Quando comecei a contar a origem do Pássaro Noturno, eu já tinha em mente que seria uma trilogia de contos e tudo que precisei fazer foi dividir o texto em três grandes atos. O primeiro ato, vocês conheceram em Pássaro Noturno - Origens (e se não conheceu ainda, faça o favor de clicar nesse link!), contando quem é Henrique Harone e de onde surge sua personalidade heroica. O segundo ato, que acabou de ser publicado, já expande a missão de Pássaro Noturno em deter A Corporação para novos horizontes, incorporando dois novos elementos à equação: Thunderwing e Espião Negro.
Já contei aqui no Blog que eu tive dois grandes amigos na época do Ensino Fundamental e foi com eles que, pela primeira vez na vida, eu pude dividir um pouco do fascínio que eu tinha por histórias em quadrinhos. Estamos falando dos anos 90, e nessa época não era legal ser nerd. Na verdade, para as demais pessoas, devia ser bem estranho alguém sem tato social quase nenhum, que vivia metido atrás de um gibi, lendo histórias que, em teoria, eram escritas para crianças. Bem... Esse era eu em minha adolescência. Ninguém mais na sala de aula curtia esse lance de super-heróis - ou mesmo qualquer outro tipo de quadrinho - e eu acabai arrastando meus amigos Rodrigo e Antônio para esse mundo comigo. Por um bom tempo nós passamos a colecionar juntos a polêmica saga Queda do Morcego protagonizada pelo Batman, mas sempre que o dinheiro permitia (e olhe que na época um gibi custava uns R$ 3,00 no máximo!) a gente conferia alguma coisa dos X-Men, do Superman e do Homem Aranha também.
Rodrigo e Antônio serviram como base para a criação do Thunderwing e do Espião Negro, e isso desde aquela época. Quando eu criei o Pássaro Noturno, eu já tinha essa vontade de usar pessoas reais como base para desenvolver os personagens coadjuvantes, e nada mais justo que os melhores amigos do Henrique Harone fossem também os meus melhores amigos da época de escola.
Foram muitas as vezes que passamos a hora do intervalo inventando histórias fantásticas, falando de videogame e de filmes. Foi com eles que descobri as emoções dos fliperamas, onde passávamos horas jogando Mortal Kombat, Street Fighter ou Cadillacs e Dinossauros, e até tentamos uma vez enveredar pelo mundo dos quadrinhos, onde cada um criou seu personagem fictício para dar início a uma geração nova de heróis. O meu era o infame "Reathlock", que mais tarde eu rebatizei de Dragão Vermelho e hoje faz parte da minha Legião Nacional, que pretendo apresentar mais para frente. Era uma época boa.
O antigo Reathlok e atual Dragão Vermelho |
E os outros personagens de Ataque Triplo, Rodman? Eles também existem na vida real?
A maioria dos coadjuvantes de Ataque Triplo (e também de Origens) é baseado em uma pessoa real da época da escola e isso faz justiça ao que eu tinha imaginado no começo, quando desenvolvi o personagem. Entre a 5ª série e a 6ª, nossa turma foi inteira separada em três salas e muitos de nossos amigos acabaram caindo na concorrida 6ª C. Eu e Rodrigo ficamos na 6ª B e ali, mais tarde, acabamos conhecendo o Antônio. Em algum momento ocorreu uma ruptura entre as salas, e uma série de fofocas e conversas desviadas acabou fazendo com que se criasse uma rixa idiota entre todos nós, separando de vez as amizades da antiga 5ª A. Nesse clima de inimizade, já em 1995, eu criei o Pássaro Noturno e os principais adversários de meu personagem eram meus ex-amigos da 6ª C.
Sim! É ridículo! Mas uma briguinha tonta entre adolescentes acabou motivando minha criatividade.
O Quinteto Macabro citado no conto Ataque Triplo é baseado em pessoas reais. O Carlos Castellini, o moleque que pratica bullying com nosso trio de heróis, foi baseado no Carlos Castelucci (que era meu melhor amigo da 5ª série). Os seus ajudantes escrotos são baseados em outros alunos da minha escola também: O Régis, que é o bonitão conquistador e atlético no conto, é baseado no Rogério Paranhos, que na escola sempre fez parte do grupo dos atletas e que conquistou boa parte das meninas da escola DE VERDADE! O Alexandre Kostick é homônimo a um dos melhores amigos do Carlos da vida real naquela época, e era vizinho do mesmo também. Sua persona no conto tem pouco a ver com o verdadeiro Alexandre, mas por alguma razão, eu sempre quis colocá-lo como o braço direito do arqui-inimigo do Pássaro Noturno. O Robson, que é descrito como o grandalhão do grupo, é na verdade baseado no Rovilson, que nem era da 6ª C naquele período - ele estudava comigo, Rodrigo e Antônio na 6ª B - e que nem sequer tinha entrado na briga entre classes.
As meninas da história também são baseadas livremente em pessoas reais. A Daniela, que é o grande amor adolescente do Henrique, é na verdade a Thais, pela qual fui realmente apaixonado na 5ª série, até ela mudar de escola. O interesse romântico do Antônio na história é a Adriana, que foi mesmo uma aluna que entrou na escola à partir da 6ª, descrita exatamente como ela era, loira de olhos verdes. A Simone que é interesse romântico do Ricardo, é na verdade a Daniela Chaves, que também entrou em nossa escola depois de um tempo e fazia mesmo o tipo popular e festeira. Por alguma razão que nunca soube, ela me chamava de "Corujinha" e o Antônio passou a ser o "Coelhinho", apelido pelo qual ele foi conhecido por um longo tempo.
É importante frisar que, apesar de ter havido uma rixa real entre os dois grupos na minha época da escola, nem de longe as cenas de agressão e bullying descritas na história chegaram a acontecer. Essa é a parte fantasiosa do enredo, até porque nossa vida real não foi tão empolgante assim para render um conto de super-herói! O único personagem pertencente ao Quinteto Macabro que era realmente um babaca também na vida real é o "Claudio", mas esse nem merece ser citado aqui.
Hoje em dia, dos que tenho contato, todos se tornaram ótimas pessoas, pais e mães de família zelosos e muito bem inseridos na sociedade. Nada de "Corporação" nem bullying e nem nada parecido. Não sei se serve de homenagem a eles - acho que não! Hehehe! - mas fica aí pelo menos a citação.
Claro que o foco do enredo não é somente os desentendimentos de Henrique, Ricardo e Antônio com o Quinteto Macabro. Enquanto eles tentam sobreviver ao último ano do ensino fundamental, A Corporação continua enredando sua teia ao redor de São Francisco d'Oeste, atingindo todas as áreas mais importantes da cidade e cravando fundo suas presas. Não há mais tempo para amadorismo e Henrique Harone começa a perceber isso da pior forma possível.
Thunderwing e Espião Negro
Em meados de 1995 e 1996 eu desenhei - toscamente - um gibi do Pássaro Noturno e nele eu inseri o momento em que Henrique Harone mostra seu esconderijo subterrâneo aos dois amigos Ricardo e Antônio. Na época, eu criei um visual para os dois heróis, mas tinha poucas lembranças dos detalhes, uma vez que descartei esse gibi há alguns anos. De memória, eu sabia que o "Thunderbird" tinha uma máscara metálica parecida com a do Jason Vorhees de Sexta-Feira 13 e que ele usava uma armadura pesadona com uma capa nas costas. Estávamos nos anos 90, e claro que seu desenho era todo cheio de "garras" e "pontas," e ao recriar agora o personagem, decidi manter isso, em homenagem ao original. Naquele tempo o Batman/Bruce Wayne estava sendo substituído nos gibis pelo Jean-Paul Valley, o Azrael, que adivinha, tinha o traje cheio de garras, pontas, usava uma armadura e tinha uma capa longa. Coincidências? Duvido.
O Batman Azrael e o Destruidor das Tartarugas Ninja |
Embora não tenha me baseado nele, depois que acabei o rascunho e a pintura digital, percebi que o Thunderwing ficou bem parecido também com o Destruidor, inimigo das Tartarugas Ninja, mas aí devo admitir que não foi proposital. Se levarmos em consideração que Ricardo Costa era um moleque de 14 anos quando inventou seu traje, é bem comum que ele tenha usado referências como o Destruidor e o Azrael na hora de confeccionar, não é mesmo?
A brincadeira que rola num diálogo sobre Ricardo querer se chamar "Thunderbird" num primeiro momento é em relação ao antigo nome com o qual batizei o personagem nos anos 90. Claro que naquela época eu não ligava muito para coisas como direitos autorais ou direito de imagem, e pra mim, usar um nome que já era amplamente utilizado em diversos outros lugares, não dava nada. Até porque eu nem tinha pretensões de apresentar meus personagens para o mundo. Hoje no entanto, usar "Thunderbird" seria até criminoso, por isso modifiquei para algo semelhante. Que tal Thunderwing?
O Espião Negro é o elemento furtivo da equipe. Conforme eu o ia escrevendo, ele ia ganhando mais ainda ares de o geek do grupo, o que não significava que ele estaria no conforto do esconderijo enquanto os outros dois saíam em missão. Por ser o mais inteligente dos três, ele também desenvolveu o uniforme mais ágil, além do mais seguro do trio. Dotado de um capacete hi-tech com filtros de ar e visão noturna, ele ainda usa uma couraça à prova de balas, bem como o kit básico de ferramentas para invasão e espionagem nos bolsos do cinturão. Como armas, acabei escolhendo um conjunto de kunais ninja que não só perfuram como também explodem os alvos. E claro, o bastão retrátil, a meu ver, uma das armas mais úteis em combate.
O Espião Negro original era bem mais simples e parecia uma versão cospobre do Robin (o Tim Drake). Não havia capacete, nem kunais, e ele usava uma máscara que só cobria os olhos.
O Robin Tim Drake |
Num mundo minimamente real, é claro que essa não seria a roupa mais adequada para um combatente do crime inteligente e então recriei todo o conceito do Espião Negro. Qual não foi minha surpresa ao descobrir que assim que o colori, ele ficou parecido com um dos visuais do Daft Punk! Droga! E eu tinha mirado nos Metal Heroes das séries Tokusatsus!
Se Pássaro Noturno - Origens fala de começo, Ataque Triplo fala de amadurecimento e prepara o herói e seus amigos para o grande confronto final contra A Corporação de Edmundo Bispo.
Pássaro Noturno - Ataque Triplo já está disponível na plataforma Wattpad. É gratuito e super acessível. Não esqueça de seguir o autor, votar nos capítulos e compartilhar. Em breve o último conto da primeira trilogia também estará no ar.
NAMASTE!