Eu passei muito tempo tentando entender o fascínio feminino
pela “obra” 50 Tons de Cinza, e conversei com todas as minhas amigas na época do lançamento do livro e também do filme,
obtendo respostas do tipo “Mas o Christian Grey é lindo!”, “Ai, ele é tão
romântico!”, “Ele ama a Anastasia!”, “Ele é gostoso. Eu deixaria me bater à
vontade!”. Tenho toda a convicção de que ainda não entendo esse fascínio todo
pelo personagem de Christian Grey e o que ele representa para as mulheres que
saem molhadas de dentro do cinema (incluindo as duas com quem fui ver no cinema
50 Tons de Cinza e agora 50 Tons Mais Escuros), mas uma coisa é certa: O filme
é um sucesso indiscutível.
Baseado no livro homônimo escrito por E.L. James,
o primeiro filme 50 Tons de Cinza arrecadou cerca de 500 Milhões de Dólares no
mundo todo, mas recebeu uma ENXURRADA de críticas da mídia especializada devido
o teor “porraderótico” que busca normalizar e romantizar a violência sexual.
Lembro que em discussões acaloradas com aquelas amigas que citei lá em cima, o
que mais eu ouvia era “mas tem diferença entre bater na hora do sexo e bater
fora do sexo!”, “depende da intensidade com que bate”, “dói, um tapinha não
dói, um tapinhaaaaa”, o que acabou abafando essa história de que o filme faz
apologia à violência sexual. Se pararmos para pensar que entre quatro paredes
vale tudo desde que com o consentimento entre os dois (ou três, ou quatro... ou
gangbang!) vale tudo (até revogar a Lei de Gil!).
No primeiro filme conhecemos a doce e insossa inocente
Anastasia Steele (vivida por Dakota Johnson), uma estudante de literatura que
ao substituir a amiga de quarto em uma entrevista, acaba conhecendo o
empresário Christian Grey (Jamie Dornan), que sabe-se lá porque caralhos, cai
de amores por ela. Em nenhum momento Ana demonstra ter uma personalidade
contundente ou mesmo uma inteligência exacerbada para que aguce a curiosidade
do milionário, mas isso acontece, e depois disso ele passa a perseguir feito
um psicopata surgir misteriosamente em todos os lugares que ela frequenta,
impondo a sua presença e a deixando interessada também. Todo o resto vocês já
sabem... Beijos, sexo, porrada, sexo, porrada...
O segundo filme 50 Tons Mais Escuros começa imediatamente
após os acontecimentos do primeiro. Ana arranja um novo emprego em uma agência
(sem ênfase nenhuma, o que nos faz ignorar completamente qual é realmente seu
trabalho!) e mesmo separada de Christian após ter recebido algumas palmadas
mais fortes do que o normal, e percebido que ele sente prazer nisso (antes ela passou duas horas de filme sendo socada e nem levou isso em consideração!),
Ana continua recebendo flores e bilhetes
do psicopata antigo amante.
Ao ser convidada para uma exposição de fotos de seu amigo de
faculdade, Ana percebe que ela é a modelo em todas as obras, ficando surpresa em
saber que ele as expôs SEM SEU CONHECIMENTO. Esse cara nunca ouviu falar de
Direito de Imagem?
Óbvio que Christian Grey aparece na exposição e compra TODOS
os quadros de Ana, com a desculpa de que “não gosto de ver estranhos te
observando”. Eu contei no relógio. Sério. A reconciliação deles acontece em
CINCO MINUTOS, e todo o choque dela ter sido agredida por ele ao final do primeiro
filme se esvai com uma pegada caprichada.
Todos nós homens temos muito o que aprender com Christian
Grey. Sério.
Após todo aquele papo que vemos no trailer de “agora é sem
regras” e blablabla a primeira cena de sexo entre eles acontece em uns 15
minutos de execução do filme. Sem regras, sem mágoas e sem tapas... Por enquanto.
É difícil imaginar que você não fizesse tudo a seu alcance
para agradar a mulher que você tem um tesão louco ama se você ganhasse
milhares de Dólares por minuto, e é isso que Grey faz desde o filme anterior. Além
de encher Ana de mimos (iPhones, iMacs...) e exibir seus brinquedinhos (não,
não os sexuais) levando-a para passear de barco, de helicóptero, de avião, Grey
demonstra que é muito possessivo, procurando a tirar do convívio de outros
caras, como o próprio chefe da garota Jack Hyde (Eric Johnson). Que mulher que
não gosta de um cara possessivo, né?
Com o passar do tempo, Ana começa a perceber que a possessividade
de Grey é o MENOR dos seus problemas, e ela começa a receber visitas de Leila
Williams (Bella Heathcote), a antiga submissa do cara. Ao confrontá-lo sobre o
passado da garota, Ana descobre que Leila foi uma submissa que se recusou a deixá-lo
partir quando ele enjoou do brinquedinho (“me bate mais, me bate mais!!”) e que
ele mantinha dossiês sobre todas suas possíveis escravas, incluindo a própria
Anastasia.
O caldo engrossa mais quando Grey a leva para “ser aprovada”
por Elena Lincoln (Kim Basinger), a mulher que o iniciou no mundo do
sadomasoquismo selvagem. Já falei aqui uma vez que Kim foi um dos meus amores
de infância, e que eu era doido nela quando ela foi a Vicky Vale do Batman de 89,
e me lembrei de suas cenas quentes em 9 ½ Semanas de Amor quando saquei que ela
havia sido a primeira aliciadora sexual do Grey. Ana se sente incomodada em
saber todo o fascínio que a mulher AINDA exerce sobre ele, mas esse incômodo
dura só mais uns cinco minutos em que ela o deixa preocupado após sumir de
casa.
A história em nenhum momento se aprofunda no passado “terrível”
de Grey, mas dá pinceladas sobre o porque de seus traumas, sua relação com sua
mãe e até a escolha de submissas que se PARECEM com sua mãe.
Então existe uma complexidade em 50 Tons Mais Escuros,
Rodman? Complexo de Édipo e tals?
Porra nenhuma, caro padawan! Hehehe!
Já ouvi dizer que o Complexo de Édipo meio que se aplica a
todos os homens, e que eles procuram e/ou se sentem atraídos por parceiras que
se pareçam fisicamente com suas mães... Olhando para minha predileção por
mulheres, não dá pra dizer que isso é completamente mentira...
50 Tons Mais Escuros foi filmado em grande parte em Nice,
França, foi roteirizado por Niall Leonard, dirigido por James Foley (que
substituiu Sam Taylor-Wood) e tem a trilha sonora assinada por Danny Elfman. Por
falar nisso, a trilha sonora é uma das melhores coisas do filme, repetindo o
sucesso 50 Tons de Cinza que teve até canção indicada ao Oscar.
Tá, Rodman. E a putaria? Você não falou nada da putaria!
O filme tem uma história tão insossa e previsível, que as
cenas de sexo se tornam o grande atrativo da coisa toda. Não dá pra dizer que
você vai ficar excitado e querer correr para o banheiro enquanto vê a
pegação, mas as cenas entre Johnson e Dornan parecem bem reais, a ponto de você
se perguntar “ei! Ele está mesmo chupando ela??”. Quando os dois tiram a roupa
não há muito romantismo em jogo e o negócio é tchuplek tchuplin jo ratchoflay,
sem falar no repertório gigante de acessórios masoquistas para noites ardentes
de muito sexo que nos são apresentados. Se você se empolga com as explicações
detalhadas de cada brinquedo dadas por Christian Grey, você pega na mão da sua
namorada e a leva para um sex shop na mesma hora. O bagulho é sinistro!
Para não dizer que tudo é um desperdício imenso de tempo, o
filme tem uma fotografia muito bonita, e as cenas de sexo são muito bem
filmadas, não explicitando genitálias (ahhhhhhhhh!) ou poses extremamente
eróticas. Tem nudez (então cuidado com quem você leva pra ver!), tem
vocabulário chulo (“você não vai enfiar isso na minha bunda!”) e tem
comportamento sexual inadequado (mas o que é adequado??). É tipo um Deadpool...
Mas sem cenas de ação.
Se você não tem nada melhor pra fazer e tem uma boa
companhia, vá ver sem medo. Na pior das hipóteses você vai voltar para casa
discutindo com a pessoa sobre “qual é o limite das palmadas”, se ela toparia
usar com você chicotes, algemas, bolas do prazer ou prendedores de mamilos...
NOTA: 6
Ps.: Você leva a menina ao cinema e a vê suspirando a cada cena do Christian Grey sem camisa e...
Como ele tá gostoso, hein!!
NAMASTE!
“Quero ser Dublador”, o primeiro reality show nacional que apresenta a competição entre aspirantes a dublagem profissional em busca de realiza o sonho de ser dublador. Projeto pioneiro, que apresenta pela primeira vez esse sobre o processo de formação de novos dubladores. O programa é conduzido por Hermes Baroli, conhecido por dublar o Seiya em ‘Os Cavaleiros do Zodíaco’ e com Guilherme Marques e Alex Minei como jurados. Participações de Márcio Seixas, Mabel Cézar, Élcio Sodré, Nestor Chiesse, Raquel Marinho.
ResponderExcluirhttps://www.youtube.com/watch?v=MetOXeXpMEw