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11 de janeiro de 2021

O Snyder Cute é tudo


 

Aiiin, Rodman! Você só posta coisas sobre a Marvel, só fala da Marvel, seu marvete safado!

Atendendo a inúmeros pedidos, depois de um longo período, eu finalmente vou falar de DC...

Falar mal, é claro, porque hoje vamos destrinchar todas as polêmicas, tretas e viagens do diretor mais visionário da face da terra e seu infindável projeto Zack Snyder’s Justice League!

Siga-me os bons!


É importante relembrar que toda a saga de Zack Snyder para dar luz àquilo que ele chamava de “seu corte” começou depois que as críticas ao filme Liga da Justiça (2017) passaram a ficar cada vez mais mordazes pela imprensa e pelo público. Snyder tinha sido colocado à frente do projeto para levar aos cinemas a equipe de super-heróis mais importante dos quadrinhos — Chupa, Vingadores! — pela própria Warner Bros., mas precisou se afastar devido a morte de sua filha de 20 anos no período das filmagens. Como uma medida paliativa e para que o filme não acabasse sendo engavetado com a saída de seu diretor, a competente equipe do estúdio do Pernalonga escolheu ninguém mais ninguém menos do que Joss Whedon para substituir Zack.

“O Josueldon fez aquela equipe mequetrefe lá da Marvel render mais de 1 bilhão de bilheteria... é claro que ele é a escolha certa para dirigir um filme da MAIOR EQUIPE DE SUPER-HERÓIS DO UNIVERSO!” (Executivo da Warner, em reunião emergencial).

Whedon tinha se desentendido com os manda-chuvas da Marvel Studios após dirigir Vingadores – A Era de Ultron e saiu putinho, batendo a porta. Foi dito na época que o “casamento” entre ele e a Marvel tinha se desfeito por conta de diferenças criativas, mas rolavam boatos fortes de que o diretor teria assediado moral e sexualmente alguns membros da equipe de produção por trás das câmeras e que ele havia agido de maneira sexista e machista por mais de uma vez durante as gravações do segundo filme dos heróis da Marvel. Nada foi comprovado e nenhum outro comentário sobre isso foi tecido entre 2015 — ano do lançamento de A Era de Ultron — e 2016 — ano em que Zack Snyder foi obrigado a se afastar de Justice League, deixando o posto para Whedon — o que permitiu a contratação do novo diretor de fama duvidosa.


Ainda na época, chegou a ser dito que o trabalho de Whedon seria basicamente conectar as pontas soltas deixadas por Snyder na direção e que a maioria das cenas já tinham sido filmadas, mas logo depois a boataria começou a correr solta sobre refilmagens, substituição do compositor da trilha sonora, remodelagem nos efeitos visuais e até mesmo mudanças no roteiro. O que antes seria só uma medida paliativa para salvar a produção, acabou se tornando um projeto praticamente novo e o filme antes imaginado por Zack Snyder foi recosturado, fato esse que desagradou completamente os devotos fãs fervorosos do visionário.

O público se dividiu. Enquanto alguns saíam do cinema com uma boa impressão do que haviam visto na tela, outros caíram matando em críticas ao que Joss Whedon fez ao filme anteriormente PERFEITO na cabeça de Zequinha da Galera, e foi aí que começaram os pedidos para que a Warner lançasse o tal “Snyder Cut”.

Igualmente insatisfeito com o que viu seu filme PERFEITO se transformar, Zack Snyder começou a incitar seus fãs a exigirem que o seu corte fosse lançado como uma versão alternativa à que foi ao cinema, e o cara despirocou nas redes sociais, postando sem parar fotos e vídeos do que era para ter sido a sua versão de Liga da Justiça. Daí para frente, amigo... não tivemos mais um só dia de paz! Toda hora era uma manchete nova:

“Zack Snyder mostra visual alternativo do Superman

“Zack Snyder publica frame de um segundo da barata que passa num canto na cena em que o Flash salva Iris West

“O visionário mostra a cueca usada por Ben Affleck durante as gravações”

“Polêmica: ‘O meu Superman jamais perderia tempo salvando pessoas! ’, diz Zack Snyder, para delírio de seus fãs nas redes sociais”.

Exceto os devotos fãs do cara, ninguém mais estava aguentando a insistência de Snyder em um projeto que visivelmente havia sido um fracasso para o estúdio da qual ele era, além de diretor, também produtor executivo. Justice League tinha rendido à Warner US$ 657,9 milhões — com um orçamento de US$ 300 milhões — e ficou bem abaixo das outras produções da DC também dirigidas por Snyder, como Batman V Superman (2016) e Man of Steel (2013). Era bem óbvio que os picas grossas do estúdio não queriam mais saber do filme e que desejavam apostar em uma direção menos “dark” e mais fantasiosa — algo mais Marvel! — para seu DCU, o que acabou se mostrando um acerto, visto que Mulher Maravilha (2017) e Aquaman (2018) foram bem nas bilheterias, por coincidência ou não, largando de mão o jeito zacksnyderiano de se fazer filme.


Por mais de uma vez a Warner Bros. se pronunciou por meio de seus executivos alegando que não tinha interesse em lançar uma versão de diretor da Liga da Justiça, e por muito tempo achou-se que nem mesmo EXISTIA uma versão do filme não-finalizada por Snyder. Foi aí que em 2020, em meio à pandemia de Covid-19, a hashtag #releasetheSnyderCut tomou as redes sociais do mundo — e de outros universos também. Até o Darkseid tweetou em sua conta oficial! — e aquilo que antes parecia impossível, começou a tomar forma.


Os executivos da Warner
voltaram atrás e o anúncio foi feito pelo próprio Zack Snyder em sua conta no Twitter. Com Mulher Maravilha 1984 engavetado — na época — e mais nenhum lançamento na manga para o ano devido a pandemia, a turma do Pernalonga decidiu injetar o valor inicial de US$ 30 milhões na versão não-finalizada do visionário e o Snyder Cut começou a ganhar vida.
 


 

INCONGRUÊNCIAS

Vale lembrar que uma versão do diretor costumeiramente é feita com cenas não adicionadas no corte original do filme que foi para o cinema e nós já tivemos vários exemplos disso, como nas várias versões do diretor de Blade Runner — de Ridley Scott — e o próprio Superman de 1978, filme que foi originalmente dirigido por Richard Donner — tanto o primeiro quanto o segundo —, mas cuja parte 2 acabou saindo creditada a Richard Lester, por conta de desavenças entre Donner e o estúdio.

No caso do Snyder Cut, com todas as notícias que saíram após o anúncio do investimento milionário no projeto, é bem evidente que não havia mesmo uma versão do diretor já filmada e cujas cenas apenas não tinham sido aproveitadas por Joss Whedon. O tal “Snyder Cut” era na verdade a ideia que Zequinha tinha em sua cabeça para o filme e que nunca tinha sequer sido gravada, daí a necessidade dos US$ 30 milhões da Warner. Tanto é verdade, que não demorou para que o próprio diretor viesse a público falar sobre gravações extras — usando inclusive parte do elenco — e novas inserções digitais. Quem ironizou muito bem a ideia desse corte do diretor, foi o roteirista Dan Slott em uma postagem:

“Eu tenho um corte do diretor de um filme que quero lançar. O filme está pronto. Totalmente pronto. Na minha mão. Ele existe. Um filme completamente real e tangível. Eu só preciso de US$ 70 milhões de dólares para refilmagens”

Sim, amiguinhos!

Aqueles US$ 30 milhões iniciais inflaram para US$ 70 milhões posteriormente e não se admirem caso esse “projetinho” acabe custando aos bolsos da Warner mais de US$ 100 milhões em algo que começou como um capricho de um diretor mimado.

Nada me tira da cabeça que o Zack Snyder deve ter fotos comprometedoras de algum executivo de alto escalão da Warner! Só isso para explicar tanto poder dado a alguém que tinha sido DEMITIDO da empresa!

Eu também sei alguns segredinhos sujos do meu ex-patrão... será que ele me dá US$ 30 milhões para eu terminar o projeto de um filme que eu nunca sequer comecei? Será?

EFEITOS VISUAIS REFEITOS

Um dos motivos de piada da versão original de Liga da Justiça foi a horrenda remoção digital do bendito bigode de Henry Cavill para as refilmagens do filme. Na época, o ator estava gravando também Missão Impossível – Efeito Fallout e ostentava um belo bigode, algo que era imprescindível — sei lá porquê! — que ele não tirasse da caracterização de seu personagem "August Walker", segundo o estúdio do filme. Whedon achou que não seria de bom tom que o Superman surgisse barbudo e bigodudo em cena e isso acabou custando US$ 25 milhões à Warner, que contratou o sobrinho "disáiner" de alguém para fazer os efeitos visuais. 

Quem poderia imaginar um Superman barbudo, não é mesmo?


Resultado? Uma bizarrice sem tamanho que gritava aos olhos em IMAX.



Zack Snyder, ao reassumir a direção do filme, decidiu de imediato que não iria usar NENHUMA cena adicionada por Joss Whedon — para manter a perfeição de seu projeto, a primazia de sua obra única —, mas em vez de tirar um bigode que custa US$ 25 milhões, ele quis ir além. Segundo o diretor, muito do que veremos na tela será inédito e feito totalmente do zero:

“Eu estava conversando com Tamara Watts Kent, a minha produtora de efeitos visuais, e estávamos falando sobre as atualizações do filme. O fato é que cerca de 80% dos efeitos nunca foi visto por ninguém além da equipe. E nem estou incluindo as cenas que foram regravadas… O filme está emocionante. Mal posso esperar para que todos testemunhem o quão grande será essa experiência.” 
  

Mano... 80% dos efeitos... 80% DOS EFEITOS!

O cara refez praticamente tudo e ainda tem coragem de chamar essa $@@#% de “cut”.

Uma coisa que me deixou curioso é: se o Zequinha da Galera não vai usar as cenas dirigidas por Whedon, como ele vai fazer com o Henry Cavill bigodudo? Ou o Henry Cavill bigodudo jamais existiu e faz parte de um universo paralelo acessado pelo Flash e... Hã... esquece!

RAY FISHER PUTO DA CARA!

Um dos atores do elenco original de Liga da Justiça que mais criticou a versão de Joss Whedon foi o intérprete do Ciborgue / Victor Stone, e isso não se deve somente ao fato de que seu personagem se tornou praticamente irrelevante ao corte final, sendo que ele era mencionado como o “coração” da versão snyderiana. O fato é que Ray Fisher acusou Whedon de anti-profissionalismo durante sua passagem conturbada pela direção do filme e entre outras coisas, falou que o tratamento do cara para com a equipe era “nojento, abusivo, pouco profissional e completamente inaceitável”.




Em postagens bastante mordazes nas redes sociais e em entrevistas sobre o filme, Fisher alegou mais de uma vez que tinha sido destratado por Whedon no set e que tinha provas contundentes do que estava falando. Comentou também que os produtores Geoff Johns e Jon Berg permitiram que Whedon agisse de maneira desrespeitosa com ele, e foi além sobre as provas que tinha em sua posse:

"Demorei dois anos e meio para obter todas as informações necessárias para construir algo forte o suficiente para que as pessoas não pudessem descartá-lo. Nós vamos chegar ao fundo disso tudo. E se alguma coisa que eu disse sobre esse homem for falsa, convido-o de todo o coração a me processar por difamação".

Chamou na chincha!

A treta entre Whedon e Fisher acabou ficando clara no corte final do filme. Além das cenas do Ciborgue que aparecem no trailer do filme e que nunca foram usadas na versão final, Fisher alega que seu personagem teria muito mais profundidade — como o Aquaman... hein? hein? profun... deixa pra lá! — e que ele havia conversado com o roteirista Chris Terrio sobre a essência que ele gostaria de ver incutida em seu Victor Stone.

“Vamos nos sentar e falar sobre a experiência de ser um negro e vamos chegar a um tipo de acordo. Ele [Terrio] colocou dinâmicas bonitas da sua perspectiva, e apontamos o que ficaria bom, o que poderia ser problemático, especialmente porque o personagem não é só negro mas também deficiente físico".

Apesar de todo esse disse-me-disse, Victor Stone terá cenas de sua origem como jogador de futebol adicionadas ao "novo" Liga da Justiça, porém, a aparição do Ciborgue no vindouro filme do Flash foi cancelada devido todas essas polêmicas envolvendo o ator e as denúncias de assédio.


 
Booyah!

LOBO DA STEPHANIE E DARKSEID

Foi feito um alarde desgraçado por conta da aparição do temível Darkseid no trailer do Snyder Cut e o próprio diretor não parava de falar de como seu vilão era foda e blábláblá... mas o resultado final — pelo menos o que dá para ver no vídeo — não parece fazer jus ao que se esperava. 

Segundo Snyder, o senhor de Apokolips em seu filme será retratado como um "jovem Darkseid" e por isso tem uma aparência diferente da truculência física a que estamos acostumados nas caracterizações do personagem em outras mídias. A meu ver, ficou bem merda! Nem parece que terminaram de renderizar essa animação tosca!



Assim como na versão de Joss Whedon, apesar da aparição de Darkseid no trailer, o grande vilão da história vai continuar sendo o Lobo da Estepe que, obviamente, ganhou uma repaginação em seu visual. Acho difícil que os novos efeitos digitais deem o peso necessário que faltou ao boneco de CGI do primeiro filme, ou que esse Lobo turbinado seja mais convincente que o anterior, mas a nova "peita" do personagem foi elogiadíssima por Zack Snyder que não demorou para arrotar que seu vilão "era assustador demais".




Ui, ui, tirem as crianças da sala que o bichão ralador de queijo é assustador! 

Na boa? Ainda tenho dificuldades para saber qual das duas versões merdas desse personagem merda ficou pior! Vamos esperar para ver como vai ser vê-lo em ação no filme para fazer as devidas comparações. Criticar com mais base é sempre melhor!

Ainda no trailer, é possível ver outro morador de Apokolips de relance, o puxa-saco maior de Darkseid, o temível Desaad. Nenhuma outra informação foi mencionada a respeito desse personagem ou qual será seu papel no enredo, mas tal qual seu mestre, acho bem difícil que seja algo muito maior do que uma aparição especial no meio do roteiro já bastante inflado com várias tramas e sub-tramas dessa colcha de retalhos que é o Snyder Cut.   


CORINGA GANGSTA E SLAAAAAAAADE

Nós sabemos que parte do que mais agrada os fãs de Zack Snyder em seus filmes do DCU é o modo limítrofe como ele encara alguns personagens, em especial aqueles que em outras mídias tendem a ter uma visão mais pacifista e/ou apaziguadora, por isso, para quem compactua com suas ideias “O SUPERMAN QUEBRAR PESCOÇOS É IRAAAADO, LEK! CRACK! CRACK! ”.

A inserção de personagens como o Coringa e o DeathstrokeExterminador ou mais comumente chamado de Slaaaaaaade — em Liga da Justiça desse ponto de vista limítrofe parece ser, de certa maneira, acertada, já que nenhum dos dois precisa necessariamente defender ninguém ou agir de acordo com seu senso de justiça. Eles estão pouco se fodendo para isso! Motivo que os coloca como melhores opções para cair nas mãos do Lek Snyder.


A primeira vez que percebemos que o Coringa tinha algo a ver com o passado do Batman — esse morcego introduzido em
Batman V Superman — foi numa cena na batcaverna em que vemos um traje de um Robin pichado com vários “HA HA HA HA”, o que acabou sendo confirmado pelo diretor do filme, em uma de suas duzentas milhões de postagens no Twitter sobre os extras de BVS. Snyder não só confirmou que o seu Robin era Dick Grayson, como também alegou que o personagem — que nunca chegou a aparecer nesse universo — tinha sido assassinado pelo Coringa. Assim que o Joker Gangsta maloqueiro corintiano sofredor interpretado por Jared Leto em Esquadrão Suicida (2016) deu as caras, várias teorias surgiram sobre seu visual, inclusive que os dentes de metal tinham sido implantados no lugar dos que o Batman teria quebrado no soco após a morte do Robin.

Viagem!



Bem, pouca gente discorda que o Coringa de Leto foi O PIOR CORINGA que já vimos na tela do cinema — e isso nem tem só a ver com o visual tatuado e completamente descaracterizado do Palhaço do Crime —, mesmo assim, o ator estará de volta ao papel para uma ponta no Snyder Cut, fazendo parte, segundo o diretor, de mais um dos pesadelos de Bruce Wayne ao longo do filme. Além dessa informação e da comemoração de Leto por voltar a interpretar o Coringa, mais nada foi anunciado sobre a inserção do personagem que, lembremos, NÃO FAZ parte do filme original.

Dito isso, será que veremos no filme o Coringa macetando um pé-de-cabra na cabeça de um adolescente e esmigalhando seu cérebro em slow-motion enquanto pedaços de seus miolos voam de encontro à câmera? Seria bem a cara do Snyder, né?



Outro ator que comemorou feito pinto no lixo a volta a seu papel foi Joe Manganiello, que postou em sua conta no Twitter o novo visual de seu Slade Wilson para o filme. O Exterminador acabou sendo completamente irrelevante na versão de Joss Whedon, ganhando apenas uma aparição rápida em uma cena pós-crédito de algo que se assemelhava à reunião da Legião do Mal — junto do péssimo Lex Luthor de Jesse Zuckerberg... Mark Eisenberg... Jesse... Sei lá! O carinha lá de Zumbilândia

Antes do projeto ir para as cucuias — pra não dizer “para os caraios” —, era sabido que Manganiello ia repetir o papel do mercenário mais foda da DC no filme solo do Batman, quando a bagaça ainda estava nas mãos de Ben Affleck. Com a restruturação do filme para o que hoje conhecemos como o “The Batman” — com direção de Matt Reeves —, Manganiello ficou desempregado e seu Slade nunca teve mais do que aquela cena mequetrefe que não acrescenta nada em Liga da Justiça.



Já falei aqui no Blog que o Exterminador é um dos meus vilões preferidos da DC e como ele é porradeiro, adora uma espadinha, uma arminha e costuma agir de maneira bem violenta nas HQs, seria o personagem PERFEITO para ser dirigido por Zack Snyder em um filme. Imaginem só aquela cena de BVS em que o Bátema salva a Martha moendo de pancada os soldados do KGBesta só que com o Slade no lugar, podendo fatiar, fuzilar e estraçalhar à vontade seus alvos! Seria fantástico, não é? Aposto que a sua cabeça explodiu tal qual OS MIOLOS DO DICK GRAYSON com essa ideia!

Rodman apoia um filme do Exterminador dirigido por um Zack Snyder sem controle nenhum.


SUPERMAN BLACK

Eu chorei na Morte do Superman... não tenho vergonha de assumir.

A versão dos quadrinhos, claro. A versão do cinema eu até bocejei algumas vezes durante a luta da Trindade da DC contra o Cococalipse.

Uma das coisas mais legais da época da morte e do retorno do Superman — além dos mullets! — foi o traje preto que Kal-El usou enquanto seus poderes eram restabelecidos. Roupas pretas são legais. Eu, como um adolescente na época, “se” amarrava com aquele traje desenhado pelo Dan Jurgens e é bem óbvio que o pequeno Rodman também ia se amarrar em ver algo parecido na tela do cinema.



O mais curioso do verdadeiro motivo da inserção do traje negro tão comentado que “faltou na edição final de Joss Whedon” é que nem o Zack Snyder sabe explicar! Em vez de mandar um “porque eu quis” na resposta quando questionado pela razão de fazer o herói usar a roupa preta no filme, o visionário disse:

“Eu sou um defensor ávido do traje preto. Eu realmente queria o traje preto, fazia sentido para mim porque… o Superman é um personagem que notoriamente nunca cresce. Ele é como uma pedra e tudo apenas é esmagado contra ele. E descobrimos mais sobre nós mesmos tentando mudar aquilo que não pode ser mudado. Isso é o jeito antigo, o velho Superman, enquanto eu sentia que o meu Superman tinha que, em todo o caminho, meio que subir de nível e aprender algo e ser algo diferente, porque no fim, a ideia do que eu planejava era um passo final para o Superman, que era seu retorno real, ou ele chegando ao que eu considero o Superman clássico. Nós não temos ele nesse filme, o Superman clássico. Eu também sinto que o traje preto é um delineador de tempo. Então se você vê um flashback ou flash-forward, ter ele no traje preto te deixa saber onde você está no tempo, porque é algo muito particular desse certo arco. Então eu estava muito animado em usar o traje preto para meio que nos prender em quando ele vai do traje preto para o traje vermelho e azul e então quando ele está no traje vermelho e azul, o que aquilo significa e quando ele volta para ele, o que isso significa? ”

Se você não entendeu porra nenhuma dessa explicação, nós somos dois, colega. High-Five!



Vamos nos ater novamente à visão limítrofe — sim, eu gostei dessa palavra! — que Snyder tem sobre o heroísmo que o Superman representa nos quadrinhos e como essa ameba simplesmente NÃO ENTENDE o simbolismo de um herói que, embora seja mais poderoso que QUALQUER SER HUMANO, entende perfeitamente a sua limitação, e que o fato dele não usar seus dons para ganhar vantagens e/ou abusar da boa-fé da humanidade, o torna o MAIS HUMANO de todos os seres excepcionais com que ele convive.

Dá pra sacar a diferença disso para um cara que simplesmente quebra o pescoço de um inimigo, por mais que isso pareça na hora a única solução?



Um Superman “do jeito antigo”, o “velho Superman”, como cita Snyder em sua explicação, arranjaria milhões de outras formas de deter o descontrole de seu conterrâneo Zod sem que isso envolvesse matá-lo, e é esse altruísmo, essa bondade intrínseca que faz do Superman o que ele é. Um cara com o poder de um deus, mas que age como o mais humano dos humanos simplesmente porque entende o que é ser falho.



Quando Snyder diz que “o Superman não cresce” e que o seu Superman “tinha que, em todo o caminho, meio que subir de nível e aprender algo e ser algo diferente” — embora não saiba concluir seu argumento, confundindo todo o meio de campo em seguida — é o velho Zack Snyder limitado falando mais alto. 



O mesmo cara que só viu a superfície da obra Watchmen e que acha que o seu Batman tem que matar sim e que o seu Superman precisa evoluir, ser “melhor” do que sua versão boazinha e escoteira das HQs. O “velho Superman” é passado. O novo Superman mata, arrebenta uma cidade inteira para deter o vilão e está pouco se fodendo para as consequências de seus atos. Em resumo... o uniforme negro do Superman mostra a verdadeira visão que Snyder tem do personagem, alguém trevoso, alguém desprovido de luz, que não mede o poder que tem em mãos e que usa os mesmos métodos de seus inimigos para vencê-los.

Personagens assim tem aos montes para serem trabalhados. O Superman deveria ser a exceção.  


MULHER MARAVILHA BOLADONA

Patty Jenkins foi uma das poucas pessoas do meio cinematográfico que entendeu o que a Mulher Maravilha deveria simbolizar no mundo dos super-heróis, e a diretora do filme Mulher Maravilha e da sequência Mulher Maravilha 1984 acabou pagando caro por tentar representar a heroína como ela deveria ser nos cinemas.


Recentemente, Zack Snyder publicou mais um material inédito da época de
Batman V Superman e surpreendeu um total de 0 pessoas ao mostrar que não entende os personagens que tem em mãos. A imagem exibida por Snyder seria a versão original da foto que causa todo o reboliço no roteiro de BVS entre Diana Prince e Bruce Wayne — aquela com a personagem perfilada com seus colegas na Primeira Guerra Mundial — e nela, Diana aparece ao lado de outros “colegas” ostentando como troféus três cabeças humanas a tiracolo.



A explicação de Snyder soa ainda mais ofensiva que a do traje negro do Superman, mas é mais inteligível:

“Mulher-Maravilha 1854 – Essa imagem incrível tirada por Stephen Berkman de um universo alternativo, mostra uma Diana cansada pela guerra, que perseguiu Ares pelos campos de batalhas ao redor do mundo, e ainda não havia conhecido Steve, que a ajudaria a restaurar sua fé na humanidade e no amor.”

“... uma Diana CANSADA pela guerra...”, mas que ostenta CABEÇAS HUMANAS como símbolo de “quem manda aqui é nóis, mano! ”. Entendi. Ok.

Nem é preciso dizer que a imagem acabou causando mal-estar nos fãs da personagem, em especial pela maneira brutal com que a princesa guerreira é retratada.

Aiiiin, Rodman! Deixe de ser pau no cu, seu pau no cu! O Zéquinha lindo disse que essa Mulher Maravilha — essa rachada HOR-RO-RO-SAAA — faz parte de um universo paralelo. Ela não é a mesma dos filmes!

Hmmm... não faz sentido nenhum, jovem padawan! Se é de um universo paralelo, por que causa, motivo, razão, circunstância a Diana iria hackear os computadores do Bruce Wayne só para recuperar a foto dela pagando de Maria-Bonita? Enfim...

Quem acabou dando uma “voadera” com os dois pés no peito do Zéquinha da Galera acabou sendo a própria Patty Jenkins, que defendeu sua visão da Mulher Maravilha para os filmes, falando ainda sobre a interferência que a Warner tentou criar durante a produção do primeiro filme:

“Mulheres não querem ver isso. Ela sendo rude, durona e cortando a cabeça das pessoas, não é isso que deve ser – eu sou uma fã da Mulher-Maravilha e não é isso que estamos procurando. Ainda assim, eu podia sentir aquele nervosismo instável da parte deles sobre o meu ponto de vista. ”

Em tempos, vale lembrar que Jenkins alegou recentemente que o terceiro ato de seu filme de 2017 foi inteiro roteirizado por imposição do estúdio, que cismou que deveria haver uma grandiosa batalha entre Diana e Ares.



Grandiosa mesmo! Grandes merdas de sequência!

A briga entre os dois é uma das piores coisas do filme e até mesmo Jenkins admite que ninguém gosta daquela sequência e que ela acabou sendo obrigada a ceder ao que o estúdio queria. 

Além do estúdio que quis forçar uma visão mais agressiva da Mulher Maravilha, quem também tinha planos para um lado mais sombrio da personagem era o próprio Zack Snyder, que tinha escrito um roteiro para o final de Liga da Justiça em que Diana decapitava o Lobo da Estepe — a ilustração abaixo mostra a ideia de Snyder. Patty Jenkins parecia ser a única lúcida o suficiente na Warner e também a única capaz de entender a verdadeira essência da Princesa das Amazonas. O resto queria mais é ver a principal personagem feminina das HQs arrancando cabeças no cinema!

Aiiiin, Rodman! Deixe de ser recalcado! Nos quadrinhos a Diana é uma guerreira ela mata geral mesmo... trucida, esquarteja! Mimimimi! Quem lacra não lucraaa!



Pois é... após o advento dos Novos 52, a Princesa das Amazonas ficou resumida a essa bárbara boladona que usa mais a espada como arma do que o laço da verdade e que não perdoa os inimigos. A molecada de hoje em dia nem sequer ouviu falar da Mulher Maravilha justa, altruísta e bondosa recriada pelo George Pérez na década de 80. Uma pena!



FICA OU NÃO FICA?

Todo mundo sabe que as decisões da equipe preparada e absoluta da Warner Bros. são tomadas ao sabor do vento que está soprando na hora, não é mesmo? Por isso, ainda é cedo para dizer se Zack Snyder vai continuar ou não à frente do DCU — ou seja lá como esse troço se chama hoje em dia — após o esperado lançamento do Zack Snyder’s Justice League. É bem claro que a simples ideia de um novo filme do diretor movimenta o mercado cinematográfico, seja para o bem ou para o mal, e que o nome do cara já se tornou sinônimo de hype. Falem bem, falem mal, falem de Zack Snyder!



Em publicação recente, o cara disse com todas as letras que não tem interesse em continuar na Warner / DC após o lançamento do filme, e que não vai dirigir mais nada para a companhia pelos próximos anos — toca aquela música aí que ele tanto adora... "Hallelujah"! A Warner, tal qual a vida, é uma caixinha de surpresas, mas por ora, também parece satisfeita com as participações do visionário.

A pergunta é: E se Zack Snyder’s Justice League for um sucesso retumbante e arregaçar com os servidores da HBO Max com zilhões de acessos? E se a versão do diretor mais amado do mundo empanturrar o cu do Pernalonga de tanto dinheiro, fazendo com que os acioni$ta$ da Warner queiram que o Zequinha retorne no futuro, quem sabe, para um Justice League 2, 3 e 4? Será que ainda assim ele não retornaria? Será que mesmo com os executivos implorando em sua porta, ainda assim ele vai queimar as fotos comprometedoras que tem guardadas na gaveta e desistir de ganhar mais dinheiro? Duvido!



O ano é 2021... e em algum momento desses 12 meses nós iremos assistir essa tão aguardada obra-prima dos deuses da cinematografia, que será exibida como uma série de 4 partes no serviço de streaming exclusivo da Warner, o HBO Max e no Torrent mais perto da sua casa, e é claro que eu estarei lá para me regozijar... ou não!

Devo confessar que eu não lembro o que eu tinha fumado na época que escrevi o review de Joss Whedon’s Justice League... mas eu falei BEM do filme na maior parte do texto! Que loucura! Eu devia estar sob efeito de psicotrópicos, não é possível! Já revi o filme umas duas vezes depois da primeira no cinema, e atualmente acho tudo uma MERDA... exceto a luta da Liga contra o Superman... essa eu ainda acho maneira... apesar do queixo redigitalizado escrotamente do Henry Cavill!

P.S. – O post acabou ficando mais imenso que a jiromba do Kid Bengala, mas eu esqueci de citar que quem também deve dar as caras na nova versão REMASTERIZÁITION de Liga da Justiça é o Caçador de Marte Ajax e o próprio Zéquinha da Galera mostrou algo parecido com o visual do marciano em seu Twitter. Nada foi confirmado sobre a participação de Harry Lennix, o ator que interpreta o General Swanwick em Man of Steel, e que seria a forma humana em que J’onn J’onzz estaria disfarçado na Terra, mas é provável que ele faça uma ponta. Tem que justificar esses US$ 70 milhões aí, amigo! Quié... lavagem de dinheiro essa porra?



P.S. 2 - Recentemente Zack Snyder comentou que é um grande fã de Frank Miller e que se fosse dirigir um filme para a Marvel — deusulivre! —, gostaria que fosse algo baseado na graphic novel Elektra - Vive do autor. Taí... seria algo que se encaixa no perfil dele... desde que ele se limitasse à Elektra e não fizesse o Demolidor sair matando todo mundo... igual o Miller fez em O Homem sem Medo! Heheheh! Falando em Frank Miller, como um bom fã do autor, será que Snyder já leu essa página de O Cavaleiro das Trevas??



NAMASTE!

29 de dezembro de 2020

A guerra do streaming e o fim do cinema



O Covid-19 vai deixar marcas profundas em todos nós e não é de se espantar que até mesmo as grandes corporações estejam sofrendo com essa pandemia que se alastra desde meados de março de 2020 pelo mundo. Tendo em vista que as principais salas de cinema mundiais não retornarão às suas atividades normais num futuro próximo e que mesmo após a vacina ter sido sintetizada nossas vidas ainda estarão bastante tumultuadas por conta do coronavirus, a Warner decidiu dar um passo além e anunciou no começo de dezembro que TODOS seus grandes blockbusters estarão disponíveis em sua plataforma de streaming SIMULTANEAMENTE ao lançamento dos cinemas. 



O primeiro grande teste da Warner foi com o filme Mulher Maravilha 1984 que estreou nas salas de cinema e no HBO Max no dia 17. Até o presente momento, a produção dirigida por Patty Jenkins — que deveria ter estreado em abril — teve uma bilheteria mundial de US$ 85 milhões — US$ 16 milhões dos quais só nos EUA — e já foi visto por metade dos assinantes do serviço de streaming da Warner, o que obviamente é algo bem considerável.



Ainda é cedo para se dizer se a ideia de lançar grandes produções tanto no streaming quanto nos cinemas vai ajudar a salvar os cofres bilionários das empresas de entretenimento durante a pandemia, mas a Warner já anunciou que além de Mulher Maravilha 1984, todos seus grandes blockbusters previstos para 2021 também serão lançados nesse mesmo esquema. Filmes como Matrix 4, Duna, Godzilla vs Kong, Tom e Jerry (o filme) e o novo Esquadrão Suicida também constarão no catálogo da HBO Max logo que os filmes forem lançados no cinema e o mais importante: sem que o assinante precise pagar mais por isso. 



Na guerra do streaming, a Disney, assim como a Warner, tem feito experimentações com seu Disney + e foi a primeira empresa a colocar um de seus grandes blockbusters online durante a pandemia. A versão live-action da clássica animação Mulan teve lançamento exclusivo na plataforma em setembro e causou bastante burburinho por não ser uma adaptação fiel a animação de 1998. Além disso, o filme só podia ser visto em streaming se o assinante do Disney + adicionasse um valor extra ao que já pagava mensalmente — algo como se você só pudesse ver o filme no cinema se comprasse o combo com refri+pipoca — e no Brasil isso causou certo incômodo.



A Disney vai manter estratégia parecida com seus próximos lançamentos em streaming — pelo menos com aqueles que serão lançados simultaneamente com os cinemas — e já anunciou que a animação Raya and the Last Dragon será adicionada ao catálogo a partir de março de 2021, com um acréscimo de US$ 30 (R$ 150,00) à mensalidade para quem quiser ver na estreia em casa, em vez de ir ao cinema. 



A Disney ainda não se pronunciou quanto à sua estratégia para enfrentar a pandemia ou sobre os filmes que estão na geladeira por enquanto — como Viúva Negra, por exemplo —, mas nas últimas semanas anunciou 10 novas séries dentro do Universo Marvel dos cinemas e mais 10 sobre Star Wars, o que nos leva a crer que seu foco agora vai ser em seu serviço de streaming e não tanto nas grandes produções hollywoodianas. 



Com a normalização dos serviços de streaming, com lançamentos exclusivos sendo feitos diretamente para essas plataformas ao longo de todo o próximo ano, qual será o futuro das salas de exibição e dos grandes operadores de cinema?  

Falando agora particularmente, se tem uma coisa que eu gosto é de ficar em casa curtindo um filminho ou uma série no som bacanudo do meu home theater, mas mesmo com a facilidade que os serviços de streaming proporcionam —incluindo aí os preços mais baixos em comparação com todo o rolê que inclui uma "simples" ida ao cinema — na minha visão, nada se compara à experiência de ver um filme na telona.



Em minha infância eu não tive muitas oportunidades de ir ao cinema — toque a música triste do Hulk em sua cabeça. O primeiro filme que assisti em tela grande foi O Rei Leão (1994) e só consegui ir de novo no final do século para assistir Star Wars - Episódio I e o Fim dos Dias com o Schwarzenegger. Já no século XXI, quando consegui ir assistir o Homem Aranha (2002) no cinema, a experiência foi inacreditável e tenho lembranças até hoje da sensação incomparável de estar em uma sala confortável, com ar condicionado, ouvindo a reação das pessoas ao meu redor com as cenas impactantes e o cheiro da pipoca no nariz. Acho todo o clima do cinema algo maravilhoso até hoje e a menos que eu ganhe na Mega Sena e possa construir uma sala de cinema em casa, nunca vou poder reproduzir toda essa experiência, por melhor que seja a banda de internet ou melhor que seja o áudio de meu home theater

Você é velho, Rodman! Ninguém gosta mais de cinema lotado, gente levantando no meio do filme, falando alto, usando o celular! O esquema é streaming! 

Tô ligado, jovem padawan!

Eu mencionei antes a sensação de poder ouvir a reação das pessoas ao meu redor ao filme, mas até mesmo quando a sala do cinema está quase vazia AINDA assim vale a experiência. Em 2019 posso dizer que não encarei mais do que duas ou três sessões cheias em cinema e a grande maioria foi na tranquilidade. Ar condicionado no talo, som mais alto que a mastigação da pipoca e uma tela gigante em minha frente me fazendo esquecer dos problemas por duas horas.



Eu tenho quase um caso de amor com o cinema e até mesmo os filmes mais horríveis parecem ganhar uma aura diferenciada na projeção. É algo difícil de explicar. 

A explosão dos serviços de streaming vai trazer uma comodidade que muita gente sempre quis ter de ver seus filmes preferidos em casa, esticadão no sofá ou na cama, sem precisar enfrentar filas, sem ter que procurar vagas de estacionamento ou do incômodo que é ter gente falando alto enquanto o filme está sendo projetado. No entanto, não há como negar que daqui a pouco tempo, pagar uma sessão de cinema não vai ser quase nada comparado aos valores acumulados que vão acarretar assinar três, quatro serviços diferentes para se ter o privilégio de ver um filme em seu lançamento, sem falar nas taxas extras (não é mesmo dona Disney?).  

Você pode estar lendo esse artigo em seu celular com uma banda de fibra ótica de 200 milhões de megas, mas é importante lembrar que tem lugar no Brasil que mal chega 1 Mb de velocidade, além do que a interrupção de banda causa um desconforto inacreditável no meio de um filme ou de um episódio de série. Para quem não tem uma internet decente em casa ou sequer pode se dar ao luxo de assinar Netflix, Amazon Prime Vídeo, Globoplay, Disney + e a vindoura HBO Max — ainda sem data de estreia no país da antivacina — todas de uma vez, uma sessão de quarta-feira a R$ 10,00 no cinema viria muito bem a calhar!

Por enquanto, ainda não está declarado o fim oficial dos cinemas, que continuarão moribundos no próximo ano ainda sob efeito da pandemia do Covid-19, mas se você tem algum bom senso e preza pela vida de seus entes queridos — pelo menos aqueles que não são bolsominions — não vai ser tão cedo que iremos rever cenas como o cinema levantando de emoção enquanto o Capitão América empunha o Mjolnir em Vingadores - Ultimato.

Fala a verdade... nenhum serviço de streaming jamais vai proporcionar a emoção de ver uma cena como aquela em meio a uma galera tão emocionada e vibrante quanto você. Esse tipo de coisa nunca mais vai acontecer. Uma pena.

Estamos ficando velhos, Magneto!

P.S. - Eu não sou muito bom de matemática, mas tendo em vista que você seja um entusiasta dos serviços de streaming e não queira ficar para trás nas rodas de conversas sobre os filmes e séries mais comentados da semana, você teria que desembolsar os já costumeiros R$ 32,90 da Netflix — afinal, você não quer perder Os Cambitos da Rainha e nem a última temporada de La Casa de Papel! —, os R$ 9,90 da Amazon Prime, os R$ 37,90 da Disney + — pra deixar o Mickey ainda mais rico e também para ver o Baby Yoda — e se quiser aproveitar o combo Disney + e o Globoplay, R$ 43,90. Dá para ver o Faustão ao vivo no domingo, conferir a excelente série Desalma e ainda rever o Pescador Parrudo em Kubanacan. Como disse, sou péssimo em contas, mas chutando por alto, se você quiser mesmo ser O entusiasta do streaming — e sem contar com a sua conta no Spotify ou no Deezer — você vai ter que desembolsar o valor módico de R$ 86,70 mensais... ou algo próximo a isso. Se você tiver namorada (o), é mais ou menos o que gasta a uma ida com ela (o) ao cinema, mas sem as experiências já comentadas anteriormente.

P.S. 2 - Rod Rodman ainda não assinou o Disney +... quem sabe ele se decida quando chegarem as séries da Marvel por lá! 

NAMASTE!   

22 de julho de 2020

Crônica de um romântico idiota


Eu sou aquele amante à moda antiga, do tipo que ainda manda flores...”, já diria o Roberto. É assim que me sinto às vezes nesse mundo tão acelerado onde tudo é tão efêmero e sem sentido. Num dia se está completamente apaixonado por alguém, no instante seguinte você está bloqueado, excluído e quiçá esquecido no Facebook desse mesmo alguém. Bizarro, muito bizarro.
Ser romântico e se entregar a relacionamentos não dava certo, e por isso eu não queria mais namorar. Não estava completamente feliz com minha vida de “passador de rodo”, mas também não queria me envolver seriamente com ninguém pelo simples fato do que isso significa a longo prazo: Uma porção de dores de cabeça e em especial um coração ferido e maltratado. 
Felícia me encontrou assim, ferido e cansado de sofrer. Mais de um ano em uma fossa profunda de onde eu ainda estava aprendendo a sair vagarosamente, cuidando de meu jardim para que as borboletas voltassem a sobrevoar. Afinal, ninguém consegue viver sozinho por tanto tempo... Mesmo que isso signifique ficar com várias pessoas erradas até encontrar a certa. Se é que essa desgraçada existe. 
Deixe-me contar um pouco sobre Felícia.
Nunca a tinha visto antes por ali. A primeira vez se deu quando uma pessoa me apresentou dizendo que ela havia me chamado de chato, sem nem ao menos eu saber de quem se tratava. Com sorriso largo ela me explicou que “não havia dito aquilo” ou que “não era verdade”, sei lá, mas não dei grande importância a isso. Fatos cotidianos em uma profissão em que “conhecemos” muita gente que nem ao menos sabemos o nome. 
Felícia era o nome dela.
Isso vim a saber mais tarde pela mesma pessoa que nos apresentou. Ela tinha algo que me chamava atenção. Não eram os cabelos loiros, nem a roupa que usava... O sorriso. Acho que era o sorriso. Largo, sincero. 
Nosso segundo contato foi quando ela apareceu na porta da sala do trabalho e me pediu em tom meio sussurrante que eu a adicionasse no Facebook. Brinquei que não podia fazer aquilo, pois estávamos proibidos de fazer tal ação na época. Era verdade, tínhamos que evitar contatos excessivos entre funcionários, nada de beijinhos, abraços ou contatos além daqueles necessários, mas algum tempo depois infringi essas regras, e a procurei na Rede Social. Ela estava com uma criança no colo na foto de perfil, dei uma fuçada de leve em seu álbum, em suas postagens e não percebi nada de mais. Nenhum sinal de namorado, ficante, peguete e afins. Sempre começo por essa parte. 
O terceiro contato foi um beijo no ar que ela me mandou através do vidro da mesma sala e que me deixou intrigado. “Hmm, acho que rola um interesse”, pensei eu na ocasião. Mais tarde ela me confessou que não havia, o que me levou a elaborar outra teoria: “Deve fazer com todo mundo então. Nada de especial”. 
Ironia do destino ou não, depois que seu nome já havia se tornado recorrente quando conversava com aquela pessoa que nos apresentou, eu vim a substituir o dito cujo em suas férias trabalhistas, e acabei me tornando mais próximo de Felícia e seus amigos. De uma forma ou de outra, com essa aproximação, ela realmente começou a apresentar interesse (desta vez era, não é possível!). Começamos a conversar pelo Messenger do Facebook cada vez com maior frequência e deixamos de ser estranhos um para o outro. Em certo grau pelo menos. Sem saber, eu estava à procura de uma companheira SIM, embora meu cérebro gritasse “é fria, filho da puta!”, e quanto mais descobria sobre ela, mais me interessava. “Ela gosta de séries e do Homem de Ferro! Porra! Não pode ser algo ruim!”, pensei, e continuei me enganando enquanto me envolvia em conversas cada vez mais reveladoras. 
Uma das primeiras características que descobri sobre Felícia era que ela era extremamente ciumenta e possessiva, algo que também considero um dos meus piores defeitos. Dizem que quem sente ciúmes é porque tem medo de perder aquilo que possui, e pra mim isso sempre rolou como um mantra sagrado, embora eu soubesse que os ciúmes sufocam a pessoa amada a ponto dela não querer mais que você se preocupe com ela. No caso de Felícia, ela deixava explícito, mesmo antes de namorarmos, que não gostava que eu tivesse qualquer contato mínimo que fosse com qualquer outro ser humano do sexo feminino. Apelidinhos a outras meninas então estavam totalmente proibidos, e às vezes eu recorria a certos diminutivos na hora de chamar uma fulana ou outra. Ela mesma eu aprendi cedo a chamar de “”. Achava carinhoso, e imaginava que aquilo nos aproximava. Pelo menos em minha cabeça. 
O fato é que a evolução de nossos papos via Facebook aconteceu naturalmente, seus ciúmes aumentaram e meu interesse por ela também. Na época eu estava de rolo com outra moça que trabalhava na mesma empresa. Não tinha qualquer interesse conjugal com ela, e em minha mente comecei a imaginar se Felícia, por sua vez, daria, quem sabe, uma boa namorada. “Já faz algum tempo, hein, Rodrigo. Ela é divertida, bonita, inteligente e gosta de séries e do Homem de Ferro, quem sabe rola?”. 
Já havia me ferrado muitas vezes em minha vida devido minha sinceridade, mas resolvi jogar logo todas as cartas na mesa com ela. Se Felícia ia se interessar, queria que fosse pelo Rodrigo de verdade, e não um amante latino que eu podia muito bem inventar por mensagens. Ela conhecia meu lado profissional e por mensagens conhecia quem eu era de verdade. E o que sou? Um romântico idiota com a sensibilidade de uma menina de 8 anos que não aprende com os erros. 
Eu vinha de um relacionamento que tinha acabado do nada e que havia me destruído emocionalmente (devido essa minha tolice de sentimentalismo). Contei tudo para ela. O que tinha passado, como me sentia e ela começou a me dar forças a sair daquela posição passiva em que me encontrava. Vários amigos haviam tentado antes, “sai dessa”, “não tem só ela de mulher no mundo”, “sai comendo as piranha tudo”, “dá o troco, engravida outra!”, mas claro que nessas horas palavras entram por um ouvido e saem por outro sem qualquer efeito. Nunca curti conselhos e nem autoajuda. Sempre achei melhor me entregar à depressão. Era mais fácil do que aceitar a realidade de que, enfim, meus amigos estavam certos. Era hora de partir para outra. 
As palavras de Felícia de que “eu era um idiota por achar que nenhum relacionamento mais daria certo apenas porque um foi uma bosta” entraram em minha mente, não porque ela era mais convincente do que meus amigos, mas porque eu achava que ela dizia aquelas coisas porque ela mesma queria ser o agente transformador da minha vida. “Ei, grande imbecil! Eu quero fazer a diferença. Me deixa ser a pessoa que vai mudar sua ideia quanto a relacionamentos!”. E a esperança nasceu novamente.
A segunda etapa de nosso “quase” relacionamento se deu quando ela me apresentou um aplicativo de celular chamado Whatsapp, que eu desconhecia. Quando indaguei de o porquê ela queria que eu instalasse, ela foi curta e grossa: “Vou fazer você se apaixonar por mim!”. Gargalhei por horas daquela observação. Eu estava interessado sim por ela, apesar de seu gosto peculiar por caras de barba e cheios de tatuagens, porém achei graça de sua petulância em dizer que eu iria me apaixonar por ela se conversássemos através do tal aplicativo. Instalei tão logo ela me mostrou o caminho das pedras e de lá pra cá, iniciamos uma forma de contato mais direta e mais simples. Como eu havia usado de sinceridade o tempo todo sobre minhas fraquezas (ignorando o manual do macho que diz que NUNCA devemos expor nossas fraquezas às mulheres), ela talvez tenha pensado o mesmo, e confessou algo que pela primeira vez me fez sentir certo desprezo por ela, algo que até então me parecia improvável. Felícia fumava, e aquela era uma das poucas regras, mas importantes, que eu impunha a mim mesmo na hora de um relacionamento. Fumar era sacanagem. Em minha mente era como se a telinha de Felícia tivesse se apagado na abertura do Big Brother, e depois daquela revelação desconsiderei completamente iniciar qualquer relação com ela. 
Podem me acusar do que quiser. Preconceituoso, frescurento, intolerante. Foda-se. Detesto drogas, cigarros e detesto quem faz uso desse tipo de substância. 
Mas era a Felícia... Minha candidata à namorada. A primeira em muito tempo. 
Dei-lhe uma chance e ela pareceu realmente disposta a largar o “vício” em nome daquilo que eu demonstrava querer com ela. 
Quando veio o primeiro encontro, achei que finalmente a coisa ia engrenar. Me preparei fisicamente e mentalmente para aquilo. Coloquei uma roupa bacana (nem lembro qual!), passei perfume... Mas no final, acabei sendo eu mesmo, nada de personagens. Ao vivo é mais difícil fingir ser outra pessoa. Fomos ao cinema. Ela estava maquiada, bonita, mas seu perfume me incomodou... Suas atitudes também. Dentro do cinema não rolou nada demais. “Ei, é um primeiro encontro! Esperava o que?”. Vimos o filme, comemos pipoca (sem sal) e depois a acompanhei até o ponto de ônibus. Tive a amarga sensação de que eu não a conseguia agradar com meu humor natural. (Sério! Eu não forço pra ser bobo. Eu SOU!). Pelo contrário. Ela parecia detestar tudo que eu falava. Dava cortes secos e às vezes até patadas. Achei desagradável. Foi ali que descobri que além de ciumenta, ela era meio estúpida. Não por querer, talvez, mas me senti meio que acuado. Apenas um pensamento vagava em minha mente... “Como lidar?”. Não havia respostas. 
O primeiro beijo rolou, com direito a mordidas e tudo mais. Foi breve. Esperava mais, mas pra um começo estava bom. Fui pra casa com a sensação de “Hmm... talvez não tenha sido uma boa ideia”, mas depois resolvi insistir. A primeira impressão não era a que ficava.   
Nossos encontros posteriores, sempre difíceis e com aquele clima de “sou casado e minha mulher não pode ficar sabendo” por causa da condição lá da empresa, foram melhorando o clima entre nós. No terraço de um Shopping, com vista a um estacionamento (muito romântico!), no entanto, que conheci Felícia de verdade (ou o que eu pensava ser). As conversas não duravam mais do que três horas, porém os contatos faziam valer a pena. Seus belos olhos negros não fitavam os meus, mas seu abraço aconchegante estava sempre presente. Os beijos rápidos eram característica dela mesmo, não era só uma primeira impressão. Fugia sempre que podia deles. Mas todo o resto era muito bom. Vai saber... de repente eu que beijo mal pra caralho e nunca ninguém havia me dito aquilo! 
Ali naquele terraço aprendemos que também discordávamos muito fácil um do outro, e que ela tinha um lado competitivo muito grande, que a fazia entrar em conflito comigo por qualquer assunto. Eu não sabia se era sua personalidade que era forte demais ou se ela simplesmente era uma teimosa de primeira estirpe, daquelas que não aceitava estar errada em nenhum momento. Sempre tive problemas com capricornianas...  
Foi naquele terraço que também aconteceu uma das coisas que acabou definindo nosso relacionamento, e aquele, segundo ela mesmo, também foi o motivo definitivo que a fez acreditar que eu era o cara certo para ela. Nem estávamos namorando oficialmente ainda (apenas extraoficialmente) e já falávamos de nossos filhos. Decidimos até os nomes dos dois. Bianca e Henrique. 

Nunca soube se ela fez aquilo de caso pensado ou se foi por pura intuição feminina, mas quando ela descreveu a cena mais linda de todas, eu não pude conter as lágrimas que se formaram em meus olhos. Sempre quis ter um filho que eu pudesse doutriná-lo ao caminho da Força e que eu pudesse ensiná-lo que com Grandes Poderes vem Grandes Responsabilidades de maneira que ele acabasse gostando das mesmas coisas que eu, e quando ela descreveu nosso pequeno Henrique correndo para mim sentado no sofá e dizendo que queria ver desenho comigo e que a mamãe não queria deixar, e que esse mesmo menino estava com uma capa presa às costas, tipo um super-herói, aquilo mexeu comigo de uma forma que nunca antes havia acontecido. Eu pensava em ter filhos, mas a mãe desse filho nunca estava clara em minha mente. O fracasso dos demais relacionamentos havia matado esse desejo, e Felícia soube trazê-lo de volta de maneira muito sutil. De repente eu vi em seu rosto a mãe que eu queria dar ao Henrique, e um sentimento inédito me tomou. Ela usou aquela cena mais vezes em nossas conversas, e em todas eu fui às lágrimas. Era aquilo que eu queria. Era Felícia que eu queria. Descobri que ela estava certa. Eu havia me apaixonado por ela... 

PS. - Esse trecho foi tirado de um e-mail antigo que seria enviado para a tal Felícia, mas que nunca foi concluído. Estava perdido nos rascunhos de uma conta antiga do Outlook.
O namoro acabou porque ele começou por um motivo todo errado. Felícia na verdade tinha ficado com "a tal pessoa" mencionada no texto que os tinha apresentado, mas sempre negava isso a Rodrigo, dizendo que "nada a ver". Ela tinha ficado com Rodrigo apenas como uma maneira de fazer ciúmes a tal pessoa — já que todos eram de um mesmo ambiente da empresa — e ao mesmo tempo tentar esquecê-la. Logo, ela mentiu o tempo todo para Rodrigo, que trouxa, acabou se apaixonando de verdade por ela.
Felícia só foi admitir às lágrimas a Rodrigo o caso anterior com a outra pessoa (que era casada e com FILHOS!) no dia em que eles terminaram o namoro, na escadaria da casa dela.
Rodrigo tem a aliança do namoro guardada até hoje... PARA LEMBRAR O QUANTO ELE É UM TREMENDO OTÁRIO!
Enquanto eles ficaram juntos, a tal pessoa fazia vários tipos de picuinhas e inventava um sem número de historinhas para que Rodrigo e Felícia se separassem.
Rodrigo assistiu Man of Steel com Felícia no cinema... E ele chorou vendo a cena em que o pequeno Clark Kent aparece no quintal de casa fazendo pose de herói... com uma capa amarrada nas costas. Isso foi depois da fantasia que Felícia contou a ele sobre o filho deles.
Bem depois do término, por WhatsApp, Felícia falou a Rodrigo em tom agressivo que "por sem quem você é, VOCÊ VAI ACABAR MORRENDO SOZINHO!". Rodrigo teve outros namoros depois dela... Ainda não morreu (até a conclusão desse post), mas está sozinho. Praga de ex pega.
"Felícia" é um nome fictício para ocultar a verdadeira identidade da garota, mas essa é uma história real.
NAMASTE!

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