido (como o de Thanos), mas antes que eles possam comemorar a vitória, o próprio titã louco surge em seu quintal com a Santuário II pairando sob suas cabeças e explodindo a mansão dos Vingadores com eles dentro. Numa quase inexplicável reviravolta, o cérebro robótico da Nebulosa de 2014 começa a acessar as memórias da Nebulosa que está com o Máquina de Combate em Morag para roubar a joia do poder, e isso acaba expondo os planos dos Vingadores ao Thanos de 2014. Vale lembrar que na época de Guardiões da Galáxia 1, ele ainda não possuía NENHUMA joia, e sua filha Gamora (Zoë Saldaña) ainda o servia fielmente, assim como Nebulosa.


 Quando Thanos vê que seu plano de reunir as joias e reduzir a população pela metade causou sua morte no futuro, e que os Vingadores estão buscando as joias para REVERTER seu grande feito, ele decide infiltrar a SUA Nebulosa entre os heróis, e é ela que retorna ao quartel-general deles e abre uma passagem para que seu pai chegue a Terra. Quando chega a hora do combate, Thanos afirma que nunca teve prazer algum em reduzir populações pela metade em todo o universo, mas que por causa da interferência dos Vingadores ele teria uma satisfação pessoal em acabar com a Terra.


 Isso faz com que os Heróis Mais Poderosos da Terra lutem com todas as suas forças contra um Thanos motivado e bem preparado, que traz todo seu poderio bélico e seus asseclas (A Ordem Negra) ao planeta para liquidar com ele e reaver as joias do infinito. Ele só não contava com uma coisa: AVANTE VINGADORES!


DIREÇÃO 

É claro que existe uma cacetada de pessoas envolvidas na produção de um filme dessa magnitude e a gente precisa elogiar esse trabalho. Os caras responsáveis pela computação gráfica, pela cenografia, pelas indumentárias e coreografias de luta merecem todos os nossos aplausos e felicitações, mas acredito que nada disso ficaria tão bom em tela se não fossem os diretores. Anthony e Joseph Russo saem de Vingadores Ultimato hipervalorizados. 


Os caras não só entendem da linguagem cinematográfica como também sabem como poucos a forma certa de transpor uma página de quadrinhos para a tela grande. Assistir Guerra Infinita e Ultimato é como ver seis horas de páginas de quadrinhos vivas em sua frente, e foi esse tipo de emoção a qual me referi no começo do post, a de ver aqueles personagens em quadrinhos da infância ganhando vida nas telas. 


Mas Rodman, seu cretino! A Marvel já faz filmes desde 2008! Só agora você percebeu que os personagens ganharam vida??
Não tem como negar que todos os filmes da Marvel desde 2008 têm a sua importância ao longo desses anos, e que cada um deles mexeu diferentemente com o pequeno Rodman leitor de quadrinhos que há em mim, mas Ultimato conseguiu fazer uma síntese daquilo que mais me emociona e colocar tudo em um só filme. 


Os irmãos Russo têm uma visão diferenciada do que são os heróis da Marvel, e os caras sabem criar cenas de ação inventivas como nenhum outro diretor conseguiu nesses 11 anos. 


Capitão América: Soldado Invernal é pra mim o melhor filme solo de herói na Marvel e muito disso se dá pela forma respeitosa que os Russo tratam Steve Rogers e o fazem evoluir como personagem desde que ele foi descongelado. Há também uma inventividade impressionante nas coreografias de luta e nos combates desse filme, o que nos faz acreditar que todos os personagens são realmente peritos em luta mano a mano. 



Quando os diretores retornam em Capitão América: Guerra Civil, aquilo que eles souberam fazer em Soldado Invernal é elevado à décima potência, e eles lidam perfeitamente bem com diversos personagens sem que nenhum deles fique à deriva ou aleatório na trama do roteiro. Os caras introduzem de forma competente o Pantera Negra (Chadwick Boseman) e o Homem Aranha (Tom Holland) em um filme de pouco mais de duas horas, sendo que eles nem são o foco e sim a batalha pessoal entre Steve Rogers e Tony Stark. E a batalha no aeroporto? A grandiosidade daquilo! 



Mais do que tarimbados para o trabalho, tendo DOIS FILMES excelentes no currículo, os irmãos são contratados para dirigir Vingadores: Guerra Infinita e Vingadores: Ultimato, filmes que foram gravados juntos e que fechariam toda a Saga do Infinito, concluindo todo um trabalho que já tinha tido como mentes criativas caras como Joss Whedon (que saiu boladinho com a Marvel), Kenneth Branagh (diretor de Thor 1), Joe Johnston (Capitão América - O primeiro vingador), Jon Favreau (ator e diretor dos dois primeiros Homem de Ferro) e James Gunn (que foi demitido, recontratado e deve voltar para dirigir também Guardiões da Galáxia 3, além dos dois primeiros). 




Por trás de tudo isso, é impossível não citar Kevin Feige, o cara que no começo dos anos 2000 acreditou que os “personagens menores” da Marvel poderiam se dar bem no cinema (já que a Fox possuía os direitos dos X-Men, Quarteto Fantástico e mais uma porrada de personagens e a Sony, que detinha os direitos do Homem Aranha e todos seus coadjuvantes), e ele é o mesmo cara que hoje nada em dinheiro junto com a Disney e a Marvel, vendo seus filmes faturarem bilhões pelo mundo. 



A cena da batalha final entre os Vingadores e as forças de Thanos está gravada como uma das mais grandiosas e épicas batalhas do cinema de todos os tempos, e para um fã de quadrinho, que viu aquilo acontecer a vida toda em páginas de papel, é algo que fica marcado para sempre. 




Essa sequência de ação já está guardada em uma caixinha junto a batalha de Titã e o confronto de Nova York de Guerra Infinita. Os irmãos Russo ganharam aqui um fã incondicional de seu trabalho, e por mais que eles tenham encerrado sua carreira com filmes de heróis (como eles mesmos declararam aqui), estarei acompanhando de perto o que mais eles têm para oferecer ao cinema como um todo.


REFERÊNCIAS E FAN SERVICE

Ultimato é recheado de referências aos quadrinhos da Marvel e isso, é claro, é muito comum, já que seus personagens derivam diretamente dessa outra mídia. Como mencionei no review anterior de Guerra Infinita, nada (ou quase nada) que acontece nesses dois filmes reproduz fielmente o que acontece na Saga do Infinito dos quadrinhos (escrita por Jim Starlin), e isso nem é um grande problema. Ao longo das mais de três horas de projeção, o pequeno Rodman sorriu bastante com algumas referências a outras fases das HQs e momentos importantes para os personagens. 


De cabeça me lembro da primeira que foi quando a Anciã (Tilda Swinton) separa o Hulk de Bruce Banner, e os dois passam a coexistir, mesmo que por um período curto e astralmente. Quando Banner, que após cinco anos do estalar de dedos de Thanos agora consegue controlar sua contraparte verde e compartilhar sua inteligência com ele, vai até o Sanctum Sanctorum do Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch), e lá encontra a Anciã protegendo o lugar dos chitauris com seu Olho de Agamotto, ele tem um breve entrevero com ela, que é decidido quando ela o golpeia e separa sua forma astral (Bruce Banner) de seu corpo (Hulk). 


Isso me lembrou bastante dois momentos da época em que John Byrne escrevia e desenhava o Gigante Esmeralda, uma em que Banner e Hulk são separados fisicamente pelo Doutor Samson e a segunda em que uma senhora idosa vence o Hulk aplicando um golpe de Aikidô nele! 


Porra! Isso é muito ridículo!

Algumas dúvidas me surgiram nessa sequência: Em primeiro, o que a Anciã fazia em Nova York, sendo que no filme do Doutor Estranho ela morava no Tibete (ou algum lugar assim), e como ela parecia conhecer muito bem quem era Stephen Strange, incluindo a sua forma de pensar, mesmo estando ANOS ANTES dele se tornar o Doutor Estranho?

Aiiiin, Rodman! Você é uma toupeira! Ela pode acessar várias linhas temporais usando o Olho de Agamotto e provavelmente ela já sabia quem era Strange e como ele se tornaria o Mago Supremo.

É... Faz sentido.

Embora não soasse algo impossível de acontecer no cinema, ver a Pepper Potts usando a armadura azul, que nos quadrinhos é chamada de Resgate, foi um dos momentos épicos de Ultimato. Ela já tinha sido infectada com o vírus Extremis em Homem de Ferro 3 e participado de uma sequência de ação protagonizada por ela, mas vê-la dentro da armadura e usando repulsores é algo que só um leitor de quadrinhos consegue entender como uma referência. 


Sem falar que com a saída de Robert Downey Jr. do MCU, é bem provável que Gwyneth não retorne mais aos filmes da Marvel, e a cena dela de armadura acaba sendo o grand finale da personagem.

Pode ter sido só um fan service DAQUELES, talvez tenha sido uma conversa de bastidores rápida em que eles decidiram colocar esse momento tão icônico dos quadrinhos na tela, mas se foi de caso pensado e planejado que os produtores e diretores resolveram fazer Steve Rogers FINALMENTE erguer o Mjolnir do Thor, puta que pariu que fantástico


Essa cena é tão bem construída que o Thor é o foco dela e ele está quase sendo cortado ao meio pelo Thanos com o Rompe-Tormentas quando a gente vê o Mjolnir no chão começando a se mover. Nesse momento todo mundo pensa “o Thor está tentando atrair o Mjolnir para se salvar”, mas quando a cena abre e a gente percebe que quem atraiu o Mjolnir foi o Capitão América... Porra! Eu aplaudi em pé no cinema e a caraia da sessão virou um estádio de futebol!


Que cena épica! E não só isso, a forma como o Capitão parte para cima do Thanos alternando em usar tanto seu escudo quanto o martelo é fantástica. Dá vontade de ter um gif dessa cena e ver pra sempre.

Nos quadrinhos Steve Rogers também é digno de levantar o martelo do Thor, e isso acontece pelo menos em dois momentos, um na época em que ele havia perdido a “licença” governamental para agir como Capitão América e usava o traje negro (que mais tarde se torna o uniforme do Agente Americano) e durante o conflito da saga Essência do Medo (que eu resenhei aqui). 


Quando em Vingadores A Era de Ultron, durante a brincadeira de quem é digno, Steve consegue mexer milímetros do Mjolnir sobre a mesa, dá se a entender que ele não era digno do poder de Thor, mas a feição de surpresa do próprio Thor quando vê seu martelo ser movido por outra pessoa faz com que pensemos que aquilo fosse possível (até porque o Visão também ergue a marreta no mesmo filme). Seja como for, eu nem imaginava que aquilo fosse acontecer algum dia no cinema, e não é que fomos surpreendidos novamente? Mais 10 pontos para Grifinória os irmãos Russo.

A gente já esperava isso desde o primeiro Vingadores, quase ouvimos no final de A Era de Ultron, quando uma nova equipe de Vingadores é formada, mas a Marvel deixou para o final o grito de guerra mais famoso dos quadrinhos: AVANTE VINGADORES. Tudo bem que não foi na entonação que a gente queria, mas o grito antecipa uma das cenas mais fodas dos filmes da Marvel que é a já anteriormente citada batalha contra as forças de Thanos.



Outra frase famosa dos quadrinhos que foi reproduzida no filme, e que fez sentido para AMBAS as mídias, foi o Hail Hydra dita pelo Capitão América na cena do elevador, quando os irmãos Russo nos faz crer que vai rolar a mesma porradaria de Soldado Invernal, mas que o Capitão muito sabiamente resolve com duas palavras, convencendo o agente Sitwell (Maximiliano Hernández) a lhe entregar o cetro do Loki. 


Sensacional! 


MELHORES E PIORES MOMENTOS

Ultimato tem tanta cena boa que é difícil fazer um resumo dos “melhores momentos”, então eu vou mesclar aqui também os piores momentos que é pra dar uma contrabalanceada!

Como assim, "piores momentos", seu bastardo escroto e desgraçado?? Ultimato é perfeito! 

Daqui a pouco falo de nota e justifico a minha, porém, é inegável que Vingadores: Ultimato tem furos grandes de roteiro e momentos que nos deixam tipo aquele emoji com a mão no queixo. O primeiro deles é o sacrifício da Viúva Negra em Vormir. Quando ela e Clint Barton chegam ao pé do precipício onde Thanos sacrificou Gamora no filme anterior para obter a joia da alma, nós já sabemos que só um deles vai sair dali com vida. 


Enquanto eles tentam deter um ao outro de se jogar no abismo, eu tentava decidir qual deles merecia morrer, exatamente como eles fazem, mas o resultado acabou me desagradando, já que eu esperava que o Clint se sacrificasse, uma vez que ele já tinha perdido sua família, se tornado um Ronin assassino por conta disso e não tinha mais pelo que lutar. Depois que vi o filme pela segunda vez, eu entendi o sacrifício de Natasha, já que ela tinha se tornado esse tipo de pessoa que se sacrifica pelos outros, em vez da agente secreta dupla (ou tripla) que só sabia matar, trair e roubar antes de entrar para os Vingadores. 


No começo do filme ela está arrasada pela perda de seus amigos, e embora ela não tenha uma família, ela reconhece que os Vingadores se tornaram a sua família, e ela faz de tudo para recuperar a alma de Clint, que perde a cabeça quando todos seus entes queridos são mortos por Thanos.


Nós queríamos ver mais de Natasha no futuro do MCU (talvez seu filme solo seja lançado e mostre sua origem), mas o peso do Gavião Arqueiro nos quadrinhos sempre foi maior do que o da Viúva, embora nos filmes tenhamos o carinho dividido entre os dois. Ela é tão heroína nesse filme quanto Tony Stark, já que sem ela, não haveria joia da alma e nem manopla nenhuma, mas no final, as homenagens são só pra ele, enquanto ela é esquecida. Bola fora!

Não há dúvidas que Thor: Ragnarok é o melhor dos três filmes do deus do trovão da Marvel, mas o filme e a direção de Taika Waititi, que empresta sua voz ao alienígena Korg tanto em Ragnarok quanto em Ultimato, transformou Thor e Hulk em personagens galhofeiros à nível Guardiões da Galáxia. 


Apesar das cenas de tensão envolvendo os dois, o deus do trovão e o Gigantes Esmeralda se tornaram alívio cômico do filme, transformando suas aparições em risos histéricos da plateia. 


O professor Hulk é algo que os leitores de quadrinhos já estão acostumados, e fases muito boas foram escritas todas as vezes que o Hulk pode contar com a inteligência de Bruce Banner. Em Ultimato, no entanto, isso só é usado para fazer o público rir, já que ele nem parece tão inteligente assim (falhando em construir a máquina do tempo subatômica) e nem tão forte quanto antes (tendo o braço lesionado pelo poder das joias na manopla). Vocês lembram como eu terminei o post sobre Guerra Infinita?
“Por falar em frases de efeito... HULK ESMAGA! Não tenho dúvidas que guardaram o melhor Hulk para o desfecho da saga. Dou um dente da frente se não vamos chorar no cinema em 2019 vendo o Gigante Esmeralda ARREBENTANDO de porrada o Thanos na maior revanche desde que o Rocky venceu o Apolo Creed nos cinemas Em Rocky 2!”

Está aí o meu dente...


O Hulk não teve a chance de ter uma revanche mano a mano contra o Thanos (nem algo perto disso) e no lugar disso ganhamos um Hulk bobalhão que é tão inteligente quanto forte (já que ele NÃO É muito dos dois!).

Deixa de ser cuzão, Rodman! O Hulk suportou o poder das joias do infinito JUNTAS! Isso não é ser forte seu pau no cu do caralho?

Sim, isso é ser forte para caralho, mas aquele Hulk que perdeu no braço contra o Thanos em Guerra Infinita morreu lá e nunca mais retornou. Toda a evolução que ele sofreu foi fora da tela, já que Banner resolveu se tornar uma mescla permanente entre ele e o Hulk durante os cinco anos entre o estalar de dedos de Thanos e o retorno de Scott Lang à Terra. Nos quadrinhos é bem assim que acontece, todas as vezes que Banner domina o corpo do Hulk ele se torna menos poderoso (apanha do Homem Aranha, tem o pescoço torcido pelo Maestro...), mas eu REALMENTE esperava por um momento HULK ESMAGA de catarse.


Fala a verdade, dava pra encaixar isso ali pouco antes de todos os “mortos” em Guerra Infinita retornarem. Uma vergonha. 


Por falar em vergonha, no que transformaram o Thor, hein? 


Já há algum tempo o Thor vem se transformando no personagem pastelão oficial da Marvel, e mesmo após seu arco dramático em Guerra Infinita e após decapitar Thanos em Ultimato, o Thor voltou a ser o alívio cômico do grupo. Depressivo por ter perdido as esperanças de vitória, mesmo derrotando o vilão, ele se tornou um beberrão recluso em sua Nova Asgard na Terra, deixando sua vida de batalhas e glórias para trás. 


Mesmo quando é exigido que ele se torne um guerreiro novamente, seu ar galhofeiro continua ali firme e forte, o que para o personagem Thor é ruim, mas que para o público é ótimo, já que Chris Hemsworth tem uma veia cômica inegável


Ele realmente é muito bom fazendo um personagem tão engraçado, e a plateia ri genuinamente com ele, diferente do Hulk de Mark Rufallo, que além de não conseguir fazer graça para as pessoas com o CGI não tão bom do gigante verde, ainda é só um grandão bestalhão. A cena final em que o Thor decide fundar os “Asgardians of the Galaxy” com Peter Quill e os demais Guardiões é hilária. Decididamente Hemsworth combina com Chris Pratt, David Bautista e Bradley Cooper, o que me faz esperar ainda mais a sequência de Guardiões da Galáxia. Imaginem o que James Gunn vai conseguir fazer com esse grupo todo reunido! 


Muito se falou sobre os diversos furos de roteiro do filme causados pela viagem no tempo e exatamente por isso vou me ater a apenas um argumento: Suspensão de descrença. Um roteiro bem alinhado e bem escrito SEMPRE vai se sobressair e o filme que conta com o mesmo SEMPRE vai ser mais elogiado, mas os roteiristas de Vingadores Ultimato optaram por criar sua própria explicação para a viagem no tempo pelo reino quântico utilizada no filme, e para mim isso basta. Já sabíamos há muito tempo que esse seria o capítulo final da chamada “Saga do Infinito” nos cinemas, e se como filme ele acaba não funcionando tão perfeitamente assim, como encerramento de um arco gigantesco (de 22 filmes!) Ultimato criou algo impensável nos cinemas. 


É a primeira vez que acompanhamos uma história ser contada através de tantos filmes e com um desfecho satisfatório SIM. Por mais que o filme não seja pleno em perfeição, ele entrega uma ótima história de assalto (no tempo), uma carga dramática coesa (na primeira hora de projeção) e cenas de ação tão boas quanto a de Guerra Infinita. Thanos também é um dos melhores antagonistas do cinema de super-heróis, e isso é muito bom, já que sempre reclamamos dos vilões superficiais e suas motivações pífias. 


Ao longo dos anos e com o entra e sai de dúzias de sagas e mega sagas nos quadrinhos, o próprio personagem Thanos nem pode mais ser considerado um inimigo à altura da grandiosidade que ele alcançou nos cinemas após Guerra Infinita e Ultimato. Josh Brolin é parte desse sucesso, e a equipe de computação gráfica da ILM, claro, também merece grandes elogios. 


Antes de terminar o post é importante enfatizar o quanto foi dolorida a despedida de Robert Downey Jr. e Chris Evans em Ultimato. O primeiro estava em total decadência quando aceitou viver o gênio, bilionário, playboy e filantropo Tony Stark na ousada iniciativa Vingadores da Marvel Studios, há onze anos, e o cara saiu de Ultimato ovacionado em pé pelo mundo todo que enxergou seu talento por trás da armadura do Homem de Ferro, personagem que nas HQs também nunca tinha sido aquele puuuta herói. 


Downey Jr. tem que ser muito grato ao personagem por tudo que aconteceu em sua vida nessa última década, e não há dúvida que ele saiu do MCU com aquela sensação de missão cumprida. 


Por mais que hoje, com o pensamento mais frio, nós saibamos que Tony Stark não precisava fazer sacrifício nenhum tendo em sua equipe pessoas poderosas como a Capitã Marvel (que podia estalar o dedo usando a manopla e ainda chupar cana ao mesmo tempo!), o Doutor Estranho e a própria Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen), para o filme e a despedida do ator, era importante que Stark se sacrificasse. 


Não vou dizer que “chorei nessa cena” porque eu já estava chorando há muito tempo e só peguei o embalo, mas a maneira terna com que a Pepper diz a ele que agora ele pode descansar, e que eles venceram, é de partir o coração. Tony e Pepper formam um dos casais mais bacanas do MCU, e é mesmo uma pena que essa tenha sido a despedida de ambos desse universo, ainda mais com a adição da fofíssima Morgan (Lexi Rabe) à família. 


Diferente de Downey Jr., Chris Evans não estava em um declínio de carreira quando aceitou viver o Sentinela da Liberdade no primeiro filme de Joe Johnston de 2011, até porque ele nunca estivera no ápice de sua carreira, acostumado a fazer apenas comédias escatológicas e a viver personagens bestalhões (como o Tocha Humana!). 


Ninguém em sã consciência imaginava que ele, hoje quase 8 anos depois, seria respeitado e elogiado como o Capitão América dos cinemas, mas foi o que aconteceu. Evans já demonstrava certa insatisfação em repetir o mesmo personagem por tantos anos, e sua saída do MCU (segundo ele próprio) é para tentar solidificar uma carreira como diretor. 


Demorou para que seu Capitão América engrenasse (o que aconteceu logo no primeiro filme de Downey Jr. como Homem de Ferro, por exemplo), e precisou os irmãos Russo assumirem a direção para que ele se consolidasse como um dos personagens mais icônicos dos quadrinhos da Marvel. Assim como Downey Jr. NÃO É o Homem de Ferro dos quadrinhos, Evans também não conseguiu ser o Capitão América, mas nos cinemas os dois deram conta direitinho do recado, e hoje ambos se tornaram ícones da molecada que cresceu vendo eles sendo protagonistas de um universo onde antes apenas Homem Aranha e Wolverine comandavam. 


A sequência final em que Rogers entrega seu velho escudo para Sam Wilson (Anthony Mackie), passando seu manto de Sentinela da Liberdade para frente, e que depois o vemos no passado FINALMENTE dançando com Peggy Carter (Hayley Atwell), cumprindo uma promessa de mais de 70 anos, é de encher o coração dos fãs de alegria. 



Eu odiei! A Peggy já tinha casado e consolidado sua vida SEM esse pau no cu de Capitão América! Ele foi egoísta voltando no tempo e fazendo a mulher viver com ele só porque ele não conseguia conviver com o próprio fracasso e...

Calma, hater! 

É um encerramento digno, bonito e até poético para um personagem que jamais teve a oportunidade de viver. Vale lembrar que ele era um garoto frágil e doente quando se tornou o Capitão América, e depois disso, tudo que ele conheceu foi guerra. Quando finalmente foi descongelado, 70 anos depois, adivinhe? O cara continuou em guerra. Ele merecia uma conclusão de arco como o que foi planejado nos cinemas, e se nas histórias em quadrinhos talvez jamais tenhamos a oportunidade de ver algo parecido (até porque elas nunca têm um final), fica esse sendo o final oficial do Capitão América nos cinemas.

(Parênteses aqui para compartilhar o choque que foi ver o escudo do Capitão se partindo ante a lança fodona do Thanos em combate! Foi a mesma sensação de ver o DeLorean sendo estraçalhado pelo trem em De Volta para o Futuro 3!). 


E sempre criticado como ator, a interpretação de Chris Evans como o velho e enrugado Steve Rogers foi bem competente. Seus movimentos eram lentos e seu olhar cansado como o de um senhor de idade, e essa cena deu um certo orgulhinho do sr. Evans. 


Não vou dizer que chorei com essa cena porque, como disse antes, eu já estava chorando litros desde que o Capitão tinha levantado o Mjolnir e saído no braço com o Thanos!

Para os corações amarguinhos que não viram nada demais em Vingadores Ultimato, que dizem que o filme tem mais furos de roteiro que um queijo suíço e que Batman V. Superman é infinitamente melhor, só lamento! 


A minha experiência foi completa nas duas sessões em que assisti, e para mim, se a Marvel anunciasse hoje que já ganhou dinheiro para caralho e que não vai mais produzir nenhum filme para o cinema, eu, Rod Rodman, já estaria satisfeito, embora o fã putinha da Marvel dentro de mim ainda queira ver o Quarteto Fantástico, X-Men, Cavaleiro da Lua, Shang Chi, Serpente da Lua, Tropa Alfa, Novos Guerreiros, Açor Assassino, Gatuno, Agentes da Atlas e Falcão de Aço no MCU. Aí depois disso, quem sabe ele esteja satisfeito?

NOTA: 10. Experiência completa nos cinemas assim como o primeiro Vingadores.


P.S - Não dá pra encerrar sem comentar como as personagens femininas dos Vingadores são fodonas! O que Feiticeira Escarlate e Capitã Marvel fazem nesse filme com o Thanos é digno de aplaudir de pé. 


A cara de cu do Thanos vendo a Feiticeira esbagaçar sua armadura sem poder fazer nada e depois da cabeçada sem efeito que ele dá na Capitã é de fazer explodir o GIRL POWERÔMETRO. Fica difícil até escolher um vilão à altura dessa Capitã Marvel overpower em seu segundo filme. Ou talvez...


P.S. 2 - A participação de Stan Lee como o hippie nos anos 70 foi a última gravada pelo velho mestre e criador de quase todo o universo Marvel antes de seu falecimento em 2018. Lee não chegou a assistir Vingadores Ultimato, nem versões de teste antes do lançamento, e essa abaixo foi a última foto dele em um set da Marvel Studios. 


NAMASTE!

22 de março de 2019

REVIEW – CAPITÃ MARVEL, MAIS ALTO, MAIS LONGE, MAIS RÁPIDO!



Capitã Marvel é o 21º filme da Marvel Studios, e o primeiro deles protagonizado por uma personagem feminina. Dirigido por Anna Boden e Ryan Fleck, hoje, enquanto escrevo esse post, o filme já rendeu algo próximo da casa dos US$ 900 milhões em bilheteria, e deve se juntar aos outros quatro filmes da Marvel que alcançaram US$ 1 bilhão, Pantera Negra, Vingadores - A Era de Ultron, Capitão América - Guerra Civil e Vingadores - Guerra Infinita.


Em primeiro lugar é preciso dizer que há cinco ou seis anos a gente não esperava ver um filme encabeçado pela Capitã Marvel nos cinemas, ou que qualquer um desses personagens cósmicos sequer pudesse ter alguma chance de estrelar (hãn, hãn!) uma história solo. Eu já tinha elencado a Capitã (ou Major, pra dizer a patente certa) Carol Danvers como uma das minhas vingadoras favoritas em alguns posts do Blog, e a personagem cresceu bastante nos quadrinhos nas últimas décadas, após um ostracismo gigantesco em que ficou lá pelos anos 90. Aqui eu a elenquei nos 10 maiores Vingadores de todos os tempos e aqui eu escrevi um pouco sobre minha expectativa para ver Capitã Marvel nos cinemas, tudo isso para justificar que ela já merecia SIM um lugar ao sol no Panteão dos principais personagens da Marvel nos cinemas há bastante tempo.


Anna Boden e Ryan Fleck não tinham a experiência cinematográfica necessária para assumirem a direção de um barco tão grande quanto Capitã Marvel, filme que diferente dos demais, precisava dar certo por tudo que representaria dali para frente, porém, eles aceitaram o desafio, e hoje o filme tem sido aclamado pelo público. Era a primeira vez que o estúdio apostava em uma personagem feminina para chamar o filme de SEU, e por essa simples questão, o projeto já começava a ser desenvolvido envolto de preconceito, machismo e desconfiança. Homens brancos e heterossexuais já estão acostumados há muito tempo de se verem representados nas séries de TV, nos games e na tela grande do cinema, é muito comum que eles estranhem ou se incomodem com aquilo que saia desse padrão já tão fixado na mente de todas as pessoas, o que acaba gerando bravatas infelizes como “filmes protagonizados por mulheres são um lixo”, “filmes com heroínas não dão dinheiro”, “filmes de ação com mulher não prestam”. Eu particularmente conheci colegas que nunca tinham visto Kill Bill, filme protagonizado por Uma Thurman e dirigido por Quentin Tarantino, só porque tinha uma mulher segurando uma katana no poster, e quem nunca ouviu falar que Mad Max – A Estrada da Fúriaera uma porcaria” só porque o personagem título era quase suplantado pela Imperatriz Furiosa ao longo da história?


Capitã Marvel sofreu muitos ataques mesmo antes de ser lançado (Rotten Tomatoes recebeu críticas negativas do filme ANTES de sua estreia!), tudo porque tinha uma mulher como protagonista. As pessoas nem sequer conheciam o teor da história, a qualidade do roteiro ou dos efeitos visuais, mas já podiam reclamar que “a verdadeira Capitã Marvel tem mais corpo que a Brie Larson” ou que a atriz não sorri em nenhuma foto promocional do filme. Cá entre nós, em uma roda de amigos héteros (e até entre mulheres TAMBÉM) quem nunca reclamou que à Mulher Maravilha da Gal Gadot faltava um pouco de curvas ou porte físico? Brie Larson, a mirradinha Natalie V. Adams de Scott Pilgrim (o filme) foi a escolhida para viver uma das personagens mais corpulentas da Marvel, e embora a nossa visão de mulher-objeto, sexy, corpuda e gostosa não se aplique em quase nada a atriz, vendo o filme, nós entendemos que NADA DISSO faz qualquer falta, assim como não fez a Gal Gadot no filme da concorrente. 


Até mesmo o padrão estético dos quadrinhos vem mudando ultimamente, visto que a Carol Danvers já não usa mais um maiô apertadinho em 2019, e a tendência é que os cinemas (que atinge um público INFINITAMENTE maior que das HQs) e suas adaptações saibam levar isso em consideração. Sem fazer pose sexy, sem mostrar o corpo desnecessariamente, precisar ser a mocinha em perigo ou depender de um par romântico, Capitã Marvel deve ter orgulhado um punhado considerável de mulheres pelo mundo afora, só mostrando o quanto ela é FODA.


Mas Rodman, e o filme? Vai acabar com esse papinho feminista quando, e começar a falar do filme, seu arrombado?

O filme da Marvel tem um significado muito grande para as mulheres assim como Pantera Negra acabou funcionando muito bem para as pessoas negras e mestiças. A representatividade é algo que nós, homens brancos e heterossexuais, não entendemos muito bem, mas que quando se tem um pouco de empatia, somos capazes de sair da bolha em que vivemos. Dito isso, e apesar de tudo que ele representa, não dá pra dizer que Capitã Marvel é um filme perfeito. Até porque não é.


Os diretores erram a mão em vários momentos quando o quesito ação precisa ser desenrolado, e talvez pela falta de experiência na área, os combates corpo a corpo ou cenas de perseguição (de carro ou de naves espaciais) deixam a desejar visualmente. O filme inteiro não tem UMA CENA memorável de ação (algo que reclamei em Pantera Negra também, em especial sobre o final do filme), nem mesmo pra gente sair com aquele sorrisão no rosto ou para estar dentro do Metrô, a caminho de casa, após a saída do cinema lembrando. As cenas de luta me parecem todas muito genéricas, como se já tivéssemos visto igual em outro lugar, e quando a Capitã precisa entrar em ação, quem entra em seu lugar é sua dublê digital. Ainda na conta dos diretores, cenas impactantes e emocionais também são um ponto negativo, já que não conseguem empolgar como deveriam. Cito de exemplo o reencontro da Carol com sua amiga Maria Rambeau (Lashana Lynch) que deveria ser uma cena carregada de emoção, por uma achar que a outra estava morta POR ANOS, e que na prática, parece só mais uma conversa casual entre duas militares. 


O instante de virada de mesa da Capitã com seus raptores krees, aquele em que pela primeira vez ela libera todo seu potencial energético, também ficou aquém do que o momento necessitava, e foi bem estragado pela cena que já tinha sido exibida nos trailers do filme (o famoso cai e levanta em várias fases da vida da personagem).  

   
Então você achou o filme uma merda, Rodman?

Claro que não! Eu assisti duas temporadas inteiras de Punho de Ferro esperando UMA cena de ação decente sem conseguir ter. Não me chateio fácil assim.

O roteiro, também escrito por Boden e Fleck, não é lá aquela coisa que se possa dizer “Noooossa, que roteiro maravilhoso!”, mas para um filme Marvel serve direitinho, tendo apenas uma grande reviravolta com relação a quem é o verdadeiro vilão do filme. Se você considerar que todos esperavam que houvesse um Capitão Marvel no filme, há duas reviravoltas. Em ambas as situações, o personagem de Jude Law (Yon-Rogg) atua, mas para quem é velho e já leu qualquer coisa sobre o Capitão Marvel nas HQs, saber que ele é vilão não chega a ser nenhuma reviravolta.


Aiiiiinnnn! Eles mudaram a história do meu herói. Eles apagaram o Capitão Marvel do roteiro e colocaram essa rachada horrorosa no lugar! Odeio a Marvel!


Sobre essa reclamação temos alguns pontos a serem discutidos. A surpresa em saber que não existe um Dr. Lawson (a alcunha usada pelo kree Mar-Vell quando veio para Terra servir de espião) e sim uma DOUTORA Lawson na história, é de certa forma positiva, sobretudo para quem entrou no cinema achando que o Jude Law seria esse personagem (eu até creditei Law como “Mar-Vell” em meu post de expectativa). 


No filme, Annette Bening é a primeira Capitã Mar-Vell, uma cientista kree que está na Terra construindo um dispositivo que vai ajudar a população Skrull a encontrar um novo lar, disfarçada como a Dra. Lawson. A mim, skrulls bonzinhos são muito mais surpreendentes em um roteiro do que extinguir um Capitão Mar-Vell e substituí-lo por uma mulher!


Depois que descobrimos que o herói vermelho e azul (da qual ninguém além de nós velhos lembramos) NÃO EXISTE no MCU, acompanhamos a saga do skrull Talos (Ben Mendelsohn) para salvar sua família, enquanto o império kree, liderado em campo por Yon-Rogg (Jude Law), sob o comando da Inteligência Suprema (uma inteligência artificial que no filme não tem uma forma física específica), tenta recuperar o controle sobre Carol Danvers, ao mesmo tempo que pretende descobrir o paradeiro dos skrulls para eliminá-los. 


No filme, a Capitã Danvers é a primeira a tentar salvar a doutora Lawson de um ataque kree, e após disparar contra o dispositivo construído pela alienígena, ela acaba sendo atingida pela radiação da explosão e a absorvendo. Ao perder a memória, logo que ganha suas habilidades super-heróicas, ela acaba recebendo uma transfusão de sangue de Yon-Rogg, e passa seis (ou sete) anos no espaço, lutando contra skrulls ao lado de uma tropa de elite osso duro de roer pega um pega geral e também vai pegar você kree. Como o dispositivo era tudo que interessava a eles, os krees acabam usando Danvers (que é chamada apenas de Vers) como uma espécie de arma secreta, embora eles inibam seu poder total com um aparelho que fica na base de seu pescoço.


Muito se falou sobre a atuação de Brie Larson muito sisuda, mas é total de acordo com o que a personagem exige. Nas HQs Carol Danvers também não vive de sorrisinhos, e no filme, ela tem seus momentos de humor muito bem inseridos na trama, sem ser nada desnecessário. 


Já o Nick Fury rejuvenescido vinte anos de Samuel L. Jackson acaba passando um pouco do ponto do humor, se tornando quase um novo personagem, mais de bem com a vida e alegrão. Tudo isso é facilmente justificado pela inexperiência do agente da SHIELD, que assim como seu parceiro Coulson (Clark Gregg) está muito mais jovem, uma vez que o filme se passa nos anos 90. 


Coulson não acrescenta muito a história, fora estar ali para dizer que ele e Fury têm muitas histórias para contarem juntos, mas outra personagem coadjuvante que rouba a cena é mesmo a Maria Rambeau de Lishana Lynch. Com uma atuação muito pontual, Lynch nos faz acreditar na amizade que há entre sua personagem e a de Larson, e todo o carisma da pequena Monica Rambeau (vivida pela atriz mirim Akira Akbar), sua filha no filme, me fez abrir um sorriso de satisfação na primeira vez que foi mencionada. Eu fiz um post INTEIRO só falando sobre Monica Rambeau e a importância de sua personagem nas HQs, e quando ela apareceu no filme foi um momento de catarse!  

   
Como o skrull infiltrado na SHIELD Talos, Ben Mendelsohn manda muito bem em suas duas fases, como o chefe de Nick Fury e com o rosto atolado de maquiagem verde, já na pele do alienígena. Ninguém esperava que no final das contas os skrulls fossem os refugiados coitadinhos oprimidos nesse filme (quase que anulando uma possível Invasão Secreta no futuro do MCU), mas Mendelsohn conseguiu nos conquistar facilmente, atuando com brilhantismo, apesar dos quilos de látex.


Salvo alguns momentos de “bonecos digitais visíveis de mais” no filme, toda a equipe da ILM está de parabéns, tanto pelo rejuvenescimento facial de Samuel L. Jackson e Clark Gregg para o filme, quanto pela quase perfeição do gato flerken Goose, que alterna muito bem entre o bicho de verdade e o seu sósia digital, sendo quase imperceptível a mudança. Os cenários espaciais, naves e planetas também dão todo um charme especial ao filme, o que prova mais uma vez que a DC perdeu uma chance incrível de sair na frente da Marvel quando fez seu Lanterna Verde. Apenas comparem os dois filmes... Isso. Vai lá. Dá uma olhada em Lanterna Verde e depois volte aqui pra comparar!


Capitã Marvel não é nem de longe um filme nota 10, mas com certeza já deixou uma marca muito importante no hall dos filmes sobre representatividade feminina. A personagem ao final da história mostra porque é considerada a mais poderosa do MCU dando cabo SOZINHA de uma frota kree, e em seu filme de origem já nos fez gostar imensamente dela. Uma das cenas pós-crédito mostra (ENFIM) sua primeira interação com os Vingadores após a dizimação universal causada por Thanos em Vingadores – Guerra Infinita, e chega a dar aquela ansiedade para ver logo Vingadores – Ultimato, onde ela vai, de fato, lutar ao lado dos heróis mais poderosos da Terra. A mais poderosa do universo certamente é ela!

Nota: 8,5

Assim, meu ranking de produções Marvel ficou desse jeito:



P.S. – A trilha sonora assinada por Pinar Toprak é muito boa ouvida isoladamente, num fone de ouvido tranquilamente, mas não chega a ser marcante durante o filme. Até mesmo o tema da heroína “Captain Marvel” não causa o mesmo impacto que “Is She With You” de Hans Zimmer para o filme da Mulher Maravilha. As músicas dos anos 90, no entanto, são um grande acerto, tendo várias populares como “Just a girl” do No Doubt, “Celebrity Skin” do Hole e “Come as you are” do Nirvana.

P.S. 2 – Os momentos para ambientar os anos 90, além das músicas, também podiam ser melhor explorados. Seja como for, a cena da Blockbuster e do leitor de CD-ROM demorando uma eternidade para reproduzir o arquivo de áudio diz muito sobre o quanto ESTAMOS FICANDO VELHOS, MAGNETO!    

NAMASTE!

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...