O POST A SEGUIR CONTÉM SPOILERS!
Episódio 9 - "Direto para o Inferno"
Escrito por Dario Scardapane (dos episódios 1 e 8) e Heather Bellson (que, entre outras coisas, já escreveu alguns episódios de The Walking Dead da 5ª da 6ª e da 10ª temporada), “Direto para o inferno” conclui com competência o grande acerto da Marvel Television de 2025 que foi Demolidor – Renascido.
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Heather Bellson que roteirizou The Walking Dead |
Nesse
episódio dirigido mais uma vez pela dupla Aaron Moorhead e Justin Benson, nós
descobrimos o que realmente motivou Vanessa Fisk a contratar o Mercenário para
assassinar Foggy Nelson e o seu cliente Benjamin Cafaro, levando a todos os
eventos que permearam essa primeira temporada da série — da aposentadoria
forçada do Demolidor à tomada de poder de Wilson Fisk.
Como
a “Rainha do Crime” na época do afastamento do marido, Vanessa usou o porto de
Nova York, Red Hook, como a sua cidade estado, mantendo ali obras de arte e
todo tipo de artigo traficado do exterior, à margem da jurisdição das autoridades locais.
Sem
saber no que estava se metendo, Foggy aceitou defender Cafaro achando se
tratar de um caso comum de Direito. No entanto, o fiel amigo de Matt Murdock estava se
metendo nos negócios ilegais de Vanessa, algo que ela não podia
permitir.
Em
sua breve visita a Benjamin Poindexter — que após os eventos da terceira
temporada de Daredevil acabou sendo internado numa clínica para desajustados
mentais — Vanessa expõe ao cara que não está ali para nenhum tipo de acerto de contas
quanto ao passado dele com o seu marido, mas sim para lhe pedir um favor.
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Poindexter chapado de Fluoxetina |
É bem
nítido que Poindexter está sob efeito de vários medicamentos que o mantêm dócil e controlado, o que se conecta bem ao fato de que ele não chega a
empregar resistência ao pedido da mulher.
De volta ao presente, durante os eventos do baile preto e branco do prefeito de Nova York, Matt Murdock se
jogou na frente de Wilson Fisk para deter a bala atirada pelo Mercenário, e
acabou sendo alvejado.
Em
particular, Vanessa deixa claro que tem culpa no atentado do
Mercenário e Fisk alega que já sabia que ela o havia contratado para matar
Foggy Nelson e o seu cliente Cafaro.
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Vanessa e Wilson |
Na
intenção de se livrar de dois coelhos com uma só cajadada — eliminar o advogado e o seu arqui-inimigo fantasiado ao mesmo tempo —, Fisk dá a ordem para
que seu pau-mandado preferido, Buck Cashman, elimine Murdock, que está no
hospital se recuperando do tiro.
Tentando
se aproveitar do atentado contra a sua vida para inflamar ainda mais os ânimos da
população, Fisk pressiona o comissário Gallo na intenção de que ele bloqueie
todas as saídas da cidade e impeça a fuga de Poindexter. Depois, ele manda que os agentes da companhia de energia
de Nova York causem um blecaute deliberado para gerar ainda mais caos e poder alegar que forças estão se unindo para derrubá-lo.
Em
meio ao apagão — que se fosse em São Paulo na época de chuva seria só mais uma
quarta-feira comum —, Matt consegue antecipar a visita de Cashman ao seu quarto
e foge do hospital de volta para sua casa. Quando chega lá, é surpreendido pela presença de
Frank Castle que está à sua espera com ordens para tirá-lo em segurança do local.
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Frank Castle de barba feita |
Enquanto
os dois trocam farpas e insinuações, a milícia de Wilson Fisk está a caminho com ordens claras
de assassinar Matt Murdock, se aproveitando da escuridão da cidade e para
usar como desculpa da sua morte o tiro que ele levou na noite anterior.
Uma
questão que ficou rondando a minha cabeça o episódio inteiro é se os capangas
de Fisk, incluindo seu Arranjador, sabiam que Matt e o Demolidor eram a mesma
pessoa.
Bem,
se não sabiam, ficaram sabendo quando o próprio Demônio Audacioso se juntou ao
Justiceiro para descer o sarrafo na Força-Tarefa Antivigilante, com direito a
cenas da mais fina e cruel sanguinolência, marca registrada do seu, do meu, do
nosso Frank Castle.
Como
todos eles morreram… não fez muita diferença que a identidade de Murdock fosse
revelada, não é mesmo?
Algum
tempo depois, descobrimos que quem contatou Castle para salvar Murdock foi
Karen Paige, que está de volta à cidade depois de uma ausência de oito episódios.
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A volta de Karen Paige |
Sabe-se
lá como, ela descobriu sobre a fuga de Ben Poindexter da prisão e voltou para
Nova York prevendo que seu amigo de longa data precisaria da sua ajuda para detê-lo. A caminho de lá, ela ligou para Castle no
intuito de mandá-lo na frente e defender Matt dos capangas do Rei.
Paige
ajuda Matt com os ferimentos causados na porradaria em seu apartamento e agradece
o auxílio de Castle, que se recusa a ajudá-los com a investigação que vai esclarecer de uma vez por todas os motivos que levaram Vanessa a mandar matar
Foggy Nelson.
Usando
o rádio roubado de um dos milicianos horas antes, Castle descobre que eles estão se
juntando numa zona específica da cidade e decide ir até lá para acabar com a
festa dos patifes, agora que sabe que os caras estão usando deliberadamente o seu
símbolo da caveira como inspiração para cometer as maiores atrocidades.
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Justiceiro sangue no zóio |
Em mais
uma cena de violência desenfreada — a meu ver, ainda mais sanguinolenta que as
de Daredevil ou da própria série do Justipunisher na Netflix —, Castle mostra
porque é o anti-herói mais badass motherfucker da Marvel, pilhando corpos
enquanto avança sobre eles numa fúria descomedida.
Aliás,
reforço aqui que Jon Bernthal nasceu para o papel de Justiceiro!
Aqueles
urros que ele solta conforme vai pra cima dando tiro nos maluco tudo são massa
véio ao extremo!
Porém...
Após confiar demais nas suas capacidades assassinas, Castle acaba sendo capturado pela milícia,
jogando aquele balde de água fria bem na cabeça dos espectadores que já se levantavam do sofá para comprar na Amazon a primeira camiseta com a estampa da caveira que
encontrasse pela frente.
Ele é
levado para um dos covis da Força-Tarefa e é confrontado pelo ex-policial
Powell, que reafirma toda a admiração que ele e seus colegas — todos com o
emblema da caveira pintados em seus coletes — têm por suas ações violentas.
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Powell confronta Castle |
Frank
reforça que as coisas que ele faz em vingança ao assassinato da sua família não devem ser celebradas, e que aqueles pobres coitados não entendem as suas verdadeiras motivações.
Segundo ele, a sua perda não pode ser mensurada, nem compreendida por um bando
de pau-mandado valentão que só se garante com uma arma na mão.
Enquanto
isso, Matt e Karen encontram os antigos casos arquivados da época do escritório
de advocacia que eles comandavam. Entre eles, aquele que acabou condenando
Foggy à morte.
Aliás,
aqui é legal mencionar o quanto esse episódio homenageia a antiga série do
Demolidor, fazendo várias citações a elementos nostálgicos de lá — como “Avocados da lei”
— e nos mantendo cientes que nada das três temporadas anteriores foi rebootado ou
mesmo esquecido pelos atuais showrunners.
Mesmo
ferido, Matt decide seguir as pistas que o levam até uma das bases da
Força-Tarefa Antivigilante e é desencorajado a invadi-la por Karen, que sabe que em seu
atual estado, ele não duraria nem um round contra o Rei do Crime.
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O comissário Gallo |
Na
parte de dentro do covil, Fisk decide mais uma vez demonstrar a sua força
diante de seus comandados. Após descobrir que o comissário Gallo estava
tentando cooptar a sua secretária de planejamento — ou seja lá qual for o seu
cargo! —, Sheila para trai-lo, o prefeito o convoca — por assim dizer — apenas
para matá-lo fria e cruelmente, sob o olhar atônito de todos os seus capangas.
Aqui,
cabe dizer que eu NUNCA tinha visto uma cena tão graficamente grotesca numa
série da Marvel, mesmo considerando as antigas em que o próprio Rei já havia
moído a cabeça de um russo com a porta de um carro e que o Justiceiro esfregou
a cara do Retalho em vidro.
A
morte de Gallo é tão chocante que eu fiquei parado alguns segundos em frente à
TV pensando se eu tinha visto mesmo uma cabeça sendo esmagada por mãos na minha frente
ou se eu só tinha imaginado.
Rapaz!
Aplausos para a coragem da Marvel que colocou isso num programa veiculado pela
Disney…
Aí,
amigo… o caldo engrossa de vez.
Enquanto
a cidade enlouquece por conta do apagão e a milícia de Fisk ganha ainda mais
poder agora que pode agir livremente com a sua autorização — e sem o mínimo de
controle que Gallo ainda conseguia exercer com os seus policiais honestos —, o
título do episódio começa a fazer todo o sentido.
Quando
perguntado a ele como Matt pretende deter os planos megalomaníacos de Wilson
Fisk para com a cidade, o Audacioso responde à Karen “Com um exército”, o que
volta a criar aquele monte de roteiro de fanfic na cabeça do espectador médio
que já espera que na segunda temporada o Demolidor vai liderar vários
super-heróis urbanos em sua guerra contra o Rei do Crime.
Espero
que o “exército” citado por ele não seja aquela galera que ele encontra no bar
da Josie logo em seguida. Não querendo menosprezar o Cherry, a detetive Kim, a Karen
ou a própria dona do bar… mas eles não parecem que aguentariam nem um minuto de
porrada franca contra a Força-Tarefa Antivigilante do Fisk…
👍
PONTOS
POSITIVOS: De um modo quase geral, “Direto para o inferno” é um ótimo episódio
de fim de temporada porque cria certa expectativa para o que virá a seguir. As cenas
de ação se não são excelentes, ao menos são carregadas de muita violência gráfica, o que
acaba elevando bastante a sua qualidade. O choque causado pela morte de Gallo e
a prisão do Justiceiro também ajuda a aumentar a nossa esperança por uma vingança
sangrenta e dolorosa revanche dos heróis na segunda temporada, bem como a
derrota definitiva de Wilson Fisk.
O foco em todos os personagens coadjuvantes como a Sheila, o Daniel, a BB Urich e a Angela del Toro também trouxe um pouco mais de "humanidade" aos dois lados da guerra por NY, algo interessante de acompanhar. Entre um gordo careca ganancioso por poder e um doido cego vestido de demônio, existem pessoas normais com motivações comuns e a série soube bem valorizá-las.
👎
PONTOS
NEGATIVOS: Diferente das temporadas anteriores de Demolidor que nos agraciaram
com as icônicas porradarias de corredor — aquela da segunda temporada do Justiceiro na prisão entrou
para a história, inclusive! —, faltou pelo menos uma sequência de pancadaria
memorável em Demolidor – Renascido. Os diretores não fizeram bem a lição de
casa e trouxeram no máximo algumas lutas mornas ao longo da temporada, nada que
ficasse na lembrança.
Aliás, ponto negativíssimo para a câmera lenta usada para registrar a volta do Justiceiro saindo na mão — e no tiro — contra o cara que matou o Hector Ayala! Me fez lembrar dos maneirismos exagerados de Zack Snyder... deuzulivre!
Mas
Rodman, foi a temporada mais violenta de todas. Como assim você tá reclamando,
seu pau no cu??
Então,
nem sempre o uso de violência extrema representa cenas de lutas memoráveis. Além da violência,
tem que ter ali uma coreografia bacanuda, um ensaio geral entre atores, dublês
e figurantes para trazer mais realismo — ou movimentos menos falsos — à cena. Acho que faltou uma pegada mais John Wick em Demolidor – Renascido. Tirando,
talvez, a primeira briga entre o Demolidor e o Muso e aquela treta entre o
Matt, o Powell e o outro policial lá do episódio 2 — da portada de geladeira
nas fuças.
O que não quer dizer, é obvio, que a série seja ruim. Muito pelo contrário. A meu ver, o Demolidor continua sendo o personagem melhor adaptado para as séries de TV da Marvel — e isso também considerando o seu alter-ego advogado cedo, é claro — e estou muito ansioso para a segunda temporada.
Ah… e o traje do Audacioso vai ter o duplo D no peito... FINALMENTE!
Não leu os reviews anteriores, jovem padawan?
Deixa de preguiça, larga esse Tik Tok
e vai perder alguns minutos com as merdas que eu escrevo aqui achando que ainda
estou em 2010!
NAMASTÊ!