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26 de novembro de 2020

A última temporada de Demolidor e Justiceiro



Para fazer e mente aquietar um pouco durante a pandemia — que para muita gente já até acabou! — eu tenho assistido muitos filmes e séries, mas se engana quem acha que é só coisa nova. Porra nenhuma! Eu tenho revisto muita coisa velha e até tenho aproveitado para consumir material que já foi lançado há algum tempo, mas que eu nunca tinha sentado para ver.

Nesse Combo Breaker nostálgico, vou falar minhas impressões sobre a terceira (e última) temporada do Demolidor da Netflix e a segunda temporada do Justiceiro.

SIGAM-ME OS BONS! 

DEMOLIDOR (Terceira Temporada)

Eu já tinha assistido a última temporada do Demolidor na época em que ela foi lançada, em 2018, mas foi como se o impacto do cancelamento da série só tivesse me atingido agora. Eu sou um grande fã do Demônio Audacioso de longa data — looonga mesmo! — e fiquei bastante empolgado quando surgiram os boatos que o personagem ia ganhar um seriado próprio lá por 2015. Escrevi alguns posts de expectativa, falei sobre as outras temporadas, mas acabei não tendo saco para falar sobre a última, que não deixa NADA a dever para as anteriores. 



O grande problema das séries Marvel/Netflix foi a quantidade exagerada de episódios que as tornou, em muitos casos, excessivamente arrastadas, e isso era uma questão grave para uma história que em seu cerne, deveria conter mais ação do que falação — dando mais uma vez o exemplo de Punho de Ferro, que com segurança é a pior da safra! No caso de Demolidor, no entanto, seja por ele ser meu personagem preferido de todos os que ganharam vida pela Netflix ou seja porque sua série era realmente melhor, eu veria tranquilamente mais 13 episódios, mesmo que Matt Murdock (Charlie Cox) aparecesse mais do que o Demolidor, como já acontece nessa season finale

Nessa terceira temporada, após os acontecimentos de Os Defensores (que eu resenhei aqui), Matt vai parar de volta ao orfanato onde cresceu depois do assassinato de seu pai, e lá, sob os cuidados da Irmã Maggie Grace e do Padre Paul Lantom (Peter McRobbie), ele enfrenta o peso das escolhas que fez em vida, começando a renegar sua antiga identidade do advogado cego Matthew Murdock.



Em doses excessivas de sua própria autopiedade e sendo alvo do sarcasmo da Irmã Maggie (Joanne Whalley em ótima atuação), que já havia cuidado dele quando criança, Matt vagarosamente tenta retomar sua vida de vigilante mascarado — desta vez sem usar o traje reforçado criado para ele por Melvin Potter — saindo à ruas noturnas de Hell's Kitchen e descobrindo que as coisas por ali não melhoraram em nada após o sumiço do Demolidor. 



Em paralelo à tentativa da retomada de "carreira" de Matt, nós acompanhamos a recuperação de Wilson Fisk (Vincent D'Onofrio) a seu posto de o grande chefão do crime organizado, e mesmo preso — desde a primeira temporada — ele continua manipulando a tudo e a todos para alcançar seus objetivos, inclusive conseguir uma prisão domiciliar no topo de um dos prédios mais luxuosos das cidade — que é de sua propriedade. Longe das grades da penitenciária e com um sistema de vigilância próprio em sua nova "prisão", Fisk busca eliminar todos que o impedem de ascender ao topo do submundo como o Rei do Crime e isso inclui, óbvio, o herói da Cozinha do Inferno a quem ele dedica uma atenção especial — desta vez já sabendo que o advogado cego e o vigilante mascarado são a mesma pessoa. 



Um dos que são manipulados por ele é o agente do FBI Ray Nadeem (Jay Ali), que mesmo sem saber do quão está sendo manipulado por Fisk, acaba fazendo tudo que o chefão precisa para tornar sua vida melhor, caçando o Demolidor — que acaba se tornando o inimigo público nº 1 — e prendendo os demais chefes de gangue da cidade numa "delação premiada" que deixaria a Lava Jato brasileira com inveja! 



Nesse ínterim, um dos agentes do FBI que trabalha com Nadeem, chamado Benjamin Poindexter (Wilson Bethel), acaba sendo usado como bode expiatório depois que recorre à violência excessiva para abater os criminosos que tentaram matar Fisk durante seu transporte da penitenciária. O agente vê sua carreira ir para o buraco enquanto o Rei do Crime ganha cada vez mais regalias em sua prisão domiciliar fajuta, o que o desestabiliza emocionalmente. Fisk descobre que o homem que o salvou possui diversos problemas psiquiátricos originados ainda em sua infância, além de transtornos de ansiedade e problemas para controlar sua raiva. De maneira muito arguciosa, o chefão manipula esses fatos a seu favor e transforma o habilidoso Poindexter — que tem uma mira infalível! — em seu maior aliado, colocando-o contra seu pior adversário, o Demônio de Hell's Kitchen. 



A forma como toda essa trama é conectada desde o primeiro episódio é fantástica e o roteirista Drew Goddard nos coloca a roer as unhas enquanto o Demolidor vai se enrolando cada vez mais numa teia de intrigas e traições à medida que o Rei vai se aproximando para lhe dar o bote final. Eu assisti essa temporada duas vezes, com o intervalo que comentei no início do texto de dois anos, e nessa segunda vez foi como se eu estivesse vendo a primeira vez. Embora eu já soubesse o que acontecia nos pontos-chave da história, muito sobre a trama política que Wilson Fisk usa para se safar da justiça eu tinha esquecido completamente. A maneira como ele manipula Dex para que ele se torne seu parceiro é incrível e não soa como algo forçado, já que o personagem sofre de diversos problemas psiquiátricos graves que o tornam vulnerável a essa manipulação. Aliás, palmas para como o Mercenário foi trazido à vida na série. Além da ótima atuação do ator Wilson Bethel, seus traumas de infância, seu descontrole emocional — ao mesmo tempo contraposto com seu TOC — e a maneira como ele se treinou para ser fisicamente imbatível dão ao Ben Poindexter de Demolidor todas as condições para que ele seja o rival perfeito do personagem-título. Destaque para o primeiro embate entre os dois no prédio de O Boletim em que, trajado como o Demolidor, Dex usa artigos de papelaria para acertar Matt, transformando tesouras, clipes de papel e até um grampeador em armas mortais de arremesso! 



Ao final dos 13 episódios, com o combate final entre Murdock, Fisk e Poindexter e com a restituição da firma de advocacia de Nelson e Murdock — e Page! — fica aquela sensação que cabia ali uma quarta temporada, além de um sentimento meio que de abandono. Por mais que se critique a forma meio covarde que a Marvel lidou com os personagens nas séries em parceria com a Netflix, falando que eles pertenciam ao MCU, mas ao mesmo tempo escondendo seus ovos de ouro, sem deixá-los ao menos serem citados nos episódios, é fato que mesmo isoladamente, Matt Murdock e todo o elenco de Demolidor funcionam muito bem e mereciam um melhor tratamento futuro. 

A parceria entre Marvel e Netflix foi encerrada por conta da criação do serviço de streaming próprio da Disney — o Disney+, que estreou recententemente no Brasil — e embora ainda possamos assistir Demolidor, Jessica Jones, Justiceiro, Punho de Ferro, Luke Cage e Os Defensores na locadora vermelha, é fato que nada mais acerca desses personagens vai ser criado para a marca. Gostaríamos muito que a própria Marvel ressuscitasse todos eles desta vez em sua própria casa — o Disney+ —, usando, quem sabe, até o mesmo elenco, mas é difícil dizer o quanto disso seria possível, já que envolve direitos de imagem, contratos vigentes e uma caralhada de coisas que entendemos tão pouco. Assim como aconteceu no período em que tanto o Demolidor quanto o Justiceiro estavam licenciados para a FOX — e sofreram com aqueles filmes merdas na era pré-MCU —, é necessário que se espere um tempo até que os personagens possam ser usados novamente em outras mídias e temo que nesse meio-tempo, os atores talvez não estejam mais disponíveis ou interessados em participar de um vindouro projeto de ressuscitação. 

Vincent D'Onofrio foi um dos que se posicionou sobre o fim da série e mencionou que gostaria de voltar ao papel de Wilson Fisk. Duvido que Charlie Cox, Deborah Ann Woll e Elden Henson não topassem voltar também, já que não fizeram nada de muito relevante depois de 2018.     

NOTA: 9

O JUSTICEIRO (segunda temporada)

Eu fui um daqueles caras que simplesmente largou as séries da Marvel/Netflix assim que foi anunciado que todas elas tinham sido canceladas, e confesso que não tinha visto a segunda temporada de O Justiceiro até esses dias. 

Eu tinha detestado a primeira temporada e fui um dos que critiquei fervorosamente o ritmo cansativo que a série própria do personagem tinha ganhado após sua excelente apresentação ainda na segunda temporada de Demolidor. Todo fã de quadrinho sabia o potencial que o Justiceiro tinha para ganhar um live-action decente e após três adaptações lamentáveis para os cinemas — duas dos quais eu destrinchei lá no início do Blog do Rodman — precisávamos de uma adaptação decente do personagem, e ela surgiu na pele do ótimo ator Jon Bernthal, que convenhamos, nasceu para ser Frank Castle!



A primeira temporada foi uma bosta, mas construiu todos os elementos que conduziram a segunda temporada, bem como também criou o principal adversário de Castle — seu ex-companheiro fuzileiro Billy Russo —, deu a ele um suporte importante dentro das forças da lei — a agente Dinah Madani (Amber Rose Revah) — e carta branca para começar uma vida nova, sob a identidade de Pete Castiglioni



Vagando pelos EUA de bar em bar, vemos agora Castle tentando levar uma vida pacata, longe dos problemas que o transformaram no Justiceiro. De passagem pela cidade, ele encontra a companhia da atendente de bar Beth Quinn (a maravilhosa Alexa Davalos) após defendê-la de uma tentativa de assédio, e essa é a primeira vez em muito tempo que vemos Frank tentando dar continuidade à sua vida, após o trauma de perder a esposa e os filhos — e com a alma lavada por acreditar que fez todos os culpados por seus assassinatos pagarem caro. 



Mas essa é uma série do Justiceiro, amigo, e como devia ter sido desde a primeira temporada, é claro que Frank Castle não encontra a paz que precisa e acaba se envolvendo até o pescoço numa trama política de chantagem, assassinatos e perseguições implacáveis que o fazem querer salvar a pele da jovem Amy (Giorgia Whigham) — que é atacada por combatentes fortemente armados — e fugir com ela não só do bar de Beth como também através do estado.  



Sem entender à princípio onde se meteu, Frank faz de tudo para manter a garota viva, enquanto um misterioso e habilidoso perseguidor contratado para matar Amy e recuperar as fotos comprometedoras de um senador que estão em sua posse, segue a dupla. O homem conhecido apenas como John (Josh Stewart) lidera uma equipe especial de agentes impiedosos e (quase) tão habilidosos quanto Frank e conforme os dois fogem do homem vestido feito um pastor de igreja, Castle vai descobrindo aos poucos os segredos de sua jovem parceira e o que, afinal, ela tem que tanto interessa aos criminosos, que não se importam de deixar um rastro de sangue por onde passam.

Em paralelo a essa fuga desesperada de Frank e Amy, vemos que Billy Russo (Ben Barnes) não só sobreviveu a seu último encontro com Castle, como tem se recuperado lentamente no hospital, onde está sendo atendido pela psiquiatra Krista Dumont (Floriana Lima, a Maggie Sawyer de Supergirl). Enquanto a agente Dinah Madani — que foi atingida por um tiro disparado por Russo — faz marcação cerrada ao ex-amante no hospital, ela faz de tudo para desmascarar — não literalmente, é claro! — seu agressor, dizendo que ele está mentindo sobre sua condição de amnésico, e que ele se lembra SIM, de tudo que fez, tanto a ela quanto a Castle e sua família. 



Os destinos de Castle, Russo e Madani voltam a se cruzar mais pra frente na temporada, e a certo ponto da trama vai dando aquele cagaço de que os roteiristas da série (dentre eles o showrunner Steve Lightfoot) não saibam como amarrar todos os nós que vão sendo deixados soltos pela temporada. Eu cheguei a pensar que não teria como resolver as tramas isoladas de Billy Russo com a da perseguição de John Pilgrim a Frank numa mesma temporada, mas a maneira como tudo é amarrado em um conflito até bem direto me deixou descansado. 

Tudo que reclamei de The Punisher Season 1 virou passado com a excelente segunda temporada que soube equilibrar muito bem os momentos de diálogo com os de ação. Mesmo a trama meio chata do personagem John Pilgrim — que tem um passado envolvendo grupos supremacistas brancos — e sua devoção à religião enquanto mata pessoas a mando de Anderson Schultz — a quem ele está ligado por conta de uma dívida — é muito bem diluída na trama principal e não chega a comprometer o seu ritmo como um todo. Schultz (Corbin Bernsen) é o pai do senador a quem as fotos em posse de Amy comprometem — mostrando um caso homossexual do político — e sua esposa, vivida por Annette O'Toole (a mãe de Clark Kent em Smallville) está em posse da mulher doente — com câncer terminal —  e dos filhos de Pilgrim, fazendo assim com que o matador de aluguel fique à mercê dos criminosos em pele de cordeiro. 



A grande surpresa do elenco é mesmo a Amy de Giorgia Whigham (de 13 Reasons Why) que não só funciona muito bem como a parceira mirim do Justiceiro — e quem diria que um dia íamos dizer isso! — como também puxa nossa torcida inteira por ela, já que a garota é extremamente carismática. É inegável que depois que a salva das mãos da gangue de Pilgrim no bar de Beth, Castle acaba criando um laço paternal com a menina e isso se desenrola numa das mais bonitas relações de pai e filha que já vi nas séries da Marvel. Quando Castle diz a John que faria tudo por Amy enquanto ela está na mira de seu revólver, as lágrimas rolam nos olhos de Amy, nos de Castle e também em quem está assistindo. Porra! Que momento foda! 



Se alguém me dissesse de antemão que o Justiceiro ia ter a sua "Robin" nessa temporada, eu teria desacreditado completamente, mas essa parceria acabou sendo um dos pontos mais positivos da temporada toda, que contou também com ótimas atuações de Jason R. Moore como Curtis Hoyle — que é a consciência moral de Frank — e do próprio Ben Barnes, que deu a seu Billy Russo / Retalho um ar de psicopatia bastante interessante, já que ele realmente não sabia o que tinha feito à família do amigo Frank Castle, embora fosse atormentado noite após noite com a caveira símbolo do Justiceiro em seus pesadelos.



A caracterização da série só pecou em uma coisa: As cicatrizes de Russo!

Caralho! Como alguém que teve a cara esfregada em cacos de vidro fica tão bem apresentável assim depois de tudo? Olhando para sua cara, dá a impressão que Billy Russo só teve um entrevero sério com um gatinho de estimação, saindo um pouco arranhado, e não que teve o rosto moído em um espelho quebrado! 

Os cirurgiões plásticos que cuidaram do cara são bons demais! Séloko! 



Eu adorei essa segunda temporada e ela mal acabou e eu quase dei play no primeiro episódio de novo só para rever tudo com mais calma. Por um lado, até foi bom ter visto com esse intervalo entre o cancelamento da parceria Marvel/Netflix e a estreia da Disney+, assim pelo menos, eu me afastei do hate em que estava após ter detestado a primeira temporada. Agora eu até apoio uma terceira temporada e o próprio Jon Bernthal — o melhor Justiceiro EVER! — chegou a se pronunciar nas redes que não seria impossível uma continuação da saga de seu Frank Castle, agora pela Marvel. Vamos ver no que vai dar. 

NOTA: 9

Leiam também quais eram as minhas expectativas para a primeira temporada de Demolidor lá em 2015:



Minha crítica às modorrentas temporadas de Punho de Ferro e Luke Cage:



E o que achei sobre a primeira temporada de Justiceiro, a segunda temporada de Jessica Jones e o crossover entre eles, Os Defensores:



P.S.: E quando a gente achava que o assunto já estava morto e enterrado, às vésperas dos direitos de uso do Demolidor retornarem exclusivamente para a Marvel, começou a rolar uma petição para salvar a série e ninguém menos que o próprio Vincent D'Onofrio está participando, pedindo aos fãs que assinem. Uma hashtag também foi criada para mostrar aos executivos da Marvel o interesse das pessoas num possível retorno da série. Basta tweetar #SaveDaredevil e assinar a petição online aqui!  



NAMASTE! 

23 de novembro de 2020

Os Novos Mutantes - O Review

Embora parecesse fadado ao esquecimento após tantos adiamentos, Os Novos Mutantes acabou sendo lançado em meio à pandemia de Covid-19 e não recebeu nem de perto a mesma atenção que os demais filmes dos X-Men sempre tiveram nos cinemas. Com mais de 50% das salas de exibição ainda fechadas nos Estados Unidos por conta da pandemia, não parecia mesmo ser o destino da produção dirigida por Josh Boone ganhar a luz dos holofotes, e assim, sua divulgação acabou sendo bastante pífia, bem como a recepção que o filme teve. 

No Brasil, país com uma média de mortes por Coronavírus ainda elevada, a estreia de Os Novos Mutantes rendeu R$ 1 milhão em seu fim de semana de estreia e foi o filme mais visto nos cinemas do período. Globalmente, o filme já arrecadou cerca de US$ 30 milhões, valor bem abaixo de seu orçamento (US$ 80 milhões), mas algo a se pensar, já que embora estejamos enfrentando uma das piores pandemias mundiais, ainda tem gente saindo de casa para ir ao cinema. 


Em janeiro, eu me propus a falar um pouco sobre a expectativa para o lançamento da produção, que à época, iria estrear em abril — e teria acontecido, se não fosse a pandemia —, e no texto eu falei um pouco sobre as polêmicas envolvendo o filme e o que se esperava dele. Agora, após ter assistido, vou colocar aqui alguns pontos que considero positivos e negativos. Sigam-me os bons!


PONTOS POSITIVOS

O diretor Josh Boone (de A Culpa é das Estrelas) não pode ser culpabilizado por todos os perrengues que a produção de Os Novos Mutantes enfrentou para poder ser lançada — dentre os quais refilmagens e a compra da FOX pela Disney no meio do caminho —, por isso, ele fez até que um trabalho bem competente dentro daquilo que ele tinha de material para usar. O filme conta com um elenco jovem bastante promissor — destaque para Anya Taylor-Joy, protagonista de O Gâmbito da Rainha, série de sucesso na Netflix — e a direção de cenas não compromete o desenrolar da trama, que é até bem simples. 


Josh Boone trampando
Josh Boone dirigindo Anya Taylor-Joy e Charlie Heaton

O filme não tem grandes reviravoltas de roteiro ou cenas muito impactantes de ação, mas quando bota os personagens para se mexerem, mostra que dá para fazer bem mais do que a mesmice de cenas repetidas à exaustão na franquia X-Men de Simon Kinberg (e eu falei um pouco disse no post sobre X-Men - A Fênix Negra). 


Dando aquela espiadinha

O clima de terror imposto aos protagonistas pela vigilância incessante da Dra. Cecilia Reyes (Alice Braga) em sua sala de controle do hospital — que faria o Boninho do BBB ficar com inveja — e também por aparições inexplicáveis que começam a aterrorizar os adolescentes após a chegada de Dani Moonstar (Blu Hunt) ao local, cria ótimas sequências de susto e perseguição, o que diferencia o filme dos demais X-Men em sua essência. 

Dra. Reyes na sala de vigilância do BBB
A sala de vigilância de Boninho Reyes

Embora os demais personagens não saibam à princípio quando ela se junta ao grupo após um acidente que matou toda sua família, a jovem descendente da tribo Cheyenne possui o dom de trazer à realidade o maior medo das pessoas e isso causa um surto de visões e tortura psíquica à Illyanna (a já citada Anya Taylor-Joy), Rahne Sinclair (Maisie Williams), Roberto da Costa (Henry Zaga) e Sam (Charlie Heaton). 

Illyanna e Soraia Queimada
Illyanna assombrada pelos Homens Sorridentes e Soraia Queimada, a namorada de Beto

Todos estão ali internados por terem causado incidentes mortais à pessoas próximas deles com seus recém-descobertos poderes mutantes e a Dra. Reyes os está tratando para num futuro próximo indicá-los para aquele que ela chama de "meu Superior". 

Momento da ioga

As sequências de terror em que cada um dos cinco é atormentado por seu pior pesadelo são as mais bem elaboradas do filme todo, e embora o trauma dos jovens infratores não tenha chance de ser retratado com um aprofundamento mais digno — afinal, todos eles mataram pessoas com seus poderes! — Josh Boone consegue conduzir bem os momentos de tensão, tirando boas interpretações do elenco. 

Illyanna e os dedinhos
A pequena Illyanna e seu Lockheed

O destaque fica para as criaturas sem olhos — ou Homens Sorridentes — que tentaram raptar Illyanna quando ela ainda era criança e que a fez "inventar" o limbo para onde ela escapou com seu bichinho Lockheed

Homem Sorridente

A cena de ação em que os mutantes precisam enfrentar o Urso Místico trazido à vida pelo medo primal de Dani também é bastante empolgante, até porque põe os jovens mutantes para usarem seus poderes em grau máximo, mesmo que os efeitos visuais para demonstrá-los não sejam lá tão bons assim. 

Urso Místico

Os dons de Illyanna e Beto são aqueles que melhor são retratados no filme e se mostram bastante fieis aos quadrinhos. Nas histórias, ela é capaz de se teleportar — passando sempre pelo limbo que é infestado de criaturas demoníacas enquanto vai de um ponto a outro — além de materializar uma espada espiritual. 

Já o personagem brasileiro Mancha Solar é capaz de absorver energia solar e obter superforça. No filme, Beto segue as características com que o Mancha Solar é mais conhecido atualmente, o de incendiar o próprio corpo e queimar alvos, mas em sua criação, nos anos 80, o mutante se energizava mais para ganhar força bruta. 

Beto Mancha Solar éééé do Brasil!
Beto em sua forma de Mancha Solar, mais próxima das HQs

Essa forma física toda preta com que ele era retratado nessa época chega a aparecer no filme, tornando o seu visual bastante parecido às HQs. 

PONTOS NEGATIVOS

Como foi dito, a personalidade dos cinco mutantes é apenas pincelada razoavelmente nas duas horas de filme e não dá tempo de nos afeiçoarmos a eles enquanto entramos de cabeça na história já bem movimentada desde o início. Sabemos que Illyanna matou vários homens que a tentavam capturar, que Sam acabou provocando um desabamento numa mina que matou seu próprio pai, que Beto "assou" a namorada sem querer quando manifestou seus poderes e que Rahne matou o padre que a espancava por considerá-la uma bruxa, mas esses traumas são citados apenas superficialmente, sem o aprofundamento que nos faria nos importar mais com eles. Há poucos flashbacks para mostrar o que houve em seu passado e na maior parte do tempo, só sabemos o que eles contam uns para os outros.

Sam Guthrie (Charlie Heaton)

A personalidade dos Novos Mutantes também não está muito bem delineada no filme e além de diferirem do que eles são nos gibis, nem no filme parece muito claro qual é a de cada um deles. A Rahne, que nos quadrinhos é extremamente tímida e medrosa, no filme apresenta uma postura mais conciliadora e embora seja um tanto insegura quanto à sua sexualidade, não tem medo de demonstrar seus sentimentos para Dani. As duas têm um relacionamento amoroso no filme, mas nas HQs, Rahne era apaixonadinha pelo Sam e vivia em conflito por não se achar atraente o suficiente como a namorada dele na época, a cantora de rock Lila Cheney

Rahne e Dani o casal

Maisie Williams, aliás, era fisicamente muito parecida com a Rahne das HQs na época das gravações do filme e teria sido interessante vê-la toda complexada com sua aparência física de uma menina que se transforma num lobo peludo, sempre se achando em desvantagem quanto às demais garotas da equipe. 

Lupina loba toda e meio-loba
Rahne em sua forma Lupina total e meia-loba

Na origem escrita por Chris Claremont, Rahne é a mais nova do grupo e seu complexo com sua aparência causa diversos conflitos de identidade que seriam interessantes de serem citados no filme. Em vez disso, optaram por uma abordagem mais de tortura religiosa à jovem Sinclair, bem como sua repressão sexual.  

Rahne nos quadrinhos
A Rahne dos quadrinhos

A homossexualidade de Rahne no filme é bem escancarada logo de início — já a botam para assistir um filme em que duas meninas se beijam logo de cara — e é nítido que a garota se encanta pela Dani assim que a garota Cheyenne chega ao "orfanato". 

Um filme que trata — ou que pelo menos deveria tratar — de aceitação e normatização do que é diferente, precisa mesmo de elementos que nos lembrem que, embora os mutantes não existam de verdade, há paralelos em nosso mundo real a essa aceitação do outro, colocando assim essa nova característica na personagem Lupina que não existe nas HQs. Eu só não sei dizer se isso foi bem feito. A mim me parece mais algo que foi forçado no roteiro e que não faz muito diferença à história. 

Voltando a falar de poderes, os que menos chamam a atenção são os do Sam Guthrie, que nos gibis é capaz de decolar feito um míssil ficando invulnerável enquanto está se projetando, mas que no filme não chega a ser tão bem representado pelos efeitos fracos usados para nos mostrar o que ele é capaz de fazer. 

Na luta contra o urso gigante, por exemplo, era esperado que ele usasse todo seu potencial "balístico" para tentar nocautear a fera, mas ele é o que menos causa danos no bicho. O fato dele também viver todo arrebentado no filme, mostra que ele não sabe pousar após decolar — assim como nos gibis —, mas em seu modo Míssil ele devia ser indestrutível, o que o tornaria um grande trunfo da equipe. Nos gibis, Sam chegava a nocautear os robôs Sentinelas sozinho, uma pena que não teremos chance de ver isso nas telas. 

Míssil indo pra cima dos Sentinelas

Quem prestou bem a atenção na história, deve ter percebido que a Dra. Reyes era a vilã do filme e que ela respondia a uma tal "Corporação Essex" que fazia testes com crianças mutantes num lugar ainda pior que o hospital onde os Novos Mutantes estavam. Pra quem não lembra, a Corporação Essex apareceu em X-Men - Apocalypse ao final do filme — recolhendo dados genéticos do Wolverine após sua fuga da Arma X — e ela também é citada em Deadpool 2. Outra referência à Essex nos é mostrada no futuro do filme Logan, onde o hospital onde os amigos da X-23 — e ela mesma — tem seus poderes desenvolvidos e são testados para se tornar armas vivas. Pelo que dá para entender, aliás, Laura foi criada com o material genético do Wolverine que foi colhido em Apocalypse e em Logan, o Professor Xavier (Patrick Stewart) conta ao Carcaju que Laura é sua filha por conta dessa ligação genética. 

A Dra. Reyes e o símbolo da Essex

A conexão entre Essex — que nas HQs é o nome do Sr. Sinistro, um vilão obcecado pela genética mutante —, Os Novos Mutantes e os demais filmes dos X-Men se perde completamente na história, já que, como sabemos, os jovens filhos do átomo não terão continuidade nos cinemas e nem tampouco serão reaproveitados pela Marvel, agora que fazem parte do catálogo do estúdio e da Disney. A referência a Essex no filme se torna apenas mais uma, vazia e sem sentido, assim como a cadeira de rodas em que Beto passeia pelo hospital — fazendo referência ao Professor X — e a menção aos próprios X-Men pelos alunos.       

Dentro de uma análise mais fria e mesmo levando em consideração os pontos negativos aqui levantados, Os Novos Mutantes não chega a ser um péssimo filme e pode ser equiparado muito bem aos dois últimos X-Men — desconsiderando Logan nessa equação, que é um ótimo filme — que são de medianos para ruins. As cenas de ação dirigidas por Boone são bem mais inspiradas do que as que Bryan Singer e Simon Kinberg dirigiram em Apocalypse e em Fênix Negra respectivamente, e a interação entre os jovens personagens de New Mutants também é bem mais interessante do que acontece nos filmes de Singer e Kinberg. 

Durante as duas horas de filme, é perceptível que aquele enredo tem um potencial incrível e que a história individual de cada um dos protagonistas daria sozinha um episódio muito bom numa série talvez. O próprio filme com seu final em aberto, no entanto, nos faz desanimar quanto a isso, querendo que tudo acabe por ali mesmo e que ninguém mais fale sobre esse assunto. Como mencionado, uma série de pegada mais teen focada nos heróis adolescentes seria uma forma de aproveitar esse potencial que parece desperdiçado pela produção picotada da FOX, mas após tantos entreveros, duvido muito que algo assim aconteça.  

NOTA: 10, adorei!

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É zoeira, porra! Adorei coisa nenhuma! É uma notinha 6 e olhe lá! 

P.S. - Os Novos Mutantes tiveram fases muito boas nas HQs e o clima adolescente e a interação entre seus protagonistas sempre foi o charme das histórias. Uma das minhas personagens preferidas entre os cinco principais sempre foi a Illyanna e aqueles seus poderes místicos fodões. 

Confesso que meus olhos brilharam em vê-la materializando sua espada espiritual no filme, assim como ela se teleportando e fatiando os "homens sorridentes". Quando pensei que o Lockheed seria tratado apenas como um bichinho de pelúcia que a garota usava quando estava com medo de seus raptores, meio que fiquei broxado, mas ver o dragãozinho voando e cuspindo fogo num CGI até bem decente chegou a quase ressuscitar dentro de mim o jovem Rodman que lia os gibis dos Novos Mutantes na adolescência. 

Uma pena que não foi possível retratar o limbo para onde Illy se teleporta com grandes detalhes. Seria bacana ver o Sym ou o Belasco de fundo, nem que só de passagem.  

NAMASTE! 

17 de junho de 2020

4 séries da Netflix para você ver na quarentena


O afrouxamento do isolamento social devido a pandemia do COVID-19 já começou em muitos estados do Brasil e como a doença está longe de ser erradicada definitivamente, alguns de nós ainda continuam em casa. Falar de entretenimento parece até algo estupidamente banal uma hora dessas, mas temos que levar em consideração a nossa sanidade mental tendo em vista que os noticiários não são NADA animadores. Nesse Combo Breaker vou destacar quatro séries (e mais um sneak peek) que assisti recentemente. Convido você que ainda não enlouqueceu para conferir comigo no replay as indicações!

ARREMESSO FINAL


Como já contei aqui algumas vezes, eu nunca fui do tipo atlético na época da escola e chegava a ser sofrível na maioria dos esportes que exigia um pouco de coordenação física ou força. Bem... eu era bom jogando Queimada... Não sei se isso conta!

Seja lá por qual razão, eu tenho ótimas lembranças de jogos de basquete que participei nas aulas de educação física e na casa de amigos, e apesar de ser péssimo no bola ao cesto, eu adorava jogar. Estamos falando do final da década de 90 e é muito provável que sem saber eu já estava sendo influenciado pela magia do time do Chicago Bulls e a liderança incrível de Michael Jordan.


The Last Dance é um documentário em formato de série que narra toda a trajetória da última temporada da melhor equipe de basquete que já existiu na história. Ao longo dos 10 episódios (e eu não saberia dizer qual deles é mais épico!), a série conta tudo que aconteceu em quadra e nos bastidores da temporada 97-98, a última em que Michael Jordan atuou pelo Bulls. 


Embora a história seja focada no astro nascido na Carolina do Norte e que sonhava jogar Beisebol como o pai, todo episódio mostra um personagem diferente que ajudou Jordan a conquistar os seis títulos de campeão da NBA durante a década de 90. Com depoimentos de monstros como Scottie Pippen, Dennis Rodman, Horace Grant, Toni Kukoc, Steve Kerr, além do próprio técnico que conduziu o time ao hexacampeonato Phill Jackson, Arremesso Final é um excelente apanhado histórico de uma época que relembra não só as conquistas como também as derrotas profissionais e pessoais dos jogadores.

Pippen, Rodman, Grant e Kukoc

O documentário mostra que Michael Jordan não se tornou o melhor jogador da liga americana de basquete por acaso ou por um golpe de sorte, mas sim que ele conquistou o topo do mundo por sua impressionante determinação, além de um espírito competitivo invejável, algo que acabava contagiando os colegas de equipe. Jordan treinava muito para ser o cara decisivo, o líder do grupo, e quando as glórias por seu trabalho duro começaram a vir – em especial após a conquista dos dois primeiros títulos em 91 e 92 -, ele começou a se tornar cada vez mais cheio de si, causando algumas cisões dentro do Chicago Bulls. 


Nos próprios depoimentos da série, alguns dos já citados companheiros de equipe e também alguns de seus principais rivais da época o acusam de ser um baita pau no cu durante os treinos. Jordan não só exigia que todos seus companheiros de equipe estivessem no mesmo nível que ele como também menosprezava quem não chegava lá, o que criou algumas situações tensas no vestiário. Seja como for, era justamente essa “pau no cuzisse” que fez com que os diferentes times – um entre 91 e 93 e outro entre 96 e 98 – do Chicago Bulls alcançassem o topo. 

Phill Jackson e Jordan

Jordan era o “cara mau” que pegava no pé dos jogadores menos inspirados do time nos treinos, mas também era o cara da liderança, aquele que tomava a responsabilidade para si e conduzia a equipe toda à vitória. É fantástico acompanhar esse paralelo entre o sujeito bem-humorado nas entrevistas e o tremendo babaca que ele se tornava para provocar os colegas e exigir deles o máximo em quadra, mas foi exatamente por essas características que nós tivemos o privilégio de ver um dos jogadores mais completos da NBA atuando no seu auge.


Arremesso Final é bom não só para quem quer ver as impressionantes jogadas de Jordan frente ao Chicago Bulls, suas cestas quase impossíveis, as provocações que ele recebia por ser o melhor de todos – e isso só servia para motivá-lo ainda mais – os momentos decisivos contra os principais times nas finais – como o Lakers em 91, a batalha campal contra o duro time do Detroit Pistons em 90 ou o Utah Jazz por duas vezes entre 97 e 98 -, mas também para quem procura reviver – ou viver pela primeira vez – a emoção de acompanhar um esporte que pode ser decidido nos detalhes. Tudo isso pela visão do cara que fez tudo isso se tornar possível.


Essa foi uma série que eu acompanhei degustando cada episódio. Devido a carga dramática imposta já no primeiro capítulo, eu vi que não dava para simplesmente maratonar desesperadamente os 10 episódios para acabar logo. The Last Dance exige um pouco mais de atenção aos detalhes e claro um ótimo som, já que a trilha sonora é um tanto quanto especial. Eu não sei dizer se eu ter assistido boa parte daqueles jogos na época causou uma sensação de nostalgia em mim, mas lembrando aqui não teve um episódio em que eu não fui às lágrimas. 


Salvo a nostalgia que existia em mim – além daquele desejo reprimido de ter jogado basquete por mais tempo – os capítulos são carregados de lembranças dos tempos de infância dos jogadores, bem como toda sua carreira entre os dias de luta e os dias de glória. Entre os erros e acertos narrados pelo próprio Pippen, pela loucura quase desenfreada de Dennis Rodman - dentro e fora de quadra - ao fugir dos treinos e a tocante história de vida de Steve Kerr – que perdeu o pai ainda na juventude – certamente o que não faltam são momentos dramáticos em Arremesso Final.

Steve Kerr

A própria primeira aposentadoria de MJ ao final da temporada 93-94, motivada pelo assassinato brutal de seu pai após um assalto é um dos pontos altos da série. Michael não só decidiu se aposentar no auge, após a conquista de três títulos da NBA como aceitou o desafio de mudar de esporte, indo praticar Beisebol como uma forma de homenagear o pai. A mudança física pela qual ele teve que se submeter para encarar os desafios do Beisebol são narradas pelo próprio Jordan no documentário, sendo mostrado em paralelo com a temporada menos inspirada do “novo” Bulls sem Jordan, liderado em quadra agora por Scottie Pippen. O filme Space Jam (1996) se passa nesse período de transição de MJ do Basquete ao Beisebol e depois do retorno ao Bulls para a temporada 95-96. O longa também tem cenas muito emocionantes no começo e no final – já que o meio é só a galhofada com participação do elenco animado de Looney Tunes -, mostrando MJ em ação.


Vale a pena assistir, Rodman?

Ô se vale, jovem padawan! O documentário não é feito só para quem teve a oportunidade de assistir os jogos da melhor equipe do Chicago Bulls da história ao vivo, mas também para qualquer entusiasta do basquete e mesmo para galera que só pôde acompanhar a era pós-Michael Jordan, primeiro com o reinado de Kobe Bryant – que participa brevemente na série – e mais recentemente com LeBron James, ambos no Lakers. 


Seja pela melancolia e solidão da quarentena, seja pelo saudosismo de rever a magia de Michael Jordan – ou Black Superman – nas quadras, seja porque o documentário dirigido e roteirizado por Jason Hehir é realmente emocionante, eu chorei e não foi pouco assistindo cada capítulo. Taí um documentário que certamente vou querer rever em algum momento da vida. Parabéns pelo acerto, Netflix.  

NOTA: 10

P.S. – O meu apelido “Rodman” nada tem a ver com o Dennis Rodman. Isso veio de um personagem que eu e meu grupo de atividades da faculdade precisou criar para a “produção” de action figures em um projeto avaliativo. “Rod” vem de meu nome Rodrigo com a fusão de “Man”, algo como SuperMan, Iron Man... Nome de heroizinho.

P.S. 2 – Eu acompanhei as temporadas de 95 a 99 da NBA pelo canal Band, que transmitia regularmente na época. Meu irmão sempre foi um grande entusiasta de tudo quanto é esporte e ele sempre trazia revistas esportivas estampadas com as caras de Magic Johnson e Jordan na capa. Peguei gosto pelo basquete assistindo com ele os jogos da NBA, mas confesso que após a segunda aposentadoria de Jordan e com o fim da transmissão dos jogos na Band, eu meio que perdi o interesse depois. Hoje jogo NBA Live no smartphone e essa é a única maneira que tenho de matar um pouco daquela vontade de jogar basquete da infância.


P.S. 3 – Só quem viveu na época sabe a febre que se tornou a turma Looney Tunes após o lançamento do filme Space Jam. Camisetas, mochilas, bonés estampados com os personagens jogando basquete vendiam que nem água e na escola praticamente todo mundo desfilava com algum ornamento estampado pelo Pernalonga, Patolino e os queridinhos e preferidos Taz e Piu Piu. Isso só aumentava a popularidade em torno do basquete, em especial o da NBA. Qualquer regata por cima da camiseta que eu colocava eu já me sentia O jogador de basquete, só faltava dizer aquela frase icônica de As Branquelas ouvindo Hip Hop:


Como eu estava ficando bem mais alto que a maioria da molecada da mesma idade, já queria logo alcançar a tabela da quadra da escola com meus saltos. Mas era só vontade de ser jogador mesmo. Quando o jogo começava não conseguia acertar nenhum arremesso! Hehehe! Até hoje sonho que estou em quadra treinando arremessos incessantemente sem nunca acertar nenhum. Trauma é foda! 

P.S. 4 - Arremesso Final também dá uma pincelada em como a mídia jornalística pode ser mordaz com um astro em ascensão. Após a conquista dos três primeiros títulos com o Bulls, Jordan estava tão em evidência no mundo que tratou-se de tentar derrubá-lo do trono, entre outras coisas publicando rumores de que ele tinha dívidas com jogo e que inclusive a morte de seu pai teria sido ocasionada por conta disso. Difícil não traçar um paralelo com a própria história de Michael Jackson que foi massacrado pela imprensa durante a década de 90 e até próximo de sua morte justamente porque era um astro no topo do mundo, o que incomodava muita gente. 

P.S. 6 - Os momentos finais do documentário mostrando os últimos minutos da partida eletrizante entre o Bulls e o Jazz em 98 ao som de "Present Tense" do Pearl Jam ficou ainda mais emocionante. 


A música sofre um crescente quando Jordan está prestes a fazer a cesta decisiva do jogo e não tem como não ir às lágrimas quando ela atinge seu auge. Lindo demais esse trabalho de edição. 


CONTROL Z


Para quem já acompanhou a primeira temporada de 13 Reasons Why recentemente a série mexicana Control Z não deve surpreender muito, já que trata praticamente dos mesmos assuntos só que dessa vez do outro lado do muro do Trump.

Carlos Quintanilla

Criada por Carlos Quintanilla e produzida pela Lemon Studios para a Netflix, a série conta em 8 capítulos a história dos alunos de uma escola de Ensino Médio que da noite para o dia começam a ser ameaçados de ter os seus segredos digitais revelados por um hacker. Com mensagens do tipo “eu sei o que vocês fizeram no verão passado” publicadas através de um perfil fake na internet, o personagem que fica oculto até próximo do sétimo episódio, chantageia as vítimas através do celular e pede que elas escolham entre os amigos quem vai ser o próximo a ser chantageado, isso para que o hacker não exponha seus segredos. Quem não aceita o desafio duvidando de sua veracidade acaba sendo exposto, o que coloca a série numa consonância muito boa com o que tem acontecido recentemente no mundo, com as últimas ações do grupo ativista Anonymous e com as exposições de conversas íntimas de subcelebridades no Twitter também feita por um perfil desconhecido.
Ana Valeria Becerril como Sofia

A personagem principal é a problemática Sofía (Ana Valeria Becerril), garota com uma capacidade muito boa de observar os outros e de deduzir onde elas estiveram, o que fizeram ou com quem estavam. Ela é quase uma Xeróqui Rolmes só que é vista como a freak do rolê por ter passado alguns dias num sanatório, após sua incapacidade em lidar com a morte do pai


Embora rejeitada por todos, Sofía não faz o tipo tímida, e vai para cima para defender os colegas mais fracos do bullying nosso de cada dia ou para confrontar verbalmente os demais alunos. Toda a história inicial gira em torno dela e de suas capacidades de dedução, fazendo com que ela acabe atraindo a atenção do aluno novato Javier (Michael Ronda), que é filho de um importante jogador de futebol mexicano e de Raúl (Yankel Stevan), o filho de político corrupto.


Enquanto investiga a verdadeira identidade do hacker e as razões que ele tem para expor os segredos mais íntimos dos alunos do colégio, Sofía acaba se envolvendo tanto com Javier quanto com Raúl, embora esse último tenha mais afinidade com o grupo que sempre rejeitou Sofía pela suposta tentativa de suicídio que a levou ao hospício.

Michael Ronda (Javier) e Yankel Stevan (Raúl)
Control Z fala de temas muito controversos e que atualmente – infelizmente – faz parte do cotidiano da maioria das escolas por aí. Assim como a polêmica 13 Reason Why – que atualmente conclui a história em sua quarta temporada – a série mexicana mete o dedo na ferida de assuntos bem dramáticos como o bullying, o assédio, a homofobia, a transfobia, o suicídio e até mesmo o homicídio nas escolas. 


Não tem o mesmo aviso de gatilho emocional que 13RW acabou recebendo antes dos episódios, mas deveria, já que fala quase das mesmas coisas, embora de um jeito menos pop.


A fotografia e a edição da série são particularmente muito boas e antes de saber que se tratava de um produto mexicano, eu achei que fosse produzida na Espanha, como a hoje mundialmente famosa La Casa de Papel. As atuações se não são primorosas, são ao menos competentes e o destaque fica mesmo para a protagonista Ana Valeria Becerril que faz uma personagem esquisitona diferente do que estamos acostumados. Ela chega quase a ser popular junto aos colegas e tem uma capacidade impressionante de fazer amizades, conversando com eles e até mesmo aconselhando.


A série ainda traz a adição da atriz Zion Moreno, que assim como sua personagem na série, a Isabela, também é trans na vida real.

Zion Moreno

Os episódios de Control Z são curtos (cerca de meia hora cada) e a série dá para ser acompanhada sem grandes problemas de entendimento. A narrativa é dinâmica e com certeza você não vai precisar de um vídeo explicativo no Youtube para entender o final. Obviamente a série já foi renovada para uma segunda temporada e como fez com a própria 13RW e com Stranger Things – que se alongaram desnecessariamente -, a Netflix vai querer faturar em cima.

NOTA: 8  

P.S. - É impressionante o nível social da molecadinha em Control Z. A maioria dos alunos da escola é rica, tem seu próprio carrão ou anda montada na grana. Esquecendo os estereótipos mexicanos - sombreiro, poncho, novelas, etc, etc - quase nem dá para acreditar que a história se passa no México ou que eles tem mesmo a idade para frequentar o Ensino Médio. E aqueles malucos barbados com cara de velho amigos do bad boy Gerry (Patricio Gallardo)? Como explicar aqueles malucos no colegial? 

P.S. 2 - E para parar de pensar em portunhol depois que vê a série? É viciante assistir Control Z em seu idioma original e mais difícil ainda parar de querer imitar o sotaque depois. Fiquei pensando em espanhol umas duas semanas ainda depois de ver a série! Hehehe! 

P.S. 3 - Nada me tirava da cabeça que o Patricio Gallardo era o sósia mais jovem do Wagner Moura. Além da aparência, o ator parece até que estava imitando os trejeitos do brasileiro, como aquela expressão aparvalhada mexendo rapidamente a cabeça e piscando o olho quando seu personagem está desconsertado. 


Achei igual! 


       SEX EDUCATION – 1ª TEMPORADA


Eu gostei muito da primeira temporada de Sex Education e fiquei surpreendido positivamente por essa série britânica criada por Laurie Nunn. Com o passar do tempo a gente acaba se acostumando a assistir todo tipo de enlatado americano tratando sempre as peripécias da descoberta sexual adolescente em comédias toscas e escatológicas, mas apesar de ter sim uma dose de humor, Sex Education não trata a puberdade de uma maneira idiotizada. Alguns temas são levados muito a sério, tanto que a série é definida como uma comédia dramática.

Otis (Asa Butterfield) e Jean (Gillian Anderson)

O personagem central da narrativa é o jovem Otis Milburn (Asa Butterfield, que foi um dos candidatos a Homem Aranha/Peter Parker antes de Tom Holland) que mora sozinho com a mãe, a Dra. Jean Milburn (Gillian Anderson), que é uma espécie de especialista em comportamento sexual, usando sua própria casa como consultório. Retraído sexualmente, incapaz até mesmo de se masturbar solitariamente no quarto, Otis enfrenta graves problemas para se relacionar com as garotas. Embora domine toda a teoria da coisa, o garoto nunca fez nada na prática, o que o leva a confrontar ao longo dos episódios da série os próprios traumas de infância que o levaram a ser tão travado.

Eric (Ncuti Gatwa) e Otis

O melhor amigo de Otis é o engraçadíssimo Eric (Ncuti Gatwa) que começa a temporada como o alívio cômico e termina como o grande elemento dramático da trama, tendo que conviver com toda a homofobia e preconceito da sociedade a seu redor. 


Por ser do tipo “gay espalhafatoso”, Eric acaba sendo hostilizado por bullies ao longo da história e o momento em que ele finalmente decide “sair do armário” para seu pai é um dos momentos mais comoventes da temporada.


O amor platônico de Otis é a problemática e errática Maeve (Emma Mackey), personagem que é conhecida em toda a escola por sua voracidade sexual. Um de seus apelidos pejorativos é “Morde Bolas” e a garota é rejeitada por boa parte das demais colegas de escola por fazer o tipo – segundo elas – vagabunda. Claro que esse é seu plot inicial e até o fim da temporada Maeve acaba passando por reviravoltas incríveis, incluindo o de ensinar um pouco de sororidade às amigas. 

Emma Mackey

É ela que vê em Otis o talento que ele tem para aconselhar os demais colegas com seus problemas sexuais – puxando daí um pouco do conhecimento da sua própria mãe que é psicóloga – após ajudar o bullie Adam Groff (Connor Swindells) a lidar com o tamanho da sua piroca – potencialmente enrijecida por uma super dosagem de Viagra. A partir da resolução do problema de Adam, que quase nunca consegue chegar ao orgasmo, Maeve decide que vai usar os talentos conselheiros de Otis para que ambos faturem uma grana, e em sociedade, eles começam a marcar consultas secretas pela escola com os adolescentes problemáticos.

Maeve e Jackson (Kedar Williams-Stirling)

Enquanto Otis alimenta sua admiração secreta pela amiga, a garota se envolve com a promessa da natação competitiva Jackson Marchetti (Kedar Williams-Stirling), com quem transa pelos corredores da escola constantemente. Filho de duas mães extremamente cautelosas com sua criação e seu desenvolvimento esportivo, Jackson acaba encontrando empecilhos em assumir um namoro mais sério com Maeve e toda sua “fama” pela escola, o que faz com que eles sejam apenas amigos de transa por um longo tempo. Quando um acidente acaba ocorrendo pela natureza do envolvimento sexual dos dois, é Otis quem está lá para apoiar Maeve emocionalmente, sem que o atleta Jackson sequer desconfie do que realmente aconteceu. A visita de Maeve à clínica de aborto é outro dos momentos de alta dramaticidade da série. 

      
Sex Education responde de forma muito adulta questões que todo mundo que já foi adolescente um dia já se fez ou ainda faz. Além disso, a criadora Laurie Nunn não teve pudor em abordar temas mais sensíveis e atuais como a orientação sexual e as questões de gênero, usando bem os personagens Eric, Adam e as mães de Jackson nesse intento. 


Todo o elenco jovem é realmente muito bom, tanto os dramáticos quanto os cômicos, mas é a experiência da eterna Dana Scully de Arquivo X que faz boa parte da diferença na série. Como a mãe superprotetora de Otis, Gillian Anderson nos convence na pele da Dra. Jean, e são hilários seus momentos com o filho retraído, tentando lhe passar sua experiência de vida de maneiras, digamos nada ortodoxas. 


Jean também possui um apetite sexual acima da média e a constância com que troca de parceiros sexuais – por sua incapacidade de se fixar em um relacionamento após o divórcio - bem como a vasta gama de brinquedos sexuais que possui, acaba constrangendo Otis em certo ponto. Em meio a tantas novidades britânicas no elenco jovem, Gillian é certamente um dos grandes destaques no quesito experiência. E como ela está inteirona no auge de seus 51 anos!

Sex Education possui uma segunda temporada completa na Netflix – que eu só não vi ainda porque estava colocando as demais em dia primeiro – e uma terceira já está a caminho.

NOTA: 10

COMMUNITY – 1ª Temporada


Noooossa, Rodman! Falando de série velha! Credo! Nem vou ler!

Não tem problema, jovem padawan. Eu posso viver com isso.

Community é uma série já encerrada que foi transmitida entre 2009 e 2015. Criada por Dan Harmon e produzida pelos irmãos Anthony e Joe Russo – que provavelmente você já ouviu falar – a sitcom revelou inúmeros talentos da comédia e do drama dos anos 2000, e mesmo quem nunca ouviu falar da série deve poder reconhecer pelo menos um ou dois rostos no elenco principal. Com episódios curtos de menos de trinta minutos, Community faz rir com um humor inteligente e nonsense na maioria das vezes, do tipo que Friends ou How I Met Your Mother sabiam fazer muito bem também, embora estejam menos adequadas aos tempos atuais.

Dan Harmon e os Irmãos Russo

Além da diversidade étnica, etária e de gênero do elenco principal, Community é muito feliz em conseguir abordar temas polêmicos com piadas muito bem inseridas pela própria característica de cada personagem. Um exemplo disso é que a maioria das piadas machistas e conservadoras são especialmente faladas pelo personagem Pierce (vivido pelo veterano Chevy Chase), que é mesmo um velho retrógrado aceito pelo grupo de estudos do curso de espanhol. Quem desfere as intolerâncias religiosas nas falas é quase sempre Shirley (Yvette Nicole Brown), personagem que é a mãe de família divorciada e a cristã do grupo. 

Chevy Chase e Yvette Nicole Brown

Da mesma forma que as piadas étnicas sobre árabes ou muçulmanos são direcionadas a Abed (Danny Pudi) e as raciais direcionadas a Troy (Donald Glover), existem várias referências a Britta (Gillian Jacobs) ser lésbica devido seu comportamento mais descolado, embora ela não seja realmente. Um dos episódios da primeira temporada fala justamente sobre a intolerância religiosa e como eles conseguem lidar entre si com suas diferentes crenças apesar de tudo. 


Brincando de falar sério, Community é um delicioso passatempo entre um filme e outro que a gente assiste nos canais de streaming e apesar de não possuir uma linha evolutiva como as demais séries, com uma trama única de começo, meio e fim, ela possui um ponto central que é a tensão sexual que existe entre Jeff (Joel McHale) e Britta.

Joel McHale

Jeff é um advogado que tem a licença cassada e que por isso, mesmo na maturidade, é obrigado a voltar à universidade para se reciclar e recuperar a licença de advogar. Cheio de si e com uma arrogância exacerbada, Jeff acaba entrando para o grupo de estudos das aulas de espanhol ministradas pelo lunático Ben Chang (Ken Jeong), com o único intuito inicial de conquistar Britta. 

Gillian Jacobs como Britta

A loira se faz de difícil e ao longo da temporada é essa tensão sexual entre eles que move a história, mesmo ambos tendo outros parceiros românticos durante os episódios. Típico mote de sitcom mas que prende nossa atenção para enfim ver no que vão dar todas aquelas insinuações, encontros e desencontros.


Quem também ganha destaque no grupo de estudos é a inocente e esperta Annie (Alison Brie), a caçula entre eles. Com mania de organização e extremamente metódica, Annie é a protegida dos malucos, e é engraçado que Jeff e Britta acabam agindo como pais postiços dela no decorrer da temporada, além dela ser também protegida pela mãezona Shirley. Apaixonada por Troy desde a época do colégio, apesar de nunca ter confessado isso a ele – que a vê nada mais como a menina feia da escola – Annie acaba tendo outros romances na história, mesmo Jeff tentando impedir que os outros tenham uma conotação sexual sobre ela.

Antes de assistir Community eu não conhecia Alison Brie, mas confesso que fiquei apaixonado por ela ao longo dos episódios. Sua personagem é a mais carinhosa do grupo, mas quando o episódio é focado nela, em geral, gera muitas risadas, já que por alguma razão ou outra ela acaba perdendo a paciência quando não conquista algum de seus objetivos (como não conseguir que todo o grupo se mantenha unido no próximo semestre, mesmo com todos eles tendo concluído o curso de espanhol). 

Alison Brie 

Boatos dizem que a atriz está cotada para interpretar a Mulher-Hulk num vindouro seriado da verdona, mas até agora nada foi confirmado. Nos quadrinhos da Marvel, Jennifer Walters tem um senso de humor muito exacerbado, o que a meu ver, seria muito bem interpretado por Brie, que também já estrelou a série Glow sobre o circuito de luta profissional feminina.


Se alguém me pedisse para escolher apenas um dos personagens principais eu teria dificuldades, já que em sua medida, todos eles são muito bem executados por seus intérpretes. Além de Jeff, vivido pelo ator e comediante de stand-up Joel McHale – que atuou pouco em Hollywood e sempre em papeis pequenos – certamente a dupla formada por Troy e Abed ganha destaque no quesito nonsense. Todas as referências nerds de seriados e filmes partem de Abed, enquanto Troy rouba a cena com suas imitações, sua expressão corporal e os trejeitos engraçados.

Troy (Donald Glover) e Abed (Danny Pudi)

Outro elemento importante da série são as inserções do professor charlatão de espanhol vivido pelo já hilário Ken Jeong, figurinha carimbada na maioria dos filmes de comédia, em especial a trilogia Se Beber Não Case. Jeong faz um tipo de professor sem qualquer tipo de paciência para lecionar e que aparece metido nas situações mais improváveis na primeira temporada. Não é à toa que ele é a capa da série na Netflix, sendo com certeza um dos rostos mais memoráveis do elenco.

Ken Jeong

Community tem seis temporadas e é realmente uma pena que eu só consegui assistir agora que está disponível na Netflix. Assim como Sex Education, eu dei uma parada nela para poder colocar as demais séries em dia, mas logo volto a acompanhar, já que tem sido minha principal fonte de diversão nessa maldita quarentena.

P.S. - São muitos episódios ainda na primeira temporada, mas o 22º "Modern Warfare" foi especialmente engraçado para mim com a batalha de Paintball pelo direito de escolher as matérias do próximo semestre. Community tem a incrível capacidade de trazer outros gêneros para dentro da comédia, e mesmo como um episódio "de ação", eu chorei de rir dessa porra! 


P.S. 2 - Para quem já prestou bem atenção nos filmes da Marvel dirigidos pelos Irmãos Russo deve ter percebido a participação de alguns atores de Community em pontas de algumas cenas. Danny Pudi é um dos guardas de acesso da base da SHIELD que é rendido pelo Capitão América pouco antes dele destruir os porta-aviões da Hydra no terceiro ato de Capitão América - Soldado Invernal. Jim Rash, que faz o reitor Craig na série é o assistente puxa-saco do MIT que pede um investimento aos professores para Tony Stark após seu discurso inicial em Capitão América - Guerra Civil. Já Ken Jeong é o segurança do depósito onde a van do Homem Formiga está largada, no primeiro ato de Vingadores - Ultimato. Donald Glover, que provavelmente foi o ator (e cantor) de maior expressão saído da série, também faz uma ponta em Homem Aranha - De Volta ao Lar, como Aaron Davis, um malandro que é interrogado pelo Aranha em um estacionamento. O filme não é dirigido pelos Russo, mas fica aí a lembrança. 

   
NOTA: 10

Sneak Peek - Brincando com Fogo


Atraído pelo tema e também por sua chamativa capa, resolvi dar uma olhada no reality show Brincando com Fogo e foi uma das experiências mais surreais que tive com esse tipo de entretenimento. Dispostos a ganhar um prêmio bom em dinheiro, um grupo de gostosas e saradões de vários lugares do mundo – de língua inglesa – embarcam numa aventura de confinamento, sem saber ao certo que a disputa envolvia o NÃO-contato sexual ou físico entre eles. Basicamente, ganharia a bolada quem não pegasse ninguém na casa, o que cria as situações de tensão do programa.


Com os estímulos à flor da pele, os inicialmente 10 participantes – depois esse número aumenta e diminui de novo – a galera é tentada com inúmeras situações que os colocam contra a parede, dispostos inclusive a fazê-los quebrar a principal regra do jogo que é a abstinência.

A ideia do programa é boa sim, mas relembrando aqui os 7 episódios principais mais o especial de encerramento, não consigo me lembrar de tantos bons momentos assim do reality. Cada um dos participantes está claramente vivendo um personagem diferente ali dentro – tipo BBB, sabe? – e não existe aquela naturalidade que a gente vê em programas brasileiros do tipo. 


Outra das desvantagens de Brincando com Fogo é a de não mostrar nem que seja de relance os momentos mais quentes que acontecem na casa. Não tem nem nudez! Os participantes estão o tempo todo de biquínis, sungas ou roupas curtas, mas nudez mesmo não rola. Até no PPV do Big Brother a gente vê mais nudez do que nesse reality!


Mas Rodman, o intuito do programa não é justamente mostrar aos participantes que as relações deles com as demais pessoas não podem se resumir somente a sexo?

Essa é exatamente a ideia, caro padawan, mas até mesmo a relação pela qual mais torci na casa, envolvendo Rhonda e Sharron acaba não dando em nada ao final do programa, o que frustra a premissa inicial comandada pela androide Lana


Já a superficialidade do casal Francesca e Harry conseguiu superar o final do programa, mesmo eles se mostrando dois tremendos babacas ao longo do seriado quase todo, quebrando as regras sucessivas vezes e fazendo o prêmio em dinheiro diminuir um bocado de vezes.


Brincando com Fogo não chega a ser empolgante e no máximo diverte ao longo dos quase 60 minutos de cada episódio. Destaque nesse quesito para a narradora que conversa com o espectador cheia de ironias, Desiree Burch. Ela é a única razão pela qual eu dei alguma risada vendo o reality, mas não passa muito daí. Para quem curte o tipo de cara bombado deve valer alguma coisa assistir, já para quem curte a beleza feminina mais brasileira, o programa é um pouco decepcionante. Vamos ver como vai ser a versão BR do reality, já que a Netflix já anunciou que vai rolar. E você? Toparia passar sem sexo só para ganhar uma bolada em dinheiro?


NOTA: 6

NAMASTE!          

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