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17 de abril de 2024

X-Men '97 - Episódio 2 - Lacração e choradeira

X-Men '97


EPISÓDIO 2 - MUTANT LIBERATION BEGINS

O segundo episódio de X-Men ‘97 começa mostrando que a confiança em Charles Xavier de deixar a mansão X e os X-Men sob a sua tutela girou uma chave na cabeça do Magneto. Logo após surgir diante dos alunos do professor, Magnus resolve deixar de lado a sua cruzada violenta contra os humanos e começa a praticar boas ações pela cidade, inclusive, salvando a vida daqueles que o temem. Tais atos chamam bastante a atenção da imprensa e do governo, colocando-o em evidência.

Na mansão, o clima continua tenso com a aparente mudança de comportamento daquele que sempre foi o seu maior inimigo, e os mutantes não parecem confiar em Magneto totalmente, com exceção da Vampira, que sai em defesa dele (mais pra frente entendemos porquê!).

Em paralelo às desconfianças do Ciclope, da Tempestade e do Wolverine, Magnus decide salvar os Morlocks no subsolo da cidade. Lá embaixo, os protegidos da mutante Callisto estão sob a ameaça dos Amigos da Humanidade e o seu material bélico das Sentinelas, mas quando parece mesmo que os mutantes excluídos vão ser assassinados, Magneto surge para salvá-los e dar uma lição nos supremacistas.  

X-Men '97


De volta à mansão, Magneto levanta a questão de por que Xavier e os X-Men nunca pensaram em abrigar os Morlocks ou lhes dar uma chance mais digna de sobrevivência em alternativa aos esgotos onde eles moram. Afinal, o sonho do professor não era o de convivência pacífica entre mutantes e humanos? Como isso é possível se eles próprios excluem os seus pares?

Magneto, então, informa que os Morlocks estão sendo encaminhados para a nação de Genosha. Após livrar a ilha dos antigos déspotas que a usavam como campo de concentração mutante — isso chegou a ser mostrado ainda na primeira temporada da animação —, o Magneto decidiu tornar o lugar um porto seguro para os seus iguais, algo com a qual Xavier jamais concordou por pensar que seria um meio de segregar os mutantes, em vez de simplesmente protegê-los. 

Aliás, criar um santuário onde os mutantes possam viver livremente sem a ameaça dos humanos sempre foi uma ideia que permeou a mente de Magneto e, duas temporadas antes, ele mesmo já havia tentado fazer isso com o Asteroide M, um enorme corpo celeste em órbita da Terra para onde ele pretendia levar não só os seus aliados — os Acólitos — como também o próprio Charles Xavier.

Após o discurso de Magneto de manter os mutantes seguros em uma ilha, Jean e Ororo iniciam uma conversa particular no quarto. Lá, a ruiva confessa à amiga temer pelo futuro de seu vindouro filho caso ele também seja um mutante, e diz que pressente algo maligno a se aproximar desde que sondou a mente de Henry Gyrich para descobrir o paradeiro de Bolivar Trask.

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Ainda durante esse diálogo, a Tempestade pergunta à Jean se ela deseja que a criança em sua barriga nasça humana e, logo depois, ela mesma confessa que já se imaginou sendo somente uma humana comum, e o quanto isso teria tirado de sua vida. Ororo diz que se não fosse uma mutante, ela jamais teria chegado à mansão ou conhecido a sua melhor amiga.

Aqui, vale mencionar que essa amizade entre elas citada por Ororo nunca foi tão bem delineada nas temporadas anteriores de X-Men, mas que era algo muito explorado nas HQs, principalmente, na fase escrita pelo Chris Claremont. A Tempestade se sentia muito solitária sendo a única mulher no grupo — na segunda formação dos Filhos do Átomo, quando todos os X-Men originais haviam deixado a mansão, com exceção do Ciclope —, e só quando a Jean retornou é que ela pode contar com alguém que pudesse não só confiar como também se inspirar.

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Para completar o climão de novela das oito sempre presente em X-Men — pelo menos nas adaptações que valem —, a Vampira decide fazer uma visitinha ao escritório do Magneto dentro da mansão e, num diálogo bastante revelador entre os dois, é insinuado que eles tiveram um “trêlêlê” no passado, algo que nunca antes foi sequer sugerido em outras temporadas do desenho.

X-Men '97


Enquanto a gente se pergunta quando isso teria acontecido, várias teorias vão se formando, até que a verdade finalmente seja revelada.

Nas HQs, é público que em mais de uma situação o Magneto e a Vampira já se pegaram fortemente, e a fase mais conhecida deles como um casal ocorreu quando os dois ficaram perdidos na Terra Selvagem e ela se viu privada de seus poderes de absorção. 

Aí, já sabe, né… calorzão, gente suada andando com pouca roupa pra lá e pra cá… Me Tarzan, you Jane

Aliás, quem não se lembra daquela clássica capa desenhada pelo Jim Lee em que os dois aparecem posando altamente gostosos e sensuais, hein?

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No Brasil, isso foi publicado pela primeira vez em 1994, na revista dos X-Men nº 71 da Editora Abril. Tenho até hoje esse formatinho!

Na animação, no entanto, o clima entre a Vampira e o Magneto esfria quando Valerie Cooper aparece no gramado da mansão com helicópteros e soldados armados no intuito de levar o Mestre do Magnetismo a julgamento por seus antigos crimes. Na cronologia do desenho, vale ressaltar que não havia nem um ano, o Magneto estava se preparando para organizar uma coalizão contra a humanidade no momento em que ele decide abandonar tudo a pedido de um moribundo Charles Xavier.

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Como representante da ONU, a doutora Cooper garante que Magneto será ouvido na corte e que terá direito de se defender perante os juízes, o que faz, então, com que ele se renda e aceite partir com os soldados sob custódia.

Na animação, o Magneto está usando o EXATO uniforme que ele adota quando assume a liderança dos X-Men a pedido de Xavier nas HQs, abandonando, inclusive, o elmo de balde. O gibi, cuja capa clássica mostra ele algemado em primeiro plano enquanto os mutantes caem na porrada com os irmãos Strucker na parte de trás da cena, foi a primeira HQ que eu li dos X-Men na vida (a X-Men nº 24 da Editora Abril de 1991).

X-Men '97


A animação usa muito bem essas referências canônicas, mas é claro que, mesmo os roteiristas respeitando o material original, teve nerdolinha reclamando na internet que “aiiiinnn, o meu Magneto está parecendo uma Drag Queen com essa roupa cafona!

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Como prometido por Valerie Cooper, os representantes da ONU ouvem o que Magneto tem a dizer em sua defesa, depois que eles o acusam de todos os crimes cometidos ao longo de sua carreira como “terrorista mutante”. Um clima muito hostil se forma no entorno da sede da ONU, quando manifestantes pró-humanidade ameaçam invadir o local para fazer justiça com as próprias mãos. Exatamente por conta disso, alguns dos X-Men decidem comparecer à seção e fazer a defesa não só do Magneto — que está algemado e com um colar inibidor de poderes no pescoço —, mas também de todas as pessoas ali presentes.

Perante os juízes, Magneto faz um discurso bastante inflamado, porém, consciente do papel que ele representa ali como um libertador mutante.

“Quando criança, os lares do meu povo foram reduzidos a cinzas porque ousamos chamar Deus por outro nome. Então, o meu povo me caçou como aqueles que os haviam caçado. Eu era uma aberração. Nascer mutante era abominável aos olhos de qualquer deus. Existe um refrão na triste canção da história: ‘Pense diferente, ame diferente, tenha o sexo ou a pele diferente e será punido’. Nós cantamos essa canção um para o outro, os oprimidos se tornam opressores. O Xavier sabia disso e sonhava que poderíamos mudar, encontrar harmonia, um futuro onde humanos e mutantes pudessem superar o passado…”

Um roteiro desse calibre jamais poderia ser escrito no passado, quando as primeiras temporadas do desenho foram ao ar para um público mais jovem. Depois de ouvi-lo, seja na versão em inglês ou a dublada pelo Charles Dalla, é bem difícil não estampar uma camiseta com os dizeres "Magneto Is Right" e sair com ela por aí!

Do lado de fora, enquanto o julgamento se estende e os manifestantes enfurecidos tentam furar as defesas da polícia local, os Amigos da Humanidade mostram que têm um plano maligno para punir Magneto diante de toda a mídia. Usando um traje especial e uma arma capaz de atingir o mutante, um sujeito autointitulado Executor X consegue invadir a ONU e infligir um ataque bastante intenso à segurança do local e aos próprios X-Men, enquanto tenta se posicionar para acertar o seu alvo.

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Executor X


Enquanto a Vampira tenta conter o avanço dos manifestantes do lado de fora e a Tempestade se encarrega de proteger o Magneto, cabe ao Ciclope, o Bishop e o Morfo baterem de frente com o vilão mascarado, o que acaba gerando um dos monólogos mais realísticos dessa nova leva de episódios:

Executor X (enquanto surra o Ciclope):Sabe o que eu odeio na sua raça? Vocês agem como se sofressem muito. As pessoas normais sofrem também, até mais! Só temos a dignidade de não ficar chorando o tempo todo, entende? É a choradeira... eu odeio a sua choradeira tanto quanto odeio vocês!”

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Não soa como um discurso tipicamente preconceituoso contra cotas para negros nas universidades ou qualquer outra aplicação que beneficie minorias no mundo real?



É inegável a quantidade de paralelos que podemos fazer entre esse discurso carregado de ódio do Executor X com a nossa realidade atual, e o quanto desse ódio vemos diariamente sendo destilado nas redes sociais. É claro que aqui é preciso traçar um paralelo simples entre os mutantes fictícios e qualquer outra minoria discriminada pela mente tacanha e conservadora daqueles que se veem presos a um antigo status quo do “macho predominante” ou do “homem branco heteronormativo” cuja única opinião é a que vale na sociedade. Para essa gente, qualquer coisa que saia minimamente do “normal” deve ser criticado, combatido e… executado, por que não?



Os mutantes não existem na vida real, mas quantas vezes não ouvimos por aí que luta de classes é “mimimi”? Ou que levantar pautas sobre direitos iguais entre homens e mulheres e a comunidade LGBT é “lacração”?



Alguém que está lendo esse texto acha mesmo que a existência de um Executor X que grite a plenos pulmões que a luta dos X-Men por igualdade com os humanos é “choradeira” não seria possível no mundo atual onde, por exemplo, os ditos “nerds” — que atualmente só são pessoas altamente preconceituosas que se escondem atrás da palavra — odeiam minorias e fazem de tudo para diminuir qualquer tipo de luta de classe em seus canais pela internet?

Vocês acham realmente que as histórias dos X-Men ao longo desses mais de 60 anos são apenas um amontoado de desenhos e balõezinhos rasos que só querem mostrar medição de poderes e nada além disso? 

Faz sentido achar que os X-Men são como o Youngblood ou qualquer outra equipe de super-heróis fantasiados — e descerebrados — que não têm nada a dizer e que só estão aí há tanto tempo para fazer volume nas lojas de revistas em quadrinhos e não ensinar nada a respeito de acolhimento ou aceitação ao próximo? Sério mesmo?

X-Men '97


Essa galera “entendida em cultura pop” presta mesmo a atenção nos balões de fala dos quadrinhos ou só consegue enxergar as figuras? Porque não é possível tamanha ignorância a respeito desses personagens que estão há tanto tempo ensinando tanta coisa pro público, em especial, a aceitação ao que é diferente.

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De volta ao episódio, enquanto os X-Men lutam na ONU, a Jean Grey entra em trabalho de parto na mansão X e cabe ao Logan levá-la ao hospital para dar à luz. Após atravessar a cidade para chegar em segurança ao local, o médico de plantão se recusa a atender uma mutante, alegando que ela pode perder o controle dos poderes durante o parto e ferir as pessoas na sala.

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Através do seu contato telepático, Jean pede a ajuda do marido, que avisa a Tempestade do que está acontecendo. Ororo sugere que a Vampira encaminhe o Ciclope da ONU até o hospital e os dois partem em velocidade a fim de ajudar Jean. Uma vez lá, a Vampira usa os seus poderes de absorção para “aprender” as habilidades do obstetra e faz ela mesma o parto. Algum tempo depois, o casal feliz com o nascimento de seu filho se reúne mais uma vez e Jean dá ao bebê o nome de Nathan.

X-Men '97


Como no universo regular das HQs a Jean Grey original nunca engravidou do Scott, antes de saber que o bebê era um menino, eu jurava que seria a Rachel Summers a nascer ali, mas foi apenas um segundo de esperança que morreu rápido. No entanto, para ser ainda mais óbvio da real identidade daquele bebê, só faltou o olho brilhar para a câmera (vamos falar mais disso no próximo post!). 

Na ONU, após se livrar do Bishop e do Morfo, o Executor X consegue, enfim, atirar com o seu rifle em direção ao Magneto, é quando a Tempestade se joga na frente para salvar o homem colocado no comando dos X-Men. Embora ninguém saiba àquela altura dos fatos, a arma do vilão é carregada com uma variação mais ostensiva da radiação usada nos colares que inibem os poderes mutantes, e a Rainha dos Ventos acaba sendo atingida em cheio por um tiro dela.

X-Men '97


Livre de suas amarras e entendendo de imediato o que aconteceu com a Tempestade, o Magneto resolve punir o Executor, o privando de sua arma e o tratando como a uma marionete com os seus poderes magnéticos. Depois, ele resolve mostrar o que é capaz de fazer, elevando não só o Executor como também a todos os membros do júri a uma altitude impensada. Lá de cima, com praticamente o planeta a seus pés, e sob o olhar desesperado dos agentes da ONU, ele implora para que a humanidade não o faça se voltar contra ela, pois as consequências podem ser gravíssimas.

X-Men '97


Para quem não é das antigas, a Tempestade também foi atingida por uma rajada quase letal que a deixou sem seus superpoderes de controle climático por um longo período nas HQs. Na época, ela se jogou para salvar a Vampira de ser fulminada, mas isso rendeu uma ótima fase da heroína que culminou nela se tornando líder dos Morlocks — vencendo a Callisto no mano-a-mano — e saindo na mão com o Ciclope pelo direito de liderar os X-Men. 

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Além disso, a fase badass da Ororo ainda rendeu a ela o clássico traje punk — que ela usa na cena pós-crédito do episódio 2 da animação —, e o seu reencontro com o Forge, o mutante indígena capaz de inventar qualquer coisa.

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Desprovida de seus poderes e se sentindo desconectada dos irmãos mutantes, Ororo escreve uma carta emocionada endereçada a Jean e, assim, ela parte da mansão, com destino incerto. Quando achamos que nada pior pode acontecer aos nossos heróis, uma visita inesperada chega ao portão deles, e eis que surge uma mulher ruiva com as feições idênticas às de Jean Grey diante de todos. Aparentemente ferida, ela desmaia no colo do Morfo, criando uma situação no mínimo assustadora para o Ciclope e a sua esposa, que acabaram de retornar do hospital com o pequeno Nathan no colo.

X-Men '97


A análise de X-Men’97 continua no próximo post

NAMASTE!

16 de abril de 2024

X-Men ’97 e a volta por cima dos mutantes da Marvel

X-Men '97

Depois da aquisição da Marvel pela Disney e o seu famoso estúdio de animação, era inexplicável que a empresa criadora do Homem-Aranha não conseguisse produzir uma série animada de qualidade sequer ao longo de tantos anos. Enquanto a Warner/DC nadava de braçada no quesito adaptação de personagens para a mídia televisiva, a Marvel parecia cada vez mais presa à fórmula do MCU nos cinemas. Sem querer arriscar, o todo-poderoso Kevin Feige, diretor executivo do grupo, manteve os seus personagens principais numa caixinha inquebrável, à prova de “más interpretações criativas”, o que fez com que a concorrência saísse E MUITO na frente. 

Depois de tanto tempo, quem diria que seriam os X-Men que salvariam a crise instaurada no estúdio com o fracasso iminente de suas franquias cinematográficas?

Antes que eu tente escrever tudo que estava engasgado ao longo da minha ausência do blog — e quem ainda lê blog, Deus do céu? — de uma vez só, vamos nos ater ao objetivo desse post que é falar da excelente — até o momento — animação X-Men ’97, e as razões que fazem dela não só uma ferramenta de nostalgia para os velhos fãs do desenho noventista, mas também uma prova cabal de que SE BEM EXECUTADA, qualquer adaptação consegue fugir dos clichês.

Sigam-me os bons!

X-Men '97


Eu não sei precisar qual foi o real impacto do anúncio da revitalização da franquia animada da Marvel para os espectadores mais novos, aqueles que só possuem referências dos mutantes com os horrendos filmes da Fox ou, no máximo, que os conhecem da série mais “recente”, a X-Men Evolution. Mas para mim, que acompanhou X-Men The Animated Series na época da primeira exibição no Brasil, a sensação foi mesmo de empolgação total.

Há muito tempo se fala da saturação do gênero super-herói na cultura pop, ainda mais depois de tanto material ruim que tem sido produzido pelas duas principais empresas do ramo — a Marvel e a DC. Por conta disso, eu fui um dos tantos afetados por essa falta de qualidade e esmero no que tem sido lançado, o que me fez cansar bastante de ver filme ou qualquer produto relacionado a “bonecos”.

Eu achava que nada mais me empolgaria como o primeiro trailer do filme “Vingadores -  Guerra Infinita”, que me deixou em um estado de ansiedade que eu nunca tinha experimentado antes. Passou cerca de um ano até a catártica experiência de ver “Vingadores – Ultimato” no cinema com a galera empolgada tal qual torcida de futebol no estádio e, depois disso, era como se nada mais fosse conseguir superar o ápice de ver todos aqueles heróis Marvel reunidos na tela.

Então, veio o primeiro trailer de X-Men ’97, e o pequeno Rodman de 12 anos que assistia ao desenho original depois da saída da escola, na TV Colosso, ressurgiu com força em minha mente, me fazendo lembrar como era gostosa aquela época de descoberta do mundo fantástico dos mutantes, e como eles passaram a ser importantes para mim a partir dali.

Sério!

Eu fui às lágrimas depois da primeira visualização do trailer, e foi essa sensação de nostalgia que me fez esperar com entusiasmo pelo lançamento da série no serviço de streaming da Disney.


Episódio 1 – “To Me, My X-Men


O primeiro episódio da nova temporada começa pouco tempo depois dos eventos mostrados no final da anterior, a quinta, onde Henry Peter Gyrich atinge o Professor Xavier com uma arma capaz de descontrolar os seus poderes psiônicos, o que, posteriormente, o leva a óbito com uma emocionante despedida a seus pupilos antes disso.

X-Men '97
Henry Peter Gyrich


Assim como na HQ, Xavier não morre exatamente, mas é levado em estado muito grave por Lilandra, a Imperatriz do Império Shi’ar, de onde só retorna muito tempo depois, com a lesão em sua espinha curada e muito mais saudável que antes. Se isso vai acontecer na animação, só Odin sabe!

Na animação, em paralelo à morte de Xavier, boa parte do mundo continua enxergando a existência dos mutantes como uma ameaça à sua própria existência, e já no primeiro minuto da nova série, vemos alguns dissidentes dos “Amigos da Humanidade” — uma espécie de milícia armada formada apenas por “cidadãos de bem” — capturando um jovem mutante e o atando a uma das coleiras inibidoras de poderes largamente usadas em Genosha, na época em que os mutantes eram escravizados na ilha.

X-Men '97
Os Amigos da Humanidade


O mutante é rapidamente identificado como Roberto Da Costa, o Mancha Solar dos Novos Mutantes, e não tem como não soltar um “É o Brasil do Brasil” mentalmente no momento em que o garoto aparece em cena.

X-Men '97
Roberto Da Costa ÉÉÉÉÉÉ DO BRASIL!


Sabe-se lá como, os X-Men descobrem o local onde o garoto está sendo mantido cativo e, após anos de espera — e pra mim que assistiu à série original, isso dá bem mais do que vinte anos! — nós podemos ver os mutantes da Marvel em ação pra valer. Desta vez, numa qualidade alta de animação e agindo como nunca antes o PG-13 da programação infantil do Fox Kids — o canal original que veiculava o desenho nos anos 90 — permitiu.

Não há palavras para descrever o que foi ver o Ciclope moendo os Amigos da Humanidade no soco dentro do galpão para onde eles arrastavam as suas vítimas, e o que a chegada da Tempestade e do Bishop acrescentam à narrativa de ação da cena. É espetacular de se ver. O pequeno Rodman de 12 anos estava em êxtase dentro de mim. Lindo demais!

Ciclope X-Men '97


Ainda nesse episódio, é mostrado que os trumpistas... ops, digo, supremacistas, detém agora armamentos recuperados das carcaças de antigas Sentinelas, os robôs gigantes criados por Bolívar Trask para eliminar mutantes, e estão utilizando tal armamento com o intuito claro de matar os representantes da raça que tanto odeiam.

Algum tempo depois de resgatar Roberto, já em sua mansão, Ciclope, Tempestade e Bishop se juntam aos demais membros do grupo para discutir o ocorrido no galpão, e temos pequenos vislumbres da Jean Grey — em estado avançado de gravidez —, do Gambit — e o polêmico cropped que deixou muito nerdola em faniquito —, da Vampira, do Morfo — que já tinha retornado à equipe no último episódio da quinta temporada —, do Fera e da Jubileu, que agora não é mais a novata da casa. 

X-Men '97
Gambit de cropped... para delírio dos nerdolas!


As costumeiras desavenças entre Ciclope e Wolverine também ganham destaque nesse episódio, uma vez que, aparentemente, com a morte de Xavier, é o “Magrão” quem está dando as cartas na mansão, o que deixa o carcaju canadense bastante incomodado. Aliás, é importante notar que o antigo papel do Wolverine de protagonista absoluto do desenho — e das HQs, e dos filmes e dos videogames... — até o presente momento foi bastante reduzido em ‘97, o que é bom para quem sempre quis ver também mais dos outros personagens da equipe nas adaptações.

X-Men '97


Seguindo a narrativa do episódio, após resolver as pendências do grupo quanto a quem é que manda em quem, o Ciclope decide fazer uma visita ao assassino do Professor Xavier na detenção, e tenta descobrir, afinal, o paradeiro do criador das Sentinelas. Com tanta bugiganga oriunda dos robôs gigantes por aí, é possível que alguém esteja financiando os Amigos da Humanidade, e a resposta mais clara é Bolívar Trask.

Em uma ótima cena de interrogatório com Scott e Ororo interpelando Gyrich sob a vigilância do Bishop, o antigo agente da NSA permanece impassível ante a oferta de redução de pena proposta pelos mutantes, o que faz com que o Ciclope convoque a esposa Jean que, mesmo da Mansão X, consegue invadir a mente do sujeito com a ajuda do Cérebro, arrancando de lá na marra o paradeiro de Trask.

X-Men '97


Eu precisei rever o episódio para escrever o post e, num segundo momento, é importante notar que, enquanto sonda a mente de Gyrich, Jean é afetada por algum tipo de ataque psíquico misterioso que a faz ter visões de um futuro que só nos será revelado lá no impactante episódio 5 da temporada. Da primeira vez que vi, esse fato passou muito batido.

X-Men '97
As visões de Raven... digo, Jean Grey


Com a localização de Trask em mãos e imbuídos de acabar de uma vez por todas com a ameaça dos Sentinelas, os X-Men, liderados pelo Ciclope, chegam até um local ermo onde são abatidos logo de cara ainda no ar. Com o Pássaro Negro feito em pedaços, cabe aos membros do grupo — que só não contam com a Jubileu, que ficou na mansão para tomar conta do Roberto — salvarem as suas e as vidas dos colegas. Enquanto os voadores dão uma mãozinha aos que não tem asas, o Ciclope faz o “Super-Hero Landingmais irado de todos os tempos, usando as suas rajadas óticas para amortecer a queda.

X-Men '97
O super-hero landing mais motherfucker EVER!


Para quem tinha dúvidas sobre o potencial do cara, esse é o Ciclope que a gente sempre quis ver. Ele é ou não é o cara?

Como é de se esperar, Trask tem em seu poder um novo Molde-Mestre, o ser mecânico que fabrica os demais Sentinelas — vale lembrar que o primeiro Molde-Mestre foi destruído ainda lá na primeira temporada da animação — e, é claro que o pau canta bonito entre os X-Men e os robozões caçadores.

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O Molde-Mestre


A cena de ação é tão fantástica, que tem direito à Tempestade chegando com tudo controlando o clima e botando pra foder com os robôs sobressalentes. Nesse trecho, é dito que a deusa possui o status de "mutante nível ômega" — ou sejE, o nível mais alto de poderes numa escala de 1 a 10 — e é identificada assim pelos Sentinelas.

X-Men '97
Tempestade nível ômega


Além disso, rola um ataque em conjunto entre o Wolverine, o Gambit e o Morfo, na cena que foi exibida já no trailer da animação antes da estreia, encerrando de vez o combate em grupo que, na minha opinião, JAMAIS poderá ser reproduzido em uma versão live-action para os cinemas. 

X-Men '97


Ao final desse episódio, enquanto ainda estamos nos refazendo do clima de nostalgia que os roteiristas tão bem incentivaram desde o começo dele e às inúmeras referências a momentos marcantes dos quadrinhos — como o jogo de basquete no quintal da Mansão X —, quem resolve dar as caras na mansão é ninguém menos que o Magneto, o mestre do magnetismo. Segundo ele, em seu testamento, Charles Xavier deixou o controle da mansão em suas mãos e, além disso, também a tutela dos próprios X-Men, o que cria o cliffhanger perfeito para o início do segundo episódio.

X-Men '97



Dublagem brasileira


Muito tempo se passou entre o último episódio da temporada 5 de X-Men The Animated Series e a atual, por isso, é bem natural que alguns dos icônicos dubladores cujas vozes entraram no nosso imaginário acabaram nos deixando no decorrer desses quase vinte e oito anos.

Um dos mais lembrados, é claro, é o saudoso Isaac Bardavid, que deu voz ao Wolverine nas três primeiras temporadas do desenho original, e que, mais tarde, voltou também para dublar o Hugh Jackman, nos filmes dos X-Men da Fox. 

Outra que nos deixou há alguns anos, foi a maravilhosa Iara Riça, que dublou a Jubileu em todas as temporadas da animação e que, mais tarde, acabou dublando a Jean Grey em X-Men Evolution.

Quem também nos deixou, foi a dubladora da Tempestade, Jane Kelly, que emprestou a sua voz marcante para a personagem africana também em todas as temporadas antigas.

Não se sabe a razão para que algumas das vozes tenham sido substituídas em X-Men ‘97 mesmo com os seus antigos dubladores ainda em atividade — como é o caso da Fernanda Baronne, que dublou todas as versões da Vampira até então, seja em animação ou em live-action —, mas o atual time de vozes conta com os seguintes nomes:


Ciclope - Fernando Lopes


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Como relatei aqui no post que fiz sobre a animação dos X-Men dos anos 90, o Ciclope já teve pelo menos três dubladores diferentes, mas atualmente ele é dublado por Fernando Lopes, que tem em seu currículo, entre outros papeis, a voz do Agente Americano/John Walker da série Falcão e o Soldado Invernal e o Constantine, em algumas animações da DC.


Vampira - Priscilla Concepcion


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A substituta de Fernanda Baronne como a Vampira causou estranheza no público que estava acostumado à voz aveludada de sua antiga intérprete — eu incluso —, mas Priscilla Concepcion não é uma novata no universo X. Ela já deu voz à outra mutante há algum tempo, a Mística de Jennifer Lawrence dos filmes X-Men - Primeira Classe, Dias de Um Futuro Esquecido, Apocalipse e Fênix Negra.


Magneto - Charles Dalla

X-Men '97


O Magneto já não vinha sendo dublado pelo icônico José Santa Cruz desde a temporada quatro do desenho anterior, mas atualmente, o personagem ganhou a voz de Charles Dalla, que entre os seus trabalhos mais famosos, fez a voz do Sub-Zero em alguns jogos de Mortal Kombat e do Gilgamesh do filme Eternos, do MCU.


Tempestade - Ângela Couto


X-Men '97


Com o falecimento de Jane Kelly em 2011, quem dubla a Rainha dos Ventos agora é Ângela Couto que, diga-se de passagem, tem feito jus à sua antiga intérprete. Logo em sua primeira entonação, no primeiro episódio, é possível perceber que ela quase consegue emular Kelly com aquelas frases cantadas que a personagem usa antes de invocar os elementos, e ela foi com certeza um dos maiores acertos do elenco atual.


Jubileu - Carol Murai


X-Men '97


Nos Estados Unidos houve uma movimentação para que uma atriz asiática dublasse a personagem que também tem origem asiática e, por isso, no Brasil, quem se destacou para dar a voz da Jubileu, após a passagem de Iara Riça, foi a dubladora Carol Murai.

Ao lado de Ângela Couto, é possível dizer com segurança que Murai foi uma das melhores adições do elenco, já que a personagem ganhou mesmo uma voz adolescente que combina com o seu status quo. Em outros trabalhos, Carol também dublou a atriz McKenna Grace no filme de terror Annabelle 3 - De Volta para Casa, em 2019.


Gambit - Raphael Rossatto


X-Men '97


Em X-Men ‘97, o Gambit também recebeu uma nova voz e, desta vez, quem substitui Eduardo Dascar — que dublou o personagem em todas as aparições dele da série antiga e também em X-Men Evolution — é Raphael Rossatto, que por aqui, é mais conhecido como o dublador do Chris Pratt e seus personagens, como o Senhor das Estrelas dos Guardiões da Galáxia.

Os dubladores que não foram substituídos e fazem o seu grande retorno aos seus antigos papeis contam com a maravilhosa Sylvia Salustti — que foi a Jean Grey em todos episódios da série antiga e também em sua aparição live-action, nos filmes — e Jorge Vasconcellos, que foi a segunda voz do Fera até o final da quinta temporada da animação.

X-Men '97
Sylvia Salustti e Jorge Vasconcellos


A voz mais do que marcante de Luiz Feier Motta — o dublador oficial do Sylvester Stallone no Brasil desde os anos 90 — retorna ao papel de Wolverine, que foi característica durante os episódios de X-Men Evolution. Aliás, no país, poucas pessoas poderiam interpretar a voz do Wolverine além de Feier, após a passagem de Isaac Bardavid.

Márcio Simões também reprisa o seu papel como Professor Xavier que ele fez em X-Men Evolution. Apesar do personagem estar morto em ‘97, ele ainda retorna em alguns flashbacks e nas transformações aleatórias do Morfo.

Luiz Feier Motta e Márcio Simões


Vale destacar também o trabalho dos atores Vanderlan Mendes (Bishop), Cadu Paschoal (Mancha Solar), Márcia Morelli (Valerie Cooper), Sérgio Cantú (Noturno) e de Fernando Mendonça, que faz o Morfo, substituindo o Carlos Marques de Oliveira — o antigo dublador do Hortelino dos Looney Tunes —, que faleceu em 2021.


A análise de X-Men ‘97 continua no próximo post


P.S.: Quem não se arrepiou inteiro com a introdução do tema clássico dos X-Men na abertura de '97 deve estar morto por dentro. Não é possível! Aliás, eu jamais imaginei que a Marvel Animation iria revitalizar a abertura completa com os novos traços dos anos 2000. Eu achei que rolaria uma nova abertura ou algo mais sucinto, mas a versão moderna ficou supimpa de batuta!


P.S.2: Há algum tempo, eu escrevi um post muito especial contando um pouco sobre a série animada original dos X-Men e, naquela época, ainda nem se falava de X-Men '97. Vale a lida a respeito das curiosidades desta que é, com certeza, a MELHOR animação com os mutantes da Marvel. Clica aí no banner e seja feliz!



NAMASTE!

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