O POST A SEGUIR CONTÉM SPOILERS
Episódio 8 – "A ilha da alegria"
Roteirizado
pela dupla Jesse Wigutow (“Acontece nas melhores famílias” de 2003) e Dario
Scardapane (que já escreveu episódios de “Jack Ryan” para a Amazon Prime e do “Justiceiro”
na época da Netflix), o oitavo episódio de Demolidor – Renascido, “A Ilha da alegria”
é um dos mais bem-conduzidos da temporada inteira, o que só prova que a remodelação
ocorrida desde o seu anúncio há uns dois ou três anos, só fez bem à série.
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Jesse Wigutow e Dario Scardapane |
Jesse
Wigutow já havia participado dos roteiros do quarto episódio, “Sic Semper
Systema”, enquanto Scardapane foi o único escritor do primeiro episódio da temporada,
“Meia hora do céu”.
Muito do sucesso da condução de “A ilha da alegria” — que mostra muito claramente a sempre presente dualidade de caráter entre Matt Murdock e Wilson Fisk — se deve também, é claro, à direção da dupla Justin Benson e Aaron Moorhead.
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Justin Benson e Aaron Moorhead |
Os diretores combinam um estilo mais dinâmico de filmagem com um mais ritmado para mostrar em detalhes o contraste entre as cenas que mostram primeiro Matt tendo que se desdobrar entre as suas duas vidas, depois Fisk ganhando cada vez mais confiança à medida que a sua Força-Tarefa Antivigilante se torna cada vez mais bem-sucedida depois da eliminação do Muso.
Benson
e Moorhead dirigiram juntos o filme “O Culto” de 2017, além de também terem
feito a dobradinha atrás das câmeras do primeiro episódio de Demolidor –
Renascido — que tem lá os seus problemas técnicos, como lembrei no review, mas
que também tem as suas qualidades.
Toda a carga emocional envolvendo Matt/Heather/Wilson/Vanessa escrita pelos roteiristas foi muito bem retratada em tela pelos diretores ao longo dos 52 minutos do episódio e, se eu tivesse que elencar um “Top 9” melhores episódios da série, com certeza esse oitavo ficaria no Top 3.
🏆
Lembram
do Mercenário?
Pois
é!
Depois
do que ele aprontou na terceira temporada de Daredevil — que quase ninguém viu
lá na época da Netflix —, eu sempre achei que o personagem deveria ganhar mais
espaço numa possível quarta temporada. E, para ser bem honesto, depois da maneira
quase imediata com que ele foi descartado já no segundo episódio de Demolidor –
Renascido, eu cheguei a temer que ele acabasse sendo jogado para escanteio,
assim como os remanescentes das outras temporadas, Karen e Foggy. Porém, é bem
empolgante saber que ele vai continuar fazendo parte do elenco, pelo menos, até
o último capítulo.
Aqui, Ben Poindexter (Wilson Bethel) é removido da solitária de segurança máxima — onde está sendo mantido desde a sua condenação perpétua — para a prisão comum, onde o plano é que ele seja assassinado pelos demais prisioneiros.
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Ben Poindexter (Wilson Bethel) |
A
notícia logo chega aos ouvidos de Matt Murdock através da sua sócia, Kirsten, e
ele logo solta um “que ótimo! Alguém me consegue um lugar na primeira fila?”, se
referindo a querer assistir de camarote a execução do homem que matou o seu
melhor amigo, Foggy Nelson.
Ao descobrir,
no entanto, que a ordem para que Poindexter saísse da solitária partiu do
gabinete do prefeito de Nova York, o seu sexto sentido logo se aguça indicando
que “algo de muito errado não está certo” nessa história toda.
Após
os eventos de “Arte pela arte” em que a terapeuta sentou o pipoco na caixa dos
peito do Muso, Heather Glenn (Margarita Levieva) ainda se mostra traumatizada pelo que foi obrigada
a fazer. Ela e Matt discutem mais uma vez a respeito dos mascarados da cidade
serem apenas caras covardes demais para mostrarem os seus rostos, além de eles serem
todos iguais em suas ambições egoístas.
Para
ela, o Demolidor e o Muso não são em nada diferentes, e a moça nem chega a
considerar que o Demônio Audacioso estava lá para salvá-la das mãos do Muso,
mas sim, cuidando dos seus próprios interesses.
Matt
percebe que Heather não enxerga as boas ações que caras como o
Demolidor ou o Tigre Branco faziam pela cidade simplesmente por ocultarem as suas reais identidades, o que aumenta ainda mais o
risco que ela descubra quem realmente se esconde por trás do capuz com chifres.
Nesse cenário, se Heather vier a saber que Matt Murdock e o Demolidor são a mesma pessoa, é fim de namoro na certa!
Para
piorar ainda mais a torta de climão entre o casal, algum tempo depois, o
próprio “Arranjador” do Rei do Crime, Buck (Arty Froushan), aparece na porta do apartamento de
Murdock para entregar um convite em nome do senhor e da senhora Fisk para que Heather
participe de um baile de gala em homenagem ao prefeito.
Até
então, Matt não sabia que Fisk era um dos pacientes da terapeuta e, embora ela
não confirme isso a ele devido à sua ética profissional, tudo o leva a crer que os dois se
conhecem do consultório da moça.
Enquanto
o caldo engrossa entre o advogado cego e a sua namorada, é a vez do casal Fisk
resolver as suas pendengas. Após a morte do chefão Luca, arquitetado por
Vanessa, Wilson está cada vez mais disposto a fazer as pazes com a esposa de
uma vez por todas, o que o leva a mostrar à mulher o cativeiro onde tem mantido
preso o ex-amante dela, Adam.
Enquanto
Fisk e Vanessa discutem a relação diante do prisioneiro, é mostrado ao espectador
que a razão de viver do antigo Rei do Crime ainda é a sua amada esposa e, em
suas palavras “ele simplesmente não quer existir sem ela ao seu lado”.
Os
dois então renovam os seus votos com sangue, quando a própria Vanessa escolhe
entre a chave que libertaria Adam ou a arma que vai executá-lo, dando
um tirambaço na testa do homem que visitou as suas carnes enquanto o marido
corno participava da série da Eco.
Meu amigo… e pensar que os miolos tingindo a parede da prisão do Adam vão ficar registrados para sempre num serviço de streaming da Disney. Quem diria!
Atendendo
a um pedido desesperado de Poindexter, que pede para se encontrar com o advogado que ajudou na sua condenação, Matt resolve ir até a prisão para ver “qualéquié”
a do cara.
Uma
vez frente a frente com o psicótico criminoso, Murdock o ouve dizer que ele
será morto na prisão se nada for feito a esse respeito, e que esse é justamente
o plano das pessoas que armaram para que ele saísse da solitária e passasse
para o pavilhão comum do presídio.
Matt não demonstra piedade por Poindexter e acaba caindo nas suas provocações ao "massagear" a sua cara contra a mesa onde ele está algemado.
Aliás, esta cena
prova mais do que nunca que Murdock está o tempo todo passeando por cima da linha tênue que o separa de se
tornar alguém tão vingativo quanto Frank Castle — a quem ele sempre antagonizou
—, e que a morte de Foggy foi mesmo o estopim para liberar todo ódio que ele
sempre tentou manter contido dentro de si desde criança — sentimento esse que pessoas como seu antigo mestre,
Stick, e a sua ex-amante, Elektra, no passado souberam explorar muito bem.
Mas é
aquela coisa, né. Toda boa ação é passível de punição.
Enquanto
Matt visita o antigo bar da Josie — fechado desde o massacre infligido pelo
Mercenário — e conversa com a sua proprietária e com o sempre presente, Cherry,
Ben Poindexter está na enfermaria da prisão sendo tratado pelos ferimentos
causados durante a visita do advogado cego de Hell’s Kitchen.
Como
é de se esperar do vilão com a mira infalível, ele decide então arrancar o próprio dente para usá-lo como dardo. Assassina o guarda que faz a segurança do local e usa instrumentos
cirúrgicos para escapar da enfermaria e, mais tarde, se misturar aos guardas de
saída do presídio.
Achei
uma solução bem bacana para usar as habilidades de Poindexter e do seu codinome
“Bullseye” em tela.
Durante
a conversa com Josie e Cherry, Matt descobre que em sua última noite no bar,
Foggy comemorava antecipadamente a vitória de um dos seus casos como advogado, e que o Mercenário não estava à espreita do trio Matt,
Karen e Foggy apenas por vingança, mas principalmente para impedir que Nelson ganhasse a causa e
acabasse incriminando alguém maior envolvido nela.
Há
uma razão oculta por trás das ações de Fisk para que ele queira Poindexter eliminado — além da
conexão que já havia entre os dois desde a terceira temporada de Daredevil —, mas isso
só fica claro quando Josie comenta a respeito de uma bebida irlandesa que Foggy
só pedia para que ela lhe servisse em situações muito especiais.
Decidido
a desmascarar Fisk — ou pelo menos tentar — Matt vai até o baile oferecido
pelo prefeito e, entre uma DR e outra com Heather no meio do salão, ele aciona
os seus radares na intenção de captar as conversas ao seu redor, em especial as
que Fisk tem com alguns de seus convidados.
Durante
essa festa, Fisk volta a conversar com Jacques Duquesne (Tony Dalton) sobre a ameaça
que o bigodudo fez a ele anteriormente, na arrecadação de fundos para a
prefeitura. Desta vez, no entanto, é Duquesne quem é intimidado, já que Fisk
sabe sobre o seu alter-ego Espadachim e o avisa que a sua Força-Tarefa
Antivigilante está mais ativa do que nunca, e que é bom ele botar as barbas —
nesse caso, o bigode — de molho.
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Fisk e Duquesne |
Por
fim, a notícia de que o Mercenário está solto e que ele, provavelmente, está a
caminho da festa, chega aos ouvidos de Fisk e Vanessa, que fica visivelmente
incomodada.
Ali
perto, Matt tenta explicar a Heather que não é por acaso que Fisk a está
rodeando e que o prefeito da cidade tem planos escusos para usar a terapeuta
contra ele. Heather é cética quanto às desconfianças do namorado e não entende
a aparente obsessão que o advogado parece ter com Fisk.
Matt
ameaça tirar a limpo toda a história envolvendo ele, Heather e o prefeito
enfrentando-o cara a cara, mas quando já está a poucos passos de alcançar o
gordão, eis que o baile começa efetivamente. Fisk tira Vanessa para dançar e, durante a dança, ela acaba confessando que tem algo sério a dizer ao marido com
relação a Ben Poindexter.
Ao
que tudo indica, foi ela quem contratou o Mercenário para dar cabo de Foggy
Nelson — e quem, aparentemente, também mandou que o matassem na prisão —, e a tensão causada pela cena de dança em que os dois casais se revezam
na pista cheios de insinuações um para com o outro é magnífica.
Vanessa
sabe que Matt é o Demolidor.
Fisk pergunta
a Heather se ela não desconfia das reais intenções do seu namorado em defender os
vigilantes de Nova York.
E o
Mercenário chega à festa para incendiar ainda mais o clima, disfarçado de
policial.
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O Mercenário é mau. Pega um, pega geral! |
O estopim
está aceso para um final de temporada que promete ser eletrizante e que vai
comprovar de uma vez por todas que o Demolidor é o melhor personagem de todas as séries
televisivas que a Marvel tem em seu catálogo!
(Por
favor, Kevin Feige, não estrague tudo no último episódio!)
Se
você não leu o review dos episódios anteriores, clica nos links abaixo:
P.S.: Desde o ensino fundamental eu sempre fui ligado em mulher com o cabelão ondulado armado tipo o da Margarita Levieva. E o que eu fico babando nessa mulher ao longo dos episódios de Demolidor Renascido não é brincadeira! Aí embaixo, aquilo que só o Matt Murdock não viu em detalhes!
NAMASTÊ!
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