24 de julho de 2013

Superman - O Mano de Estilo (Review)


Houve um tempo em que o Superman era para mim O herói definitivo dentre aquelas dezenas de outros personagens coloridos que eu seguia fielmente nas histórias em quadrinhos. Ele era o ideal do “bom mocismo” e a personificação do bom caráter, além de ícone maior e símbolo de inspiração. Com o tempo, seus ideais e seu escoteirismo deixaram de me guiar, e passei a me identificar mais com outros heróis, menos simbólicos, talvez, porém mais próximos do que eu pessoalmente era.

Comentei aqui certa vez sobre o que esperava que o Superman se tornasse no cinema, e uma frase minha meio que profetizou o que veio a (não ser) Man of Steel, a nova empreitada cinematográfica do Azulão na tela grande:

“Temos que ver aquele S no peito do cara e nos lembrar do que há de melhor na humanidade ainda. Atualmente precisamos disso.

Pode parecer estranho que eu esteja me auto-parafraseando, porém o momento me pareceu oportuno de mencionar esse texto, logo que sentei para escrever minha resenha sobre o filme.

Mas e aí, Rodman? Man of Steel faz jus ao que você esperava do filme lá atrás quando escolheram o Henry Cavill?

Veremos.

 Zack Snyder, o diretor incumbido para trazer de volta à vida o personagem que parecia estar morto e sepultado para os cinemas desde Superman Returns (2006) ganhou a molecada quando dirigiu um 300 (filme baseado na HQ escrita e desenhada por Frank “Agora sou Gagá” Miller) bem fiel a sua fonte de origem, porém ganhou o ódio mortal de muitos nerds gordos e sebosos ao tentar “melhorar” a obra-prima de Alan Moore e Dave Gibbons, transportando para as telas Watchmen, tida para muitos como a melhor HQ de todos os tempos. Enchendo a história de firulas e tornando explícitas passagens singelas e discretas da HQ de Moore, Snyder não só conseguiu tirar o brilho da história, como também transformar os personagens medíocres definidos pelo autor britânico em símbolos do “massaveismo” gratuito, o que incomodou muita gente.


Por outro lado, tanto em 300 quanto em Watchmen, o “Visionário” diretor de 47 anos conseguiu alcançar um público muito maior do que o dos quadrinhos no qual seus filmes eram baseados, e essa galera curtiu o que foi feito. Para o público em geral, 300 e Watchmen são bons filmes de ação e tanto faz o que aconteceu nas HQs.

Pensando dessa forma, os executivos da Warner deram carta branca para que Snyder assumisse um dos projetos mais ambiciosos do estúdio, que era revitalizar uma franquia que estava naufragada desde 2006, quando então o insosso Superman Returns estreava nos cinemas mundiais. Com o Batman de Christopher Nolan indo de vento e popa (essa é do tempo da vovó!) e os direitos do Superman prontos a retornarem para as mãos dos familiares dos criadores do personagem (Joe Shuster e Jerry Siegel), era hora de um investimento maciço no Azulão, e eis que Man of Steel começou a ganhar forma.


Apesar de parecer a pessoa certa para a reinvenção do Superman no cinema, Snyder vinha de dois estupendos fracassos nas bilheterias (a animação A Lenda dos Guardiões e o pirado Sucker Punch), e a presença de Christopher Nolan como produtor executivo e Mestre Jedi se fez necessária. Muitos dizem que o filme só ficou tão bom porque Nolan soube puxar as rédeas de Snyder, mas há controvérsias sobre isso.


Em Krypton, papai Jor-El (Russel Crowe) e mamãe Lara (Ayelet Zurer) percebem que o planeta está entrando em colapso agora que a população usou seus recursos quase que a exaustão, e tentam avisar o conselho científico que ignora as súplicas dos representantes da casa de El. Desesperados em meio a possibilidade de uma extinção iminente, os dois decidem mandar o filho Kal-El recém nascido (o primeiro bebê nascido por meios naturais no planeta em muito tempo) para que ele sobreviva em outro planeta, e nele inserem a essência do povo kryptoniano (o Códex, chave para o renascimento da raça) antes de colocá-lo em sua nave de escape.


Enquanto o planeta começa a ruir, uma insurgência militar começa a tomar forma comandada pelo General Zod (Michael Shannon), que quer para si a chave do renascimento do povo kryptoniano. Se voltando contra o conselho científico e o próprio Jor-El, Zod acaba sendo aprisionado na Zona Fantasma, de onde vê de camarote o fim de seu planeta natal. A nave do pequeno Kal-El vai parar na Terra, Zod arruma um meio de escapar mais tarde com Faora (Antje Traue) e os demais prisioneiros, e o resto todo mundo sabe. 


Tirando a linha narrativa principal (bebê alien que cai na Terra vindo de planeta destruído que é criado por pais adotivos do Kansas e que lhe ensinam o valor da vida), muita coisa na história foi alterada de forma “elegante” por Zack Snyder e David Goyer (que também escreveu Batman Begins). Há diferenças pouco sutis no modo como o jovem Clark Kent aprende que com grandes poderes veem grandes responsabilidades seus poderes devem ser usados para o bem, e a forma dramática (muito bem representada por Kevin Costner e Henry Cavill) como isso acontece no filme foi um dos pontos positivos nessas mudanças.

Aliás, mesmo que quisessem seguir alguma linha narrativa dos quadrinhos, Snyder e Goyer ficariam um tanto quanto perdidos, de tantas origens diferentes que o personagem já teve nos últimos 20 anos!


Abstraindo que o Superman surgiu antes nas HQs e renegando todo seu passado glorioso nessa mídia impressa, é hora de conhecer o novo Superman dos cinemas, e ele é grandioso, assim como todo o universo a seu redor.

O planeta Krypton recriado para o filme é um dos mundos alienígenas mais fantásticos que tive o prazer de ver no cinema, e sua mistura de orgânico com uma ciência além de nossa compreensão é perfeito. Embasbacado em frente à tela do cinema IMAX, comecei a pensar em como os designers daqueles cenários conseguiam ter tanta criatividade para bolar algo tão bonito e ao mesmo tempo pitoresco, e como eles conseguiam imaginar cenários tão fenomenais.


Krypton de Man of Steel caberia perfeitamente em um dos filmes de Star Wars, e poderia fazer parte facilmente de galáxias compostas também por planetas como Tatooine, Naboo ou Coruscant. A parte tecnológica é ainda mais assombrosa tamanha é sua riqueza de detalhes, e itens como armaduras, veículos e prédios formam um espetáculo visual de dar inveja a qualquer filme baseado em heróis espaciais (Lanterna Verde Cof! Cof! Cof!).


A fotografia do filme é um de seus grandes pontos fortes, e o grupo de designers responsáveis pelos cenários e apetrechos, em especial na sequência inicial que mostra o planeta condenado, está de parabéns. Fiquei fascinado.

Falando de personagens e suas semelhanças com os originais dos quadrinhos, pouco se tem a acrescentar, uma vez que tirando o próprio Superman, o General Zod e Lois Lane (Amy Adams) quase nenhum deles é aprofundado. Excetuando talvez Jonathan (Kevin Costner) e Martha Kent (Diane Lane) que são basicamente o mesmo casal cuidadoso e fofo de todas as mídias nos quais já foram retratados, todos os demais personagens apresentam, senão personalidades radicalmente diferentes dos originais, ao menos nuances de alterações físicas (como o Perry “Black” White de Laurence Fishburne).



A Lois Lane da lindamaravilhosacoisamaisformosadegata Amy Adams é de longe a melhor Lois Lane já transportada para o cinema, e não só porque ela é linda, mas porque sua personagem se mostra muito mais inteligente e corajosa que suas outras encarnações. Um par de óculos jamais enganaria esta Lois Lane, e apesar da repórter investigativa do Planeta Diário não ser um ponto principal no filme, ela é de extrema importância para o Superman em si, e a forma como ele encara a própria maldição/dádiva de seus poderes.


Como a própria origem do Homem de Aço nas HQs é hoje uma colcha de retalhos, dá pra se perceber alguns fragmentos de várias histórias do personagem ao longo do filme, e referências a elas é o que não faltam. Duas histórias parecem ter servido de base principal, “O Legado das Estrelas” de Mark Waid e a origem do Superman escrita por Grant Morrison para a Era pós-reboot. O resto é uma pitada de lá e de cá de vários temperos que formam o caldinho que tornou-se Man of Steel, incluindo aí pálidas homenagens aos dois filmes de Richard Donner.


Como o General Zod nunca teve uma personalidade muito bem trabalhada todas as vezes que foi utilizado, seja nas HQs ou em outras mídias, pouco nos importamos com o que David Goyer “mudou” de seu conceito, uma vez que nada que fosse alterado seria minimamente perceptível (a menos que ele fosse um vilão afetado como todos os demais que Snyder dirigiu em seus filmes baseados em HQs). Já que é assim, vamos tocar logo na ferida: Quem é esse cara de armadura sem a cueca por cima da roupa?

O Superman clássico que conheço das HQs até o recente reboot da DC não aparece em Man of Steel. O filme mostra a história de um bebê kryptoniano que cai na Terra e que mais tarde encontra na Fortaleza da Solidão (que também não é bem a Fortaleza da Solidão) um traje azul e vermelho que passa a usar enquanto voa por aí, porém, esse cara não é o Superman.


Muito já foi questionado a respeito da decisão que o personagem título toma para deter o General Zod ao fim do filme (Snapt!), e essa decisão, por mais que faça sentido no roteiro do filme, por mais que faça jus ao que o vilão merecia naquele momento, não é uma decisão que o personagem que eu aprendi a gostar nas HQs tomaria. Seguindo o mesmo roteiro, o Superman poderia jogar Zod no vácuo do espaço ou mesmo jogá-lo no portal da Zona Fantasma antes que ele se fechasse, mas nas HQs ele jamais tomaria uma atitude como aquela.


Seja como for, a construção do personagem é muito bem feita em Man of Steel. Na infância e na adolescência ele aprende a importância de esconder seus dons fantásticos embora sinta dentro de si que precisa ajudar os mais necessitados (“grandes poderes...”), entende a preocupação que seu pai Jonathan tem em mantê-lo oculto do mundo (algo que também acontece na origem do personagem escrita por John Byrne) e cresce em peregrinação pelo mundo, vivendo como um reles mortal e aprendendo a conviver com eles. “Será que vale a pena tentar salvá-los?”, se questiona o jovem Clark Kent, e essa resposta ele só vai ter quando lá no alto dos seus 33 anos Jesus Cristo se sacrifica pela humanidade se entregando aos judeus ele se vê obrigado a intervir quando sobreviventes de seu planeta natal surgem na Terra, após uma longa procura, querendo a linhagem genética kryptoniana que (sem eles saberem de início) corre pelas veias do Homem de Aço.


Mesmo aos 33 anos, Kal-El ainda é um novato que mal sabe usar suas habilidades especiais (mesmo assim ele ainda é melhor que o Clark de Smallville que só descobriu como voar aos 40 anos!), e isso o faz cometer vários equívocos durante sua batalha épica contra Faora e os demais fugitivos da Zona Fantasma. Não dá pra ignorar o fato de que muitas pessoas devem ter morrido durante o combate entre Goku e Vegeta o Homem de Aço e Zod, e que isso poderia ser evitado se o herói fosse mais experiente, mas nem quero entrar nesse mérito, uma vez que cidades destruídas e prédios sendo esfacelados pela pancadaria entre mocinhos e bandidos é algo comum até nos quadrinhos. Nas animações da Warner/DC, por exemplo, Metrópolis só é reconstruída pra poder ser destruída no dia seguinte, e assim como nos desenhos, em Man of Steel a cidade parecia deserta enquanto o pau comia. Vai ver que nos extras do Blu-ray irão explicar que todos haviam sido teleportados pelo Sr. Destino antes da batalha. Sei lá!


Independente de ser ou não o Superman dos quadrinhos, é certo que o personagem idealizado por Goyer e Snyder para os cinemas é um novato cujo caráter ainda está sendo formado (mesmo aos 33 anos!!), e seus erros podem ser perdoados pela linha narrativa do roteiro, embora isso pareça mais uma desculpa esfarrapada para tornar o Homem de Aço mais palatável ao público médio que o enxergava como um bundão que não mata nem mosca.


Embora na maioria das vezes eu ache que Zack Snyder não passa de um Michael Bay um pouco mais evoluído, não posso ser hipócrita em dizer que ele construiu um filme ruim do Superman só porque não gostei o suficiente de sua visão para Watchmen. Man of Steel NÃO É um filme ruim. Visualmente, ele chega a ser impecável, possui um design espetacular especificamente para cenários alienígenas e para tecnologia, e soube recriar com competência as motivações do personagem título. Seja pela competência de Kevin Costner ou pela inteligência do texto escrito para ele, Jonathan Kent convence como um pai super protetor ao mesmo tempo em que ele ajuda a construir o caráter de Clark com seus conselhos, e quase fui às lágrimas com o desfecho da relação entre pai e filho lá pela metade do filme, o que nos é contado em flashbacks.


Outro ponto positivo do filme são as atuações. Praticamente todos os atores dão show de interpretação em cena, mesmo aqueles que aparecem pouco, e quase posso dizer que eles formam o time perfeito para representar os personagens do universo do Superman. Não há como não se convencer que a Lois Lane de Amy Adams é a maior repórter investigativa do mundo ao descobrir quem é o Superman em seu primeiro encontro (chupa Margot Kidder!) ou que Diane Lane é a melhor Martha Kent retratada até hoje ao consolar seu pequeno Clark quando seus poderes se manifestam pela primeira vez na escola. Até mesmo Michael Shannon convence em seu papel de vilão, e seu Zod, apesar de possuir uma razão justa para terraformar nosso planeta (foda-se! Vamos destruir a Terra em pouco tempo mesmo, manda ver, Zod!), me fez ter ódio dele ao vê-lo ameaçar acabar com toda a população da Terra. Se conseguimos odiar um personagem, é porque o ator que o interpreta é bom, e isso não dá pra negar!


Os suspiros pelo cinema a cada close em Henry Cavill (inclusive a meu lado!!) abafaram um pouco o som do IMAX durante a execução do filme, mas tirando o fato de que esse Superman é mesmo um cara bonitão, ele também é bom ator, e convenceu nas cenas dramáticas. Longe de ter o carisma de Christopher Reeve (O verdadeiro Superman), Cavill, no entanto conseguiu mandar bem quando lhe foi exigido, e fisicamente ele se assemelha muito ao que todos esperam do maior herói do planeta. Como já havia avaliado aqui no Review de Imortais, filme protagonizado pelo cara, Cavill se sai bem nas cenas de ação, e tem tudo para ser o Superman mais emblemático da nova geração, coisa que, aliás, estávamos precisando depois de terem contratado um boneco de cera para viver o personagem em 2006.


Mas como nem tudo são flores...

Vamos ao que me incomodou nessa bagaça.

Em primeiro lugar, a edição do filme é uma zona. Presente, passado, futuro, presente, passado... Nunca sabemos onde exatamente estamos, uma vez que o roteiro não se fixa em nenhum ponto quase durante o filme todo. Em geral, como aprendemos na cartilha de blockbusters de Hollywood, os flashbacks são usados com moderação até antes da metade do filme, e o passado de algum personagem nos é mostrado no início do mesmo. Em Man of Steel, todavia, isso acontece sem qualquer regra, como se numa tentativa desesperada de inovar (ou imitar Tarantino) Zack Snyder quisesse rasgar esse script hollywoodiano e fazer do seu “jeito moleque de ser”. Isso não chega a incomodar ao ponto de mandarmos o filme à merda mentalmente, mas age como uma coceirinha atrás da orelha.


O exagero pirotécnico (algo que também me incomodou muito em Homem de Ferro 3) é o segundo ponto que mais me deixou #xatiadu. Não sei se com a idade comecei a ficar menos tolerante a pancadaria desenfreada e chato para caralho para aturar mais de meia hora de destruições ininterruptas e um quebra-pau que não parecia ter fim, mas as cenas finais de combate entre Superman e os “visitantes” kryptonianos chegaram a me deixar cansado no cinema.


A meu ver, Zack Snyder passou um pouco dos limites nas cenas de luta, mas pelo visto essa medida de enfiar porradaria goela abaixo do espectador foi proposital, uma vez que as reclamações mais frequentes quanto a Superman Returns era que o filme dava sono. “Ah, é? O Superman de Bryan Synger não tinha ação? Então toma!”, deve ter pensado o Visionário. Não vi nenhum moleque falar mal das cenas massa véio do filme, então deve ser coisa de velho mesmo.


Acho que eu não teria reclamado se ao menos as cenas de luta tivessem sido melhor coreografadas ou melhor executadas. Uma das coisas que sempre critiquei ainda nas animações da DC (e olhe que adoro quase todas!) era justamente esse exagero. Cada episódio de Liga da Justiça, por exemplo, destruía uma cidade diferente, e pra mim, existem cenas melhores de luta a serem exploradas do que simplesmente ficar jogando o adversário feito peteca pelas paredes. Eu conseguiria roteirizar cenas muito melhores. Sorry!

Como disse antes, a meu ver, o Superman precisa inspirar aquele heroísmo clássico e típico de épocas mais inocentes, porém, durante o filme todo não há sequer uma cena que cause essa sensação de inspiração ou mesmo de heroísmo.

Mas Rodman, ele consegue deter aqueles tentáculos de filme pornô japonês num ato de bravura e...

Ah! Vai a merda! Aquilo é ato de bravura??



Em todo filme de herói que se preze, há pelo menos uma cena que serve como inspiração, aquela em que a trilha sonora aumenta e nos enche de adrenalina para torcer pelo personagem (como o Homem Aranha freando o trem em Spider Man 2!), e esse Superman não consegue fazer isso em nenhum momento. O fator emoção aparece no filme, mas não como simbologia de virada de roteiro ou mesmo de catarse. Embora o símbolo "S" em seu peito signifique esperança, o Superman de Man of Steel não inspira esperança em ninguém, e mais uma vez a linha narrativa colabora para acharmos que ele ainda não é o herói que conhecemos, mas que vai se tornar no futuro. 

Aham, sei! 

Nem preciso criticar aqui as aparições ao estilo Mestre Jedi de Jor-El abrindo portas e dando sugestões de ação mesmo depois de morto (e isso não é SPOILER!!) apenas para justificar o salário de Russel Crowe, né? Então tá.


Sou marvete de criação, embora a primeira HQ que li na vida tenha sido da DC (comentei aqui sobre o assunto), mas isso em nada nublou minha percepção acerca de Man of Steel. Eu queria realmente que esse filme fosse o melhor do ano, que chutasse bundas nas bilheterias e que batesse Homem de Ferro 3



Minha expectativa aumentou muito depois que vi o primeiro trailer, mas o desfecho do filme me decepcionou a tal ponto que minha nota diminuiu consideravelmente ao ver o Superman fazer o Zod parecer uma galinha indo pro abate, embora ela tenha voltado a se elevar ao ver o pequeno Clark no quintal da fazenda brincando de super-herói com a capinha nas costas... Segunda vez que fui às lágrimas durante o filme.


Man of Steel não é feito para os fãs que o personagem conquistou ao longo desses 70 e tantos anos de existência, e sim para a nova geração que solta pipa e joga bola. Os conceitos antiquados de justiça e esperança estão tão mortos quanto os zumbis de The Walking Dead atualmente, e o que os novos fãs querem é um personagem que não se difere dos demais, mas que aja com colhões na hora de resolver o assunto com os vilões. Como sou velho, ainda sou do tempo em que o Superman me inspirava a ser o melhor que eu pudesse, e que representava o bem acima de tudo, a analogia perfeita de um alienígena com poderes divinos que vem à Terra e decide se apequenar, sendo humilde o suficiente para entender que tirar uma vida, por pior que ela fosse, o rebaixaria a ser tão cruel e vil quanto os inimigos que ele jurou combater. Pode parecer babaca, mas é meu pensamento quando imagino a palavra herói.



Até hoje, não vi representação melhor do que significa ser o Superman num mundo tão violento quanto na animação Superman X Elite que resenhei aqui. Por isso, fecho minha argumentação à minha nota a Man of Steel citando essa ótima história escrita por Joe Kelly.


Ps.: Amy Adams é a Lois Lane mais linda de todos os tempos, mas Teri Hatcher ainda mora no meu coração.

Ps.2: Henry Cavill pode ser lindo, tesão, bonito e gostosão... Mas ainda come a poeira de Christopher Reeve no quesito ícone.

Ps.3: Graças a Deus não vimos Lex Luthor nesse filme do Superman. Não aguentava mais ver esse desgraçado em todas as versões para mídia do Azulão!

Nota: 8

NAMASTE!

12 de julho de 2013

Arrow: A Primeira Temporada


Das três últimas séries cujas temporadas conclui recentemente, Arrow com certeza foi a mais divertida de se acompanhar, até porque está mais próxima de um assunto que tenho muito interesse, que é o mundo dos super-heróis

Comentei aqui sobre seus dois primeiros episódios e como recebi a série, e daquele episódio inicial até o 23º (maldita Warner e suas séries gigantes!) muita coisa se alterou em minha percepção, em especial, o carisma despertado pelos personagens. Sim. Eu me vi torcendo por Oliver (Stephen Amell), Laurel (Katie Cassidy), Diggle (David Ramsey), Felicity (Emily Bett Rickards) e Thea (Willa Holland) nos desafios que lhes eram impostos pela narrativa durante a série, e de uma forma muito inédita, eu pouco estava ligando se a história estava respeitando ou não o que era considerado cânone das histórias em quadrinhos do personagem Arqueiro Verde



O mais engraçado, é que essa falta de fidelidade era o que mais me incomodava em Smallville (“Somebody saaaaaaaaaave me!”), o que me fez abandonar a série do Clark Kent adolescente de quarenta anos bem cedo, lá por volta da segunda temporada.


Arrow não chega a ser uma super-produção da TV americana, mas consegue prender a atenção com tramas simples de espionagem, cenas de ação muito bem executadas (sim, a porradaria come solta) e até mesmo (pasmem!) com o triangulo amoroso entre Oliver, Laurel e Tommy (Colin Donnel), todos eles amigos de infância. Como numa novela, não há como não torcer para que o casal Oliver e Laurel se acerte de uma vez (pra quem não se ligou ainda, Laurel é o nome “civil” da Canário Negro das HQs), mesmo depois que o cara a traiu com a própria cunhada e ainda causou indiretamente sua morte no mesmo naufrágio que acabou o levando a ficar preso em uma ilha durante cinco anos. E não. Não estou falando de LOST dessa vez!


Depois que Oliver volta para o “mundo real” após os anos na ilha, ele traz consigo um caderno onde seu pai, morto durante o naufrágio, marcou o nome de diversos homens ricos e poderosos de Starling City que "desapontaram a cidade". Vendo que limpar a cidade da presença maligna daqueles homens é sua real missão de vida, e tendo recebido o treinamento necessário para isso durante sua permanência na ilha (história que nos é contada em flashbacks a cada episódio), o herdeiro da família Queen decide assumir uma identidade secreta, e sai pelas noites de Starling usando um capuz, um arco tecnológico e uma aljava cheia de flechas para punir aqueles que indiretamente causaram a morte de seu progenitor. 



Suas aparições públicas e o rastro de corpos que ele começa a deixar para trás, logo fazem com que a Polícia comece a persegui-lo, em especial o Detetive Quentin Lance (Paul Blackthorne), pai de Laurel e de Sara, que morreu ao viajar de barco com Oliver Queen e seu pai. Atormentado pela morte da filha, Quentin que já nutre uma antipatia pelo bilionário Oliver, por culpá-lo pelo que acontecera a Sara, nem imagina, no entanto, que ele e o Capuz são na verdade a mesma pessoa.


Os 23 episódios de Arrow giram em torno da obsessão de Oliver em riscar todos os nomes da lista deixada por seu pai, mas ao mesmo tempo em que ele caça um a um os homens que arruinaram o velho Queen, o jovem “Vigilante” (como é conhecido o Arqueiro na série) descobre que há algo muito mais podre do que lhe foi dito para ser usado como força motriz de sua vingança, o que inclui uma misteriosa relação entre sua mãe Moira (Suzanna Thompson) e Malcolm Merlyn (John Barrowman), o pai de seu amigo Tommy, e um dos sócios dos negócios de Robert Queen, antes de sua morte. Quanto mais investiga a relação de todos os nomes da lista com o trabalho do pai, mais Oliver vai chafurdando em uma história intrincada que nem mesmo ele consegue prever onde vai acabar, o que culmina em pelo menos três episódios finais da série cheios de adrenalina.


Mais do que a história de espionagem, traição e ação, vale mencionar as pequenas aparições de personagens das HQs ligados ao Arqueiro Verde em Arrow



Já deram as caras nos episódios o Slade Wilson (Manu Bennett) que numa explicação esfarrapadíssima deixou de usar a máscara preta e laranja do Exterminador (Deathstroke) e se tornou o treinador de Oliver na ilha perdida, a líder da Tríade China White (interpretada pela delícia da Kelly Hu, a Lady Letal de X-Men 2), o Pistoleiro (Michael Rowe) que na série causa a morte do irmão de Diggle, o segurança (e sidekick!) de Oliver Queen e até o vilão mais bosta do Batman, o “terrível” Vagalume, que na série é apresentado apenas por sua identidade civil Garfield Lynns, um ex-bombeiro que começa a assassinar todos os envolvidos no acidente que o deformou seriamente. 



Claro que na série ele não usa aquele traje ridículo de Vagalume incendiário, e sua roupagem mais séria envolvida num excelente clima de terror o torna muito mais interessante. Aliás, essa é uma característica única da série, que leva conceitos às vezes banais e superficiais dos quadrinhos para algo mais crível na série, quase como aquilo que o Christopher Nolan conseguiu fazer nos dois primeiros filmes do Homem Morcego para o cinema.


Essa pegada mais realista do Arqueiro Verde para a TV me cativou muito, e estou curioso para saber o que vem por aí na segunda temporada, uma vez que a primeira encerrou muito bem o arco principal (com o fim de dois importantes personagens) e abriu um leque muito interessante de possibilidades para o mundo de Oliver Queen.


Espero que a série não caia na galhofada que foi Smallville, onde todo episódio aparecia um membro diferente da Liga da Justiça ou um supervilão que Clark só enfrentaria em sua vida adulta, apenas para encher linguiça. Os roteiros têm seguido uma coerência muito boa com esse pé fincado na realidade, e não vejo como os produtores e diretores possam enfiar personagens fantásticos demais no enredo, o que acabaria com o sentido que a série busca seguir, mostrando um herói mais urbano e falível. Claro que as participações da Caçadora (na série Helena Bertinelli interpretada pela lindíssima Jessica De Gouw) e do próprio Roy Harper (o “Ricardito” das HQs vivido por Colton Haynes) anima os fãs da velha guarda (como eu!) a continuarem assistindo a série em busca de mais referências aos quadrinhos, mas espero que os produtores não se empolguem demais e não nos metam mais 9 temporadas forçadíssimas goela abaixo apenas para faturar um cascalho a mais. 

Arrow tem potencial, e se não é nenhuma maravilha entre as séries modernas, entretém e diverte bastante, além de ter um elenco feminino nota 10!!


Ê, lá em casa!

Nota 8 (pra série) até aqui.

NAMASTE!

8 de julho de 2013

A Terceira Temporada de The Walking Dead


Enquanto o Blog do Rodman ficou jogado as traças devido minha quase que completa falta de tempo para publicar posts, acabei concluindo três temporadas de algumas séries que comentei aqui em outras publicações. Já que o trabalho acabou se acumulando sobre minha mesa, bora fazer um review sobre o final da temporada de The Walking Dead!

Sigam-me os bons!

Como comentei em um post especial sobre os primeiros episódios da Terceira Temporada de The Walking Dead, a série começou a todo vapor, colocando Rick Grimes (Andrew Lincoln) e seu bando em um frenesi incansável para manter sua integridade física inalterada.


Lutando contra os incansáveis, porém já recorrentes zumbis, e tendo que encontrar seu espaço em uma cidade dominada por um obsessivo Governador (David Morrissey), os sobreviventes do Dia Z agora são obrigados a estreitar suas relações para confrontar esse louco e sanguinário inimigo comum, tendo que passar por cima às vezes de ideais que num mundo infestado por criaturas mortíferas começam a se tornar obsoletos. É matar ou morrer!


A segunda metade do seriado começou um pouco mais lenta que sua primeira parte, e isso fez com que os episódios voltassem a se tornar arrastados a partir do 10º. Claro que, na sede de saber o que afinal aconteceria a Merle (Michael Rooker) e Daryl (Norman Reedus), e as consequências do ataque de Rick a Woodbury, a tensão continuou grande ao assistir os episódios, e isso acabou engrandecendo a série, que à medida que ia se afastando de sua origem (as HQs) ia ficando cada vez mais intrincada, e aberta para ambos os públicos, o da TV e o das páginas das HQs.


Enquanto alguns personagens iam ficando pelo caminho, alguns mortos, outros “apenas” dilacerados e devorados, a história continuou se desenrolando ao redor da guerra particular de Rick contra o Governador. Enquanto um buscava manter seu grupo a salvo dentro da Prisão, o outro procurava eliminar as prováveis ameaças representadas pelos novos personagens, não poupando, para isso, poderio bélico.


A sequência em que o Governador e seu grupo paramilitar se aproximam da Prisão “na moita” e emprega um ataque mortal aos seus moradores é de uma crueldade sem precedentes, e mostra o quão psicótico é o líder de Woodbury. Em posse de armas de fogo poderosas conseguidas após a passagem de militares pela pequena cidade, Phillip Blake mostra que não quer deixar sobreviventes, embora mais tarde ele aceite uma trégua com Rick em troca da vida de Michonne (Danai Gurira), que arrancou um de seus olhos em sua tentativa de fuga de Woodbury. Vendo a tremenda cilada em que está se metendo, após considerar a proposta do psicótico, Rick decide combater fogo contra fogo após receber o aval do espírito de Lori (Sarah Wayne Callies), e atrai o Governador para uma armadilha dentro dos corredores da Prisão.


Após tantas perdas, Rick, Carl (Chandler Riggs), a pequena Judith e o restante do bando conseguem se manter vivos, enquanto um afugentado Governador desaparece com dois de seus mais fieis escudeiros após perder o controle de Woodbury.


O clímax da série acontece mesmo no episódio 15 no embate final entre Merle e o Governador, porque o episódio 16 é uma tremenda enrolação para quem acompanhou a série toda com tanto interesse. Não dá pra dizer que os 16 episódios não trouxeram nada de interessante (essa com certeza é a melhor temporada das três) com relação ao que já foi mostrado nas HQs, mas o final foi pra lá de broxante para toda a expectativa que ela criou.
Sem o Governador, que a meu ver é de longe o personagem mais interessante já criado por Robert Kirkman para a história, a série dificilmente vai encontrar um vilão tão cruel e maléfico quanto ele na quarta temporada, o que nos faz esperar pouco daqui pra frente de The Walking Dead.


Pra quem quer se aprofundar na história desse personagem que eu adorei odiar, recomendo o livro escrito a quatro mãos por Kirkman e Jay Bonansinga “A ascensão do Governador” que mostra todo o passado de privações e loucuras vividas por Phillip, a pequena Penny (vista como um zumbizinho na série e “morta” por Michonne) e seu irmão. Os dois autores se aprofundam na história dos personagens, e mostram detalhes nunca antes visto (nem nas HQs) da família Blake, sob uma ótica totalmente pessoal dos fatos.



Nota 9 para o livro e 7 pra série com seu final anticlimático. 

NAMASTE!

20 de junho de 2013

Faroeste Caboclo - O Review



“Não tinha medo o tal João de Santo Cristo era o que todos diziam...”.

Dirigido pelo estreante René Sampaio e escrito por Paulo Lins (autor do livro Cidade de Deus que inspirou o filme), o longa-metragem Faroeste Caboclo chegou aos cinemas depois de um grande período de espera desde que foi anunciado, e arrebatou um público surpreendente (em torno de 1,3 Milhões de espectadores) logo no primeiro mês da estreia.

Baseado na música homônima de Renato Russo (líder da Legião Urbana falecido em 1996) o filme conta a história de João (Fabrício Boliveira), um rapaz negro, pobre e nordestino que decide mudar sua própria sorte indo de Santo Cristo para Brasília, a capital de seu país. Cansado de sua vida dura e sofrida, João passa por diversas provações enquanto procura seu lugar ao sol próximo do Planalto Central, local bastante retratado nas canções de Renato Russo à frente da Legião. 

"Ele ficou bestificado com a cidade"

Os fãs fervorosos de Renato e da Legião Urbana talvez se decepcionem com a montagem adaptativa que René Sampaio procurou fazer para a música, que muitos apontavam como um roteiro pronto de cinema devido sua qualidade descritiva, e já em seus primeiro minutos, a narrativa visual do longa deixa bem clara as intenções do diretor em transformar Faroeste Caboclo (o filme) em algo além do que um simples videoclipe da música.




O elenco do filme é integrado por bons nomes como o ator baiano Fabrício Boliveira, a atriz Isis Valverde, Marcos Paulo (ator falecido no final de 2012 que interpreta o Senador pai de Maria Lúcia) e Antônio Caloni, o diretor até consegue conduzir boas cenas de drama e de ação utilizando o talento do elenco, porém o filme carece de um ritmo definido, o que faz com que alguns momentos-chaves sejam quebrados o tempo todo por flashbacks inesperados e cortes secos em cenas mais movimentadas.

"Quando criança só pensava em ser bandido..."

A montagem de Sampaio tem um quê de cinema americano, em alguns momentos somos transportados para o clima de velho-oeste (com boa trilha incidental), em outros somos surpreendidos por angulações de câmeras em locais inesperados (como dentro de um balde d’água vindo de um poço artesiano), mas na maioria das vezes ele torna as cenas um tanto quanto monótonas, com uma película envelhecida que dá ao filme aquele clima tão característico de desolação nordestina, do qual já estamos meio fartos de assistir desde a infância. Afinal, o que é que o cinema brasileiro produzia antigamente além de filmes sobre o Nordeste brasileiro?

Mas, Rodman... O João é nordestino! Como você queria que fosse a retratação do Nordeste no filme?

O problema nem é com a retratação do Nordeste, e sim com o tipo de montagem que o diretor escolheu, fazendo com que o filme não possuísse características próprias.

"Era o terror da cercania onde morava..."

A falta de trilha sonora na maioria das cenas incomoda. Ouvimos acordes de Faroeste Caboclo no início do filme, algumas músicas que remetem a filmes de velho-oeste (por vezes cortadas secamente ao estilo Tarantino) e há também o bom Rock N’ Roll brasileiro (músicas da Plebe Rude e do próprio Aborto Elétrico, antiga banda de Renato Russo), mas na maioria das cenas só o que escutamos é o silêncio. Até mesmo nas mais tensas demonstrações dramáticas.  

"Coração dele pra ela o Santo Cristo prometeu..."

O texto de Paulo Lins constrói uma narrativa objetiva e de fácil digestão, porém muda (como toda boa adaptação) pontos principais da música da qual se baseia, o que faz com que tenhamos surpresas na linha de roteiro com a qual já estávamos acostumados desde que decoramos a letra de nove minutos para cantar nas rodas de violão da hora de intervalo da escola. Não, João de Santo Cristo não sobrevive nessa versão, se é o que você está pensando, jovem padawan, mas existem sim muitas alterações na história

"Maria Lúcia era uma menina linda..."

Seja por redução de custos (o filme tem apenas 1h40 e iniciou com um orçamento de 6 Milhões) ou por questões de alteração de mídia (da música pro cinema) algumas soluções encontradas foram interessantes, como a razão da traição de Maria Lúcia (Isis Valverde), o desenvolvimento da personalidade do primo Pablo (César Troncoso) ou a criação dos coadjuvantes que cercam os personagens que aparecem na letra da música (como o “padrinho” do Jeremias vivido por Antonio Caloni). Outras, no entanto, enfraqueceram a história original e não apresentaram inovações, como a mudança de cenário para o duelo entre João e Jeremias (Felipe Abib). Cadê as bandeirinhas, o povo a aplaudir, o sorveteiro, as câmeras e a gente da TV que filmavam tudo ali?

Achei desnecessária essa alteração.

"Jeremias maconheiro sem vergonha organizou a Roconha e fez todo mundo dançar..."

Por falar no duelo final, o que me levou a dar a nota que darei ao filme ao fim do post foi justamente o clímax dessa cena. Eu encarei todas as alterações de roteiro ao material original como “licença poética”, aceitei as cenas corta-tesão, ignorei o fato do filme ter um ritmo meio cansativo e aceitei até a falta de trilha-sonora impactante... Mas não consegui engolir a sequência final, onde (sem nenhum Spoiler) Jeremias mata João, que mata Jeremias que mata Maria Lúcia.

"Maria Lúcia pra sempre vou te amar..."

Esse trecho da música, a elevação do som, dos acordes mais agressivos marcam a mudança de clima da trajetória de vida do personagem principal. João perdeu tudo que mais amava para seu pior inimigo, ele não está satisfeito e chama o traficante para um duelo em plena Brasília. Ceilândia. Lote 14. 

Essa parte da história dá praticamente o título da música. É o que esperamos ver desde o começo do filme (que numa bela montagem, mostra o desfecho logo no primeiro minuto da reprodução), e aí René Sampaio numa falta de colhões épica tira todo o impacto da cena para que ela fique mais “romântica”?

"... e um filho com você eu quero ter."

Cadê todo aquele “ódio por dentro”? Cadê a frase “Olha pra cá filho da puta sem vergonha Dá uma olhada no meu sangue E vem sentir o meu perdão” que funcionaria como um tremendo bordão para desfecho de cena? Cadê o sangue no “zóio” do Santo Cristo por tudo que Jeremias lhe fez ao longo da história?

Achei o final bem apagado para a minha expectativa, e em minha opinião não fez jus ao desfecho grandioso da obra de Renato Russo. A meu ver, faltou colhões para fazer de Faroeste Caboclo um filme muito mais corajoso do que o que acabou saindo. No final, percebemos que a história tinha grande potencial, mas acabou se rendendo ao clichê, não permitindo um desenvolvimento melhor e mais aprofundado.


"Só pra sentir no seu sangue o ódio que Jesus lhe deu..."

Faroeste Caboclo não é nem de longe um filme juvenil como muitos que são lançados no Brasil todos os anos, ele possui cenas fortes de violência, mostra sexo de maneira quase explícita (e sim! Tem peitinhos de Isis Valverde!) e tira ótimas atuações de seus atores, porém, deixa a desejar em vários aspectos, o que o permite figurar apenas na média de bons filmes fracos que o país verde e amarelo produz.

"Mas Pablo trouxe uma Winchester .22"

Não li nenhum crítica ao filme, favorável ou não, portanto não faço ideia como ele foi recebido aí fora. Como grande fã da música da Legião Urbana o filme não me agradou muito, e como apreciador de cinema, apenas o deixei na categoria de filmes bons, mas nem um pouco memoráveis.

NOTA: 7 


PS.: Nada contra a atuação de Fabrício Boliveira, mas eu torceria muito mais para o João de Santo Cristo se ele fosse vivido pelo Seu Jorge. Aí sim teríamos um Santo Cristo foda, a nível Django do Tarantino!

NAMASTE!

14 de junho de 2013

Velozes e Furiosos 6: Entrando com os dois pés no seu peito.


Devo admitir que até o quarto filme da série, eu nunca tinha sido um grande entusiasta da franquia Velozes e Furiosos. Tinha gostado do primeiro, mal tinha visto o segundo e nunca tinha parado pra ver o terceiro, mas algo me pegou a partir de Velozes e Furiosos 4, e de lá para cá me tornei um fã da série, o que me fez ir ao cinema pela primeira vez para conferir um filme narrando as aventuras de Dom Toretto, Brian O’Conner e seus amigos.

Dirigido mais uma vez pelo taiwanês Justin Lin e escrito por Chris Morgan, Velozes e Furiosos 6 é com segurança um dos melhores filmes da franquia, e entra com os dois pés no peito no quesito ação e adrenalina, jogando de vez a série num universo mais policial e menos no de rachas e carros tunados, o que foi a sua principal marca no início dos anos 2000. Juntos desde Desafio em Toquio, Lin e Morgan já haviam provado que sabiam escrever e filmar cenas de ação alucinantes com os filmes anteriores, mas os dois decidiram estourar todos os limites com o sexto filme, nos fazendo pular da poltrona do cinema até mesmo em sequências inacreditáveis, daquelas dignas dos filmes do 007 de Pierce Brosnan. Não foi raro ouvir a galera soltando aquele clássico bordão “puta, que mentira!” durante a exibição, mas o ritmo do filme é tão bem cadenciado entre cenas de perseguição de tirar o fôlego e ação mirabolante que ninguém se importa quando uma marmelada ou outra nos faz acionar nosso "desconfiômetro" quanto à seriedade do filme.


É certo que os capítulos anteriores da série procuravam se levar mais a sério, e que pautavam mais suas histórias no que realmente atraia o público na época, que eram rachas com carros tunados, algumas gostosas desfilando enquanto os garotões se exibiam com seus motores potentes e algumas cenas de ação, mas desde o quarto filme a pegada tem sido mais bem elaborada, e o próprio Justin Lin admitiu em entrevista que sua ideia era mesmo fechar a história em uma trilogia (no caso o quarto, quinto e o sexto), e que o que vemos no cinema com a estreia de Velozes 6 é mesmo o amarrar das pontas que se soltaram de lá pra cá. 


Realmente há muitas citações aos demais filmes, e dessa vez nada fica em aberto, nem mesmo a principal confusão que causava na cabeça da galera o fato do 3º filme se passar na verdade depois dos demais, cronologicamente falando. Até a abertura do filme, enquanto rola a apresentação do elenco, mostra as principais cenas que aconteceram nos demais filmes, como que reavivando a memória do público quanto ao que eles devem se preocupar na sexta parte. Embora não seja o último filme, devido a cena final que mostra que o bicho vai continuar pegando, tudo parece direcionar para isso, amarrando muito bem a história e dando um fim plausível a todos os personagens.


Mas chega de falar de roteiro. Vamos falar de coisa boa.

Pancadaria e velocidade.

Justin Lin é um excelente diretor de ação, e com o sexto filme o cara se firmou, em minha opinião, de vez no universo cinematográfico dirigindo cenas espetaculares de perseguição que realmente marcam o espectador. Estou cansado de sair do cinema e esquecer o filme que assisti uns trinta minutos depois, mas as sequências de ação de Velozes e furiosos 6 conseguiram me fazer relembrar por mais tempo o que tinha visto, e isso graças ao toque genial desse diretor taiwanês de 40 anos.


Pra começar, a maioria dos atores manda muito bem em cenas de ação, e além da dupla principal Vin Diesel e Paul Walker, todo o restante consegue se destacar em sequências exclusivas de tiroteio e pancadaria, até mesmo a dupla de alívio cômico formada por Roman Pearce (Tyrese Gibson) e Tej (Ludacris) têm seus momentos, dando tiros e socos, além de fazerem o que sabem melhor: Fazer o público rir. Nesse quesito aliás, o personagem de Tyrese é mestre, e praticamente todas suas aparições vêm com alguma sacada engraçada, até mesmo quando ele faz dupla com Han (o coreano Sung Kang). O que dizer da cena de luta entre os dois e o capanga oriental do vilão Shaw (Luke Evan) em plena estação do Metrô londrino? Foi um dos momentos mais hilários do filme.

Han (Sung Kang) e Pearce (Tyrese Gibson)

O bacana é que mesmo em meio a todo esse excesso de testosterona, sobra tempo para Lin construir seus personagens, e fixar bem a personalidade de cada um deles. Mesmo os que têm menos destaque recebem um background interessante, e todos eles possuem características próprias como o fato de Han estar sempre comendo algum salgadinho (por ter sido um fumante inveterado, como foi dito no quinto filme), o de Gisele (Gal Gadot) ser uma perita em armas ou o de Tej ser um especialista em informática. Cada um deles tem vida própria e personalidade definida, o que faz com que nos importemos com eles também, além da dupla Toretto e O'Conner. O personagem de Paul Walker, aliás, agora tem uma razão mais forte para se afastar daquela vida de perigos que é Jack, o filhinho dele com Mia (Jordan Brewster), e até mesmo o relacionamento do casal, que teve início no primeiro filme, apresenta uma evolução. Nada é gratuito em Velozes e Furiosos 6, e isso faz com que o filme seja bem mais do que simplesmente um blockbuster. 


O agente da DSS (Serviço de Segurança Diplomática) Hobbs (Dwayne “The Rock” Johnson) está de volta na sexta parte da série, e no encalço de um perigoso artefato que corre o risco de cair em mãos erradas, ele acaba pedindo a ajuda de Toretto (Vin Diesel) e sua equipe, para encontrar o chefão do crime que anda aterrorizando a Europa e ainda no percurso salvar a vida de Letty (Michelle Rodriguez), dada como morta no 4º filme. Sem memória após o “acidente” que quase a matou, Letty agora age ao lado de Owen Shaw ajudando-o com seus assaltos e fugas espetaculares pelas ruas de países europeus, sem saber que seus amigos estão bem perto dela. Quando descobre que sua ex-namorada está viva, Toretto reúne novamente sua equipe e parte para ajudar Hobbs e sua nova agente Riley, vivida pela lutadora de MMA Gina Carano.  


O plot do filme é muito parecido com o de Mercenários 2, “temos que impedir um vilão de colocar as mãos em um artefato poderoso nem que pra isso tenhamos que destruir metade do mundo”, mas a execução é infinitamente melhor do que a que Simon West optou por fazer no filme dos mercenários dispensáveis do Stallone. Pra começar, as cenas de perseguição são excelentes, salvo alguns exageros como personagens saltando de viadutos sobre carros sem sofrer nenhum arranhão, porém o que mais me empolgou no filme foi a pancadaria
Com dois peritos da boa e velha arte de enfiar a mão na cara do adversário presentes no elenco, que são The Rock e Gina Carano, as cenas de lutas vão muito além das expectativas.  O cinema moderno tem carecido de lutas impactantes no desenrolar de uma boa trama, mas Velozes e Furiosos conseguiu trazer essa arte de volta, e dá pra destacar pelo menos uns três excelentes arranco-rabos do filme.

Michelle "Sou mais macho que você" Rodriguez

Eu não sei o quanto Michelle Rodriguez precisou enfrentar Gina Carano de verdade nas filmagens e o quanto ela usou sua dublê (na verdade dá pra perceber em alguns momentos), mas o que a moça deve ter apanhado na vida real não deve ter sido brincadeira! As duas beldades se engalfinham duas vezes no filme em longas sequências de pancadaria, e desde os tempos de Cynthia Rothrock (a musa da porradaria dos anos 90) eu não via uma troca de socos e pontapés entre mulheres tão empolgante na tela. Gina Carano vai com tanta sede de quebrar Michelle que realmente chega a dar pena em alguns momentos, sem falar no medo da lutadora arrebentar a atriz de verdade em cena. Claro que com a ajuda da magia do cinema, Michelle (que como já pudemos testemunhar várias vezes é muito mais macho que muito macho por aí!) consegue lutar de igual pra igual com a moça porradeira, mas é de encher os olhos as lutas das duas.

Gina Carano: A Porradeira.

Destaque para a luta final entre Toretto e o gigante guarda-costas de Shaw com a participação de Hobbs e depois o acerto de contas entre Toretto e Shaw, cujo intérprete Luke Evans, aliás, mandou muito bem, tanto em sua atuação dramática quanto nas lutas. As cenas são tão bem coreografas que me senti dentro de um ringue de MMA, (sem aquele agarra-agarra frescurento) e vibrei com cada porrada, cabeçada e chute que rolava. Só faltou cadeirada nas costas, mas de resto rolou de tudo.

Luke Evans é Owen Shaw

Tudo que senti falta em Mercenários 2, Velozes e Furiosos 6 me entregou, e saí do cinema com aquela vontade de sair fazendo racha na rua e de dar voadora nos outros muito satisfeito, apesar de ter ido assistir o filme sem grandes expectativas, além do que já sabia que a série era capaz de entregar. Pra quem gosta de filme de ação recheado de cenas ultra-exageradas, perseguições bem executadas e pancadaria dentro de um roteiro que não chega a te insultar (exceto pelo fato de um agente especial pedir ajuda para um criminoso e ir contra tudo que acredita o tempo todo inclusive ficando contra superiores), Velozes 6 é uma ótima pedida para um Sábado a noite. A diversão é garantida.


Depois do que Justin Lin fez com a série, dando-lhe uma pegada de filmes de assalto e transformando a equipe de Toretto numa espécie de Força-tarefa mercenária em vez de fugitivos sem eira nem beira, vai ficar difícil para Stallone e os Mercenários 3 empolgarem seus fãs tanto assim no cinema. Se bem que a influência de um para o roteiro do outro ficou bem clara nesse sentido.

NOTA: 9. E só não é 10 porque até pro Massa Véio tem limite!


 

NAMASTE!

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