23 de outubro de 2019

Pássaro Noturno - Os Bastidores



PREFÁCIO

Eu tinha seis anos de idade quando BATMAN estreou nos cinemas com seu visual gótico e sombrio na tela. O filme era uma reinterpretação cinematográfica de um personagem que já estava por aí há uns bons cinquenta anos povoando o imaginário das pessoas, e que curiosamente, também tinha sido baseado em outro personagem icônico dos quadrinhos: Lamont Cranston, O Sombra. Sem grana para ver nos cinemas ou sequer idade para isso – embora eu ache que não haja idade para se visitar um cinema! – eu só fui ver Batman na TV alguns anos depois, o que me impactou profundamente. A percepção sobre aquele Homem-Morcego azul e cinza do seriado antigo dos anos 60 tinha se alterado completamente em minha cabeça, e aquilo já me parecia bobo e infantil. O Batman desenvolvido pelo cineasta Tim Burton agora era meu preferido, o meu suprassumo dos personagens sem grandes poderes especiais. 

Leitor assíduo de histórias em quadrinhos desde a infância, eu tinha a mente povoada por essas criaturas fantásticas que saltavam de prédios, quebravam paredes e disparavam rajadas de energia, o que me levou desde muito cedo a querer fazer parte daquele universo, a dar vida a personagens tão espetaculares quanto os dos gibis. Embora minha habilidade em desenhar na época fosse bem limitada, eu comecei a criar minhas próprias histórias com versões “juniores” dos heróis Marvel e DC, produzindo pilhas e mais pilhas de gibis artesanais feitos à lápis em papel sulfite. Aquele era meu passatempo preferido.

Com o tempo, copiar personagens alheios e criar fanfics para eles não me satisfazia mais, o que me fez querer criar meu próprio universo de super-heróis. Eu nunca havia tido problemas com sono desde criança, e embora aquilo não pudesse ser chamado de insônia, eu passei muitas noites acordado imaginando aventuras protagonizadas por um certo herói encapuzado vestindo preto e que combatia o crime em sua cidade corrupta.

O que? Acha que estou falando do Batman? Não, não. Estou falando do Pássaro Noturno.
Eu tinha exatos doze anos quando criei o Pássaro Noturno, e hoje é engraçado perceber o quanto de mim existe nesse personagem. Antes de desenvolver a sua “forma”, eu criei seu nome para ser usado por outro personagem que era “interpretado” por mim mesmo nas brincadeiras de lutinha que fazia com minha irmã mais nova em nossa infância. Quando li as primeiras aventuras do Asa Noturna nas antigas revistas dos Novos Titãs, publicadas no Brasil pela Editora Abril, eu lembro que fiquei vidrado com o personagem. Ele não era mais o Robin, não usava sunguinha verde e nem botinhas de duende. Agora ele usava uma roupa maneira – Na época eu achava – era acrobático, dava saltos incríveis, combatia os vilões só com suas habilidades de luta e com armas de arremesso. Eu queria ser igual ele!

Para minhas brincadeiras eu cheguei a confeccionar uma máscara feita de cartolina, baseada na do Asa Noturna, um bastão curto de madeira – do tipo que o Demolidor da Marvel também usava – e improvisei um disco para arremessar com a tampa perfurada de um chuveiro velho. Embora fosse eu ali “fantasiado”, em minha cabeça eu havia me tornado um herói, combatendo meus inimigos imaginários com socos e chutes dentro da segunda casa que estava em construção na época em nosso próprio quintal.

Mais tarde eu já não tinha mais idade para me fantasiar e brincar de lutinha no quintal, então reaproveitei o nome de meu personagem baseado no Asa Noturna para batizar aquele que viria a ser o principal cara de uma legião de outros heróis que eu comecei a criar a partir de 1995 com o Pássaro Noturno. Embora as ideias já estivessem na cabeça há mais tempo, só comecei a colocá-las no papel – literalmente no papel, em vários cadernos meus – a partir dos anos 2000. Usei muito do tempo ocioso que eu tinha antes da escola para contar algumas aventuras do Pássaro Noturno, e a primeira história que decidi contar levava nosso herói para um universo paralelo, onde seus colegas de escola eram versões medievais de si mesmos e não faziam ideia de quem ele era. Me lembro bem que levei alguns meses para conseguir terminar esse “livro” – todo manuscrito, só como observação – porque nesse ínterim eu acabei cortando meu braço esquerdo num pedaço de vidro e tive que ficar no hospital. Entre uma microcirurgia para reconstituir um nervo, a fisioterapia e a recuperação total levou-se algum tempo, e tive bastante oportunidades de planejar como seria o final de minha história, enquanto me alimentava da comida aguada do hospital. Depois da primeira aventura de Pássaro Noturno – que de certa forma já mostrava o personagem um pouco mais velho – vieram mais duas, uma no espaço – isso mesmo! – e outra para resgatar uma antiga namoradinha da escola de um terrível sequestro. O quarto “livro” não chegou a ser concluído, mas ele levava Henrique de volta ao mundo paralelo da primeira história, fazendo-o se confrontar com as consequências de sua primeira passagem por lá.  

Nas noites em que eu revirava na cama criando as aventuras do Pássaro Noturno, em minha mente, eu basicamente criei todo o histórico dele, desde os equipamentos encontrados no subterrâneo aos aliados e inimigos. A cada noite eu tentava pensar num “capítulo” de incontáveis histórias que ele vivia ao lado dos amigos – Os vilões Edmundo Bispo e Carlos Castellini já infernizavam nosso herói nesse tempo - mas claro que nem tudo funcionava tão linearmente como hoje tento imaginar que era. O Batman de 1989 teve uma influência gigantesca no desenvolvimento do Pássaro Noturno, em especial no uniforme e nos gadgets que ele usava, mas a história era completamente diferente. O Henrique Harone não era um órfão bilionário que combatia o crime como uma forma de honrar a memória dos pais assassinados brutalmente. Ele vivia feliz com sua mãe e seus irmãos na casa de subúrbio na cidade de São Francisco D’Oeste, e seu grande desafio diário era sobreviver à adolescência na escola onde ele estudava, e onde ele era perseguido por um grupo de garotos que simplesmente não iam com a sua cara e com a de seus dois melhores amigos, Ricardo e Antonio – Baseados livremente em meus dois amigos da sexta série, Rodrigo Costa e Antonio Rodrigues. O combate ao crime foi uma decisão sua, quando ele viu que a realidade a seu redor era bem mais cruel do que ele supunha e que ele tinha meios de fazer aquilo com os aparatos tecnológicos que havia descoberto por acaso embaixo da sua casa.

A história de Henrique Harone não começa glamorosa ou com requintes de mistério como a da maioria dos super-heróis que conhecemos, mas ela vai ganhando novos tons de cinza à medida que ele mesmo compreende que a vida não é um quadro pintado só com preto e com branco. A saga de Pássaro Noturno é sobre um garoto que aprende a fazer o bem para as outras pessoas durante a sua experiência de vida, e que encara essa importante lição como um farol de esperança. A história fala sobre crescimento, sobre luta e principalmente sobre amadurecimento, exatamente como a nossa vida funciona... Só que sem equipamentos tecnológicos para deixar tudo um pouco mais simples!
A ideia é acompanhar nosso herói a cada ano de sua evolução até entender o que fez com que ele se tornasse o personagem grandioso que inspirou seus colegas super-heróis na Legião Nacional, e o que o transformou em uma lenda.

Abraços carinhosos e Namaste!
Rod Rodman
    

O projeto Pássaro Noturno vai completar 25 anos em 2020, mas é a primeira vez que ele ganha a luz do sol e vem à público. Embora eu quisesse torná-lo conhecido em algum momento, haviam alguns empecilhos para que eu tomasse coragem de apresentá-lo ao mundo, entre eles a falta de motivação, a falta de incentivo e principalmente um bloqueio criativo que me segurou por anos para completar uma história de origem. Todo seu histórico sempre estivera em minha cabeça, mas não seria certo publicar os textos em que ele aparece mais velho, mais experiente no combate ao crime sem que as pessoas soubessem de onde ele vinha. Pássaro Noturno – Origens demorou para ser desenvolvido porque eu precisava arranjar um meio de mostrar o começo de sua história sem bagunçar aquilo que já tinha sido escrito. Claro que minhas ideias tinham mudado bastante desde que eu revirava na cama apenas imaginando suas aventuras sem colocar nada no papel, e foi mais difícil do que eu imaginava sintetizar o que eu queria mostrar para as pessoas em um conto curto de trinta e poucas páginas – Um dos livros em que Pássaro Noturno aparece ao lado de outros heróis brasileiros tem quase 400 páginas! -, eu tenho uma certa dificuldade em escrever pouco!



Ao longo dos anos a aparência do Pássaro Noturno também mudou bastante. Como no princípio ele existia mais em minha imaginação do que fisicamente, era possível fazer experimentações em seu uniforme, o que gerou uma quantidade bem grande de versões do personagem. Embora ele tivesse sido baseado no Batman do Tim Burton, eu queria me afastar do herói da DC e criar algo mais único, algo mais brasileiro. Ainda nos anos 90 eu tinha feito um gibi com ele e seus aliados, e por muito tempo aqueles rabiscos foram as únicas amostras do visual do personagem. 


Alguns testes para o visual

Alguns anos mais tarde, eu criei a Legião Nacional, grupo de super-heróis que inventei no mesmo universo em que vivia o Pássaro Noturno, e com isso passei a rascunhar os uniformes deles, incluindo aí o próprio defensor de São Francisco D’Oeste. Na primeira década dos anos 2000 passei a dar um gás em meu projeto, o que fez com que o Pássaro Noturno ganhasse uma nova forma, além de uma identidade diferente da que eu tinha pensado inicialmente. Nem sempre ele se chamou Henrique Harone.


Eu nunca estive muito bem satisfeito com o visual do Pássaro Noturno, por isso eu estava sempre mudando seu traje. Acrescentei coisas, tirei outras. A roupa estava em constante modificação quase sempre. Mesmo hoje depois de ter decidido qual seria a aparência dele em sua primeira missão, tenho bem claro em minha mente que seu uniforme vai continuar passando por um processo de evolução, sem a obrigação de manter sempre as mesmas características. Como em cada missão ele encontra dificuldades ou necessidades, é comum que ele modifique o traje e a gama de equipamentos para melhor servi-lo. Diferente de seus colegas de Legião Nacional, Henrique não possui poderes especiais, portanto ele precisa se resguardar em campo e se manter vivo, o que vai obrigá-lo a modificar seus gadgets constantemente.


Alguns visuais e as armas do Pássaro Noturno

Tal qual o Batman, Henrique não tem um código moral que o impeça de usar armas de fogo – tanto que a ASA possui armamentos pesados – mas é uma questão de estilo ele preferir armas de arremesso ou de perfuração. No início eu queria que ele só usasse os discos de arremesso que guarda na parte posterior do cinturão, mas depois comecei a incorporar outros itens à medida que as missões exigiam. Hoje além dos discos, sua principal arma de longo alcance, Pássaro Noturno possui bombas de fumaça e de concussão – basicamente esferas pequenas que ele consegue guardar nos bolsos do cinto -, as garras retráteis que servem para perfurar ou desarmar – que se ejetam de seu bracelete – e a sua principal arma que é o Imã, um projetor e atrator de campo magnético que tem várias utilidades, desde repelir alvos metálicos até atraí-los para as mãos de Pássaro. Além disso, a máscara possui lentes infravermelhas, o traje é feito atualmente com um material anti-fogo e a parte interna é revestida por um sistema refrigerado que mantem a temperatura do corpo de Henrique sempre estável, esteja ele num incêndio ou numa nevasca.

O primeiro capítulo da vida desse herói brasileiro já pode ser conferido na plataforma Wattpad. É gratuito, é acessível e todo mundo pode ler. As próximas aventuras já estão em andamento e logo que forem publicadas estarão em minhas redes sociais.


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NAMASTE!      

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