24 de fevereiro de 2013

Superman X "Tropa" de Elite


O alto padrão de qualidade que a DC/Warner atingiu em suas animações nos últimos anos me faz sempre assistir seus filmes com a certeza de que, no mínimo, eu vou me divertir muito. Até hoje, ainda não vi nenhuma das animações com os personagens da DC que eu achasse ruim, e Superman X A Elite, filme que adapta a história homônima criada para os quadrinhos por Joe Kelly, não foge a essa regra.


O enredo nos mostra o que acontece ao Superman perante a opinião pública, quando um grupo autodenominado A Elite surge diante do mundo e começa a aplicar métodos pouco ortodoxos de combate ao crime, levando sua visão extremista às últimas consequências. Tudo tem início quando o Superman detém o super-criminoso conhecido como Caveira Atômica no centro de Metrópolis e resiste em acabar com sua vida, mesmo depois do vilão ter “tocado o terror” em sua cidade, matando no processo muitas pessoas inocentes. Movido por seu juramento de não aplicar a justiça com suas próprias mãos (pelos menos não a levando às vias de fato), o Homem de Aço aprisiona o assassino em uma prisão de segurança máxima e isso levanta questionamentos sobre as atitudes um tanto quanto “escoteiras” do herói.


Diante de uma enorme audiência, o Superman é questionado nas Nações Unidas a respeito de sua polidez com a bandidagem (mesmo que ele tenha destruído meia Metrópolis para derrotar o Caveira), por que ele não deteve o Caveira Atômica permanentemente e por que ele não utiliza seus poderes para consertar o mundo. Vendo-se obrigado a coibir mais manifestações de violência em um país chamado Bialya enquanto discursava acerca de sua crença na bondade da humanidade, o Azulão acaba encontrando pela primeira vez um grupo de “heróis” liderados pelo misterioso Manchester Black, o que acirra as comparações entre a “escoteirisse” do Superman e os métodos trogloditas da superequipe.

“Será que o Superman é o herói que queremos para o século XXI?”


Embora à primeira vista Manchester Black e seus colegas (Chapéu, Fusão a Frio e Zoologica) tentem convencer o kryptoniano que estão do lado dos mocinhos, suas ações mostram que eles atravessaram a linha vermelha que transforma um herói em um anti-herói há muito tempo, e as coisas pioram para o Superman quando o Caveira Atômica foge de sua prisão e acaba causando ainda mais mortes na cidade, o que faz com que a opinião pública se volte contra seu herói e comece a apoiar os métodos da Elite.


O tempo todo a história tenta nos convencer de que o mundo está tão distorcido que não há mais espaço para luvas de pelica, e de que o fogo tem que ser combatido com fogo. Não há mais espaço para o escoteirismo enquanto o mundo mergulha no inferno, fazendo com que as pessoas sofram durante a queda sem que aqueles que estão ali para protegê-las tomem uma atitude mais severa quanto a isso, e o Superman se torna um alvo fácil das críticas.


A proximidade do roteiro de Superman X A Elite com a sensacional minissérie O Reino do Amanhã é bem grande, e nos mostra o que acontece com a população da Terra quando chega a hora do mundo se render a heróis mais violentos (e porque não dizê-los, mais fascistas?) para que haja paz, fazendo assim com que eles virem as costas àqueles que ainda acreditam nas leis e na justiça.



Não há como não fazer um paralelo de Superman X A Elite, e o comportamento das pessoas quando elas veem o surgimento de uma equipe que mata a cobra e mostra o pau com a reação de grande parte do público brasileiro com o primeiro longa metragem Tropa de Elite.

Foi longe agora, hein, Rodman? O que o forévis tem a ver com as calças?

Num passado não muito distante, eu me recordo do alvoroço que o filme de José Padilha causou entre as plateias nacionais ao ser lançado no cinema. Mais do que as frases de impacto, a violência descomedida, o filme trouxe a reflexão sobre a situação da segurança no Brasil, além de expor o quanto estávamos carentes de heróis que se arriscassem por nós e mais do que isso, o quanto precisávamos ter a alma lavada enquanto víamos um policial incorruptível sentando o dedo nessa porra a mão na cara de traficantes e bandidos. 


A realidade está em nossas caras o tempo todo, vemos cidadãos sendo assaltados, assassinados diante de nossos olhos, e ninguém faz nada a respeito. Quando surge alguém como o Capitão Nascimento, por exemplo, mesmo que ele seja apenas um personagem ficcional, sentimos orgulho pela primeira vez de um representante da justiça (mesmo aquela feita com as próprias mãos) e nos sentimos vingados. É mais ou menos isso que acontece com as pessoas em Metrópolis, quando o Caveira Atômica mata geral, e o Superman não faz nada além de lhe dar alguns sopapos e aprisioná-lo, até que ele fuja de novo, de novo e de novo até a exaustão, empilhando corpos por onde passa a cada vez que faz isso.  Quando o Manchester Black explode a cabeça do sacana, todos se sentem vingados, assim como quando o Mathias estraga o funeral do Baiano.


Superman X A Elite não é uma crítica ao filme nacional, óbvio, mas sim uma crítica muito bem construída por Joe Kelly as equipes de super-heróis cada vez mais violentas que surgiam naquela época (início dos anos 2000) nas HQs, como o Authority (WildStorm) e a X-Force (Marvel). Até que ponto as pessoas toleram a justiça levada às últimas consequências? Até que ponto essa justiça pode ser considerada um ato pela liberdade e quando ela se torna homicídio à sangue frio?


O último ato da animação (e também da HQ) mostra justamente a reação das pessoas quando o, até então, incorruptível Superman resolve descer ao nível de seus antagonistas quando é chamado para uma espécie de duelo na Lua, causando uma reviravolta impressionante na história, quase ao estilo Batman de ser. Quem pode segurar um Superman puto da vida?


A animação tem um ritmo muito bom. Não é cansativa e nem pretensiosa, entrega tudo que promete e só tem uma leve caída no ato final devido ao tal duelo já citado e a resolução meio babaca dos “super-robôs” da Fortaleza da Solidão. A meu ver, a utilização dos robôs para enganar o Manchester Black diminuiu um pouco da “atuação” do Superman, e funcionou como se ele precisasse de ajuda para deter a Elite. Já no caso do duelo, me pareceu meio imbecil a equipe do “herói” inglês chamar o Super para a porrada, algo como um colegial “te pego lá fora”, em vez de apenas continuar causando seus atos terroristas em nome da justiça, e deixar que o Superman se danasse. Não seria melhor se o Superman os tentasse deter por sua própria conta? Esses elementos meio que quebraram um pouco da coerência da história, mas de qualquer forma é de arrepiar a transformação do Homem de Aço quando ele decide aceitar o desafio e mostrar a seus adversários por que ele conhecido como o maior herói de todos os tempos.


Toda vez que penso em Superman, me vem a mente o conceito que forma o personagem e o quanto ele é importante como o símbolo da justiça e da paz, mesmo que esses conceitos estejam tão ultrapassados hoje em dia para algumas pessoas. Superman X A Elite nos mostra que o mundo sempre vai precisar de heróis de bom coração, não importa o quão fundo estejamos enterrados no inferno. Se agora é a vez dos cascas-grossas, sempre é bom saber que existe o contraponto para a violência descomedida, e que o Superman estará lá para nos manter no foco e nos fazer lembrar, que afinal, o crime não compensa. Pelo menos não a longo prazo!


NOTA: 8

Dublagem

Desenhos animados e animações sempre faço questão de assistir dublados em português, e quase nunca me arrependo disso, até porque é incontestável a qualidade do trabalho feito por alguns estúdios brasileiros de dublagem. Superman X A Elite traz muitas vozes conhecidas, e é sempre interessante assimilar alguns personagens a algumas dessas vozes.
Como tem se tornado uma constante, Guilherme Briggs volta ao papel do Homem de Aço, assim como aconteceu nos desenhos animados da Liga da Justiça e também em algumas animações solo do Superman para DVD, como a Morte do Superman

GUILHERME BRIGGS

O tom sinistrão que o dublador aplica a sua voz quando o Azulão passa para o “Lado Sombrio da Força" é de impressionar, sem falar o quanto fica divertido vê-lo “disputar” verbalmente com outra fera da dublagem, o inoxidável Alexandre Moreno, que interpreta o Manchester Black. Moreno é um de meus dubladores preferidos, em especial pela forma como ele parece se entregar aos papéis. Na pele de vilões, ele parece surtar totalmente, e assim como fez com o Syndrome da animação da Pixar Os Incríveis, o cara arrebenta com sua atuação.

ALEXANDRE MORENO

Quem não se lembra da voz da Lois Lane do seriado live-action Lois&Clark: As aventuras do Superman?
Por muitos anos, conheci a dubladora Mônica Rossi como “a voz da Lois”, e foi muito gratificante vê-la retornar ao papel anos depois com o desenho Superman X A Elite. Como de costume, Mônica faz um excelente trabalho a frente da namorada de super-herói mais famosa do universo, e me fez recordar de outros papéis memoráveis de sua carreira como a voz da Vick Vale (Kim Basinger) em Batman (1989), da Demi Moore em Ghost (1990) e em Striptease (1996) e da deliciosa Jessica Rabbit, de Uma Cilada para Roger Rabbit (1988). “Pirulito que bate-bate, pirulito que já bateu...”.

MÔNICA ROSSI

Outros destaques no elenco de dublagem são as vozes de Manolo Rey e Miriam Ficher, que interpretam Chapéu (o mago pinguço) e Zoologica (Pam) respectivamente. Pra quem não lembra ou não sabe, Manolo Rey já deu voz para o Homem-Aranha/Peter Parker na trilogia de Sam Raimi, Will Smith em Um Maluco no Pedaço e Marty McFly na redublagem de De Volta para o Futuro

MANOLO REY

Já Miriam Ficher, é bastante conhecida por ser a voz brasileira de grandes atrizes como Meg “cheia de botóx” Ryan, Wynona “rouba roupas em loja” Ryder e Drew “era a menininha do ET” Barrymore. Se você não se liga muito em comédias românticas e nunca viu nenhum filme com as atrizes citadas, você deve se lembrar da voz da Charlene da Família Dinossauro e da Princesa Sara do desenho Cavalo de Fogo.

MIRIAM FICHER

É sempre bom exaltar trabalhos bem feitos por profissionais brasileiros, e como é de praxe aqui no Blog do Rodman, a dublagem nunca passa em branco quando é parte importante em um filme ou animação.


Pra quem ainda não viu minha homenagem aos dubladores brasileiros, leia o post Top 16 melhores dubladores, e para saber minha opinião sobre a violência brasileira e Tropa de Elite, esteja à vontade no post Tropa de Elite 2.

NAMASTE!

10 de fevereiro de 2013

J.J. Abrams, que a Força esteja com você!


Parece que a novela para escolher quem, afinal, vai assumir a direção do novo Star Wars (a ser lançado em 2015) finalmente terminou, e J.J. Abrams é o novo escolhido. A notícia explodiu feito uma bomba no mundo Nerd, e levantou uma questão muito importante: Se J.J. Abrams já é o responsável pela revitalização de Star Trek, como ele também será responsável pelo universo de Star Wars?

Depois que Star Wars – Episódio III – A Vingança do Sith chegou aos cinemas em 2005 e que George Lucas, a mente criativa por trás de tudo (ou quase tudo) relacionado aos preceitos da Força, Jedis, Siths e afins, anunciou que aquele era o último filme da franquia, ninguém mais sequer mencionava qualquer possibilidade de haver novos capítulos na saga da família Skywalker, e parecia mesmo que Star Wars estava morto e sepultado nos cinemas.



Tudo mudou, no entanto, no final de 2012, quando a Disney anunciou a compra da Lucas Film (e todas as empresas a ela relacionadas como a ILM, por exemplo) e já de imediato confirmou um novo filme para a franquia Star Wars, o que deu novo fôlego ao universo até então monopolizado por George Lucas. Agora, Star Wars e todos os seus personagens estão nas mãos da Disney, e muito tem se especulado sobre o destino da franquia, desde que Leia se tornará uma Princesa Disney até que teremos novos filmes com os “fofos” ursinhos Ewoks na Lua de Endor.



Mas e aí?

O que podemos esperar de Star Wars agora que J.J. Abrams assumiu a batuta da direção?

Eu conheci o trabalho de Abrams na série LOST, e de lá pra cá, devido meu vício na história da ilha e de seus sobreviventes, acompanhei praticamente todas as iniciativas do diretor, seja no cinema ou na TV, esperando que ele pudesse me surpreender novamente. De fato, excetuando talvez Fringe que comecei a acompanhar, mas que não conseguiu me agradar, tudo aquilo que teve envolvimento de Abrams caiu no meu gosto, e mesmo sua estreia nos cinemas como diretor em Missão Impossível 3 (2006), que a meu ver, é o mais bem executado da franquia de ação protagonizada por Tom Cruise, foi bem melhor do que se esperava para um diretor “novato”.



Depois de MI:3, Abrams ainda produziu o melhor filme de handcam depois da Bruxa de Blair para os cinemas, e em 2008 O Monstro de Cloverfield surpreendeu a todos com um excelente trabalho de marketing viral em torno do tal “monstro” do título.

A estrela de Abrams continuou a brilhar, e em 2009 J.J. foi chamado para encabeçar uma missão ousada: Revitalizar o universo de Star Trek para os cinemas.

Star Trek, assim como Star Wars, possui gerações de fãs mais do que devotos, e muito disso foi construído ao longo das décadas, com a popularização da série clássica de TV dos anos 60. Mexer com um universo tão adorado e defendido por tantas pessoas era perigoso, mas J.J. assumiu o risco, e em 2009 lançou Star Trek, o filme que renovou o público do antigo seriado e que causou a ira de trekkers mais agressivos, por modificar elementos considerados cânones para a historiografia de ST.



Mas tudo bem, gente. O filme se passa em um universo paralelo. Sem ataques de pelancas, por favor!

Mesmo antes de saber que havia uma rixa entre Trekkers e os fãs de Star Wars, eu sempre tive preferência pelo mundo criado pelo Tio Lucas, até porque nunca havia assistido Star Trek na vida (não era da época do seriado da década de 60, e não ligava para a Nova Geração dos anos 90) e achava os sabres-de-luz muito mais bacanudos do que aqueles pijamas coloridos usados pelos tripulantes da Enterprise ou a orelhinha pontuda do Spock. O filme de 2009, no entanto, me acertou em cheio no quesito empolgação, e me deu certo interesse em querer saber mais da história daqueles personagens da qual eu sabia tão pouco. De repente eu era o público da revitalização de ST.



O segundo filme dessa nova empreitada (Star Trek – Into Darkness) está a caminho, e estreia em Maio, mas como ficará a agenda de J.J. Abrams, uma vez que está também em suas mãos um projeto para um 5º filme de Missão Impossível, uma terceira parte de ST e agora o 7º filme de Star Wars?

Quanto ao talento do diretor não há o que se temer. Desde muito cedo o cara trabalha com cinema, tem experiência com ficção científica (Fringe e Star Trek), sabe criar como ninguém mistérios, e ninguém discute sua capacidade em manter um público interessado por um produto seu por mais de 6 anos. Ou alguém desmereceu tudo o que LOST criou ao longo dos anos só por causa de seu final, que para muitos, deixou a desejar?



É certo que LOST não teve a marca de Abrams até o final, mas muito da magia que ele criou para a série do canal ABC foi respeitado por seus seguidores Carlton Cuse e Damon Lindelof.

E porra! LOST é até hoje a melhor série que já foi transmitida pela TV. Como fã, estou revendo pela 4ª vez a série, e me vejo surpreendido e extasiado por alguns episódios da mesma forma que da 1ª vez. Que outro programa consegue isso?

Depois de Star Trek, Abrams ainda teve a chance de trabalhar em um filme produzido por ninguém menos que Steven Spielberg, e Super 8 é quase uma obra autoral, que fala muito sobre a vida do próprio diretor, apesar do climão “Spielberguiano” que permeia toda a história do começo ao fim.



Assisti Super 8 recentemente, e me vi surpreendido pelo filme. Toda a narrativa, a história dos personagens e o mistério que envolve um gravíssimo acidente de trem, nos deixa ligados aos adolescentes do enredo, e não há como não perceber alguns elementos de Abrams no filme, mesmo que envoltos pelas características de Spielberg.



Com uma carreira onde os acertos são mais notórios do que os erros ou deslizes, J.J. Abrams se torna mais do que apto para apresentar Star Wars para uma nova geração de nerds, e cabe a nós torcermos para que ele consiga dividir bem seus trabalhos, não trazendo influências de Star Trek para Star Wars e vice-versa.

Se ele não conseguir, pela primeira vez em muitos anos, a “profecia” de Martin McFly em De Volta para o Futuro estará bem próxima de se realizar:


Darth Vader do planeta Vulcano!

Se J.J. Abrams conseguir ressuscitar Star Wars com qualidade, apagar a má impressão que deixou a última trilogia de George Lucas, e mais ainda imortalizar de vez a franquia Star Trek nos cinemas, o diretor tem tudo para se transformar em pouco tempo no deus Nerd, dando de braçada em Christopher Nolan e em Zack "O Visionário" Snyder


Vida longa e próspera, e que a Força esteja com J.J. Abrams! Ele vai precisar!

NAMASTE 

28 de janeiro de 2013

Top 10 – A Trilha Sonora de Tarantino



É quase impossível desassociar os filmes de Quentin Tarantino das trilhas sonoras que ele meticulosamente seleciona para as cenas que escreve. O diretor de 49 anos nascido no Tennessee já divulgou em entrevistas que chegou a basear cenas de seus filmes em músicas que ouvia desde moleque (quando em geral, acontece o contrário no processo de criação de filmes), e olhe que o repertório musical de Tarantino é tão vasto quanto seu conhecimento de cinema!

Quem não se lembra logo de Tim Roth e Amanda Plummer (Pumpkin e Honey Bunny) anunciando um assalto na lanchonete em Pulp Fiction quando toca "Misirlou" de Dick Dale, ou sai pra dançar um Twist ao som de "You never can tell" de Chuck Berry feito John Travolta e Uma Thurman? Ou ainda, quem é que não se lembra logo de Elle Driver caminhando pelo corredor de um hospital vestida de enfermeira pronta a dar cabo de Beatrix Kiddo enquanto assovia o infernal "Twisted Nerve" de Bernard Herrmann na primeira parte de Kill Bill?

Os filmes de Tarantino estão intimamente ligados à música, e a dura missão desse Top 10 é elencar as melhores trilhas dentre tantas (deixando com um grande pesar obras-primas de fora da lista), as que mais possuem significado para as cenas ou simplesmente aquelas que não podiam ser deixadas de fora.

Aumente o volume e divirta-se!



Death Proof (Prova de Morte) faz parte de um projeto em que Tarantino aliou-se ao amigo (menos talentoso) Robert Rodriguez para recriar filmes de gênero Grindhouse, aqueles em que normalmente as mulheres protagonizam e que são produzidos com um baixo orçamento. 

Apesar de ser o filme menos inspirado da carreira do diretor, Death Proof ainda traz cenas memoráveis, entre elas a embalada pela música “Hold Tight” da banda britânica dos anos 60 Beaky/Dave Dee/Dozy/Mick/Tich, ou simplesmente “DDDBMT”.

Como não podia deixar de ser, Tarantino coloca seu conhecimento musical em jogo, e uma das personagens conta a história que envolve a música e o vocalista do The Who, que chegou a ser chamado para integrar a tal DDDBMT. É impossível não mexer a cabeça pra cima e pra baixo enquanto esperamos o choque eminente do carro à prova de morte do Dublê Mike (Kurt Russel) e o das amigas da Julia Selvagem (Sydney Tamiia Poitier) ao som de “Hold Tight”!



Essa é sem dúvida uma das cenas de acidente de carro mais fantásticas do cinema!



Se Death Proof é o filme menos inspirado da carreira de Tarantino, Jackie Brown é aquele que tem menos a cara de Tarantino, e isso se deve bastante ao fato de que o roteiro não é escrito baseado em uma história criada por ele.

Apesar do ritmo bem mais lento de Jackie Brown, o filme é recheado de referências ao universo “nigger” e a Blaxploitation, movimento cinematográfico voltado especificamente ao público negro norte-americano, o que inclui muita música Soul e Black.

Enquanto os letreiros sobem (ou descem, vão pra esquerda, direita... enfim!), já somos logo sacudidos pela balada “Across 110th Street” de Bobby Womack, cantor negro cujas músicas principais fizeram grande sucesso nas décadas de 60 e 70. A música conta o cotidiano de um personagem negro do gueto onde vive.



Interessante que o filme começa e se encerra embalado por "Across 110th Street", e rola uma certa melancolia enquanto a Jackie Brown (Pam Grier) dirige seu carro cantando tristemente a letra da música, se despedindo do público.



Django, você sempre foi solitário?
DJANGO!
Django, você nunca mais amou novamente?
O amor viverá, oh oh oh...
A vida deve continuar, oh oh oh
Pois você não pode passar o resto da vida se arrependendo

Pra quem não sabe, Django foi um personagem vivido pelo ator italiano Franco Nero na década de 60, e o Django de 2013 dirigido por Tarantino é mais uma homenagem do diretor ao cinema que ele tanto venera.
O tema de Django criado por Luis Bacalov & Rocky Roberts também era o tema do filme original, e a letra da música acabou casando bem com esse novo Django escravo que se livra das correntes para ir atrás de sua amada esposa Brunhilde.

A música é um verdadeiro chiclete, e não há como se livrar de seu refrão e da voz grave de Rocky Roberts uma vez que se ouve.




Django!
Django!



Quem mais além de Quentin Tarantino conseguiria imaginar uma luta entre duas samurais em um cenário cheio de neve, embalado por uma música Disco dos anos 70?

Uma das razões do sucesso desse maluco é justamente essa habilidade única que ele tem em criar esse tipo de amálgama entre coisas que aparentemente não possuem qualquer relação, e que em suas mãos acabam dando certo, a ponto de rolar aquela pergunta “Por que ninguém pensou nisso antes?”.

E não é que "Don’t let me be misunderstood" funcionou direitinho como fundo sonoro para a luta decisiva entre Beatrix Kiddo e O-Ren-Ishii?



Peço perdão por ter zombado de você!”.



"Stuck in the Middle With You" com certeza não é a música mais emblemática do longa metragem Cães de Aluguel (Reservoir Dogs - 1992), o primeiro como escritor e diretor de Tarantino. Quem se lembra do filme com certeza pensa em “Little Green Bag” de George Baker como a trilha definitiva da película, até porque a cena em que os Cães de Aluguel andam em câmera lenta enquanto os atores que os interpretam são apresentados ao público (logo após o diálogo na lanchonete sobre Like a Virgin), ao som da canção, fixa melhor na memória.

A cena onde o psicótico Mr. Blonde (Michael Madsen) tortura e mutila um policial preso a uma cadeira enquanto faz uma dancinha desengonçada ao som de "Stuck in the Middle With You", no entanto, é pra mim, a principal marca de Cães de Aluguel, razão pela qual escolhi essa música para integrar ao Top 10.

Todo o desenvolvimento da cena é espetacular, sem falar na interpretação do ator Kirk Baltz que vive o policial Marvin Nash e a frieza de Michael Madsen, que aliás, vive personagens filhos da puta como ninguém em Hollywood!!



A música cantada pela banda de folk escocesa Stealers Wheel possui trechos como “Estou tão assustado no caso de eu cair da minha cadeira”, “Sim, eu estou preso no meio com você e eu estou me perguntando o que eu deveria fazer” e “Tentando fazer algum sentido de tudo mas vejo que isso não faz sentido”, o que nos faz ter certeza de que as músicas escolhidas por Tarantino não são aleatórias. Elas estão sempre dentro do contexto da história.



Confesso que as trilhas de Tarantino me trouxeram o conhecimento de vários artistas dos quais eu nunca havia ouvido falar (perdão, Mundo!), entre elas The Coasters, a banda de Rhythm and Blues dos anos 50 que toca a deliciosa "Down in Mexico".

A cena antológica onde a personagem Arlene “Butterfly” (Vanessa Ferlito) sensualiza diante de Dublê Mike (Kurt Russel) em um show de Lap Dance ao som de "Down in Mexico" em Death Proof já entrou para os “anais” da história do cinema! E como entrou!



“De repente, caminhando com essa garota
Joe começa a tocar com uma Latina
Em torno de sua cintura ela usava três meias arrastão
Ela começou a dançar com as castanholas
Eu não sabia exatamente o que esperar
Ela jogou os braços ao redor do meu pescoço
Começamos a dançar por todo o chão
E então ela fez uma dança que eu nunca vi antes


Dança nota 10!


Kill Bill é o filme com o maior repertório musical de Tarantino, e penso cá comigo que daria para fazer um Top 10 apenas da Trilha Sonora dos dois filmes sobre a Noiva. Exatamente por essa dificuldade em escolher as melhores músicas do filme, deixei me guiar pelo meu instinto, e a meu ver, não há música presente em Kill Bill mais emblemática que "Malaguena Salerosada banda “chicana” Chingon, de Robert Rodriguez.

A letra fala de um pobre rapaz que é feito de gato e sapato por uma garota rica, e mesmo não tendo porra nenhuma a ver com o enredo do filme e só tocar na cena final, quando então Beatrix já derrotou Bill e recuperou a linda B.B, mesmo assim ela representa a alma do filme, que é um misto absurdo de várias culturas, bem ao estilo Tarantino de fazer cinema.  



“Que bonitos ojos tienes
Debajo de esas dos cejas”


Patti Smith é considerada a “poetisa do punk” e começou a fazer sucesso na década de 70, onde então despontou para ser uma das cantoras mais influentes do Rock and Roll.
Minha paixão por “Baby It’s You”, que faz parte da trilha de Death Proof foi imediata, e desde então a música não sai mais da minha playlist diária, entrando inclusive nesse Top 10 na posição de Bronze




Que voz maravilhosa tem essa mulher!


Hoje não existe viva alma que não conheça a balada “Girl, You'll Be a Woman soon”, mas na década de 90 nem mesmo o Urge Overkill devia acreditar nessa canção, algo que foi completamente alterado quando Tarantino decidiu acrescentá-la ao soundtrack daquele que viria a ser seu filme de maior sucesso.

Pulp Fiction é meu filme favorito da carreira de Tarantino, acho difícil que o diretor consiga superar algum dia o que ele fez com esse longa, mas além de toda a estética criada, da popularização do roteiro não-linear e da restauração das carreiras de vários artistas, Pulp Fiction deixou marcado em nossas vidas principalmente as canções que embalam suas cenas.



Como esquecer a overdose de Mia Wallace e as divagações de Vincent Vega sobre comer ou não comer a mulher do chefe enquanto "Girl, You'll Be a Woman soon" toca na vitrola?


Mia Wallace e Vincent Vega são chamados ao palco do Jack Rabbit Slim’s para um desafio de Twist. A esposa de Marsellus Wallace os apresenta, e enquanto a banda se prepara para tocar, Vega tira os sapatos, iniciando em seguida uma das cenas mais reconhecidas e imitadas do cinema. A carreira decadente de John Travolta sofreu um "Boom" e Quentin Tarantino havia criado uma verdadeira obra-prima, nos dando doses cavalares de drogas, rock and roll e violência. Muita violência.  

Chuck Berry é considerado um dos pais do Rock N' Roll, uma lenda da música mundial e dispensa apresentações, e "You Never can tell" é com certeza uma das suas obras mais memoráveis de todos os tempos, que acabou sendo imortalizada de vez em uma das cenas mais emblemáticas do cinema. Palmas para Tarantino pela escolha. 



Confessa que você já imitou os passos do Travolta nessa cena alguma vez na vida, vai!



Clique AQUI para baixar a Trilha Sonora comentada nesse Post e abaixo para ler as críticas sobre Kill Bill (Vol. 1 e 2) e Django:






NAMASTE!

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