Desde que o canal de TV gringo NBC anunciou que a série Heroes vai retornar em um futuro não muito distante, eu aceitei o desafio de rever a Primeira Temporada e relembrar os bons momentos que vivi lá em meados de 2006, quando o programa começou a bombar em todo o mundo. Na época, o seriado foi um dos únicos, ao lado de 24 Horas, que realmente conseguiu chamar a minha atenção e me fazer viciar em seus episódios, e tinha em minha mente boas lembranças da história dos personagens ordinários que se descobrem dotados de habilidades extraordinárias, o que se confirmou agora que revi os primeiros 23 capítulos dessa história em quadrinhos filmada.
É interessante lembrar que no ano de lançamento de Heroes,
estávamos carentes de programas que retratassem personagens com superpoderes de
forma adulta e com o pé fincado na realidade (esqueçam Smallville!!), e foi
justamente essa pegada mais verossímil (pero no mucho) que atraiu a atenção das
pessoas para a série, além de aguçar o interesse dos nerds de plantão que há
muito tempo não viam seu assunto preferido retratado na TV. De repente
estávamos torcendo pela líder de torcida que podia regenerar qualquer tipo de
ferimento, acompanhando o policial capaz de ler mentes, voando aos céus com o
candidato a deputado capaz de vencer a gravidade e esperando Niki (Ali Larter), a stripper de
internet quebrar os bandidos ao meio com sua superforça, quando ela dava lugar para seu alter-ego maligno Jessica.
Tim Kring, o criador da série, havia reunido uma porção de clichês que já haviam se desgastado nas próprias HQs de onde haviam se originado, e os utilizado na série de uma forma muito inteligente e instigante, criando com isso, personagens muito carismáticos dentro de uma trama até certo ponto bem elaborada.
Tim Kring, o criador da série, havia reunido uma porção de clichês que já haviam se desgastado nas próprias HQs de onde haviam se originado, e os utilizado na série de uma forma muito inteligente e instigante, criando com isso, personagens muito carismáticos dentro de uma trama até certo ponto bem elaborada.
Por falar em trama, a da Primeira Temporada de Heroes se
desenvolve toda com base em um vislumbre do futuro onde o personagem Hiro
Nakamura (Masi Oka) num salto temporal que ocorre devido suas habilidades de
controle do tempo, descobre que Nova York vai ser destruída por uma explosão
nuclear. Quando viaja do Japão para os Estados Unidos com seu amigo Ando (James
Kyson Lee) ciente que tem a missão de deter a explosão, Hiro acaba encontrando um
artista de quadrinhos chamado Isaac Mendez (Santiago Cabrera) cujo dom especial
lhe permite pintar em telas, imagens do futuro, o que acaba corroborando para a fixação do japonês em se tornar um herói. A identificação dos espectadores nerds
com Hiro é imediata, uma vez que o personagem além de possuir um carisma fora
do comum, não para de soltar referências ao cinema, aos quadrinhos e às séries
de TV nerds em suas falas com Ando.
Enquanto Hiro parte em sua desesperada tentativa de salvar o
mundo, em especial quando uma versão sua do futuro visita o presente e anuncia
que a chave para a vitória dos heróis é salvar a líder de torcida (o que se
torna o lema da série “Salve a líder de torcida, salve o mundo”), nós vamos
conhecendo os demais personagens, incluindo aí a líder de torcida adolescente
Claire Bennet (vivida pela coisinha fofa de bonita Hayden Panettiere) e seu
misterioso pai adotivo, que parece a querer proteger de tudo e de todos, usando
os poderes mentais de seu parceiro haitiano para apagar a memória de quem quer
que desconfie que Claire é superdotada.
Noah Bennet (Jack Coleman) trabalha para uma empresa denominada apenas como Companhia que começa a sequestrar os superdotados e mapeá-los com uma espécie de isótopo para rastreá-los onde quer que estejam. As primeiras vítimas são Matt Parkman (Greg Grunberg, o piloto do voo 815 da Oceanic de LOST), o policial frustrado (e corno) que se descobre capaz de ler mentes, e Ted Sprague (Matthew John Armstrong), o homem radioativo que se torna o grande estopim para a bomba nuclear que está prestes a explodir em NY até o fim da temporada.
Noah Bennet (Jack Coleman) trabalha para uma empresa denominada apenas como Companhia que começa a sequestrar os superdotados e mapeá-los com uma espécie de isótopo para rastreá-los onde quer que estejam. As primeiras vítimas são Matt Parkman (Greg Grunberg, o piloto do voo 815 da Oceanic de LOST), o policial frustrado (e corno) que se descobre capaz de ler mentes, e Ted Sprague (Matthew John Armstrong), o homem radioativo que se torna o grande estopim para a bomba nuclear que está prestes a explodir em NY até o fim da temporada.
Cada personagem acaba se relacionando com os demais formando
uma cadeia de acontecimentos que desemboca na missão principal de Hiro: Deter o
homem-bomba que vai explodir NY. Nesse ínterim conhecemos o vilão da série
Sylar (Zachary Quinto), que de um pacífico relojoeiro nos arredores do Queens,
se torna um maníaco em busca de poderes, logo que o geneticista Chandra Suresh (Erick
Avari) aparece em sua porta avisando-o sobre sua condição especial.
Sylar tem o poder de entender o funcionamento das coisas (orgânicas ou mecânicas) e dessa forma ele se torna capaz de absorver as capacidades especiais daqueles que ele mata através de seus cérebros, tornando-se uma esponja-humana. Enlouquecido em sua busca por mais poderes, Sylar acaba assassinando Suresh, o que faz com que o filho do indiano, Mohinder (Sendhil Ramamurthy), também geneticista, assuma as pesquisas do pai em mapear os seres especiais ao redor do mundo e tente descobrir uma cura para o vírus que acabou matando sua irmã Shanti ainda na infância.
Sylar tem o poder de entender o funcionamento das coisas (orgânicas ou mecânicas) e dessa forma ele se torna capaz de absorver as capacidades especiais daqueles que ele mata através de seus cérebros, tornando-se uma esponja-humana. Enlouquecido em sua busca por mais poderes, Sylar acaba assassinando Suresh, o que faz com que o filho do indiano, Mohinder (Sendhil Ramamurthy), também geneticista, assuma as pesquisas do pai em mapear os seres especiais ao redor do mundo e tente descobrir uma cura para o vírus que acabou matando sua irmã Shanti ainda na infância.
No decorrer da série é descrito que pelo menos três
personagens podem deter Sylar (que possui vários poderes acumulados, entre eles
telecinese, dissolução de metais e superaudição), Hiro com sua espada Kensei,
Molly Walker (uma garotinha com os poderes de localizar qualquer pessoa no
Globo) e Peter Petrelli (Milo Ventimiglia), um enfermeiro, irmão do candidato a
deputado Nathan Petrelli (Adrian Pasdar) cujos dons são provenientes dos seres
especiais com quem tem contato (todos da série!!), e que por isso se torna o grande
rival de Sylar fisicamente.
Capaz de se regenerar como Claire, de voar como o irmão, de se tornar invisível e de fazer uso da telecinese do próprio Sylar, Peter é a olhos vistos o grande super-herói da série, porém esse potencial todo não é nem de longe aproveitado, exceto num vislumbre do futuro em um episódio onde Hiro e Ando visitam a cidade cinco anos após sua destruição pela bomba, e que Peter descobre que o homem que assumiu o cargo máximo da Casa Branca não é seu irmão Nathan e sim o próprio Sylar, agora capaz de assumir outras formas. Mesmo assim, o grande combate entre eles é interrompido quando Hiro e Ando retornam para o presente, deixando os fãs com aquela sensação de “Uhhh! Foi quase!”.
Capaz de se regenerar como Claire, de voar como o irmão, de se tornar invisível e de fazer uso da telecinese do próprio Sylar, Peter é a olhos vistos o grande super-herói da série, porém esse potencial todo não é nem de longe aproveitado, exceto num vislumbre do futuro em um episódio onde Hiro e Ando visitam a cidade cinco anos após sua destruição pela bomba, e que Peter descobre que o homem que assumiu o cargo máximo da Casa Branca não é seu irmão Nathan e sim o próprio Sylar, agora capaz de assumir outras formas. Mesmo assim, o grande combate entre eles é interrompido quando Hiro e Ando retornam para o presente, deixando os fãs com aquela sensação de “Uhhh! Foi quase!”.
Por ser uma série que tenta retratar muitos personagens ao
mesmo tempo (são quase doze dos principais, excetuando aí os secundários) e dar
explicações básicas sobre seus relacionamentos familiares e suas habilidades especiais
recém-descobertas, Heroes acaba se perdendo na narrativa lá para o final da
Primeira Temporada, “presenteando” os espectadores com um capítulo final bem
aquém do que a própria expectativa que o roteiro original criava.
No último
episódio Tim Kring tenta unir todas as pontas soltas da narrativa e conflitos
entre os personagens, o que torna a história meio que jogada e com soluções bem
covardes, como a fuga de Sylar e a própria explosão da bomba-humana, que acaba não dando em nada. A grande
luta final entre Peter e Sylar que todos esperavam, não passa de alguns
segundos bem broxantes, sem falar no total anti-climático do “desaparecimento” de
Hiro após tentar dar o golpe mortal em Sylar.
Com várias pontas soltas como a ligação de Angela Petrelli (Cristine Rose), o Sr. Nakamura (pai de Hiro), a Companhia e sua real intenção ao demarcar os super seres, a série termina de forma melancólica com alguns episódios bem chatos e cansativos, o que não acrescenta grande coisa ao enredo. Por outro lado, fica aquela apreensão com relação ao destino de Peter e Nathan, de Matt Parkman (que é alvejado por vários tiros) e do próprio Hiro, que desaparece no tempo-espaço, retornando para o Japão feudal, o que dá um fôlego extra para a temporada seguinte, que nos EUA foi reduzida quase pela metade devido a já famosa greve de roteiristas, que cortou a maior parte das séries rodadas na época ao meio.
Com várias pontas soltas como a ligação de Angela Petrelli (Cristine Rose), o Sr. Nakamura (pai de Hiro), a Companhia e sua real intenção ao demarcar os super seres, a série termina de forma melancólica com alguns episódios bem chatos e cansativos, o que não acrescenta grande coisa ao enredo. Por outro lado, fica aquela apreensão com relação ao destino de Peter e Nathan, de Matt Parkman (que é alvejado por vários tiros) e do próprio Hiro, que desaparece no tempo-espaço, retornando para o Japão feudal, o que dá um fôlego extra para a temporada seguinte, que nos EUA foi reduzida quase pela metade devido a já famosa greve de roteiristas, que cortou a maior parte das séries rodadas na época ao meio.
Além das referências óbvias às histórias em quadrinhos (e é impossível não relacionar os poderes dos personagens a algum X-Man, por exemplo), das participações de figuras lendárias das HQs como Stan Lee (que interpreta um motorista de ônibus no episódio “Unexpected") e das homenagens a grandes nomes dos quadrinhos como o edifício “Kirby” referência a Jack Kirby, (criador do Quarteto Fantástico ao lado de Stan Lee, entre vários outros personagens) e a Chris Claremont, com o vendedor de espadas "Sr. Claremont", Heroes trouxe uma porção de outros atrativos aos fãs, dos quais o principal é com certeza a arte do desenhista Tim Sale , que é o verdadeiro ilustrador por trás das obras do personagem Isaac Mendez.
Todas as pinturas futuristas que permeiam a história são na verdade desenhos de Sale, que além disso também desenha a história em quadrinhos 9th Wonders, onde Hiro e Ando são os personagens principais. Pra quem não lembra, o quadrinhista com sua parceria com Jeph Loeb (que também produz e escreve alguns episódios de Heroes) desenhou a HQ O longo Dia das Bruxas com o Batman para a DC e a série das “cores” na Marvel, com Demolidor – Amarelo, Hulk – Cinza (que aparece nas mãos do personagem Micah na série) e Homem Aranha –Azul.
Infelizmente a série desandou muito nas temporadas seguintes
e Tim Kring acabou se perdendo em um conceito que tinha tudo para ser
fenomenal, e que acabou apagando o brilho da ótima primeira temporada, que
salvo alguns problemas de coerência, é ainda uma grande fonte de entretenimento.
Em especial para quem, como eu, é nerd e que conviveu a maior parte da vida
devorando quadrinhos.
NOTA: 8,0
NAMASTE!