7 de setembro de 2016

ESQUADRÃO SUICIDA PODIA SER MELHOR!


Há alguns meses eu postei aqui sobre minhas impressões do segundo trailer de ESQUADRÃO SUICIDA e o quanto ele fazia parecer que esse ia ser o MELHOR FILME DE SUPER-HERÓIS DA FACE DA TERRA. Mais uns dois ou três trailers foram lançados logo depois, e essa impressão continuou a elevar a expectativa do público que correspondeu bem nas bilheterias, fazendo o filme faturar (até aqui) US$ 600 Milhões só nos EUA. Vale lembrar que o filme dirigido por David Ayer custou cerca de US$ 175 Milhões aos cofres da Warner, e o faturamento certamente garante uma continuação, se é que isso está nos planos da DC.


Como sempre, as críticas ao filme se dividiram. De um lado, os nerds gordos e sebosos reclamando que o Esquadrão Suicida do filme não tem nada a ver com a sua versão dos quadrinhos, que alguns personagens estão mal caracterizados e que o roteiro é uma bosta. Do outro, os novos fãs, conquistados pelos Novos 52 que dizem que “tá certo, o Coringa é assim mesmo, a Arlequina é foda, o Pistoleiro é foda, o filme é foda, a Warner é foda e Chupa Marvel!”


Ao lado dessa meia dúzia de fãs conquistados pelos Novos 52 da DC (aquele Reboot de 2012 que já foi desfeito parcialmente pelo novo Reboot, o Rebirth) está o público civil, que foi ao cinema mesmo não fazendo a mais puta ideia de quem seja Capitão Bumerangue, Crocodilo ou Amarra, mas que se divertiu muito com a história do filme e com os personagens.


Eu achei o filme mediano. Não posso considerar que sou um ávido conhecedor de Esquadrão Suicida (não tenho NENHUMA HQ do grupo em minha coleção), mas tenho algum conhecimento dos personagens individualmente (tá... exceto o Amarra. Nunca ouvi falar de Amarra!), o que me garante alguma base de comparação.


 Independente das descaracterizações de alguns personagens, o roteiro (escrito também por David Ayer) simplesmente não funciona para o grupo, já que os coloca em UMA única missão já para enfrentar uma deusa mística do caralho a quatro e seu irmão fodão que possuem juntos poder suficiente para dobrar o mundo ao meio.


E o que o Esquadrão tem para enfrentá-los?

Pistolas. Katanas. Bastões de baseball. Dentes. Bumerangues. E piadinhas.


Vendo a animação Batman: Assalto ao Arkham eu fiquei pensando com os meus botões: Afinal, porque Diabos não guardaram o roteiro desse desenho para o filme? 


A animação e o filme têm basicamente os MESMOS personagens com uma alteraçãozinha aqui e acolá. Adaptar esse roteiro para o cinema não seria NENHUMA missão impossível, visto que até mesmo parte da ação é bem parecida. Tem o Esquadrão, tem a Amanda Waller, ela os obriga a trabalhar sob suas ordens para realizar uma missão suja que nem ela e nem o governo podem realizar. Tem a Arlequina e a relação doentia dela com o Coringa.  E tem o Batman tentando melar os planos dos vilões no meio de tudo.


Porra! Esse filme poderia ser sensacional!


No filme, os vilões descartáveis são recrutados por Amanda Waller (Viola Davis) e são colocados sob o comando de Rick Flagg (Joel Kinnaman) para cumprirem uma misteriosa missão, que até chegarem ao campo de batalha, eles não fazem ideia do que seja. Com um explosivo implantado em seus pescoços, os vilões são obrigados a cumprir a tal missão, e se sobreviverem ganham como prêmio a redução de suas penas criminais. Floyd Lawton (Will Smith), Harleen Quinzel (Margot Robbie), Capitão Bumerangue (Jai Courtney), Crocodilo (Adewale Akinnuoye-Agjabe), El Diablo (Jay Hernandez) e o Amarra (Adam Beach) são escolhidos por Waller devido suas habilidades especiais (no filme nem é citado que eles são “descartáveis”) e eles são logo colocados em ação sem qualquer treinamento em equipe. 


A missão a qual eles são designados não fica muito clara (nem mesmo para o público), e do nada percebemos que uma até então aliada de Amanda Waller, a Dra. June Moone (Cara Delevingne) se voltou contra ela e o namorado Rick Flagg, tomada pela entidade conhecida como Magia, que se torna a grande vilã da história. Disposta a voltar a ser o centro das atenções do planeta (como ela o era milênios atrás) Magia traz seu irmão (outra entidade milenar mística) de volta ao mundo, e os dois juntos começam a tocar o terror.


Analisemos...

Magia... Destruição mundial... Entidades místicas milenares...

Precisava tudo isso mesmo num primeiro filme do Esquadrão? E já na PRIMEIRA missão dos lazarentos?


Isso está no nível da Liga da Justiça, pô!

Na animação Assalto ao Arkham o Esquadrão (com uma formação levemente diferente) é designado por Waller a invadir o Asilo Arkham para roubar o cetro de Edward Nygma, um dos cativos do lugar. Segundo a mulher, dentro do cetro se esconde um dispositivo com os arquivos de identidade de todos que já participaram do programa Força Tarefa X, e a missão dos desajustados formados por Pistoleiro, Arlequina, Capitão Bumerangue, Nevasca, Aranha Negra, KGBesta e o Tubarão-Rei é se infiltrar no Arkham, resgatar o cetro e eliminar os dados.


Perceberam a diferença? Embora a tal missão se mostre mais pra frente um engodo, escondendo as reais intenções de Waller, invadir o Arkham não é nada que exige muito além das capacidades dos vilões, e a situação em si torna a história empolgante e ao mesmo tempo cheia de ação.


O filme do Esquadrão também é empolgante e cheio de ação, mas o roteiro não faz o menor sentido para os personagens envolvidos. Na animação, os personagens continuam com sua essência maligna, e eles não se tornam “heróis” só porque estão em foco. Na primeira oportunidade que têm de fugir, eles o fazem, e se voltam uns contra os outros no melhor estilo “cada um por si”. No filme, eles não só se tornam amiguinhos, como chegam a citar que são uma família (aff!), cuidando uns dos outros e se tornando “boas pessoas” só para cativar melhor o público. O vilão do filme na verdade é o Batman...

Se bem que esse Batman do Ben Affleck mata mais que o Coringa. Pararam para contar quantas vítimas cada um fez em suas respectivas aparições recentes?


E o Coringa, hein?

Vou dizer logo. Achei o Coringa do Jared Leto uma merda!

Aiinn, Rodman! Você é um merda! Esse Coringa é o melhor, melhor do mundo. Ele é tatuado, ele é louco, ele é sarado, ele é foda e chupa Heath Ledger!

Tenho certeza que você discorda de mim, caro padawan, e por mais que esse Coringa se assemelhe ao personagem que foi apresentado nos quadrinhos nos últimos anos, que é um gangster piradaço e que chega a ARRANCAR O PRÓPRIO ROSTO pra provar que é perigoso, ele NÃO É o Coringa que está no inconsciente popular, e mais do que isso, não age de acordo com o palhaço que conhecemos.


A relação entre o Coringa e a Arlequina, que começou láááá nos cândidos anos 90, na animação do Batman de Bruce Timm sempre foi mais doentia do que amorosa. Em primeiro lugar, o Coringa não é um cara capaz de amar alguém... Não tem como um cara como ele de repente cair de quatro por alguém e viver um romance. Pelo lado da Arlequina, existe a obsessão louca que ela tem pelo seu pudinzinho desde os dias em que ela tratava dele no Arkham como psiquiatra. Ele costumava usar essa obsessão dela por ele, mas nunca nos pareceu que ele morria de amores pela maluca.


Como vimos no filme, ele trata SIM ela como uma propriedade sua, e fica putaço quando alguém ousa tirá-la de seu convívio, mas quando eles estão juntos em cena nos flashbacks, ele está CLARAMENTE apaixonadinho por ela, o que convenhamos, é tosco.


Na animação Assalto ao Akham, o Coringa já começa preso no Arkham e é a Arlequina quem está PUTAÇA com ele pelos anos de tortura mental pelo qual ela sofreu. Ou pelo menos é o que o enredo nos faz acreditar até certo momento. 


Como poderia ter acontecido no filme, o Coringa parece apenas ser um coadjuvante na história, já que a missão do Esquadrão é resgatar o cetro do Charada e mais nada. É o Batman quem está preocupado com o Coringa e uma bomba atômica que ele mantém escondida em algum lugar de Gotham, mas como o foco é nos comandados de Amanda Waller, a gente não liga muito para o morcego. É aí que numa reviravolta SENSACIONAL, o Coringa se torna o CENTRO das atenções, e a gente descobre que a Arlequina na verdade NUNCA esteve ao lado do Esquadrão Suicida. Sua missão ali era somente uma: Libertar o seu pudinzinho. 


Apesar da sabotagem de Arlequina que permite que ele fuja, o Coringa fica realmente possesso ao perceber que ela estava toda saidinha para o lado do Pistoleiro (rola inclusive uma cena de sexo entre os dois no meio da animação), e os dois caem numa porradaria violenta por conta disso. 



Claro que é surreal imaginar que o Coringa duraria três minutos saindo na mão com o Pistoleiro, mas na animação Floyd Lawton TOMA UMA SURRA do vilão. Imaginem se essa briga fosse o ápice do filme. Imaginem ver Will Smith saindo na porrada contra Jared Leto por causa da Margot Robbie? Isso seria INFINITAMENTE mais interessante de ver do que ela batalha ridícula lotada de CGI dos desajustados contra a Magia, que finalizou a ação do filme de David Ayer.


Se o enredo colocasse o Coringa como o centro da ação do grupo, realmente não importaria a aparência bizarra do palhaço com todas aquelas tatuagens, os dentes metálicos e a atitude de gangsta nigga, mas a presença dele no filme é totalmente gratuita. Sério... O Jared Leto estava parecendo um gângster qualquer e até sua risada não parecia assustadora. Ele não parece caótico, ele não parece louco e nem tampouco imprevisível como o Coringa deve ser. Ele só era assustador por causa da aparência e não pelas atitudes. Eu me cagaria todo na frente desse Coringa, mas somente por causa daquela aparência andrógena gangsta rapper maluca. Foi mal, Leto. Fica para a próxima. 


Independente se o filme foi mutilado editado pelos produtores ou não, e que isso o deixou bem diferente do que Ayer (segundo o próprio diretor) havia planejado, eu não consigo imaginar nada que pudesse salvar o roteiro fraco do filme. Jared Leto também lamentou que sua participação foi muito reduzida na versão do cinema, e que ele filmou muito mais cenas do que as que foram para o ar. Segundo o ator, que durante o trabalho de divulgação do filme fez questão de mostrar o quanto ele havia se dedicado ao papel (considerado por muitos como “amaldiçoado” depois da morte de Heath Ledger), a Warner não soube respeitar seu trabalho, e de acordo com suas próprias palavras, ele mandaria seus chefes se foderem, se ele não tivesse um contrato com o estúdio. E quem nunca!


Os personagens do filme Esquadrão Suicida são realmente muito bons e carismáticos. Até mesmo os que aparecem pouco em cena têm uma presença fantástica, o que faz com que nos importemos com eles (tá... Menos com o Amarra. Quem se importa com o Amarra!!). Claro que o foco fica mesmo com o Pistoleiro, Rick Flagg e Arlequina, mas até o Crocodilo e a Katana (Karen Fukuhara) têm lá seu charme. Embora de forma forçada, o roteiro faz com que nos importemos com o El Diablo com todo aquele lance da família dele e sua autocontenção em usar suas habilidades infernais, e bem que podia ter sido ele o responsável direto pela derrota do irmão da Magia, né? Seria melhor do que subestimar nossa inteligência e dizer que uma bomba matou o cara!


Apesar do nome, ninguém se suicida no filme (exceto o El Diablo e o Amarra), e a animação é bem mais corajosa quanto a isso. Eles fazem com que o espectador se apegue a alguns personagens e os eliminam, e isso funcionaria muito bem no filme se tivesse sido feito de forma mais competente. Seja como for, o filme é “assistível” e demonstra que a Warner/DC está amadurecendo seus filmes. A tendência é que sob o controle de Geoff Johns, que se tornou o pica das galáxias no estúdio, as coisas FINALMENTE se ajeitem, e que já à partir do filme da Mulher Maravilha nós tenhamos uma DC mais forte nos cinemas.

PS.: Destaque para a DUBLAGEM brasileira de Assalto ao Arkham que marca a volta de Márcio Seixas fazendo a voz do Batman (ele dava voz ao personagem na animação dos anos 90 e também na Liga da Justiça) e de Márcio Simões... Que está matando a pau interpretando o Coringa! Vale lembrar que ele dublou Heath Ledger também em Batman O Cavaleiro das Trevas.

Esquadrão Suicida: NOTA 7.

BATMAN: ASSALTO AO ARKHAM: NOTA 9

NAMASTE!

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