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14 de setembro de 2021

Os bastidores de Alina da Valáquia [ATUALIZADO]

Alina da Valáquia



Os vampiros representam um ponto muito importante da Cultura Pop como um todo e não há como dizer que pelo menos UMA de tantas obras lançadas com esse tema não nos tenha impactado — para o bem ou para o mal. Eu particularmente me lembro bem quando assisti Entrevista com o Vampiro pela primeira vez na TV e como todo aquele clima lascivo do filme de 1994 me afetou para sempre. Minha única referência mais vívida dos chupadores de sangue até aquele momento era do clima pastelão com que a novela Vamp  (de Antônio Calmon) tratava o assunto lá no começo dos anos 90, e ver o mundo tão dramático do personagem Louis e todos aqueles seus conflitos éticos — como comer ou não uma menina de 10 ANOS!! — foi um baita choque de realidade.


Entrevista com o vampiro (1994) e Vamp (1992)

"Ei, existe algo sério sendo feito com os vampiros!".

Depois da adaptação de Drácula de Bram Stoker para o cinema e do livro de Anne Rice virando filme protagonizado por Tom Cruise e Brad Pitt, da segunda metade dos anos 90 em diante, muitos autores passaram a também escrever sobre o tema e uma cacetada de adaptações começaram a ganhar forma. Surgiram então as autoras L.J. Smith (de Diários de um Vampiro), Charlaine Harris (dos livros que inspiraram a série True Blood) e até Stephenie Meyer (da saga Crepúsculo). 


No cinema, nem tem como não citar também a adaptação do personagem Blade dos quadrinhos obscuros da Marvel — que dizem, abriu as portas para que o MCU surgisse anos mais tarde — e a longeva saga Underworld com sua protagonista Selene

O que não faltam são fontes de onde se beber, o que torna escrever algo completamente inovador envolvendo vampiros praticamente impossível

Alina da Valáquia



Por que então escrever um livro sobre isso, Rodman? 

Bem, de princípio, é importante lembrar que nunca foi minha intenção fazer algo que ainda não tinha sido visto falando sobre vampiros, mas sim, contar parte da trajetória de uma personagem que POR ACASO se torna uma vampira.


Alina da Valáquia
Opções descartadas para a capa do livro



Há alguns anos eu tinha começado a desenvolver uma equipe de super-heróis que agregaria uma variedade grande de personagens em suas fileiras, incluindo uma vampira. De início, eu tinha escrito essa personagem no presente, para se envolver com os demais heróis dessa equipe, mas confesso que nunca tinha criado uma linha de roteiro sequer que falasse sobre seu passado. Ela era uma vampira, ela era forte, tinha um propósito e era só. 


Rascunho da primeira versão da "Vampíria"

Eu queria alguém que aguentasse chumbo grosso na linha de frente de grandes batalhas super-heroicas e que possuísse um poder incrível de recuperação física. Um vampiro me parecia ser a opção mais acertada e foi assim que criei a "Vampíria".


A Alina Grigorescu surgiu nos primeiros meses de 2020, quando ainda estava finalizando a saga do Pássaro Noturno (disponível lá no Wattpad). Eu sempre gostei de misturar ficção com realidade e queria muito falar de História em meu texto, o que casou perfeitamente com o enredo que eu queria contar sobre a minha vampira. 

Alina era uma moça simples do campo que tinha visto a sua vida virar do avesso ao ser obrigada a fugir de seu lar e achei interessante fazer com que os acontecimentos do mundo da época (da segunda metade do século XIX até meados do século XX) refletissem nas tomadas de decisão que ela teria ao longo da narrativa. Eu queria que o background parecesse um mundo real e que, ao mesmo tempo, esse pano de fundo conduzisse as ações da personagem. Foi uma tentativa válida.


Alina da Valáquia narra a história de uma camponesa que é obrigada a fugir de sua casa quando sua relação com o meio-irmão é descoberta. Na cidade, passando fome e frio, ela é seduzida por um homem misterioso que lhe concede a dádiva e a maldição de uma vida eterna
Arte para a primeira proposta de capa

De início, eu queria escrever cinco capítulos simples para apenas introduzir a personagem num universo que mais tarde teria outros personagens fantásticos — no mesmo universo do Pássaro Noturno — e não era para Alina da Valáquia ser um livro. Eu já tinha concluído esses cinco capítulos, tinha revisado e estava pronto para publicar o conto no Wattpad, quando fiquei sabendo de um concurso literário que a plataforma estava lançando para premiar novas produções. Eles precisavam de 50 mil palavras de uma história fechada e aquilo acabou me incentivando a continuar meu conto, transformando-o num livro. 

"Pensando bem, eu posso dar continuidade agora mesmo na história da Alina!".

Eu levei algumas semanas para planejar o que ainda precisava ser contado sobre a personagem nos novos capítulos e as ideias que eu só ia conduzir melhor lá na frente, acabaram surgindo pela necessidade antes do esperado. Eu já tinha apresentado Costel — o meio-irmão de nossa mocinha —, o vampiro Dumitri, os bruxos Adon e Iolanda, tinha pincelado Alejandro e Pietra — e concluído sua participação — era hora então de criar novos personagens naquilo que passei a chamar de "segundo volume". 


Alina da Valáquia narra a história de uma camponesa que é obrigada a fugir de sua casa quando sua relação com o meio-irmão é descoberta. Na cidade, passando fome e frio, ela é seduzida por um homem misterioso que lhe concede a dádiva e a maldição de uma vida eterna

Voltei a estudar os livros de história — uma das minhas parceiras inseparáveis foi uma enciclopédia sobre os países do mundo que eu tinha desde o final do Ensino Médio —, os sites sobre Segunda Guerra Mundial, Guerra Fria e outros acontecimentos da época e comecei a costurar esse plano de fundo com o destino da personagem. 


Criei a rede de informação "A Teia" com todos seus membros mais importantes, desenvolvi melhor a ideia de uma seita de bruxos malignos — coisa que eu só ia fazer num próximo conto, focado mais em magia — e dei um novo propósito para Alina. Afinal, ela tinha que aproveitar melhor sua vida eterna além de beber vinho e transar loucamente em um castelo da Transilvânia! 


O segundo volume tem tudo que eu queria inserir na história desde o começo — mesmo quando só tinha pensado em um conto curto — e confesso que fiquei bem orgulhoso de como a história foi conduzida. Eu sentia falta de escrever cenas de ação com bastante violência, e a partir do momento que decidi escrever um texto mais adulto — ou pelo menos que não fosse para crianças — decidi pisar no acelerador e colocar para fora parte das bizarrices que povoam minha mente de escritor. Espero ter acertado.



Em resumo, Alina da Valáquia é um dos textos que mais gostei de escrever nos últimos tempos — e a história já fez um ano! — e foi bem divertido trabalhar em cima desse tema mais sobrenatural. Como desde o início eu já queria que ela fizesse parte do mesmo universo dos demais contos — e coloquei easter eggs sobre quase todas as minhas outras publicações do Wattpad — acho que consegui criar uma relação boa com os outros textos, mesmo que isso não seja o ponto principal da história. 




Alina da Valáquia é uma grande homenagem às grandes obras sobre vampiros que sempre adoramos e o capítulo de degustação bem como o resumo dos personagens está disponível gratuitamente na plataforma Wattpad

Alina da Valáquia


Desde setembro de 2021, a plataforma Buenovela adquiriu os direitos de publicação do livro e agora ele está disponível completo e exclusivo por lá. O texto foi revisado e estendido para atender as especificações da editora e eu criei também uma nova arte para a capa. Acessem pelo link abaixo.

Alina da Valáquia
Clica aí para visitar a Buenovela




Curtam, compartilhem, comentem. É muito importante saber a opinião de vocês sobre esse trabalho feito com tanto carinho. 

P.S. - Assim como muita gente, eu também passei — e ainda estou passando — maus bocados durante essa pandemia sem fim e posso dizer que na solidão do isolamento social, escrever Alina da Valáquia foi meu principal alento, bem como uma válvula de escape para não pirar completamente. Estive bem perto disso, e por alguns instantes a Alina me salvou. 

NAMASTE!   

16 de maio de 2021

UM ANO DE PANDEMIA: O QUE MUDOU NESSE PERÍODO?



Há mais de um ano o mundo foi tomado de assalto por um vírus de efeitos catastróficos que já ceifou mais de 3 milhões de vidas, e desde então, as pessoas têm tentado sobreviver da melhor maneira possível, seja se protegendo ao respeitar as regras sanitárias da OMS, seja negando que o bicho seja tão feio assim. 

Do começo da pandemia até o atual momento, muita coisa mudou em nossas vidas. A paranoia aumentou com a falta de liberdade de ir e vir, as relações humanas se tornaram menos calorosas e a velha polarização política de esquerda contra direita acabou se transformando em uma disputa de egos, onde o grupo que quer viver precisa brigar com o que “não está nem aí” para quem vive ou morre. O Coronavírus nos causou mudanças profundas, nos tornou menos humanos e o “novo normal” de uma realidade que parece muito com ficção científica está cada vez mais enraizada no dia-a-dia.

Há quase um ano, o Blog do Rodman, com a esperança de que tudo passaria em alguns poucos meses, publicou um post falando sobre a situação no Brasil e no mundo naquela época. 12 meses depois, é hora de voltarmos ao assunto e contar sobre as mudanças que ocorreram nesse período, as boas e as más. O que aconteceu um ano depois do confinamento por conta do alastramento do Covid-19?


O MUNDO UM ANO DEPOIS


Há um ano, noticiamos aqui, após ampla divulgação nos meios de comunicação, que a Europa havia sido um dos continentes mais afetados pelo surto de Covid-19 depois da Ásia, lugar que, até onde sabemos, o vírus se originou. Os primeiros meses de 2020 foram de grande pânico para a população europeia e vimos países como a Itália e a Espanha registrarem mais de 200 mil casos de infectados em menos de um mês, isso porque nenhum dos governos vigentes havia levado a sério o perigo de contaminação iminente.

Atualmente, a Itália ocupa a oitava colocação no ranking dos países mais afetados pelo Covid-19, tendo um total de 4,07 mil casos registrados e pelo menos 122 mil mortes desde o início da pandemia. Segundo relatos de quem mora por lá, a situação não é tão ruim como a de outras partes do mundo, mas o país atualmente enfrenta um segundo lockdown — nome dado às paralisações de comércio e circulação local — devido uma segunda onda de contaminação que atingiu a capital romana. Por causa disso, os italianos não esperam sair dessa situação ainda alarmante tão cedo.

Itália na pandemia
Itália na pandemia


Já em Barcelona, relatos informam que novos casos de contágio ainda acontecem diariamente, o que tem mantido em alerta máximo as UTIs dos hospitais locais. Junto da Itália, a Espanha protagonizou o epicentro da pandemia na Europa no primeiro ano e atualmente, se encontra em nono lugar no ranking dos mais afetados, com mais de 78 mil mortes e pelo menos 3,55 mil casos registrados. Comparado a um certo país da América do Sul — aquele que de vez em quando rola Carnaval! —, a Espanha está vivendo quase um mar de rosas.

A Espanha ocupa o 9º lugar no ranking da pandemia


Um pouco diferente da vizinha de península Ibérica, Portugal é com certeza o melhor exemplo de recuperação sistemática entre os países europeus. O país, que em janeiro de 2021 sofreu com um recorde de casos e mortes pela doença que colapsou o sistema de saúde local, hoje vive um momento de estabilidade. Em muitas partes, já é possível a flexibilização das restrições que antes impediam que as pessoas sequer saíssem às ruas e os casos de mortes caíram vertiginosamente devido uma política pública de saneamento e conscientização da população sobre abrir mão de certos privilégios pelo bem maior. Hoje, Portugal conta com a imunização garantida de sua população com uma campanha ágil e maciça de vacinação que tem ocorrido em larga escala graças a competência de seu governo — liderado pelo presidente Marcelo Rebelo de Sousa —, o que nos dá certa inveja de nossos coirmãos lusitanos a essa altura.


Portugal foi o país europeu que melhor se recuperou da pandemia


Na América do Norte, os Estados Unidos ainda lideram o ranking dos países mais afetados pelo Covid-19 — já são quase 600 mil mortes em decorrência da doença —, mas a situação antes nublada pela presença conservadora de Donald Trump na Casa Branca foi amenizada com a eleição do democrata Joe Biden. Diferente de seu antecessor, que se negava publicamente a sequer respeitar os protocolos de segurança estimulados pela OMS (Organização Mundial de Saúde) para a não-contaminação do vírus, Biden iniciou sua gestão influenciando de maneira bastante pungente a população quanto aos benefícios da vacinação. 

Atualmente, mais de 105 milhões de americanos já foram totalmente imunizados, enquanto outros 147 milhões  receberam pelo menos a primeira dose da vacina — os EUA têm mais de 328 milhões de habitantes —, lembrando que o país tem à disposição a vacina em dose única da Johnson & Johnson e a mRNA, um tipo de vacina que utiliza a replicação de sequências de RNA, hoje, fabricadas pela alemã BioNtech — em parceria com o laboratório Pfizer — e a Moderna, uma desenvolvedora de vacinas situada em Massachusetts.



Biden anunciou recentemente que pretende imunizar pelo menos 70% de sua população até o feriado nacional de 4 de julho, mas para isso, vai ter que convencer também a ala populacional mais radical que é contra seu governo — aquela que também acredita que houve fraude nas últimas eleições — e que, claro, é contra vacinas

Com três vacinas à disposição e uma situação mais confortável quanto a imunização de sua população, Biden já tem conversado com outros países em situações mais críticas para oferecer ajuda, o que inclui o Brasil e a Índia. Com doses extras da vacina AstraZeneca (do laboratório com sede em Cambridge no Reino Unido), Biden planeja repassar o medicamento a outras nações, além de ajuda com oxigênio e equipamentos clínicos de intubação. Apesar de não ter apoiado Biden em sua campanha, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro já divulgou que agradeceria a gentileza do democrata caso as negociações fossem além, o que daria um gás maior na vacinação do país tropical abençoado por Deus que segue em ritmo lento.

Joe Biden e sua meta até o feriado nacional de 4 de julho


Na Ásia, a cidade chinesa de Wuhan, onde foi detectado o primeiro caso de Coronavírus no mundo, vive hoje uma situação de calmaria e há quase um ano o local está praticamente livre de novos casos da doença, graças a um trabalho rígido de conscientização ao uso de máscaras protetoras, a não-aglomeração em lugares públicos e sobretudo a vacinação. A província de 11 milhões de habitantes foi a responsável pela maior parte das mortes na China pelo Covid-19 — foram pelo menos 4635 óbitos só na região —, mas atualmente administra bem novas ondas, já tendo praticamente eliminado a doença de seu território. A China hoje ocupa a 97ª posição no ranking de países afetados pela pandemia e tem menos de 5 mil mortes em sua extensão — no Brasil, em um único dia, ocorreram 4211 mortes em abril —, o que diz muito sobre sua política de contenção e prevenção do vírus por lá.

Strawberry Music Festival em Wuhan
5 de maio: Público assistindo aos shows do Strawberry Music Festival em Wuhan 


Totalmente na contramão no país de Xi Jinping, a Índia, que é o segundo país mais populoso do planeta, vem vivendo desde o começo de abril uma segunda onda de contaminação devastadora, o que tem preocupado governantes de vários lugares da Ásia e de outros continentes. Após conseguir diminuir e muito a curva do contágio no início do ano — a Índia chegou a registrar mais de 93 mil casos de infectados por dia em setembro de 2020 — o país começou a enxergar com bons olhos a campanha de combate ao Covid-19, o que fez com que seus governantes, num rompante de excesso de confiança, decidissem afrouxar as restrições de segurança em seu território. O processo eleitoral em cinco estados indianos pode ser iniciado sem grandes problemas na metade do mês, o que colocou mais de 186 milhões de pessoas nas ruas para votar sem qualquer protocolo de segurança ou distanciamento social. Além disso, o críquete — esporte nacional mais popular — botou mais de 130 mil torcedores em arquibancadas para assistirem duas partidas contra o time da Inglaterra, igualmente ignorando as medidas sanitárias de praxe. 

O resultado? 

Sistema de saúde colapsado na Índia
Sistema de saúde colapsado na Índia


Por conta do clima de “já ganhou” que tomou a Índia — achando que já tinha derrotado o vírus por nocaute —, nas primeiras semanas de abril (2021), o país registrou 270 mil novos casos de Covid-19, ocasionando mais de 1600 mortes, o que serve de exemplo não só para a Índia, mas também para todo o restante do planeta: Não dá para cantar vitória antes da hora com uma doença tão letal. 

O mais irônico disso tudo é que a Índia, que para não entrar em colapso depende hoje da ajuda humanitária de países como os Estados Unidos, por exemplo, é a principal fabricante mundial de vacinas e é de lá que são provenientes os principais insumos para a fabricação da vacina distribuída atualmente no Brasil, em parceria com os laboratórios da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz).


HABEMUS VACINAS


No início da pandemia, ainda em 2020, falava-se que uma possível vacina contra o Covid-19 dificilmente seria sintetizada e aprovada em menos de um ano, o que acabou se provando uma inverdade, para nosso alívio. Ainda no final de janeiro do mesmo ano, a China já havia disponibilizado a sequência genética do vírus, o que possibilitou que as comunidades científicas mundiais começassem a trabalhar num imunizante com base nos estudos.

No mesmo mês, a empresa alemã BioNTech começou a fazer avanços nas pesquisas de RNA, utilizando ao invés do próprio vírus inativado — como é de costume na criação de vacinas — uma molécula desenvolvida em laboratório para simular o material genético do SARS-Cov-2 (nome científico do Covid-19), mas que é incapaz de causar a doença propriamente dita.

Fonte: OMS


Depois dos primeiros estudos em animais, testes de toxidade e o planejamento quanto à fabricação das vacinas, a BioNTech — que já tinha um financiamento governamental de 375 milhões de euros para a pesquisa — contou com a parceria da farmacêutica americana Pfizer para só então avançar com a criação de uma vacina eficaz contra o Coronavírus.

Os primeiros testes em humanos aconteceram na Alemanha já em abril de 2020 e pouco depois nos Estados Unidos. Em julho, foram divulgados os primeiros resultados da fase 1 de testes, contando com voluntários de vários lugares do mundo, incluindo o Brasil.


Ao final da fase 3 de testes, foi concluído que a vacina Pfizer/BioNTech tinha eficácia de 95% contra a doença e os dois laboratórios passaram a se dedicar a produzir o produto em larga escala, com a intenção de imunizar cerca de 650 milhões de pessoas em todo o mundo. O registro da vacina junto ao FDA (Food and Drug Administration, o órgão governamental dos EUA que faz o controle de alimentos e medicamentos) foi realizado em dezembro de 2020.



Em paralelo às pesquisas da Pfizer/BioNTech, a Rússia também começou seus próprios estudos para a criação de uma vacina e chegou a registrar seu imunizante em agosto de 2020, com os cientistas alegando que havia 97,6% de eficácia em seu resultado. Apesar desse aparente sucesso e da pressa do presidente Vladimir Putin em divulgar os avanços de seus cientistas antes de todo mundo, a Sputnik V, como é denominada a vacina russa, não foi aprovada pelos testes da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no Brasil por, segundo a própria agência, haver até o momento "ausência ou insuficiência de dados de controle de qualidade, segurança e eficácia do produto".

Putin e a Sputnik V


Além das vacinas da Pfizer/BioNTech e da Sputnik V, pelo menos mais cinco outras estão em uso por todo o mundo, incluindo a Oxford-AstraZeneca (do Reino Unido), a Moderna (EUA), a Janssen (elaborada pela Johnson & Johnson), a indiana Covaxin e a Coronavac, desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac.



Na corrida das vacinas, por enquanto, apenas três dessas citadas estão sendo aplicadas no Brasil ou em fase de testes pela Anvisa e apenas a Sputnik V foi, até o momento, descartada para uso em solo tupiniquim. Mais de 16 milhões de brasileiros em grupos prioritários (idosos, agentes de saúde) já foram totalmente imunizados com as duas doses das vacinas do Butantan e a AstraZeneca — a primeira pessoa vacinada no Brasil após a aprovação do uso emergencial pela Anvisa aconteceu no dia 17 de janeiro —, o que equivale a pouco menos do que 8% da população do país. 

A enfermeira Mônica Calazans
A enfermeira Mônica Calazans, a primeira brasileira a ser vacinada no país


É possível acompanhar o avanço da vacinação nacional direto pelo Google diariamente, mas infelizmente o processo só não está sendo mais rápido como em outros países por conta da demora das negociações entre o governo federal e os laboratórios. Além disso, tanto o Butantan quanto a Fiocruz vêm sofrendo com os atrasos no recebimento do denominado IFA (Insumo Farmacêutico Ativo) para a fabricação das vacinas em território nacional, que nos dois casos são importados da China e da Índia.

Comparativo da eficácia das vacinas contra o Coronavírus


39 milhões de doses da americana Janssen devem chegar ao Brasil até dezembro de 2021 após negociação com o governo para tentar agilizar a imunização no país, porém, é de conhecimento público que as coisas poderiam ter andado bem mais agilmente se o Ministério da Saúde tivesse criado um plano de imunização nacional desde o início da pandemia. Após a fracassada tentativa de comprar 2 milhões de doses diretamente da Índia da vacina AstraZeneca, o governo e seus vários ministros — só nesse período de pandemia já estamos no quarto homem à frente da pasta da saúde — patinaram na condução das negociações com os laboratórios estrangeiros, o que acabou ocasionando nesses meses milhares de mortes por falta de vacina. A maioria delas, com grandes chances de serem evitadas. Hoje, o Brasil tem quase meio milhão de mortos por conta do Covid-19, um número estarrecedor.

meio milhão de CPFs cancelados
Quase meio milhão de CPFs cancelados: Do jeito que o Diabo gosta!


Além da importação de todos esses imunizantes e insumos, o Brasil trabalha nesse momento em duas vacinas próprias, o que vai garantir maior autonomia na aplicação de medicamentos injetáveis. Tanto a Butanvac (elaborada pelo Instituto Butantan de São Paulo) quanto a Versamune (da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo) estão em fase de testes pela Anvisa e a previsão é de que, sendo aprovadas, comecem a ser aplicadas a partir do segundo semestre do ano.

 

VARIANTE DO VÍRUS


Além dos atrasos na compra das vacinas e da demora da chegada dos insumos para a fabricação das mesmas em nosso território, o Brasil se viu em janeiro de 2021, também vítima de uma variante do Coronavírus, denominada por aqui de P.1.

Descoberta em Manaus (AM), a P.1 causa um agravamento rápido no quadro de saúde do infectado, além de atingir também pessoas mais jovens e aumentar o tempo de internação. Segundo dados levantados pela BBC, “essa variante do coronavírus é mais contagiosa, entre outros motivos, por causa de mutações que facilitaram a invasão de células humanas”

De acordo com a fonte, essa característica mais agressiva pode causar maior letalidade, mas estudos da Fundação Osvaldo Cruz do final de fevereiro de 2021 alegam que, apesar dos infectados com essa variante apresentarem carga viral 10 vezes maior que sua “versão” anterior, — ou seja, a pessoa é capaz de transmitir o vírus com mais facilidade — isso não quer dizer que em seu organismo a doença seja mais grave.

A variante ainda vem sendo analisada, e até o presente momento, as respostas quanto a proteção exercida pelas atuais vacinas são pouco claras. Baseado em testes realizados nos anticorpos de 35 vacinados, o Butantan anunciou que a Coronavac é sim capaz de neutralizar a variante P.1 e já no Reino Unido, todos os testes realizados com a AstraZeneca, a Pfizer e a Moderna também se mostraram eficientes contra a variante europeia da doença, denominada por lá de B.1.1.7.

Esperamos que quanto mais pessoas vacinadas no mundo, menos chances de serem criadas novas variantes do Covid-19 existam e que aqui no Brasil a imunização comece em breve num ritmo mais acelerado, afinal, somos mais de 211 milhões e quanto antes formos vacinados, melhor.


CONTINUA...


Fontes de Pesquisa:


17 de junho de 2020

4 séries da Netflix para você ver na quarentena


O afrouxamento do isolamento social devido a pandemia do COVID-19 já começou em muitos estados do Brasil e como a doença está longe de ser erradicada definitivamente, alguns de nós ainda continuam em casa. Falar de entretenimento parece até algo estupidamente banal uma hora dessas, mas temos que levar em consideração a nossa sanidade mental tendo em vista que os noticiários não são NADA animadores. Nesse Combo Breaker vou destacar quatro séries (e mais um sneak peek) que assisti recentemente. Convido você que ainda não enlouqueceu para conferir comigo no replay as indicações!

ARREMESSO FINAL


Como já contei aqui algumas vezes, eu nunca fui do tipo atlético na época da escola e chegava a ser sofrível na maioria dos esportes que exigia um pouco de coordenação física ou força. Bem... eu era bom jogando Queimada... Não sei se isso conta!

Seja lá por qual razão, eu tenho ótimas lembranças de jogos de basquete que participei nas aulas de educação física e na casa de amigos, e apesar de ser péssimo no bola ao cesto, eu adorava jogar. Estamos falando do final da década de 90 e é muito provável que sem saber eu já estava sendo influenciado pela magia do time do Chicago Bulls e a liderança incrível de Michael Jordan.


The Last Dance é um documentário em formato de série que narra toda a trajetória da última temporada da melhor equipe de basquete que já existiu na história. Ao longo dos 10 episódios (e eu não saberia dizer qual deles é mais épico!), a série conta tudo que aconteceu em quadra e nos bastidores da temporada 97-98, a última em que Michael Jordan atuou pelo Bulls. 


Embora a história seja focada no astro nascido na Carolina do Norte e que sonhava jogar Beisebol como o pai, todo episódio mostra um personagem diferente que ajudou Jordan a conquistar os seis títulos de campeão da NBA durante a década de 90. Com depoimentos de monstros como Scottie Pippen, Dennis Rodman, Horace Grant, Toni Kukoc, Steve Kerr, além do próprio técnico que conduziu o time ao hexacampeonato Phill Jackson, Arremesso Final é um excelente apanhado histórico de uma época que relembra não só as conquistas como também as derrotas profissionais e pessoais dos jogadores.

Pippen, Rodman, Grant e Kukoc

O documentário mostra que Michael Jordan não se tornou o melhor jogador da liga americana de basquete por acaso ou por um golpe de sorte, mas sim que ele conquistou o topo do mundo por sua impressionante determinação, além de um espírito competitivo invejável, algo que acabava contagiando os colegas de equipe. Jordan treinava muito para ser o cara decisivo, o líder do grupo, e quando as glórias por seu trabalho duro começaram a vir – em especial após a conquista dos dois primeiros títulos em 91 e 92 -, ele começou a se tornar cada vez mais cheio de si, causando algumas cisões dentro do Chicago Bulls. 


Nos próprios depoimentos da série, alguns dos já citados companheiros de equipe e também alguns de seus principais rivais da época o acusam de ser um baita pau no cu durante os treinos. Jordan não só exigia que todos seus companheiros de equipe estivessem no mesmo nível que ele como também menosprezava quem não chegava lá, o que criou algumas situações tensas no vestiário. Seja como for, era justamente essa “pau no cuzisse” que fez com que os diferentes times – um entre 91 e 93 e outro entre 96 e 98 – do Chicago Bulls alcançassem o topo. 

Phill Jackson e Jordan

Jordan era o “cara mau” que pegava no pé dos jogadores menos inspirados do time nos treinos, mas também era o cara da liderança, aquele que tomava a responsabilidade para si e conduzia a equipe toda à vitória. É fantástico acompanhar esse paralelo entre o sujeito bem-humorado nas entrevistas e o tremendo babaca que ele se tornava para provocar os colegas e exigir deles o máximo em quadra, mas foi exatamente por essas características que nós tivemos o privilégio de ver um dos jogadores mais completos da NBA atuando no seu auge.


Arremesso Final é bom não só para quem quer ver as impressionantes jogadas de Jordan frente ao Chicago Bulls, suas cestas quase impossíveis, as provocações que ele recebia por ser o melhor de todos – e isso só servia para motivá-lo ainda mais – os momentos decisivos contra os principais times nas finais – como o Lakers em 91, a batalha campal contra o duro time do Detroit Pistons em 90 ou o Utah Jazz por duas vezes entre 97 e 98 -, mas também para quem procura reviver – ou viver pela primeira vez – a emoção de acompanhar um esporte que pode ser decidido nos detalhes. Tudo isso pela visão do cara que fez tudo isso se tornar possível.


Essa foi uma série que eu acompanhei degustando cada episódio. Devido a carga dramática imposta já no primeiro capítulo, eu vi que não dava para simplesmente maratonar desesperadamente os 10 episódios para acabar logo. The Last Dance exige um pouco mais de atenção aos detalhes e claro um ótimo som, já que a trilha sonora é um tanto quanto especial. Eu não sei dizer se eu ter assistido boa parte daqueles jogos na época causou uma sensação de nostalgia em mim, mas lembrando aqui não teve um episódio em que eu não fui às lágrimas. 


Salvo a nostalgia que existia em mim – além daquele desejo reprimido de ter jogado basquete por mais tempo – os capítulos são carregados de lembranças dos tempos de infância dos jogadores, bem como toda sua carreira entre os dias de luta e os dias de glória. Entre os erros e acertos narrados pelo próprio Pippen, pela loucura quase desenfreada de Dennis Rodman - dentro e fora de quadra - ao fugir dos treinos e a tocante história de vida de Steve Kerr – que perdeu o pai ainda na juventude – certamente o que não faltam são momentos dramáticos em Arremesso Final.

Steve Kerr

A própria primeira aposentadoria de MJ ao final da temporada 93-94, motivada pelo assassinato brutal de seu pai após um assalto é um dos pontos altos da série. Michael não só decidiu se aposentar no auge, após a conquista de três títulos da NBA como aceitou o desafio de mudar de esporte, indo praticar Beisebol como uma forma de homenagear o pai. A mudança física pela qual ele teve que se submeter para encarar os desafios do Beisebol são narradas pelo próprio Jordan no documentário, sendo mostrado em paralelo com a temporada menos inspirada do “novo” Bulls sem Jordan, liderado em quadra agora por Scottie Pippen. O filme Space Jam (1996) se passa nesse período de transição de MJ do Basquete ao Beisebol e depois do retorno ao Bulls para a temporada 95-96. O longa também tem cenas muito emocionantes no começo e no final – já que o meio é só a galhofada com participação do elenco animado de Looney Tunes -, mostrando MJ em ação.


Vale a pena assistir, Rodman?

Ô se vale, jovem padawan! O documentário não é feito só para quem teve a oportunidade de assistir os jogos da melhor equipe do Chicago Bulls da história ao vivo, mas também para qualquer entusiasta do basquete e mesmo para galera que só pôde acompanhar a era pós-Michael Jordan, primeiro com o reinado de Kobe Bryant – que participa brevemente na série – e mais recentemente com LeBron James, ambos no Lakers. 


Seja pela melancolia e solidão da quarentena, seja pelo saudosismo de rever a magia de Michael Jordan – ou Black Superman – nas quadras, seja porque o documentário dirigido e roteirizado por Jason Hehir é realmente emocionante, eu chorei e não foi pouco assistindo cada capítulo. Taí um documentário que certamente vou querer rever em algum momento da vida. Parabéns pelo acerto, Netflix.  

NOTA: 10

P.S. – O meu apelido “Rodman” nada tem a ver com o Dennis Rodman. Isso veio de um personagem que eu e meu grupo de atividades da faculdade precisou criar para a “produção” de action figures em um projeto avaliativo. “Rod” vem de meu nome Rodrigo com a fusão de “Man”, algo como SuperMan, Iron Man... Nome de heroizinho.

P.S. 2 – Eu acompanhei as temporadas de 95 a 99 da NBA pelo canal Band, que transmitia regularmente na época. Meu irmão sempre foi um grande entusiasta de tudo quanto é esporte e ele sempre trazia revistas esportivas estampadas com as caras de Magic Johnson e Jordan na capa. Peguei gosto pelo basquete assistindo com ele os jogos da NBA, mas confesso que após a segunda aposentadoria de Jordan e com o fim da transmissão dos jogos na Band, eu meio que perdi o interesse depois. Hoje jogo NBA Live no smartphone e essa é a única maneira que tenho de matar um pouco daquela vontade de jogar basquete da infância.


P.S. 3 – Só quem viveu na época sabe a febre que se tornou a turma Looney Tunes após o lançamento do filme Space Jam. Camisetas, mochilas, bonés estampados com os personagens jogando basquete vendiam que nem água e na escola praticamente todo mundo desfilava com algum ornamento estampado pelo Pernalonga, Patolino e os queridinhos e preferidos Taz e Piu Piu. Isso só aumentava a popularidade em torno do basquete, em especial o da NBA. Qualquer regata por cima da camiseta que eu colocava eu já me sentia O jogador de basquete, só faltava dizer aquela frase icônica de As Branquelas ouvindo Hip Hop:


Como eu estava ficando bem mais alto que a maioria da molecada da mesma idade, já queria logo alcançar a tabela da quadra da escola com meus saltos. Mas era só vontade de ser jogador mesmo. Quando o jogo começava não conseguia acertar nenhum arremesso! Hehehe! Até hoje sonho que estou em quadra treinando arremessos incessantemente sem nunca acertar nenhum. Trauma é foda! 

P.S. 4 - Arremesso Final também dá uma pincelada em como a mídia jornalística pode ser mordaz com um astro em ascensão. Após a conquista dos três primeiros títulos com o Bulls, Jordan estava tão em evidência no mundo que tratou-se de tentar derrubá-lo do trono, entre outras coisas publicando rumores de que ele tinha dívidas com jogo e que inclusive a morte de seu pai teria sido ocasionada por conta disso. Difícil não traçar um paralelo com a própria história de Michael Jackson que foi massacrado pela imprensa durante a década de 90 e até próximo de sua morte justamente porque era um astro no topo do mundo, o que incomodava muita gente. 

P.S. 6 - Os momentos finais do documentário mostrando os últimos minutos da partida eletrizante entre o Bulls e o Jazz em 98 ao som de "Present Tense" do Pearl Jam ficou ainda mais emocionante. 


A música sofre um crescente quando Jordan está prestes a fazer a cesta decisiva do jogo e não tem como não ir às lágrimas quando ela atinge seu auge. Lindo demais esse trabalho de edição. 


CONTROL Z


Para quem já acompanhou a primeira temporada de 13 Reasons Why recentemente a série mexicana Control Z não deve surpreender muito, já que trata praticamente dos mesmos assuntos só que dessa vez do outro lado do muro do Trump.

Carlos Quintanilla

Criada por Carlos Quintanilla e produzida pela Lemon Studios para a Netflix, a série conta em 8 capítulos a história dos alunos de uma escola de Ensino Médio que da noite para o dia começam a ser ameaçados de ter os seus segredos digitais revelados por um hacker. Com mensagens do tipo “eu sei o que vocês fizeram no verão passado” publicadas através de um perfil fake na internet, o personagem que fica oculto até próximo do sétimo episódio, chantageia as vítimas através do celular e pede que elas escolham entre os amigos quem vai ser o próximo a ser chantageado, isso para que o hacker não exponha seus segredos. Quem não aceita o desafio duvidando de sua veracidade acaba sendo exposto, o que coloca a série numa consonância muito boa com o que tem acontecido recentemente no mundo, com as últimas ações do grupo ativista Anonymous e com as exposições de conversas íntimas de subcelebridades no Twitter também feita por um perfil desconhecido.
Ana Valeria Becerril como Sofia

A personagem principal é a problemática Sofía (Ana Valeria Becerril), garota com uma capacidade muito boa de observar os outros e de deduzir onde elas estiveram, o que fizeram ou com quem estavam. Ela é quase uma Xeróqui Rolmes só que é vista como a freak do rolê por ter passado alguns dias num sanatório, após sua incapacidade em lidar com a morte do pai


Embora rejeitada por todos, Sofía não faz o tipo tímida, e vai para cima para defender os colegas mais fracos do bullying nosso de cada dia ou para confrontar verbalmente os demais alunos. Toda a história inicial gira em torno dela e de suas capacidades de dedução, fazendo com que ela acabe atraindo a atenção do aluno novato Javier (Michael Ronda), que é filho de um importante jogador de futebol mexicano e de Raúl (Yankel Stevan), o filho de político corrupto.


Enquanto investiga a verdadeira identidade do hacker e as razões que ele tem para expor os segredos mais íntimos dos alunos do colégio, Sofía acaba se envolvendo tanto com Javier quanto com Raúl, embora esse último tenha mais afinidade com o grupo que sempre rejeitou Sofía pela suposta tentativa de suicídio que a levou ao hospício.

Michael Ronda (Javier) e Yankel Stevan (Raúl)
Control Z fala de temas muito controversos e que atualmente – infelizmente – faz parte do cotidiano da maioria das escolas por aí. Assim como a polêmica 13 Reason Why – que atualmente conclui a história em sua quarta temporada – a série mexicana mete o dedo na ferida de assuntos bem dramáticos como o bullying, o assédio, a homofobia, a transfobia, o suicídio e até mesmo o homicídio nas escolas. 


Não tem o mesmo aviso de gatilho emocional que 13RW acabou recebendo antes dos episódios, mas deveria, já que fala quase das mesmas coisas, embora de um jeito menos pop.


A fotografia e a edição da série são particularmente muito boas e antes de saber que se tratava de um produto mexicano, eu achei que fosse produzida na Espanha, como a hoje mundialmente famosa La Casa de Papel. As atuações se não são primorosas, são ao menos competentes e o destaque fica mesmo para a protagonista Ana Valeria Becerril que faz uma personagem esquisitona diferente do que estamos acostumados. Ela chega quase a ser popular junto aos colegas e tem uma capacidade impressionante de fazer amizades, conversando com eles e até mesmo aconselhando.


A série ainda traz a adição da atriz Zion Moreno, que assim como sua personagem na série, a Isabela, também é trans na vida real.

Zion Moreno

Os episódios de Control Z são curtos (cerca de meia hora cada) e a série dá para ser acompanhada sem grandes problemas de entendimento. A narrativa é dinâmica e com certeza você não vai precisar de um vídeo explicativo no Youtube para entender o final. Obviamente a série já foi renovada para uma segunda temporada e como fez com a própria 13RW e com Stranger Things – que se alongaram desnecessariamente -, a Netflix vai querer faturar em cima.

NOTA: 8  

P.S. - É impressionante o nível social da molecadinha em Control Z. A maioria dos alunos da escola é rica, tem seu próprio carrão ou anda montada na grana. Esquecendo os estereótipos mexicanos - sombreiro, poncho, novelas, etc, etc - quase nem dá para acreditar que a história se passa no México ou que eles tem mesmo a idade para frequentar o Ensino Médio. E aqueles malucos barbados com cara de velho amigos do bad boy Gerry (Patricio Gallardo)? Como explicar aqueles malucos no colegial? 

P.S. 2 - E para parar de pensar em portunhol depois que vê a série? É viciante assistir Control Z em seu idioma original e mais difícil ainda parar de querer imitar o sotaque depois. Fiquei pensando em espanhol umas duas semanas ainda depois de ver a série! Hehehe! 

P.S. 3 - Nada me tirava da cabeça que o Patricio Gallardo era o sósia mais jovem do Wagner Moura. Além da aparência, o ator parece até que estava imitando os trejeitos do brasileiro, como aquela expressão aparvalhada mexendo rapidamente a cabeça e piscando o olho quando seu personagem está desconsertado. 


Achei igual! 


       SEX EDUCATION – 1ª TEMPORADA


Eu gostei muito da primeira temporada de Sex Education e fiquei surpreendido positivamente por essa série britânica criada por Laurie Nunn. Com o passar do tempo a gente acaba se acostumando a assistir todo tipo de enlatado americano tratando sempre as peripécias da descoberta sexual adolescente em comédias toscas e escatológicas, mas apesar de ter sim uma dose de humor, Sex Education não trata a puberdade de uma maneira idiotizada. Alguns temas são levados muito a sério, tanto que a série é definida como uma comédia dramática.

Otis (Asa Butterfield) e Jean (Gillian Anderson)

O personagem central da narrativa é o jovem Otis Milburn (Asa Butterfield, que foi um dos candidatos a Homem Aranha/Peter Parker antes de Tom Holland) que mora sozinho com a mãe, a Dra. Jean Milburn (Gillian Anderson), que é uma espécie de especialista em comportamento sexual, usando sua própria casa como consultório. Retraído sexualmente, incapaz até mesmo de se masturbar solitariamente no quarto, Otis enfrenta graves problemas para se relacionar com as garotas. Embora domine toda a teoria da coisa, o garoto nunca fez nada na prática, o que o leva a confrontar ao longo dos episódios da série os próprios traumas de infância que o levaram a ser tão travado.

Eric (Ncuti Gatwa) e Otis

O melhor amigo de Otis é o engraçadíssimo Eric (Ncuti Gatwa) que começa a temporada como o alívio cômico e termina como o grande elemento dramático da trama, tendo que conviver com toda a homofobia e preconceito da sociedade a seu redor. 


Por ser do tipo “gay espalhafatoso”, Eric acaba sendo hostilizado por bullies ao longo da história e o momento em que ele finalmente decide “sair do armário” para seu pai é um dos momentos mais comoventes da temporada.


O amor platônico de Otis é a problemática e errática Maeve (Emma Mackey), personagem que é conhecida em toda a escola por sua voracidade sexual. Um de seus apelidos pejorativos é “Morde Bolas” e a garota é rejeitada por boa parte das demais colegas de escola por fazer o tipo – segundo elas – vagabunda. Claro que esse é seu plot inicial e até o fim da temporada Maeve acaba passando por reviravoltas incríveis, incluindo o de ensinar um pouco de sororidade às amigas. 

Emma Mackey

É ela que vê em Otis o talento que ele tem para aconselhar os demais colegas com seus problemas sexuais – puxando daí um pouco do conhecimento da sua própria mãe que é psicóloga – após ajudar o bullie Adam Groff (Connor Swindells) a lidar com o tamanho da sua piroca – potencialmente enrijecida por uma super dosagem de Viagra. A partir da resolução do problema de Adam, que quase nunca consegue chegar ao orgasmo, Maeve decide que vai usar os talentos conselheiros de Otis para que ambos faturem uma grana, e em sociedade, eles começam a marcar consultas secretas pela escola com os adolescentes problemáticos.

Maeve e Jackson (Kedar Williams-Stirling)

Enquanto Otis alimenta sua admiração secreta pela amiga, a garota se envolve com a promessa da natação competitiva Jackson Marchetti (Kedar Williams-Stirling), com quem transa pelos corredores da escola constantemente. Filho de duas mães extremamente cautelosas com sua criação e seu desenvolvimento esportivo, Jackson acaba encontrando empecilhos em assumir um namoro mais sério com Maeve e toda sua “fama” pela escola, o que faz com que eles sejam apenas amigos de transa por um longo tempo. Quando um acidente acaba ocorrendo pela natureza do envolvimento sexual dos dois, é Otis quem está lá para apoiar Maeve emocionalmente, sem que o atleta Jackson sequer desconfie do que realmente aconteceu. A visita de Maeve à clínica de aborto é outro dos momentos de alta dramaticidade da série. 

      
Sex Education responde de forma muito adulta questões que todo mundo que já foi adolescente um dia já se fez ou ainda faz. Além disso, a criadora Laurie Nunn não teve pudor em abordar temas mais sensíveis e atuais como a orientação sexual e as questões de gênero, usando bem os personagens Eric, Adam e as mães de Jackson nesse intento. 


Todo o elenco jovem é realmente muito bom, tanto os dramáticos quanto os cômicos, mas é a experiência da eterna Dana Scully de Arquivo X que faz boa parte da diferença na série. Como a mãe superprotetora de Otis, Gillian Anderson nos convence na pele da Dra. Jean, e são hilários seus momentos com o filho retraído, tentando lhe passar sua experiência de vida de maneiras, digamos nada ortodoxas. 


Jean também possui um apetite sexual acima da média e a constância com que troca de parceiros sexuais – por sua incapacidade de se fixar em um relacionamento após o divórcio - bem como a vasta gama de brinquedos sexuais que possui, acaba constrangendo Otis em certo ponto. Em meio a tantas novidades britânicas no elenco jovem, Gillian é certamente um dos grandes destaques no quesito experiência. E como ela está inteirona no auge de seus 51 anos!

Sex Education possui uma segunda temporada completa na Netflix – que eu só não vi ainda porque estava colocando as demais em dia primeiro – e uma terceira já está a caminho.

NOTA: 10

COMMUNITY – 1ª Temporada


Noooossa, Rodman! Falando de série velha! Credo! Nem vou ler!

Não tem problema, jovem padawan. Eu posso viver com isso.

Community é uma série já encerrada que foi transmitida entre 2009 e 2015. Criada por Dan Harmon e produzida pelos irmãos Anthony e Joe Russo – que provavelmente você já ouviu falar – a sitcom revelou inúmeros talentos da comédia e do drama dos anos 2000, e mesmo quem nunca ouviu falar da série deve poder reconhecer pelo menos um ou dois rostos no elenco principal. Com episódios curtos de menos de trinta minutos, Community faz rir com um humor inteligente e nonsense na maioria das vezes, do tipo que Friends ou How I Met Your Mother sabiam fazer muito bem também, embora estejam menos adequadas aos tempos atuais.

Dan Harmon e os Irmãos Russo

Além da diversidade étnica, etária e de gênero do elenco principal, Community é muito feliz em conseguir abordar temas polêmicos com piadas muito bem inseridas pela própria característica de cada personagem. Um exemplo disso é que a maioria das piadas machistas e conservadoras são especialmente faladas pelo personagem Pierce (vivido pelo veterano Chevy Chase), que é mesmo um velho retrógrado aceito pelo grupo de estudos do curso de espanhol. Quem desfere as intolerâncias religiosas nas falas é quase sempre Shirley (Yvette Nicole Brown), personagem que é a mãe de família divorciada e a cristã do grupo. 

Chevy Chase e Yvette Nicole Brown

Da mesma forma que as piadas étnicas sobre árabes ou muçulmanos são direcionadas a Abed (Danny Pudi) e as raciais direcionadas a Troy (Donald Glover), existem várias referências a Britta (Gillian Jacobs) ser lésbica devido seu comportamento mais descolado, embora ela não seja realmente. Um dos episódios da primeira temporada fala justamente sobre a intolerância religiosa e como eles conseguem lidar entre si com suas diferentes crenças apesar de tudo. 


Brincando de falar sério, Community é um delicioso passatempo entre um filme e outro que a gente assiste nos canais de streaming e apesar de não possuir uma linha evolutiva como as demais séries, com uma trama única de começo, meio e fim, ela possui um ponto central que é a tensão sexual que existe entre Jeff (Joel McHale) e Britta.

Joel McHale

Jeff é um advogado que tem a licença cassada e que por isso, mesmo na maturidade, é obrigado a voltar à universidade para se reciclar e recuperar a licença de advogar. Cheio de si e com uma arrogância exacerbada, Jeff acaba entrando para o grupo de estudos das aulas de espanhol ministradas pelo lunático Ben Chang (Ken Jeong), com o único intuito inicial de conquistar Britta. 

Gillian Jacobs como Britta

A loira se faz de difícil e ao longo da temporada é essa tensão sexual entre eles que move a história, mesmo ambos tendo outros parceiros românticos durante os episódios. Típico mote de sitcom mas que prende nossa atenção para enfim ver no que vão dar todas aquelas insinuações, encontros e desencontros.


Quem também ganha destaque no grupo de estudos é a inocente e esperta Annie (Alison Brie), a caçula entre eles. Com mania de organização e extremamente metódica, Annie é a protegida dos malucos, e é engraçado que Jeff e Britta acabam agindo como pais postiços dela no decorrer da temporada, além dela ser também protegida pela mãezona Shirley. Apaixonada por Troy desde a época do colégio, apesar de nunca ter confessado isso a ele – que a vê nada mais como a menina feia da escola – Annie acaba tendo outros romances na história, mesmo Jeff tentando impedir que os outros tenham uma conotação sexual sobre ela.

Antes de assistir Community eu não conhecia Alison Brie, mas confesso que fiquei apaixonado por ela ao longo dos episódios. Sua personagem é a mais carinhosa do grupo, mas quando o episódio é focado nela, em geral, gera muitas risadas, já que por alguma razão ou outra ela acaba perdendo a paciência quando não conquista algum de seus objetivos (como não conseguir que todo o grupo se mantenha unido no próximo semestre, mesmo com todos eles tendo concluído o curso de espanhol). 

Alison Brie 

Boatos dizem que a atriz está cotada para interpretar a Mulher-Hulk num vindouro seriado da verdona, mas até agora nada foi confirmado. Nos quadrinhos da Marvel, Jennifer Walters tem um senso de humor muito exacerbado, o que a meu ver, seria muito bem interpretado por Brie, que também já estrelou a série Glow sobre o circuito de luta profissional feminina.


Se alguém me pedisse para escolher apenas um dos personagens principais eu teria dificuldades, já que em sua medida, todos eles são muito bem executados por seus intérpretes. Além de Jeff, vivido pelo ator e comediante de stand-up Joel McHale – que atuou pouco em Hollywood e sempre em papeis pequenos – certamente a dupla formada por Troy e Abed ganha destaque no quesito nonsense. Todas as referências nerds de seriados e filmes partem de Abed, enquanto Troy rouba a cena com suas imitações, sua expressão corporal e os trejeitos engraçados.

Troy (Donald Glover) e Abed (Danny Pudi)

Outro elemento importante da série são as inserções do professor charlatão de espanhol vivido pelo já hilário Ken Jeong, figurinha carimbada na maioria dos filmes de comédia, em especial a trilogia Se Beber Não Case. Jeong faz um tipo de professor sem qualquer tipo de paciência para lecionar e que aparece metido nas situações mais improváveis na primeira temporada. Não é à toa que ele é a capa da série na Netflix, sendo com certeza um dos rostos mais memoráveis do elenco.

Ken Jeong

Community tem seis temporadas e é realmente uma pena que eu só consegui assistir agora que está disponível na Netflix. Assim como Sex Education, eu dei uma parada nela para poder colocar as demais séries em dia, mas logo volto a acompanhar, já que tem sido minha principal fonte de diversão nessa maldita quarentena.

P.S. - São muitos episódios ainda na primeira temporada, mas o 22º "Modern Warfare" foi especialmente engraçado para mim com a batalha de Paintball pelo direito de escolher as matérias do próximo semestre. Community tem a incrível capacidade de trazer outros gêneros para dentro da comédia, e mesmo como um episódio "de ação", eu chorei de rir dessa porra! 


P.S. 2 - Para quem já prestou bem atenção nos filmes da Marvel dirigidos pelos Irmãos Russo deve ter percebido a participação de alguns atores de Community em pontas de algumas cenas. Danny Pudi é um dos guardas de acesso da base da SHIELD que é rendido pelo Capitão América pouco antes dele destruir os porta-aviões da Hydra no terceiro ato de Capitão América - Soldado Invernal. Jim Rash, que faz o reitor Craig na série é o assistente puxa-saco do MIT que pede um investimento aos professores para Tony Stark após seu discurso inicial em Capitão América - Guerra Civil. Já Ken Jeong é o segurança do depósito onde a van do Homem Formiga está largada, no primeiro ato de Vingadores - Ultimato. Donald Glover, que provavelmente foi o ator (e cantor) de maior expressão saído da série, também faz uma ponta em Homem Aranha - De Volta ao Lar, como Aaron Davis, um malandro que é interrogado pelo Aranha em um estacionamento. O filme não é dirigido pelos Russo, mas fica aí a lembrança. 

   
NOTA: 10

Sneak Peek - Brincando com Fogo


Atraído pelo tema e também por sua chamativa capa, resolvi dar uma olhada no reality show Brincando com Fogo e foi uma das experiências mais surreais que tive com esse tipo de entretenimento. Dispostos a ganhar um prêmio bom em dinheiro, um grupo de gostosas e saradões de vários lugares do mundo – de língua inglesa – embarcam numa aventura de confinamento, sem saber ao certo que a disputa envolvia o NÃO-contato sexual ou físico entre eles. Basicamente, ganharia a bolada quem não pegasse ninguém na casa, o que cria as situações de tensão do programa.


Com os estímulos à flor da pele, os inicialmente 10 participantes – depois esse número aumenta e diminui de novo – a galera é tentada com inúmeras situações que os colocam contra a parede, dispostos inclusive a fazê-los quebrar a principal regra do jogo que é a abstinência.

A ideia do programa é boa sim, mas relembrando aqui os 7 episódios principais mais o especial de encerramento, não consigo me lembrar de tantos bons momentos assim do reality. Cada um dos participantes está claramente vivendo um personagem diferente ali dentro – tipo BBB, sabe? – e não existe aquela naturalidade que a gente vê em programas brasileiros do tipo. 


Outra das desvantagens de Brincando com Fogo é a de não mostrar nem que seja de relance os momentos mais quentes que acontecem na casa. Não tem nem nudez! Os participantes estão o tempo todo de biquínis, sungas ou roupas curtas, mas nudez mesmo não rola. Até no PPV do Big Brother a gente vê mais nudez do que nesse reality!


Mas Rodman, o intuito do programa não é justamente mostrar aos participantes que as relações deles com as demais pessoas não podem se resumir somente a sexo?

Essa é exatamente a ideia, caro padawan, mas até mesmo a relação pela qual mais torci na casa, envolvendo Rhonda e Sharron acaba não dando em nada ao final do programa, o que frustra a premissa inicial comandada pela androide Lana


Já a superficialidade do casal Francesca e Harry conseguiu superar o final do programa, mesmo eles se mostrando dois tremendos babacas ao longo do seriado quase todo, quebrando as regras sucessivas vezes e fazendo o prêmio em dinheiro diminuir um bocado de vezes.


Brincando com Fogo não chega a ser empolgante e no máximo diverte ao longo dos quase 60 minutos de cada episódio. Destaque nesse quesito para a narradora que conversa com o espectador cheia de ironias, Desiree Burch. Ela é a única razão pela qual eu dei alguma risada vendo o reality, mas não passa muito daí. Para quem curte o tipo de cara bombado deve valer alguma coisa assistir, já para quem curte a beleza feminina mais brasileira, o programa é um pouco decepcionante. Vamos ver como vai ser a versão BR do reality, já que a Netflix já anunciou que vai rolar. E você? Toparia passar sem sexo só para ganhar uma bolada em dinheiro?


NOTA: 6

NAMASTE!          

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