12 de fevereiro de 2017

Eu Vi: 50 Tons Mais Escuros


Eu passei muito tempo tentando entender o fascínio feminino pela “obra” 50 Tons de Cinza, e conversei com todas as minhas amigas na época do lançamento do livro e também do filme, obtendo respostas do tipo “Mas o Christian Grey é lindo!”, “Ai, ele é tão romântico!”, “Ele ama a Anastasia!”, “Ele é gostoso. Eu deixaria me bater à vontade!”. Tenho toda a convicção de que ainda não entendo esse fascínio todo pelo personagem de Christian Grey e o que ele representa para as mulheres que saem molhadas de dentro do cinema (incluindo as duas com quem fui ver no cinema 50 Tons de Cinza e agora 50 Tons Mais Escuros), mas uma coisa é certa: O filme é um sucesso indiscutível.

 Baseado no livro homônimo escrito por E.L. James, o primeiro filme 50 Tons de Cinza arrecadou cerca de 500 Milhões de Dólares no mundo todo, mas recebeu uma ENXURRADA de críticas da mídia especializada devido o teor “porraderótico” que busca normalizar e romantizar a violência sexual. Lembro que em discussões acaloradas com aquelas amigas que citei lá em cima, o que mais eu ouvia era “mas tem diferença entre bater na hora do sexo e bater fora do sexo!”, “depende da intensidade com que bate”, “dói, um tapinha não dói, um tapinhaaaaa”, o que acabou abafando essa história de que o filme faz apologia à violência sexual. Se pararmos para pensar que entre quatro paredes vale tudo desde que com o consentimento entre os dois (ou três, ou quatro... ou gangbang!) vale tudo (até revogar a Lei de Gil!).


No primeiro filme conhecemos a doce e insossa inocente Anastasia Steele (vivida por Dakota Johnson), uma estudante de literatura que ao substituir a amiga de quarto em uma entrevista, acaba conhecendo o empresário Christian Grey (Jamie Dornan), que sabe-se lá porque caralhos, cai de amores por ela. Em nenhum momento Ana demonstra ter uma personalidade contundente ou mesmo uma inteligência exacerbada para que aguce a curiosidade do milionário, mas isso acontece, e depois disso ele passa a perseguir feito um psicopata surgir misteriosamente em todos os lugares que ela frequenta, impondo a sua presença e a deixando interessada também. Todo o resto vocês já sabem... Beijos, sexo, porrada, sexo, porrada...

O segundo filme 50 Tons Mais Escuros começa imediatamente após os acontecimentos do primeiro. Ana arranja um novo emprego em uma agência (sem ênfase nenhuma, o que nos faz ignorar completamente qual é realmente seu trabalho!) e mesmo separada de Christian após ter recebido algumas palmadas mais fortes do que o normal, e percebido que ele sente prazer nisso (antes ela passou duas horas de filme sendo socada e nem levou isso em consideração!),  Ana continua recebendo flores e bilhetes do psicopata antigo amante.


Ao ser convidada para uma exposição de fotos de seu amigo de faculdade, Ana percebe que ela é a modelo em todas as obras, ficando surpresa em saber que ele as expôs SEM SEU CONHECIMENTO. Esse cara nunca ouviu falar de Direito de Imagem?

Óbvio que Christian Grey aparece na exposição e compra TODOS os quadros de Ana, com a desculpa de que “não gosto de ver estranhos te observando”. Eu contei no relógio. Sério. A reconciliação deles acontece em CINCO MINUTOS, e todo o choque dela ter sido agredida por ele ao final do primeiro filme se esvai com uma pegada caprichada.

Todos nós homens temos muito o que aprender com Christian Grey. Sério.

Após todo aquele papo que vemos no trailer de “agora é sem regras” e blablabla a primeira cena de sexo entre eles acontece em uns 15 minutos de execução do filme. Sem regras, sem mágoas e sem tapas... Por enquanto.


É difícil imaginar que você não fizesse tudo a seu alcance para agradar a mulher que você tem um tesão louco ama se você ganhasse milhares de Dólares por minuto, e é isso que Grey faz desde o filme anterior. Além de encher Ana de mimos (iPhones, iMacs...) e exibir seus brinquedinhos (não, não os sexuais) levando-a para passear de barco, de helicóptero, de avião, Grey demonstra que é muito possessivo, procurando a tirar do convívio de outros caras, como o próprio chefe da garota Jack Hyde (Eric Johnson). Que mulher que não gosta de um cara possessivo, né?

Com o passar do tempo, Ana começa a perceber que a possessividade de Grey é o MENOR dos seus problemas, e ela começa a receber visitas de Leila Williams (Bella Heathcote), a antiga submissa do cara. Ao confrontá-lo sobre o passado da garota, Ana descobre que Leila foi uma submissa que se recusou a deixá-lo partir quando ele enjoou do brinquedinho (“me bate mais, me bate mais!!”) e que ele mantinha dossiês sobre todas suas possíveis escravas, incluindo a própria Anastasia.


O caldo engrossa mais quando Grey a leva para “ser aprovada” por Elena Lincoln (Kim Basinger), a mulher que o iniciou no mundo do sadomasoquismo selvagem. Já falei aqui uma vez que Kim foi um dos meus amores de infância, e que eu era doido nela quando ela foi a Vicky Vale do Batman de 89, e me lembrei de suas cenas quentes em 9 ½ Semanas de Amor quando saquei que ela havia sido a primeira aliciadora sexual do Grey. Ana se sente incomodada em saber todo o fascínio que a mulher AINDA exerce sobre ele, mas esse incômodo dura só mais uns cinco minutos em que ela o deixa preocupado após sumir de casa.

A história em nenhum momento se aprofunda no passado “terrível” de Grey, mas dá pinceladas sobre o porque de seus traumas, sua relação com sua mãe e até a escolha de submissas que se PARECEM com sua mãe.

Então existe uma complexidade em 50 Tons Mais Escuros, Rodman? Complexo de Édipo e tals?

Porra nenhuma, caro padawan! Hehehe!

Já ouvi dizer que o Complexo de Édipo meio que se aplica a todos os homens, e que eles procuram e/ou se sentem atraídos por parceiras que se pareçam fisicamente com suas mães... Olhando para minha predileção por mulheres, não dá pra dizer que isso é completamente mentira...

50 Tons Mais Escuros foi filmado em grande parte em Nice, França, foi roteirizado por Niall Leonard, dirigido por James Foley (que substituiu Sam Taylor-Wood) e tem a trilha sonora assinada por Danny Elfman. Por falar nisso, a trilha sonora é uma das melhores coisas do filme, repetindo o sucesso 50 Tons de Cinza que teve até canção indicada ao Oscar.

Tá, Rodman. E a putaria? Você não falou nada da putaria!


O filme tem uma história tão insossa e previsível, que as cenas de sexo se tornam o grande atrativo da coisa toda. Não dá pra dizer que você vai ficar excitado e querer correr para o banheiro enquanto vê a pegação, mas as cenas entre Johnson e Dornan parecem bem reais, a ponto de você se perguntar “ei! Ele está mesmo chupando ela??”. Quando os dois tiram a roupa não há muito romantismo em jogo e o negócio é tchuplek tchuplin jo ratchoflay, sem falar no repertório gigante de acessórios masoquistas para noites ardentes de muito sexo que nos são apresentados. Se você se empolga com as explicações detalhadas de cada brinquedo dadas por Christian Grey, você pega na mão da sua namorada e a leva para um sex shop na mesma hora. O bagulho é sinistro!

Para não dizer que tudo é um desperdício imenso de tempo, o filme tem uma fotografia muito bonita, e as cenas de sexo são muito bem filmadas, não explicitando genitálias (ahhhhhhhhh!) ou poses extremamente eróticas. Tem nudez (então cuidado com quem você leva pra ver!), tem vocabulário chulo (“você não vai enfiar isso na minha bunda!”) e tem comportamento sexual inadequado (mas o que é adequado??). É tipo um Deadpool... Mas sem cenas de ação.

Se você não tem nada melhor pra fazer e tem uma boa companhia, vá ver sem medo. Na pior das hipóteses você vai voltar para casa discutindo com a pessoa sobre “qual é o limite das palmadas”, se ela toparia usar com você chicotes, algemas, bolas do prazer ou prendedores de mamilos...

NOTA: 6

Ps.: Você leva a menina ao cinema e a vê suspirando a cada cena do Christian Grey sem camisa e...
Como ele tá gostoso, hein!! 

NAMASTE!


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