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22 de abril de 2021

Soul entre os Dois Irmãos de Mulan - Oscar 2021


No Combo Breaker dessa semana o Blog do Rodman vai fazer um jabá DE GRAÇA para o Disney Plus e falar de três filmes do catálogo da plataforma que vão disputar o Oscar 2021.

Sigam-me os bons!

MULAN



Há algum tempo os estúdios Disney vêm tentando adaptar suas animações clássicas para novos públicos, mas a cada novo lançamento, fica bem claro que é uma tarefa difícil agradar tanto aos fãs dos desenhos antigos quanto os novos. Com a estreia de Mulan em setembro (2020), não foi diferente, e o filme dirigido pela neozelandesa Niki Caro sofreu críticas duras até mesmo antes de seu filme dar as caras no serviço de streaming da Disney.



Em geral, o público que estava acostumado com a animação de 1998 torceu logo o nariz para as modificações anunciadas para o live-action e muita gente nem quis conferir o resultado. Entre as grandes alterações, constam a ausência do carismático Mushu  que no desenho funcionava como a voz da consciência da protagonista — e a adaptação do personagem Li Shang, o oficial comandante que acaba se apaixonando por Mulan enquanto ela ainda está disfarçada como um soldado do exército chinês. 

Mushu e Li Shang
Mushu e Li Shang


No filme, os roteiristas optaram por dividi-lo em dois personagens distintos, um o Comandante Tung (Donnie Yen) que adota uma postura mais paternal com Mulan e outro, Honghui (Yoson An), que assim como ela, é um jovem recém-alistado no exército e por quem a garota acaba desenvolvendo certo afeto. Vale lembrar, que no desenho, Li Shang sempre foi visto como um símbolo bissexual forte, uma vez que ele já gostava de Ping (o nome que Mulan adota para ingressar como um homem no exército) muito antes de saber que ele na verdade era ela. Nem é preciso dizer o quanto essa decisão desagradou os fãs do original.



Apesar de todas as críticas quanto às mudanças — que não se limitam apenas a Mushu e Li Shang — o longa-metragem, que foi uma grande aposta da Disney para abraçar ainda mais o público asiático, funciona muito bem como um produto independente, se o desassociarmos da animação. A produção de figurinos, cenários e ambientação é impecável, além do que o trabalho de fotografia da diretora australiana Mandy Walker é bastante impactante em várias cenas, causando a imersão necessária para a história.



O elenco de Mulan também não decepciona, começando pela protagonista vivida por Liu Yifei que garante ótimas cenas de ação e transparece a bravura da sua guerreira chinesa. Yifei é mais comumente vista em produções asiáticas e chegou a fazer participações também na série Once Upon a Time. Em Mulan, a atriz de 33 anos não compromete em seu papel principal, mas fica bem óbvio que ela não convenceria ninguém se fazendo passar por um homem. Enquanto na animação a personagem passa por toda uma masculinização — sacrificando inclusive os cabelos longos —  para poder substituir o pai na guerra, visualmente quase nada é alterado entre a Hua Mulan do filme e sua personificação masculina Hua Jun. Mesmo assim, isso não compromete a atuação de Yifei, que consegue fazer com que nos importemos com sua heroína ao longo de sua jornada, como diria a Lumena!



O elenco estelar de Mulan ainda traz o já veterano Jet Li na pele do Imperador chinês — e confesso que demorei para o reconhecer embaixo da indumentária pomposa —, o já comentado Donnie Yen como o Comandante das tropas chinesas, a atriz Gong Li como a bruxa Xian Lang — personagem que não existe na animação de 1998, mas que casou bem com o clima mais místico do live-action — e Jason Scott Lee que vive o antagonista principal do filme Bori Khan, substituindo o guerreiro huno do desenho Shan-Yu — apesar dos dois serem semelhantes em aparência. 



Assim como a animação noventista, o longa Mulan é baseado livremente na história folclórica chinesa “A Balada de Mulan” e no original, a guerra da China não é contra os hunos — como vimos no desenho — e sim contra os invasores Rouran, cujo líder tribal é representado no filme pelo personagem de Scott Lee. A motivação de Khan em querer acabar com a dinastia chinesa no filme de Niki Caro também é bem mais plausível, já que ele faz tudo a seu alcance para vingar a morte do pai nas mãos do imperador e também para manter a terra e a cultura do seu povo, oprimido pelos chineses. Se a gente pensar bem… ele não está tão errado assim!

Quem não é velho como eu nem deve saber, mas Jason Scott Lee estrelou a primeira cinebiografia de Bruce Lee nos anos 90 (Dragão – A História de Bruce Lee, de 1993), e eu também demorei um pouco para reconhecê-lo no filme, agora no alto dos seus 54 anos. Estamos ficando velhos, Magneto!   



Vale a pena assistir, Rodman?

Se você não é extremamente apegado à animação e quer ver um filme bacana com muita aventura e ação, além de curtir cenários maravilhosos da cultura chinesa, vale sim, jovem padawan! Mulan não é nem de longe tocante como o desenho — principalmente se compararmos o final apoteótico de uma China agradecida reverenciando a Mulan no final da animação —, mas traz bons questionamentos sobre a posição feminina numa cultura tão machista, embora esse tema esteja diluidíssimo em meio a efeitos visuais e cenas de pancadaria. A Mulan do filme não ser apenas uma mulher muito bem treinada que se equipare a homens em combate também diminui bastante a personagem e o apoio na muleta do domínio do “Chi” que ela possui desde criança a torna só alguém muito privilegiada que não se esforçou para ter suas habilidades. É como se a Mulan do live-action gritasse para o espectador:

“Se eu tenho o domínio do Chi e as outras pessoas não, É PORQUE EU MERECIIII! ”



Em tempos, ignorado completamente pelo Golden Globes, Mulan concorre a duas categorias no Oscar, o de Melhores Efeitos Visuais e o de Melhor Figurino, que tem tudo para levar para casa. Vamos ver se depois de tanta crítica, algum prêmio o filme leva!

Nota: 8


SOUL



Para mim, assim como para outros adoradores de animações, o selo “Pixar” vem acompanhado de uma expectativa imensa que só pode ser compensada com um balde de lágrimas que carregamos ao final da sessão de cinema. Pelo menos ao meu ver, tem sido assim desde Toy Story — menos o 4! —, passando por Wall-E, Ratatouille e chegando nos mais modernos como Divertida Mente e Viva – A vida é uma festa. A gente meio que se acostumou a esperar sempre o máximo de emoção num desenho animado do estúdio e não tinha como ser diferente com Soul, o que deixou um pouco daquele gosto amargo na boca.

Você quer dizer com isso que Soul é ruim, Rodman?

Não, nem de longe, caro padawan! A minha decepção com Soul tem mais a ver com a minha expectativa que estava no pico antes de eu começar a assistir do que propriamente com o desenvolvimento da história e dos personagens em si. Mas tentarei explicar.

Para começar, é bom lembrar que Pete Docter, o diretor do filme, não é nenhum iniciante e que tem no currículo além de Monstros S.A., os magníficos Up – Altas Aventuras e Divertida Mente, tendo ele ganhado o Oscar de Melhor Animação pelos dois últimos. Além da direção, Docter participou do roteiro de incontáveis outros sucessos da Pixar, o que o gabaritava imensamente para ser o grande cara por trás de Soul.



Soul é uma imersão psicológica bastante contundente não só ao nosso lado espiritual — e à primeira vista é muito fácil relacionar certos elementos narrativos com uma ou outra religião —, mas principalmente a nossos medos mais “modernos”. Apesar de ser uma animação que esteja ali para agradar também as crianças, a mensagem principal é sim para nós os adultos e quando mergulhamos na história, a mensagem nos pega de maneira firme. 

No enredo, o personagem Joe Gardner (dublado por Jamie Foxx) é um professor de música frustrado que ainda busca um lugar entre os grandes musicistas de jazz da cidade, embora esconda um passado de rejeições que faz com que até sua mãe duvide de suas capacidades instrumentistas, embora ele as tenha. A realidade se mostra bem irônica, no entanto, quando sua grande chance de mostrar seu talento na banda da cultuada “jazzista” Dorothea Williams (Angela Bassett) acaba sendo frustrada por um acidente que encerra sua participação no “show da vida”. E não… isso não é spoiler. Tem até no trailer!



Sem conseguir mostrar do que é capaz para Williams na Terra, Joe embarca numa jornada desesperada para tentar voltar para seu corpo, mostrando a todos do lado de lá do desconhecido que ele não está pronto para morrer e que a sua missão ainda não terminou. Auxiliado pelos mentores espirituais denominados “Zé” — um deles dublado pela brasileira Alice Braga — e tendo que servir ele próprio como conselheiro da alma impetuosa 22 (dublada por Tina Fey), Joe acaba descobrindo que sua jornada nunca foi se tornar um músico prestigiado e sim aproveitar melhor as pequenas coisas da vida, sendo esse seu propósito específico.



E nesse ponto o filme me atingiu fulminantemente!

Não só pela pandemia, mas por diversos outros motivos, eu me tornei uma pessoa reclusa que simplesmente não vê mais significado na vida e que não acredita mais em “propósito” (falei um pouco disso aqui recentemente). Nesse quesito, Soul é brilhante, já que mostra ao espectador tanto na figura do Joe — o sujeito inconformado com a própria vida, aquele que acha que precisa de um sentido para viver — quanto na 22, que é uma alma que simplesmente se recusa a nascer em um corpo na Terra, não vendo nem sentido ou qualquer motivação para estar entre os mortais. Enquanto a convivência entre eles os ensina novas perspectivas — e também a nós que estamos assistindo sua aventura — o filme leva os personagens a diversos cenários oníricos e subconscientes, lidando muito bem com assuntos como depressão e ansiedade, dois males que nos acompanham diariamente nessa corrida constante da vida adulta para ser alguém.



Mas afinal… nós temos mesmo que encontrar nosso propósito ou basta vivermos um dia de cada vez, fazendo o máximo pelo nosso próprio bem-estar e daqueles a nosso redor?

Soul nos leva a essa reflexão e cada um acaba tendo sua própria resposta ao final do filme, enquanto os créditos sobem e as lágrimas escorrem dos olhos.



Apesar de toda essa carga emocional, ainda não considero Soul um dos melhores trabalhos de Pete Docter, mas talvez ele ganhe maior espaço em meu coração ao longo dos anos.

Soul disputa o prêmio de Melhor Animação no Oscar 2021 e já garantiu a Docter o Globo de Ouro na mesma categoria e também em Melhor Trilha Sonora. Para mim, apesar do filme deixar um pouco o tema música em segundo plano, eu acho que a trilha tinha obrigação de ser mais inspirada e impactante, algo como o excelente “Whiplash” — só pra ficar no tema jazz — que gruda suas músicas na mente mesmo horas e horas após a exibição. Mas quem sou eu para criticar os véi que premiam as categorias do Golden Globes, não é mesmo?

Nota: 8,5


DOIS IRMÃOS



Eu preciso admitir aqui que não tinha a menor vontade de assistir Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica (no original “Onward”) e que tinha agido SIM com preconceito quanto à temática da animação, bem como o visual dos personagens.

Aiiiiin, Rodman! Seu elfofóbico!

Me desculpem os elfos azuis que estiverem lendo esse post, mas eu tinha ligado o meu completo foda-se para a animação, até o momento em que começaram a chover críticas quanto a Soul ter vencido o Globo de Ouro de Melhor Animação no lugar de Onward. Naquele momento, eu que ainda não tinha visto Soul, percebi que para fazer um post mais abalizado de indicações ao Oscar, eu precisava assistir aos dois e tirar minhas próprias conclusões. E a verdade é uma só: ambos os filmes não se comparam.

Antes que facas e foices comecem a ser arremessadas, vale lembrar que as duas produções levam o selo Disney / Pixar, o que faz com que qualquer que seja o resultado de uma “briga” entre elas, o Mickey vai contar dinheiro do mesmo jeito! Em favor de Dois Irmãos, a pegada “Disney” na animação é mais notória, já que a aventura do subtítulo deixa bem clara que a história é sim mais leve e bem mais focada no público infantil do que Soul, por exemplo. É meio que querer comparar Shazam! da Warner, que tem uma cara mais infantiloide e bobalhona com a obra-prima da sétima arte que é Zack Snyder’s Justice League, o filme mais adulto de todos os tempos — e nem ouse discutir, padawan! Eu envelheci mais 15 anos só em assistir as quatro horas daquela porra!

Apesar de não serem histórias para um mesmo público, é inevitável não compararmos os dois filmes, já que ambos disputam o mesmo prêmio de Melhor Animação, e nesse quesito é bom referenciar aqui, me fazendo queimar bastante a língua e engolir a minha elfofobia a seco, que Dois Irmãos é sim mais divertido que Soul.

O que? Calúnia! Difamação, Rodman!

Onward é escrito e dirigido por Dan Scanlon, que diferente de Pete Docter, não tem um currículo tão impressionante, estando à frente anteriormente apenas do fraquinho Universidade Monstros, o prequel de Monstros S.A. Apesar da pouca experiência na direção, Scanlon entrega um filme bem redondo e de fácil digestão para o público, em especial por fazer com que nos importemos logo de cara com o personagem loser da vez dublado pela eterna viúva do “Senhor Stark” Tom Holland



Num mundo mágico onde os seres que o habitam — além de elfos tem trolls, unicórnios, fadas e centauros — simplesmente deixaram de usar a magia pela conveniência das modernidades tecnológicas, no dia do seu aniversário de 16 anos, Ian Lightfoot (Holland) recebe da mãe Laurel (Julia Louis-Dreyfus) um presente que guardou por anos, dado pelo pai já falecido do garoto elfo. Segundo a carta deixada por ele, o artefato vai permitir que o antigo patriarca da família retorne para conviver com os filhos durante um dia através de magia. O presente em si é um cajado e as instruções deixadas pelo pai exigem que um dos meninos — Ian e seu irmão mais velho Barley, dublado por Chris Pratt — utilize a magia adormecida para trazê-lo dos mortos, o que obviamente dá errado num primeiro momento.



Tendo destruído no processo de ressuscitação a gema mística que seria usada como intermédio entre os mundos — e tendo trazido apenas a metade da cintura para baixo do pai de volta — todo o plot dos dois irmãos se desenvolve pela busca de uma outra “gema fênix” para trazer o restante do pai, o que faz com que eles partam numa jornada ensandecida pelo mundo místico que agora não é mais como antigamente.



Cheio de referências a jogos de tabuleiro de RPG, com uma trilha sonora recheada de Rock N’ Roll com orquestras e um humor muito característico, Dois Irmãos é com segurança a animação mais divertida que assisti nos últimos tempos e também um dos últimos filmes que consegui assistir de uma tacada só, sem nem me levantar para fazer qualquer outra coisa. A aventura dos irmãos Lightfoot é mesmo digna de ser acompanhada na íntegra e não causa nenhum sentimento de estranheza pela ambientação pouco comum daquele mundo fantástico representado na tela. A forma criativa como os roteiristas representam alguns seres místicos já tão inerentes no nosso imaginário popular é muito boa, e mesmo não estando nos melhores dias da minha vida, confesso que abri um sorriso com a gangue das fadas motociclistas. Outro ponto de risos contidos foi a performance a laUm Morto Muito Louco” do patriarca dos Lightfoot, com suas dancinhas e seu gingado um tanto quanto etílico. Hilário!  



Claro que por se tratar de uma história sobre paternidade, a emoção é garantida no desfecho do filme e toda a nossa apreensão pela conclusão ou não da jornada dos personagens é compensada brilhantemente com um final bastante tocante entre os irmãos e seu pai. A Pixar já tinha me feito chorar com um robô apaixonado em Wall-E, já tinha me arrancado lágrimas da interação de uma criança com seus brinquedos e tinha feito eu me importar com um rato cozinheiro… mas fazer eu me debulhar em lágrimas por causa de uma van É SACANAGEM! O sacrifício da Guinevere ao som de “Rise to Valhalla” é um dos momentos mais épicos do filme. Chorei e não foi pouco!



Vale lembrar aqui que muito da minha emoção com o filme se deu também porque eu perdi o meu grande amigo canino no começo desse dia e ainda estava bastante fragilizado emocionalmente. A recuperação tem sido lenta e gradativa.

Hoje eu endosso o coro dos fãs que disseram que Dois Irmãos foi bastante injustiçado em não receber o mesmo tratamento midiático que Soul recebeu e assino embaixo. A pandemia e o não-lançamento do longa nos cinemas também prejudicou bastante a divulgação da animação e muito disso se refletiu no resultado do Globo de Ouro, que premiou Soul no lugar de Onward e de Os Croods 2: Uma Nova Era, da DreamWorks. Na categoria Melhor Animação do Oscar 2021, Onward vai enfrentar novamente Soul, além das animações A Caminho da Lua (Netflix), a irlandesa WolfWalkers (Cartoon Saloon) e Shaun, o Carneiro: O Filme (Netflix). As apostas estão altas, mas acho difícil que Pete Docter não leve mais essa estatueta para casa.

Nota: 9

Mulan, Soul e Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica estão disponíveis no catálogo da Disney Plus e podem ser vistos por lá exclusivamente até a premiação máxima do cinema estado-unidense mundial.

O Blog do Rodman vai acompanhar a cerimônia do Oscar dia 25 e em breve falaremos dos grandes vencedores da noite direto do tapete vermelho…

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Mentira, claro! Estarei de pijama em frente à TV assistindo a transmissão. Ainda estamos numa pandemia e eu não fui vacinado, porra!


NAMASTE!    

29 de dezembro de 2020

A guerra do streaming e o fim do cinema



O Covid-19 vai deixar marcas profundas em todos nós e não é de se espantar que até mesmo as grandes corporações estejam sofrendo com essa pandemia que se alastra desde meados de março de 2020 pelo mundo. Tendo em vista que as principais salas de cinema mundiais não retornarão às suas atividades normais num futuro próximo e que mesmo após a vacina ter sido sintetizada nossas vidas ainda estarão bastante tumultuadas por conta do coronavirus, a Warner decidiu dar um passo além e anunciou no começo de dezembro que TODOS seus grandes blockbusters estarão disponíveis em sua plataforma de streaming SIMULTANEAMENTE ao lançamento dos cinemas. 



O primeiro grande teste da Warner foi com o filme Mulher Maravilha 1984 que estreou nas salas de cinema e no HBO Max no dia 17. Até o presente momento, a produção dirigida por Patty Jenkins — que deveria ter estreado em abril — teve uma bilheteria mundial de US$ 85 milhões — US$ 16 milhões dos quais só nos EUA — e já foi visto por metade dos assinantes do serviço de streaming da Warner, o que obviamente é algo bem considerável.



Ainda é cedo para se dizer se a ideia de lançar grandes produções tanto no streaming quanto nos cinemas vai ajudar a salvar os cofres bilionários das empresas de entretenimento durante a pandemia, mas a Warner já anunciou que além de Mulher Maravilha 1984, todos seus grandes blockbusters previstos para 2021 também serão lançados nesse mesmo esquema. Filmes como Matrix 4, Duna, Godzilla vs Kong, Tom e Jerry (o filme) e o novo Esquadrão Suicida também constarão no catálogo da HBO Max logo que os filmes forem lançados no cinema e o mais importante: sem que o assinante precise pagar mais por isso. 



Na guerra do streaming, a Disney, assim como a Warner, tem feito experimentações com seu Disney + e foi a primeira empresa a colocar um de seus grandes blockbusters online durante a pandemia. A versão live-action da clássica animação Mulan teve lançamento exclusivo na plataforma em setembro e causou bastante burburinho por não ser uma adaptação fiel a animação de 1998. Além disso, o filme só podia ser visto em streaming se o assinante do Disney + adicionasse um valor extra ao que já pagava mensalmente — algo como se você só pudesse ver o filme no cinema se comprasse o combo com refri+pipoca — e no Brasil isso causou certo incômodo.



A Disney vai manter estratégia parecida com seus próximos lançamentos em streaming — pelo menos com aqueles que serão lançados simultaneamente com os cinemas — e já anunciou que a animação Raya and the Last Dragon será adicionada ao catálogo a partir de março de 2021, com um acréscimo de US$ 30 (R$ 150,00) à mensalidade para quem quiser ver na estreia em casa, em vez de ir ao cinema. 



A Disney ainda não se pronunciou quanto à sua estratégia para enfrentar a pandemia ou sobre os filmes que estão na geladeira por enquanto — como Viúva Negra, por exemplo —, mas nas últimas semanas anunciou 10 novas séries dentro do Universo Marvel dos cinemas e mais 10 sobre Star Wars, o que nos leva a crer que seu foco agora vai ser em seu serviço de streaming e não tanto nas grandes produções hollywoodianas. 



Com a normalização dos serviços de streaming, com lançamentos exclusivos sendo feitos diretamente para essas plataformas ao longo de todo o próximo ano, qual será o futuro das salas de exibição e dos grandes operadores de cinema?  

Falando agora particularmente, se tem uma coisa que eu gosto é de ficar em casa curtindo um filminho ou uma série no som bacanudo do meu home theater, mas mesmo com a facilidade que os serviços de streaming proporcionam —incluindo aí os preços mais baixos em comparação com todo o rolê que inclui uma "simples" ida ao cinema — na minha visão, nada se compara à experiência de ver um filme na telona.



Em minha infância eu não tive muitas oportunidades de ir ao cinema — toque a música triste do Hulk em sua cabeça. O primeiro filme que assisti em tela grande foi O Rei Leão (1994) e só consegui ir de novo no final do século para assistir Star Wars - Episódio I e o Fim dos Dias com o Schwarzenegger. Já no século XXI, quando consegui ir assistir o Homem Aranha (2002) no cinema, a experiência foi inacreditável e tenho lembranças até hoje da sensação incomparável de estar em uma sala confortável, com ar condicionado, ouvindo a reação das pessoas ao meu redor com as cenas impactantes e o cheiro da pipoca no nariz. Acho todo o clima do cinema algo maravilhoso até hoje e a menos que eu ganhe na Mega Sena e possa construir uma sala de cinema em casa, nunca vou poder reproduzir toda essa experiência, por melhor que seja a banda de internet ou melhor que seja o áudio de meu home theater

Você é velho, Rodman! Ninguém gosta mais de cinema lotado, gente levantando no meio do filme, falando alto, usando o celular! O esquema é streaming! 

Tô ligado, jovem padawan!

Eu mencionei antes a sensação de poder ouvir a reação das pessoas ao meu redor ao filme, mas até mesmo quando a sala do cinema está quase vazia AINDA assim vale a experiência. Em 2019 posso dizer que não encarei mais do que duas ou três sessões cheias em cinema e a grande maioria foi na tranquilidade. Ar condicionado no talo, som mais alto que a mastigação da pipoca e uma tela gigante em minha frente me fazendo esquecer dos problemas por duas horas.



Eu tenho quase um caso de amor com o cinema e até mesmo os filmes mais horríveis parecem ganhar uma aura diferenciada na projeção. É algo difícil de explicar. 

A explosão dos serviços de streaming vai trazer uma comodidade que muita gente sempre quis ter de ver seus filmes preferidos em casa, esticadão no sofá ou na cama, sem precisar enfrentar filas, sem ter que procurar vagas de estacionamento ou do incômodo que é ter gente falando alto enquanto o filme está sendo projetado. No entanto, não há como negar que daqui a pouco tempo, pagar uma sessão de cinema não vai ser quase nada comparado aos valores acumulados que vão acarretar assinar três, quatro serviços diferentes para se ter o privilégio de ver um filme em seu lançamento, sem falar nas taxas extras (não é mesmo dona Disney?).  

Você pode estar lendo esse artigo em seu celular com uma banda de fibra ótica de 200 milhões de megas, mas é importante lembrar que tem lugar no Brasil que mal chega 1 Mb de velocidade, além do que a interrupção de banda causa um desconforto inacreditável no meio de um filme ou de um episódio de série. Para quem não tem uma internet decente em casa ou sequer pode se dar ao luxo de assinar Netflix, Amazon Prime Vídeo, Globoplay, Disney + e a vindoura HBO Max — ainda sem data de estreia no país da antivacina — todas de uma vez, uma sessão de quarta-feira a R$ 10,00 no cinema viria muito bem a calhar!

Por enquanto, ainda não está declarado o fim oficial dos cinemas, que continuarão moribundos no próximo ano ainda sob efeito da pandemia do Covid-19, mas se você tem algum bom senso e preza pela vida de seus entes queridos — pelo menos aqueles que não são bolsominions — não vai ser tão cedo que iremos rever cenas como o cinema levantando de emoção enquanto o Capitão América empunha o Mjolnir em Vingadores - Ultimato.

Fala a verdade... nenhum serviço de streaming jamais vai proporcionar a emoção de ver uma cena como aquela em meio a uma galera tão emocionada e vibrante quanto você. Esse tipo de coisa nunca mais vai acontecer. Uma pena.

Estamos ficando velhos, Magneto!

P.S. - Eu não sou muito bom de matemática, mas tendo em vista que você seja um entusiasta dos serviços de streaming e não queira ficar para trás nas rodas de conversas sobre os filmes e séries mais comentados da semana, você teria que desembolsar os já costumeiros R$ 32,90 da Netflix — afinal, você não quer perder Os Cambitos da Rainha e nem a última temporada de La Casa de Papel! —, os R$ 9,90 da Amazon Prime, os R$ 37,90 da Disney + — pra deixar o Mickey ainda mais rico e também para ver o Baby Yoda — e se quiser aproveitar o combo Disney + e o Globoplay, R$ 43,90. Dá para ver o Faustão ao vivo no domingo, conferir a excelente série Desalma e ainda rever o Pescador Parrudo em Kubanacan. Como disse, sou péssimo em contas, mas chutando por alto, se você quiser mesmo ser O entusiasta do streaming — e sem contar com a sua conta no Spotify ou no Deezer — você vai ter que desembolsar o valor módico de R$ 86,70 mensais... ou algo próximo a isso. Se você tiver namorada (o), é mais ou menos o que gasta a uma ida com ela (o) ao cinema, mas sem as experiências já comentadas anteriormente.

P.S. 2 - Rod Rodman ainda não assinou o Disney +... quem sabe ele se decida quando chegarem as séries da Marvel por lá! 

NAMASTE!   

4 de junho de 2020

10 filmes para ver na Quarentena


A maioria de nós está impossibilitada de sair de casa devido a pandemia de Covid-19, que até a conclusão desta postagem, ainda estava assolando o nosso planeta, por isso, assistir filmes e séries virou mais do que passatempo corriqueiro. Virou uma questão de sanidade, já que sem essa válvula de escape, muitos de nós já teriam pirado completamente só assistindo noticiários (e eu nem estou falando só da pandemia, talkey!).

Seja nas plataformas de streaming ou na TV por assinatura, a variedade de filmes disponíveis é bem seleta, e eu separei aqui um Top 10 (sem muito compromisso de ser do "pior" para o "melhor") daqueles que mais me chamaram a atenção durante a quarentena a que estamos confinados.  


OPERAÇÃO OVERLORD


Dirigido pelo desconhecido Julius Avery, o simpático Operação Overlord foi vendido como “o filme escrito por J.J. Abrams”, fato esse que colaborou para a garantia de pelo menos metade da bilheteria (fraca) que o filme obteve no cinema.

A história de guerra situa seus personagens na França de 1944, quando uma tropa de paraquedistas americanos desembarca bem em cima das linhas inimigas, sendo obrigada a se separar sob fogo cerrado. Quando os sobreviventes da queda conseguem se reagrupar, eles partem para cumprir a missão que eles acreditam ser a desativação de uma base inimiga, mas já em seu destino, acabam descobrindo que os nazistas estão planejando algo muito mais grandioso e mortal contra os Aliados.

Mathilde Ollivier e Jovan Adepo em cena

Muitos filmes já colocaram os nazistas e seu comandante como estudiosos do oculto, das forças malignas, e com isso, Operação Overlord consegue juntar dois gêneros muito populares em Hollywood que é “filme de guerra” com “filmes de zumbis”. O que aconteceria se Hitler tivesse encontrado uma forma de reviver os mortos e torná-los os soldados perfeitos para sua conquista mundial?


Overlord (que também foi o nome dado à missão de invasão da Normandia durante a 2ª Guerra) rendeu apenas US$ 41 milhões de um orçamento de US$ 38 milhões, mas não chega a ofender a inteligência de ninguém, sendo um ótimo divertimento de quase duas horas e com uma história interessante de ser acompanhada. Os personagens são cativantes e o filme possui cenas de violência beeeem gráficas, em especial quando vai se aproximando mais do seu final. Além do protagonista Jovan Adepo, o elenco ainda conta com a belíssima atriz e modelo francesa Mathilde Ollivier (que possui o arco mais dramático do filme, em busca do irmão raptado), o ator Wyatt Russell (que vai ser o John Walker/Agente Americano na série da Marvel Soldado Invernal e Falcão) e Iain De Caestecker (o Agente Fitz de Agents of SHIELD). Como filme de guerra, não chega a ser um Resgate do Soldado Ryan ou um 1917, mas possui vilões muito bons que vão fazer o desfecho valer ainda mais a pena.

Wyatt Russel

Como tem nazistas na história, vai agradar parte dos eleitores do atual presidente do país! 

Nota: 7

Disponível no catálogo do Telecine.

A BABÁ


Depois de As Panteras: Detonando (2003) e Exterminador do Futuro – A Salvação (2009), nunca mais achei que veria outra coisa dirigida por McG, mas acabei assistindo A Babá na total ignorância de que era o cara por trás das câmeras.

Diferente de Terminator Salvation que era para ser levado a sério, A Babá (filme de 2017) subverte completamente o gênero terror, tornando o filme uma comédia galhofa de ótima qualidade. O plot inicial nos mostra o medroso protagonista Cole (Judah Lewis) como o único menino do bairro que ainda tem uma babá para cuidar dele quando os pais saem de casa, fato que gera muito constrangimento e bullying com ele na escola. Cheio de fobias e incapaz de enfrentar os bullies do bairro, Cole tem como única amiga a vizinha Melanie (Emily Alyn Lind), além de contar com a proteção de Bee, a sua Babá.

Judah Lewis e Samara Weaving

Bee se mostra uma verdadeira parceira “nerd” para o menino, e as horas que os dois passam juntos na ausência dos pais dele são sempre muito bem aproveitadas, com várias atividades que deixariam qualquer moleque adolescente simplesmente apaixonado pela babá. Destaque para a cena em que os dois escolhem uma equipe para combater invasores alienígenas cheia de referências nerds, que vai de Capitão Kirk ao Xenomorfo de Alien.

Tudo corre muito bem na vida de Cole, até que ele descobre numa noite a razão pela qual Bee o dopa todas as noites, para mantê-lo em sono profundo: Ela é uma assassina adoradora do Diabo que quer seu sangue inocente para ganhar tudo aquilo que almeja.


A partir dessa descoberta, o filme vira um delicioso thriller em que cenas cada vez mais absurdas inundam a tela até o desfecho da história. A Babá de McG é dirigido com ótimas tomadas de câmera que às vezes coloca o espectador na visão do menino Cole, além de uma edição muito caprichada e veloz que exprime graficamente as emoções do protagonista com textos e efeitos digitais. É bem incrível o que o diretor consegue fazer nas cenas de ação sem exagerar no CGI (algo que era terrível em As Panteras!), mas independente dos efeitos visuais, o carisma de todos os personagens segura muito bem a história. Além de Judah Lewis, o filme conta com a lindíssima Samara Weaving como Bee, Leslie Bibb (a jornalista que vai pra cama com Tony Stark em Homem de Ferro 1) como a mãe de Cole e Robbie Amell (o Nuclear caucasiano do Arrowverso) como um dos amigos adoradores do demônio de Bee.


O desfecho é de partir o coração, mas A Babá vale muito a pena para um domingo à noite de bobeira na quarentena.

Nota: 8

Tem na Netflix. 

P.S. - Não confundir com A Babá (2018) de Joel Novoa, que esse sim, é um filme de terror roots, de dar cagacinho.

A NOITE É DELAS


Rough Night (2017) é um daqueles filmes que conquista seu interesse só pelo trailer, mas que por uma razão ou outra, a gente não consegue assistir no cinema. Dirigida pela diretora italiana Lucia Aniello, a comédia rasgada nos coloca para rir quase que do começo ao fim com um grupo de amigas dos tempos da faculdade que decidem sair numa viagem para comemorar a despedida de solteira de uma delas, Jess, a personagem vivida por Scarlett Johansson. Elas agora seguem vidas completamente diferentes da época em que dividiam uma república. 


Jess é candidata a um alto cargo no governo, Alice (Jillian Bell) tornou-se professora do primário, Blair (Zoë Kravitz, a próxima Mulher Gato de The Batman) é uma empresária bem-sucedida divorciada e com um filho e Frankie (Ilana Glazer) que nos tempos da faculdade namorava Blair, agora é uma ativista feminista. Quando as moças se reencontram, meio que rola uma tensão entre elas, e fica nítido ao espectador que elas não parecem ser tão amigas assim. Essa tensão dura até o momento em que elas chegam na casa em Miami onde vão passar aqueles dias, quando então a nova melhor amiga de Jess, chamada de “Kiwi” (Kate McKinnon) se junta ao grupo, causando ciúmes na controladora Alice.

A engraçadíssima Kate McKinnon e Scarlett Johansson

Os problemas do grupo começam realmente quando uma das garotas decide contratar um Go-Go Boy para entreter a noiva Jess e acidentalmente elas acabam matando o cara. E isso não é spoiler, porque tem no trailer. A partir daí as confusões para elas se safarem daquele problema sem prejudicar suas vidas e suas carreiras criam as situações mais hilárias do filme, nos prendendo firmemente ao sofá até o desenrolar da história. A personagem de Kate McKinnon com seu sotaque australiano e seu jeito meio destrambelhado rouba fácil a maior parte das cenas de humor (destaque para o acidente de jet-ski!), o que torna o filme uma das grandes surpresas do gênero comédia. 

Como é de praxe, o filme tem citações e insinuações sexuais para caralho, só que o mais interessante nesse ponto é que agora estamos vendo tudo pela ótica feminina, já que é uma mulher atrás da câmera. Não espere, portanto, personagens sexualizadas ou estereotipadas em A Noite é Delas, já que isso não acontece em nenhum momento.


Aniello tem um estilo muito próprio de filmar as cenas mais movimentadas, e até as sequências óbvias acabam causando risos, mesmo nos momentos mais prováveis. A Noite é Delas é para ver com os amigos reunidos na sala, mas como isso vai contra as recomendações de isolamento social da OMS, pode assistir em casa de casalzinho que também vale a pena. O filme ainda conta no elenco com o ator Colton Haynes (o Ricardito do Arrowverso) como um garoto de programa e com a sumida Demi Moore, que interpreta a vizinha ninfomaníaca da casa em Miami.

NOTA: 9

Está disponível na Netflix.   

OS 7 MAGNÍFICOS


Eu tenho uma certa preguiça para filmes de “bang bang” (como diria minha mãe), mas confesso que o que me chamou a atenção no western Os 7 Magníficos (2016) foi seu elenco. Dirigido por Antoine Fuqua, o longa é um remake de um filme homônimo da década 1960, que também já era baseado no japonês Os Sete Samurais de 1954. Fuqua tem no currículo o excelente Dia de Treinamento (2001), filme que rendeu o Oscar de melhor ator a Denzel Washington, merecidamente, além de vários outros filmes também protagonizados pelo ator.


O enredo conta a história do oficial negro Sam Chisolm (Denzel Washington) que decide aceitar a recompensa paga por Emma Cullen (Haley Bennett) para libertar o seu vilarejo das garras tirânicas de Bartholomew Bogue (Peter Sarsgaard), um barão industrialista que quer se beneficiar das minas existentes no lugar. Bogue chega no vilarejo com toda sua força armada e exige que os moradores vendam suas casas a preço de banana. No processo, ele acaba matando aqueles que se rebelam, deixando Emma viúva. É aí que ela reúne os poucos recursos que o lugar tem e decide contratar caçadores de recompensa para acabar com Bogue e seu bando. Embora não seja um caçador de recompensas, Chisolm decide aceitar o serviço ao saber quem está envolvido nele, reunindo os melhores homens da região para ajudá-lo naquela missão praticamente suicida.


Os “sete” do título são formados, além de Chisolm, por Faraday (Chris Pratt, o Starlord de Guardiões da Galáxia), Goodnight Robicheaux (Ethan Hawke), Jack Horne (Vincent D’Onofrio, o Wilson Fisk da série do Demolidor da Netflix), Billy Rocks (Byung-hun Lee) o especialista em facas, o mexicano Vasquez (Manuel Garcia-Rulfo) e Red Harvest (Martin Sensmeier) o índio Comanche solitário que decide se juntar a eles no caminho. O filme tem sequências espetaculares de ação, regadas com muito tiroteio, explosões, empalamentos e flechadas. Todo o elenco está muito bem em cena, conduzido pela direção firme e talentosa de Fuqua. Cada personagem, por possuir uma habilidade específica (além de só saber apertar um gatilho), é explorado unicamente em suas características, o que também pode ser observado com relação a suas personalidades. Nesse quesito talvez os dois únicos que saem perdendo, não tendo tanto tempo de tela quanto os demais, são o Comanche e o mexicano, que tem pouco de suas personalidades explorada no roteiro.

Haley Bennett, Chris Pratt e Peter Sarsgaard

A interação do elenco é uma das melhores coisas sobre esse filme, o que faz o tiroteio final ser tão empolgante quanto doloroso.

Nota: 8

Está disponível na Netflix.   

NA NATUREZA SELVAGEM


Um pouco antes desse filme voltar a ser comentado em 2020 devido a história do brasileiro que decidiu seguir os passos de Christopher McCandless até o Alaska, eu resolvi finalmente dar uma chance a ele, após ser citado em um podcast que ouvi. Na Natureza Selvagem (2008) esteve disponível na Netflix por algum tempo, mas acabei tendo que apelar para meios alternativos para assisti-lo já que ele foi tirado do catálogo.


Dirigido pelo também ator Sean Penn, o filme é baseado em Into the Wild de Jon Krakauer, livro que conta a história real de Christopher McCandless, o jovem de 23 anos que decidiu largar toda sua vida de luxos e riquezas para embarcar em uma viagem de autoconhecimento até o Alaska. McCandless (ou Alexsander Supertramp) simplesmente desaparece após se formar na faculdade, não deixando qualquer rastro para trás e abandonando completamente sua vida anterior. Bens materiais, família... Tudo é colocado em segundo plano enquanto ele decide trilhar seu próprio destino até o Alaska, onde ele, por um infortúnio, jamais conseguiu chegar.


McCandless é competentemente interpretado por Emile Hirsch no filme e o ator mergulhou fundo (literalmente!) no papel, dispensando dublês em cenas mais perigosas (como a que desce uma corredeira de caiaque) e até encarando um urso de verdade. Hirsch ainda aceitou provações físicas para se aproximar perfeitamente ao estado em que o verdadeiro Christopher deve ter chegado em seus últimos dias, privado de alimentos, e o ator está só pele e osso nas últimas cenas.


Na Natureza Selvagem, como dá pra perceber até aqui, não é um filme de fantasia com final feliz, mas todo o processo (egoísta sim) de descoberta pelo qual o personagem passa em sua história é uma das mais comoventes que já assisti em um drama. Todo o clima de melancolia e solidão (embora o personagem se negue a ser depressivo ou mesmo triste) do enredo fica ainda melhor sentido pelas canções e pela trilha sonora composta por Eddie Vedder (o vocal do Pearl Jam), Michael Brook e Kaki King. Toquei essa trilha incessantemente por algumas semanas no Spotify, tentando absorver tudo que o filme acabou representando para mim. Chorei e não foi pouco ao final do filme, e de uma forma ou outra, acabei me perguntando se eu não faria algo parecido com o que o protagonista fez. Às vezes, por mais que isso seja egoísta e idiota, o isolamento total até a morte parece ser a única resposta para as dores diárias da vida e a total falta de propósito. Mas esse é meu lado depressivo falando mais alto.

P.S. : Foi a primeira vez que achei a atriz Kristen Stewart levemente atraente. Decididamente, ela fica muito melhor de cabelos mais escuros e meio sujinha do que aquela boneca de cera sem vida que ela sempre aparece nos filmes posteriores.


Nota: 9

Está disponível no Telecine Play (e seu aplicativo HORRÍVEL!).

BRIGHTBURN


Brightburn (O Filho das Trevas, como foi intitulado no Brasil) é um filme de 2019 dirigido por David Yarovesky e produzido por James Gunn, diretor de Guardiões da Galáxia e do próximo Esquadrão Suicida. Assim como outras adaptações que foram feitas nos quadrinhos, o enredo de Brightburn escrito pelos irmãos de James Gunn Brian e Mark, procura desvendar o que aconteceria se o Superman tivesse se tornado mau após cair na Terra, e embora não haja NENHUMA ligação do filme com o personagem icônico da DC Comics, o que não faltou foram correlações dos fãs do escoteiro kryptoniano com o personagem Brandon Breyer (Jackson A. Dunn).

As semelhanças começam quando o casal Tori (Elizabeth Banks) e Kyle (David Denman) após várias tentativas frustradas de terem um filho pelos meios naturais, acabam tendo suas preces atendidas quando uma espécie de foguete cai no terreno de sua fazenda no Kansas. O objeto voador traz à Terra durante a noite uma forma de vida semelhante a um bebê humano, que o casal decide tomar conta como se fosse seu filho, escondendo de todos a seu redor sua real natureza. Embora não saibam exatamente de onde o bebê veio, Tori e Kyle escondem a nave alienígena embaixo do celeiro e lá a deixam oculta até a pré-adolescência de Brandon.


As semelhanças com a origem do Superman terminam quando após o aniversário de 12 anos, Brandon começa a se comportar de maneira assustadora, como que tendo a mente manipulada por um comando extraterrestre da nave que o manda “conquistar o mundo”. O comando faz com que uma natureza selvagem seja despertada no menino, que começa a agir de maneira a satisfazer seus desejos mais primitivos, como fazer com que a colega de sala Caitlyn (Emmie Hunter) o aceite como amigo à força ou mesmo assassinar aqueles que ao longo do filme vão descobrindo o que ele é capaz de fazer. A partir do ponto em que Brandon aceita seu lado maligno, o filme vira um thriller muito bom que vai surpreendendo o espectador numa escalada impressionante até seu fim dramático. Com seus poderes (que além de voo, rajadas de calor dos olhos parece incluir também telecinésia), Brandon passa a usar um capuz assustador para cometer incólume várias barbaridades em Brightburn, a cidade que dá título ao filme, enquanto deixa sua marca (literalmente!) por onde passa.


O filme rendeu uma 32 milhões ao estúdio que o produziu, o que nos dias atuais não parece ter sido um retorno muito bom. Meio obscura, a produção parece só ter causado algum disse-me-disse no meio nerd mesmo, devido as semelhanças com o Superman. O restante do público “civil” parece ter ignorado o longa completamente. Uma pena, porque eu gostei pra cacete do filme e recomendo.


A cena final ainda é embalada pela música “Bad Guy” da esquisitinha Billie Eilish.

Nota: 8

O filme está disponível no catálogo da HBO Go.   

 

SERGIO


Começo esse tópico completamente envergonhado pela total ignorância a respeito da vida e do trabalho de Sérgio Vieira de Mello, personagem central do filme (de 2020) e também do documentário “Sergio” de 2009, ambos dirigidos por Greg Baker. Após assistir o longa, fiquei completamente sensibilizado pela história de vida desse brasileiro que chegou a ocupar no início dos anos 2000 um dos cargos mais altos dentro do quadro de funcionários da ONU, o de Alto Comissário das Nações Unidas. Amigo pessoal do agora ex-secretário-geral Kofi Annan, Vieira de Mello chegou a ser intitulado como o “homem que queria salvar o mundo” devido à natureza de seu trabalho e o afinco com que o realizava. Formado em Filosofia, ele entrou na ONU aos 21 anos, seguindo de perto a carreira do próprio pai. Embora nunca tenha sido, de fato, um diplomata (porque não representava o Brasil no exterior), de Mello foi chamado assim por muito tempo, agindo com o intuito de apaziguar os ânimos entre nações e poderes.


De forma não-linear, já que vai e volta no tempo algumas vezes durante a projeção, Sergio narra os últimos anos de vida do brasileiro, desde sua intervenção no Camboja (onde ajudou a repatriar milhares de refugiados), passando pela vitoriosa negociação em ajudar a libertar o Timor-Leste do domínio da Indonésia e sua missão final no Iraque pós-Saddam Hussein. O Timor havia sido colonizado por Portugal no século XVI e só foi conhecer sua independência brevemente em 1975, quando então passou a ser ocupado pela Indonésia. Sergio Vieira de Mello ajudou a libertar o país asiático do jugo da Indonésia e por esse feito antes considerado impossível, ele ganhou honrarias na ONU, além do cargo de Alto Comissário.  

Após o fatídico ataque da organização Al-Qaeda aos EUA em 11 de Setembro de 2001, o então presidente George Bush impeliu um forte ataque militar a vários países do Oriente Médio, incluindo o Iraque. Enquanto as tropas militares americanas conseguiam finalmente acabar com o domínio de Saddam Hussein (inimigo que o pai de Bush não conseguiu deter durante a Guerra do Golfo nos anos 90) no país, um novo território começava a surgir para os norte-americanos, agora livre do ditador que comandava o lugar durante as últimas décadas. A missão de Vieira de Mello no Iraque era ajudar a conduzir o país para novas eleições, mas os planos dos EUA, representado na figura do diplomata Paul Bremer, era dominar a área, fazendo com que o Iraque se tornasse uma espécie de colônia deles.

Sergio Vieira de Mello na ficção e na vida real

Baseado quase que totalmente na história real do brasileiro à serviço da ONU, é quase difícil acreditar que o ataque à sede da UN que vitimou Sergio e 21 de seus colegas não foi orquestrada pelos EUA (e o filme chega a dar entender isso), mas a realidade é que um grupo de terroristas se aproveitou da fragilidade do prédio para bombardear o local, colocando um fim na carreira brilhante do diplomata carioca. Embora foque bastante no relacionamento amoroso (muito bem construído, por sinal) entre Sergio e a economista argentina Carolina Larriera, o filme dá um vislumbre geral em quem era o homem por trás do diplomata, o que nos faz sentir sua morte ainda mais. Certamente alguém pacífico como Sergio seria duramente criticado no Brasil intolerante em que vivemos hoje em dia e não demoraria até que fosse chamado de “comunista”, assim como são chamados todos que buscam uma convivência mais pacífica entre as diferenças. O fato é que ele foi uma pessoa única, razão pela qual colecionava admiradores pelo mundo.

A atuação de Wagner Moura é algo de estupenda nesse filme. Que ele é um ator versátil e que topa qualquer desafio na carreira, isso nós já sabemos, mas a forma como ele torna seu Sergio plausível é elogiável. Ao longo do filme, ele não só fala inglês (língua principal do filme e que ele usa muito bem anasalada, sem muito sotaque), como arrisca o espanhol (pelo qual foi criticado na série Narcos onde interpretou Pablo Escobar) e até o francês, além de falar também em português. Ao lado da atriz cubana Ana de Armas (que interpreta a Carolina), ele constrói cenas muito tocantes de cumplicidade e romance, o que nos faz acreditar no amor que existe entre os dois. Aliás, é impossível não ficar apaixonado pela Ana de Armas ao longo do filme! Que mulher maravilhosa!

Wagner Moura e Ana de Armas

Sergio não é um filme com cenas de ação retumbantes ou um enredo dinâmico, mas entretém quem está procurando algo mais tocante e repleto de mensagens belíssimas.

“Eu queria ser uma nuvem, cair em forma de chuva e ficar para sempre na Terra a qual pertenço”.

NOTA: 10

Filme disponível na Netflix.  

 

INFILTRADOS NA KLAN

Vidas Negras Importam

BlacKkKlansman garantiu o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado para o diretor Spike Lee em 2019 e com certeza o longa-metragem merecia muito mais atenção, já que disputou outros prêmios na grande celebração do cinema, mas não levou. Baseado no livro homônimo escrito pelo próprio Ron Stallworth, o filme conta com bastante fidelidade a história real do primeiro policial negro do Colorado a trabalhar infiltrado em um caso. Disposto a se tornar um oficial tão qualificado e de destaque quanto os colegas brancos de equipe (enfrentando muito preconceito racial dentro da própria corporação), Stallworth (no filme vivido por John David Washington, filho de Denzel Washington) acaba entrando em contato com membros da Ku Klux Klan, a fim de se infiltrar entre eles e desbaratar um atentado racista que estava prestes a ser colocado em prática. A ironia da história é justamente essa: Um policial negro infiltrado nas fileiras do grupo que defende a supremacia branca em plenos anos 70, quando então os negros começavam a conquistar seus direitos civis nos EUA.

O diretor Spike Lee

Stallworth não esperava que suas investigações o levassem tão longe, mas quando um membro de alta cúpula da KKK exige um encontro pessoalmente com ele, após cair no seu papo de filiação por identificação com a causa "American First" e "White Power", é necessário mandar alguém em seu lugar, quando então surge a ideia de agir em conjunto com o colega policial (e judeu) Flip Zimmerman (na tela vivido por Adam Driver) para se passar pelo Ron Stallworth branco. Na história real, o colega de Ron não é um judeu, fato que Spike Lee adicionou à história para dar um ar ainda mais dramático ao filme, já que além de negros, os supremacistas brancos também odiavam os judeus.

Adam Driver e John David Washington

O enredo consegue nos manter na ponta da cadeira até o final, já que o jogo perigoso dos dois detetives pode ser descoberto pelos racistas a qualquer momento. Para manter seu disfarce até a conclusão da investigação e desmantelar o atentado que prometia vitimar centenas de pessoas inocentes, é preciso que os dois “Ron Stallworth” estejam em perfeita sintonia, o que acaba não acontecendo em alguns momentos.

Laura Harrier

Além das excelentes atuações de Washington e Driver, o filme ainda conta com a atriz Laura Harrier (a Liz Allen de Homem Aranha: De Volta ao Lar) como Patrice, uma ativista pelos direitos dos negros e interesse amoroso de Stallworth e Topher Grace (o Eddie Brock/Venom de Homem Aranha 3) como David Duke, um dos líderes da KKK que tem um encontro interessante com Ron no decorrer da história.

Topher Grace

Nota: 10

Filme disponível no catálogo do Telecine Play.

P.S - Antes dos créditos finais do filme, Spike Lee mostra um compilado de vídeos reais de manifestações recentes (de 2017) de apoiadores de grupos radicais como o KKK, Skinheads e similares, marchando com tochas em mãos nos EUA. São mostrados vários conflitos violentos entre defensores da causa "White Power" e manifestantes contrários, além de um atropelamento covarde que vitimou a ativista de direitos civis Heather Heyer em Charllottesville. No vídeo, o presidente Donald Trump minimiza os acontecimentos em pronunciamento, dizendo que "não havia somente supremacistas brancos" na manifestação com tochas em punho, mas também "pessoas boas". Quem também aparece no vídeo é o verdadeiro David Duke, endossando uma fala do próprio Trump em época de eleição, dizendo que eles (brancos) precisavam retomar os EUA. 

P.S 2 - Nesse momento em que esse post está sendo escrito, os EUA e o mundo estão em campanha contra o racismo, motivada pelo assassinato brutal de George Floyd, um homem afro-americano, por um policial branco chamado Derek Chauvin. O ato causou revoltas na Terra do Tio Sam e o presidente Donald Trump resolveu combater aqueles que tentam lutar por justiça com forças armadas. Além disso, no Brasil, membros do governo federal continuam insuflando grupos de supremacistas brancos e fazendo referências a eles bebendo copo de leite durante lives na internet. 

Pelo visto, o racismo é algo que ainda vai precisar ser combatido por muito tempo na sociedade e não é coisa só de cinema. #VidasNegrasImportam #BlackLivesMatter  

ROCKETMAN


Confesso que eu era bem ignorante quanto à carreira musical de Elton John antes de Rocketman, e tudo que eu sabia sobre o artista era seu gosto extravagante para roupas e suas músicas mais populares que tocavam nas rádios AM que minha mãe ouvia antigamente. Lembro também que uma vez apareceu um LP lá em casa do Elton John e que eu tinha pirado na sua interpretação com o George Michael para “Don’t Let me Sun Go Down on me” desse disco. O meu pai tinha uma fita cassete dos melhores hits dele, entre elas uma que eu gosto até hoje, “Nikita”.

Com o aval do cantor inglês, o filme Rocketman (baseado em uma “fantasia real”) dirigido por Dexter Fletcher (o mesmo que salvou o que pode em Bohemian Rhapsody, após a demissão de Bryan Singer do projeto) não é só uma homenagem a Elton John como também um diário aberto para o mundo sobre a carreira de um dos artistas mais talentosos e polêmicos da música. Apesar de na infância ser um garoto tímido e retraído pela severidade do pai e a quase indiferença da mãe, Reginald Dwight (seu verdadeiro nome) se mostrou um virtuoso musicista, mostrando talento no piano desde sempre. A formação erudita não o impediu de alçar voos mais altos e foi na loucura do Rock’n Roll que Dwight conheceu o parceiro musical Bernie Taupin, com quem dividiu o sucesso de suas grandes canções (letras em sua maioria escritas por Taupin) se tornando então Elton John.

Bernie Taupin (Jamie Bell) e Elton John (Egerton)

O filme não é bem uma cinebiografia, mas procura contar com certa fidelidade as lembranças de John, que participou de grande parte do processo criativo com o marido e cineasta David Furnish. Muito do que acontece no filme como o envolvimento com drogas, os relacionamentos tóxicos, o descaso do pai autoritário, o casamento fracassado com uma amiga (apesar de já ter se declarado gay na época) e até mesmo a tentativa de suicídio são fatos da vida do pianista, contados na tela de uma maneira fantasiosa às vezes (e é aí que entra a genialidade do filme) e nos colocando em meio a delírios e devaneios da mente do inquieto e solitário Elton John.

Taron Egerton e Richard Madden

A direção de Fletcher acerta em quase tudo, nos contando de uma maneira comovente a vida conturbada de uma estrela do Rock da sua ascensão à queda, mas é na direção de elenco que o diretor mostra que estava muito mais inspirado em Rocketman do que em Bohemian Rhapsody. Taron Egerton dá vida ao jovem Elton John de maneira muito efusiva, dando um show de interpretação e realmente vivenciando o espetáculo. Diferente de Rami Malek que apenas simulava os momentos musicais de Freddie Mercury no filme sobre o Queen (e isso não podemos culpar o coitado, já que NINGUÉM conseguiria interpretar a potência vocal de Mercury além dele mesmo!), Egerton entrou na dança de corpo e alma, cantando ele mesmo as músicas de Elton John no filme. A música "(I’m Gonna) Love Me Again", que concedeu ao músico o Oscar de Melhor Canção Original de 2020 (e único prêmio que a produção venceu pela Academia) é interpretada por John em parceria com Egerton, que desempenhou em Rocketman com certeza o melhor papel de sua carreira até aqui.


O elenco ainda conta com as presenças de Bryce Dallas Howard como a mãe de John, Richard Madden (o Rob Stark de Game of Thrones) como o amante tóxico do pianista, Jamie Bell como o amigo Bernie Taupin e o talentosíssimo ator mirim Matthew Illesley, que encena as sequências mais emocionantes do filme, interpretando o Reginald Dwight na infância.

Bryce Dallas Howard e Matthew Illesley

Vale para quem nunca antes foi um grande fã de Elton John (como eu) e deve valer ainda mais para quem é fã do artista mais multifacetado da cultura pop.

NOTA: 9

Está disponível nas plataformas Telecine Play e Sky Play.    

RESGATE


Numa época em que dá pra fazer quase tudo no cinema com alguns milhões de dólares de produção e um CGI cada vez mais realista, é muito difícil inovar no cinema de ação, mas é o que o diretor Sam Hargrave e os produtores Joe e Anthony Russo procuraram fazer em Extraction (2020), filme protagonizado por Chris Hemsworth.

Com cenas alucinantes de perseguição de carros e um plano-sequência assustador e claustrofóbico (aquele em que embarcamos de carona com os personagens em meio a um tiroteio no meio do filme), Resgate consegue prender a atenção do espectador do começo ao fim, mesmo com um enredo meio batido de extração de um refém, executada por um caçador de recompensas. Sério. Nós já vimos esse plot em pelo menos uns 25 mil filmes, mas é a forma como isso é mostrado graficamente para quem está assistindo é que conta aqui.

Chris Hemsworth como Tyler Rake

Da mesma escola de David Leitch, que também era dublê e diretor de coreografias de luta em Hollywood, Sam Hargrave participou da coordenação de dublês nos filmes da Marvel dirigidos pelos Irmãos Russo. Com um faro apurado para as cenas de ação (assim como Leitch) por estar fortemente ligado ao meio, era natural que o cara acabasse se tornando um excelente diretor de filmes de ação, e isso ele mostra muito bem nas quase duas horas de Resgate. Não há como não comparar o estilo de luta franca e realista do personagem Tyler Rake com a de John Wick da franquia estrelada por Keanu Reeves, e acho que exatamente por isso o filme acabou ganhando um burburinho mais alto por aí. Com o passar do tempo, cenas mal coreografadas ou entupidas de CGI para disfarçar a péssima qualidade de direção nos filmes de tiroteio meio que cansaram o público. A pegada John Wick com lutas mais próximas da realidade e o famoso tiro na cara repentino hoje parece fazer mais o gosto da galera.


Eu tenho defendido esse jeito mais “sincero” de fazer filmes de ação ultimamente no Blog e o que não faltam são elogios para as cenas dirigidas pelos Irmãos Russo nos filmes da Marvel (que mesmo usando CGI sabem coreografar muito bem um bom quebra-pau) e o próprio David Leitch que colaborou nos filmes de John Wick, dirigiu o excelente Atômica e mandou bem em algumas lutas de Deadpool 2, pelo menos as que não contavam com o CGI péssimo da Fox.


Já há quem queira um crossover entre John Wick e o Tyler Rake de Chris Hemsworth e o público só teria a ganhar com isso, embora algo dessa natureza seja praticamente improvável. O filme agradou tanto que já se comenta sobre uma continuação, algo sim muito plausível para a dona Netflix que adora fazer umas continuações de$nece$$ária$.

Rake versus Wick

Mas Rodman... E o enredo?

Caçador de recompensas é contratado para resgatar o filho adolescente de um perigoso chefe da máfia, mas no meio do caminho acaba se afeiçoando ao moleque, arriscando a missão pelo qual ele não seria pago. Fim.

Nota: 8

Como já mencionei, o filme está disponível exclusivamente na Netflix.

E você? O que tem visto nessa quarentena além do presidente [INSIRA AQUI O NOME DO SEU PRESIDENTE] falando merda todos os dias na TV?

NAMASTE!

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