Os
Jogos Olímpicos de Londres se encerraram com um espetáculo grandioso (que já
era de se esperar, visto a abertura do mesmo) e ao final da cerimônia, Londres
passou o bastão para o Rio de Janeiro, próxima sede das Olimpíadas no ainda
longínquo ano de 2016, se é que o mundo sobrevive ao fim de 2012.
O
resultado no quadro geral de medalhas do Brasil, apesar do gosto amargo que
fica ao vermos nosso país em 22º colocado, atrás de Irã e Cazaquistão, é
positivo.
De
todas as participações em Olimpíadas, essa é a primeira vez que o Brasil supera
a marca de 15 medalhas conquistadas por seus atletas (em Londres foram 17
medalhas), apesar de que em Athenas, com um número menor de medalhas,
conseguimos o 16º lugar no ranking, devido a maior quantidade de medalhas
douradas (5 no total).
O
saldo é positivo?
Sim,
apesar de que sabemos muito bem que é possível melhorar.
Em
primeiro lugar é preciso ter a humildade de aceitar que dificilmente vamos
alcançar algum dia a eficiência de potências olímpicas como Estados Unidos (que
voltou ao topo do ranking com nada mais nada menos do que 104 medalhas, sendo
destas, 46 de Ouro) ou China (que conquistou 87 medalhas, sendo 38 de Ouro), e
é essa realidade que deve ser encarada. O que o Brasil tem que usar como
inspiração, no entanto, é a preparação que os atletas norte-americanos ou
chineses ou russos ou britânicos têm ao longo dos quatro anos que os separam de
uma Olimpíada a outra.
Nesses países, obviamente melhor desenvolvidos que o nosso e com mais grana para investir em esporte (o que não é uma prioridade no Brasil) os atletas são profissionais com letra “P” maiúscula, eles trabalham apenas com o intuito de serem os melhores naquilo que fazem e recebem incentivo para isso. Em terras brasilis, o sujeito não só tem que ter outra profissão além da de atleta para poder se sustentar, como também não recebe qualquer apoio governamental para praticar aquilo que ele gosta e sabe fazer, tendo muitas vezes que tirar dinheiro do próprio bolso para viajar e competir.
Nesses países, obviamente melhor desenvolvidos que o nosso e com mais grana para investir em esporte (o que não é uma prioridade no Brasil) os atletas são profissionais com letra “P” maiúscula, eles trabalham apenas com o intuito de serem os melhores naquilo que fazem e recebem incentivo para isso. Em terras brasilis, o sujeito não só tem que ter outra profissão além da de atleta para poder se sustentar, como também não recebe qualquer apoio governamental para praticar aquilo que ele gosta e sabe fazer, tendo muitas vezes que tirar dinheiro do próprio bolso para viajar e competir.
Ou
você acha que todo atleta é milionário e só não ganha medalhas porque é
incompetente?
Fisicamente
ou mentalmente um atleta chinês ou americano não são em nada superiores a um
brasileiro, eles só possuem melhor treinamento e melhores condições de se
preparar fisicamente para competir. Eles não são mutantes insuperáveis ou algo
assim...
Bem, talvez o jamaicano Usain Bolt (que conquistou 3 medalhas de Ouro para seu país) e o nadador americano Michael Phelps (4 medalhas de Ouro e duas Pratas) sejam, mas eles são de uma categoria à parte.
Bem, talvez o jamaicano Usain Bolt (que conquistou 3 medalhas de Ouro para seu país) e o nadador americano Michael Phelps (4 medalhas de Ouro e duas Pratas) sejam, mas eles são de uma categoria à parte.
Para
que o Brasil melhore seu desenvolvimento e rendimento em jogos olímpicos e
comece a ser visto também como uma potência nos esportes, muitas coisas devem
mudar, a começar por esse pensamento de que “o importante é competir”. Não, não
é. Isso é desculpa de quem perde. O importante é competir e ganhar, e se não
ganhar, o importante é treinar mais para ganhar na próxima.
Além
de pensar grande, os atletas necessitam de apoio financeiro para que tenham
centros de treinamento dignos, com equipamentos novos e todo acompanhamento
médico e preparatório do qual precisam, fazendo assim com que eles tenham reais
condições de disputar campeonatos de alto nível. Para que isso aconteça, no
entanto, é preciso que o governo crie projetos e leis de incentivo para patrocinadores
que facilitem a vida desses caras, que apesar de estarem lá fora lutando como
guerreiros enfrentando todas as adversidades para representar o país, só
conseguem críticas, tanto da mídia (que pouco faz para ajudar realmente) quanto
do próprio público, que não enxerga tudo pelo qual seus atletas passaram para
conseguir chegar lá.
Em
Londres, nossos guerreiros conseguiram 17 medalhas, sendo 3 de Ouro, 5 de Prata
e 9 de Bronze, e apesar de algumas lamentações como a derrota da Seleção
Masculina de Basquete, que em sua melhor forma e com um dos melhores times já
formados em todos os tempos, perdeu para a Argentina, sendo eliminado da
competição sem nenhuma medalha, da passagem insossa e sem qualquer brilho da
ginástica feminina, que provou que não conseguiu renovar sua equipe com o
envelhecimento de Dayane dos Santos e Danielle Hypolito, e da falta de
resultados no atletismo, que geralmente consegue medalhas nas competições, o
Brasil conseguiu melhorar bastante o desempenho em 2012, se comparado pelo
menos aos jogos olímpicos anteriores.
Nossa
primeira medalha de Ouro já saiu no primeiro dia de competição, o que nos deu
aquela esperança de que enfim teríamos atletas para competir em alto nível. No
Judô, a piauiense Sarah Menezes de 22 anos conquistou o lugar mais alto do
pódio derrotando a romena Alina Dumitru (medalhista de Ouro em Pequim),
tornando-se assim, a primeira brasileira a conquistar o Ouro olímpico na
categoria.
O
Judô ainda conseguiu mais 3 medalhas de Bronze para o Brasil, com Felipe Kitadai,
que derrotou o italiano Elio Verde também no primeiro dia de competições em
Londres, Mayra Aguiar de 20 anos que venceu a holandesa Marhinde Verkerk com um
ippon, e Rafael “Baby” Silva, o paranaense de 25 anos, que ganhou do
sul-coreano Kim Sung-Min o terceiro lugar da categoria peso-pesado.
Na
natação, as medalhas também saíram, primeiro a de prata com Thiago Pereira
(VAAAAI, THIAGO!!) nos 400m Medley e a de bronze com Cesar Cielo nos 50m livre.
Tendo em vista que na água quando Tévis Michael Phelps nada não tem pra
mais ninguém, até que essas duas medalhas conquistadas por Thiago e Cielo
vieram bem a calhar.
Ainda
na água, decepcionando um pouco aqueles que o julgavam um dos favoritos, mas
confirmando o talento nato para velejar, ganhando mais uma medalha e
tornando-se um dos maiores medalhistas olímpicos brasileiros de todos os
tempos, Robert Scheidt ao lado de Bruno Prada conquistou a medalha de Bronze da
classe Star na Vela.
Subindo
ao pódio pela quinta vez em Olimpíadas, Scheidt de 39 anos, igualou a marca de
Torben Grael (também velejador) como o maior medalhista brasileiro, tendo
conquistado o Ouro em Atlanta (1996) e em Athenas (2004) e a Prata em Sydney
(2000), todos pela Classe Laser. Ao mudar de categoria, passando para a Classe
Star, Scheidt conquistou a Prata em Pequim (2008) e agora o Bronze em Londres.
É
ou não é um campeão?
Ainda
nos esportes individuais, a atleta Adriana Araújo, baiana de 31 anos, conseguiu
levar o Boxe brasileiro ao pódio novamente após 44 anos na fila (a última
medalha conquistada pelo esporte havia sido em 1968, pelo pugilista Servílio de
Oliveira), o que a tornou também a primeira boxeadora brasileira a ganhar uma
medalha olímpica. Quem também trouxe medalha para casa foi o pugilista Esquiva
Falcão, que perdeu o Ouro na final contra o japonês Ryoto Murata, após ser
punido por falta e perder dois pontos, apesar de ter sido muito melhor dentro
do ringue. Para quem assistiu a luta, o gosto da prata foi incômodo, uma vez
que o Ouro era quase certo e ficou separado das mãos do lutador por apenas um
ponto.
Yamaguchi
Falcão, lutador de 24 anos da categoria meio pesado (até 81 kg) trouxe a
terceira medalha para o Boxe brasileiro, ficando com o Bronze ao derrotar no
ringue o cubano Julio La Cruz Peraza. Junto com as medalhas de Adriana e
Esquiva, essa é com certeza uma das maiores participações brasileiras do
esporte nas Olimpíadas, o que guarda esperanças para que a modalidade ganhe no
futuro o destaque que não tivera em Londres.
Na
ginástica, após o fracasso de Dayane dos Santos e Diego Hypolito, nossa única
medalha veio na cor dourada, e Arthur Zanetti conquistou o primeiro lugar do
pódio, superando os atletas Yibing Chen (cinco vezes campeão mundial e com a
marca de 15.800 em Londres) e o italiano Matteo Morandi (Bronze com a pontuação
15.733), tornando-se o primeiro atleta do Brasil a ganhar não só uma medalha
olímpica na categoria como também ser Ouro.
No
último dia de competição, uma medalha inesperada surgiu, e Yane Marques atleta pernambucana
de 28 anos, levou Bronze na competição de Pentatlo Moderno, categoria que
engloba o hipismo, esgrima, natação, tiro esportivo e corrida, completando as
participações individuais brasileiras em Londres.
Nos
esportes coletivos, mais uma vez o Brasil chegou forte com o Vôlei, levando
duas duplas masculinas e duas duplas femininas na praia até Londres, além da Seleção
masculina e da feminina de quadra.
Confirmando
nosso favoritismo nessa modalidade (a quantidade de medalhas conquistadas pelo
Vôlei desde as Olimpíadas de Barcelona-1992 é a maior entre os esportes
coletivos), as meninas do técnico José Roberto Guimarães levaram o Ouro
olímpico, repetindo a façanha de Pequim e lavando a honra da Seleção sempre tão
cobrada e criticada.
As meninas chegaram a depender da combinação de pontos além do próprio esforço para manter-se vivas na competição e passar para as semifinais, e foi no último jogo contra as norte-americanas, que elas conseguiram mostrar toda sua garra, derrotando as adversárias por 3 sets a 1, tendo começado atrás do placar. A comemoração veio em tom de desabafo, e a alegria pelo título foi tão grande que incomodou as norte-americanas, que alegaram que a festa das meninas “tinha sido meio exagerada”.
As meninas chegaram a depender da combinação de pontos além do próprio esforço para manter-se vivas na competição e passar para as semifinais, e foi no último jogo contra as norte-americanas, que elas conseguiram mostrar toda sua garra, derrotando as adversárias por 3 sets a 1, tendo começado atrás do placar. A comemoração veio em tom de desabafo, e a alegria pelo título foi tão grande que incomodou as norte-americanas, que alegaram que a festa das meninas “tinha sido meio exagerada”.
Na
praia, a dupla feminina Juliana e Larissa venceu a forte dupla chinesa Chen Xue
e Zhang Xi pela disputa de terceiro lugar, com parciais de 11/21, 21/19 e
15/12.
A suada medalha de Bronze das meninas, no entanto, não foi a única conquistada na areia, e apesar da eliminação da outra dupla feminina Talita e Maria Elisa, e da dupla masculina Ricardo e Pedro, Alison e Emanuel ficaram com a Prata, ao serem derrotados na final pela dupla Brink e Reckermann da Alemanha, parciais de 23/21, 16/21 e 16/14.
A suada medalha de Bronze das meninas, no entanto, não foi a única conquistada na areia, e apesar da eliminação da outra dupla feminina Talita e Maria Elisa, e da dupla masculina Ricardo e Pedro, Alison e Emanuel ficaram com a Prata, ao serem derrotados na final pela dupla Brink e Reckermann da Alemanha, parciais de 23/21, 16/21 e 16/14.
O
resultado negativo mais sentido, no entanto, foi o da equipe de Bernardinho,
derrotada em quadra para a surpreendente Seleção da Rússia.
O
jogo parecia finalizado no terceiro set. O time brasileiro vencia a partida por
2 sets a 0 e teve pelo menos dois match points para finalizar o jogo e colocar
a medalha de Ouro no peito.
Todo
mundo já estava comemorando.
A
Seleção russa, graças ao gigante Muserskiy (de 2,18m) e a mudança de estratégia
de seu técnico a partir do terceiro set mudou a história do jogo, conseguindo
uma virada histórica em cima da Seleção Brasileira que parecia certa da vitória
até aquele momento. A despedida dessa geração de ouro do vôlei masculino, já
anunciando a saída de Giba, Rodrigão e Serginho e o destino incerto do técnico
Bernardinho criou um tom melancólico em torno da Seleção.
Apesar do abatimento causado pela derrota, nada apaga tudo que esse grupo já conquistou. Novos nomes surgirão obrigatoriamente a partir de agora, mas os títulos dessa geração ficarão para sempre na memória do público e na sala de troféus do time, garantindo que no Vôlei, o Brasil teve momentos genuínos de glória.
Apesar do abatimento causado pela derrota, nada apaga tudo que esse grupo já conquistou. Novos nomes surgirão obrigatoriamente a partir de agora, mas os títulos dessa geração ficarão para sempre na memória do público e na sala de troféus do time, garantindo que no Vôlei, o Brasil teve momentos genuínos de glória.
Valeu,
Bernardinho. Valeu Giba, Rodrigão e Serginho. Vocês fazem parte da história do
esporte olímpico brasileiro!
Pois
é.
O
time de Mano Menezes foi o único da delegação brasileira que chegou a Londres com
a OBRIGAÇÃO de conquistar medalha e isso graças ao prestígio que o esporte
possui no país, além das regalias que seus atletas possuem se comparados aos
pobres coitados da ginástica e atletismo, por exemplo.
Com
estrelas jogando em times europeus como Alexandre Pato do Milan, Hulk do Porto (e
em negociação para jogar na Inglaterra) e Lucas do São Paulo, mas de malas
prontas para ir para o Paris Saint-Germain em 2013, o time brasileiro entrou na
competição como um dos favoritos à medalha de Ouro, e apesar de seu futebol
cheio de firulas inúteis, pouca objetividade e uma defesa frágil (a começar
pelo goleiro), a seleção conseguiu bons resultados, passando de forma fácil
pelos adversários, até a final com o México.
Melhor
preparado e com um ataque matador que fez um gol logo aos 30 segundos de jogo,
o México levou vantagem em praticamente todos os fundamentos sobre o Brasil,
chegando a abrir 2X0 no segundo tempo e com chances de ampliar o placar.
Se
ele estava no jogo ninguém viu.
“Conquistando”
a Prata mostrando um futebol bem aquém da merecedora trajetória de cinco Copas
do Mundo, mais uma porção de títulos internacionais, o time de futebol
masculino segue sem ganhar a almejada medalha de Ouro, mas os salários
milionários de seus “craques” e toda a grana com publicidade continuam sendo
depositados em suas contas, bem como a babação de ovo da torcida brasileira
sobre eles, que permanece inalterada. Resultado que é bom, nada.
Chega
a ser injusto toda crítica e cobrança que os atletas olímpicos sofrem em época
de Olimpíadas, uma vez que nem mesmo o incentivo da torcida acostumada a
venerar apenas o futebol, eles têm (o que dizer de apoio do Governo!), mas
todas as críticas e cobranças são válidas para o time do Senhor Mano Menezes,
uma vez que infraestrutura para treinar e serem os melhores do mundo eles têm,
o que falta mesmo é comprometimento e mais humildade.
Rio
de Janeiro 2016 promete ser a prova de fogo para o Brasil no quesito competência. Quem sabe se o COB (Comitê Olímpico Brasileiro), percebendo
a visibilidade que o país terá daqui a quatro anos, na tentativa de evitar um vexame internacional,
não resolva fazer com que os atletas sejam tratados de forma digna, sendo treinados para
vencer e não só para competir?
Ser uma nova China, uma grande potência com atletas de alto nível em praticamente todas as modalidades e que ganham mais de 80 medalhas por Olimpíada não é a meta, e sim ser um país cujos atletas são, ao menos, bem preparados e prontos para competir de igual para igual com qualquer adversário. Nós que acompanhamos esportes e que acima de tudo somos torcedores, temos sim gana de ver nossa bandeira tremulando no ponto mais alto do pódio, e quem é que não quer?
Embora esse seja nosso desejo, sabemos que não é fácil chegar ao topo, e que para isso é necessário muito treino, suor e as vezes até sangue.
Fica a torcida para que o Brasil aprenda com seus erros e que as próximas Olimpíadas, em nossa casa, sejam as melhores para nosso país em todos os sentidos. O Cristo Redentor estará lá em cima, de braços abertos acompanhando tudo.
Ser uma nova China, uma grande potência com atletas de alto nível em praticamente todas as modalidades e que ganham mais de 80 medalhas por Olimpíada não é a meta, e sim ser um país cujos atletas são, ao menos, bem preparados e prontos para competir de igual para igual com qualquer adversário. Nós que acompanhamos esportes e que acima de tudo somos torcedores, temos sim gana de ver nossa bandeira tremulando no ponto mais alto do pódio, e quem é que não quer?
Embora esse seja nosso desejo, sabemos que não é fácil chegar ao topo, e que para isso é necessário muito treino, suor e as vezes até sangue.
Fica a torcida para que o Brasil aprenda com seus erros e que as próximas Olimpíadas, em nossa casa, sejam as melhores para nosso país em todos os sentidos. O Cristo Redentor estará lá em cima, de braços abertos acompanhando tudo.
NAMASTE!