No final de minha resenha sobre os nove primeiros episódios da mid-season, eu escrevi que Arrow continuava sendo minha série de ação da atualidade preferida. Com o fim da terceira temporada, no entanto, cheguei a conclusão que essa afirmação não faz mais sentido, até porque das três, essa foi a pior temporada de todas!
Nos primeiros episódios, comentei que a falta de um vilão do
gabarito de Slade Wilson (Manu Bennett), que se tornou de fato o Deathstroke na segunda
temporada, estava sendo um problema para Arrow, e isso se perpetuou por quase
todos os episódios da série. Slade dava um sentido de urgência a Oliver Queen (Stephen Amell),
o cara não só sabia sua identidade secreta como também nutria um ódio
(infundado, de fato!) irrepreensível por ele, o que só aumentava o drama, já
que Slade era humanamente mais forte que Ollie, devido a presença do soro
mirakuru em sua corrente sanguínea. Com Slade trancafiado na “prisão de
segurança máxima” (do qual Slade poderia ter saído A HORA QUE QUISESSE!) da ARGUS (a agência de segurança da Amanda Waller), Oliver
pode, enfim, voltar a sua vida de vigilante, sem precisar se preocupar que sua
família fosse atingida novamente.
Então um problema se criou para os produtores da série
(incrivelmente os mesmos de The Flash):
Que vilão poderíamos inserir na série que fosse tão ameaçador
quanto Slade Wilson?
Nas HQs, Ra’s Al Ghul é um dos vilões mais picas que o
Batman já encarou. Além de poder encarar o morcego no mano a mano, ele possui
um poder financeiro tão invejável quanto o de Bruce Wayne e ainda possui
asseclas mortais, que atendem pelo singelo pseudônimo de mariposa apaixonada de
Guadalupe Liga dos Assassinos. Na série do Batman Verde, no entanto, essa
fodacidade toda se diluiu, e Ra’s se tornou apenas um vilão raso com um sonho
de tornar Queen em seu sucessor no trono de Nanda Parbat. E isso tudo por que?
Porque Queen sobreviveu ao toque mortal de sua espada!
Ah, Rodman! Isso também acontece nas HQs. O Ra’s quer que o
Bátema assuma seu lugar no comando da Liga dos Assassinos. O que tem demais?
O que tem demais, jovem padawan, é que após ser humilhado em
combate pelo Ra’s, ser trespassado por sua espada e arremessado de um
desfiladeiro, o filho da puta sobreviveu graças a penicilina. PENICILINA!
Ao fim da mid-season, todos já sabiam que Oliver retornaria
dos mortos, óbvio, senão a série teria que acabar, mas esperávamos que
arrumassem uma desculpa mais plausível para seu retorno, que segundo a própria
mitologia da série, seria um banho rápido no Poço de Lázaro, que SIM, aparece e
é citado nos episódios. Em vez disso, eles arrumaram a desculpa bunda de que a
Tatsu Yamashiro (Rila Fukushima) tratou seus ferimentos com penicilina. PENICILINA, PORRA! Se
fosse no Brasil, ele tomaria uma Dipirona receitada por um médico cubano do SUS e estaria novinho em folha!
Em primeiro lugar, se a espada não tivesse arrebentado algum
órgão importante de Oliver, a queda em si o teria matado ou pelo menos quebrado
algo. Ele não só não quebrou nada, como mal se recuperou, já estava lutando de
novo como se nem tivesse ACABADO DE MORRER! Aliás, enquanto Oliver “permanece
morto”, embora seus amigos em Starling sintam sua falta e comentem isso, para o
espectador é só uma questão de tempo até que ele retorne a bater na bandidagem,
já que eles não fazem mistério que alguém o salvou e que logo ele retorna.
É dito que ele ficou fora por semanas, e enquanto isso a “Arrowsquad” formada por Ricardito (Colton Haynes), Canário “Magrela” Negro (Katie Cassidy), John Diggle (David Ramsey) e Felicity (Emily Bett-Rickards) tenta manter a ordem na cidade, que está sendo aterrorizada pelo novo chefão do crime Brick (Vinnie Jones).
Enquanto Oliver se recupera (o que não demora mais do que
dois episódios), Laurel Lance decide assumir de vez o manto da irmã falecida, e
após treinar com o boxeador Ted Grant (J.R. Ramirez) ela descobre nas ruas que
força de vontade não é tudo que ela precisa para cair na porrada com os
malandros da cidade, e apanha feito china de bugre! Aliás, é tudo que essa
Canário sabe fazer! Apanhar!
Resolvido o morre “desmorre” do Arrow, (que já começou a
afundar a série), vemos que a sombra de Ra’s Al Ghul continua a pairar sobre as
cabeças de todos os envolvidos com o combate de honra proposto por Oliver a Ra’s
com o intuito de salvar sua irmã Thea (Willa Holland), a verdadeira responsável pela morte de
Sara Lance (Caity Lotz), e a Malcolm Merlyn (John Barrowman) fica claro que seu antigo
mestre não vai desistir tão fácil da dívida pela morte de Sara, a amada de sua
filha Nyssa (Katrina Law). Através de seu discípulo Al Sarab, o Maseo Yamashiro (Karl Yune) que decidiu
mudar de vida após a morte de seu filho com Tatsu, Ra’s Al Ghul propõe uma
conversa com Oliver, e nela, ele revela que quer que o defensor de Starling
City seja seu sucessor. À princípio, Oliver se sente tentado, em especial
quando o Cabeça do Demônio lhe diz que com o poder da Liga dos Assassinos ele
poderia expandir suas ações para defender a cidade e mantê-la em paz
definitivamente, mas por fim, ele decide recusar, sem saber, que na verdade,
ele não tinha escolha.
Como resultado à recusa de sua proposta, numa ação de
vingancinha, Ra’s começa a denegrir a imagem do Arqueiro Verde, colocando
sósias dele para matar geral na vizinhança de Starling. Quando a polícia,
incluindo o Detetive (agora Capitão) Lance (Paul Blackthorne) se volta contra o
Arrow, Ra’s dá o golpe final, e revela a identidade secreta do vigilante para
toda a mídia. Nesse meio tempo, o Capitão Lance, que já tinha descoberto que sua
filha Sara estava morta, e que a mulher de preto que andava sentando o braço na
bandidagem atualmente era sua outra filha Laurel, tornou a perseguição a Oliver
Queen algo pessoal, levando-o inclusive à prisão e mais tarde a desmantelar o
esconderijo do herói.
Isso tudo também culminou em algumas situações constrangedoras na série, como Roy Harper assumindo ser o Arqueiro para livrar Oliver da prisão, e ao mesmo tempo se redimir de seu crime (quando ele matou um policial sob efeito do mirakuru), e sua posterior “morte” na prisão, forjada para tirar Roy da equação.
Isso tudo também culminou em algumas situações constrangedoras na série, como Roy Harper assumindo ser o Arqueiro para livrar Oliver da prisão, e ao mesmo tempo se redimir de seu crime (quando ele matou um policial sob efeito do mirakuru), e sua posterior “morte” na prisão, forjada para tirar Roy da equação.
À partir daí, morrer e voltar logo em seguida se tornou algo
comum em Arrow. Nesse ponto, algo bem fiel às histórias em quadrinhos, mas péssimo numa adaptação live-action!
Obrigado a se aliar a Malcolm Merlyn, Oliver viu a confiança
de seus amigos começar a enfraquecer, até o ponto em que ele percebeu que a
única forma daquilo tudo acabar era, enfim, assumir o manto de Ra’s Al Ghul. Decidido
a aceitar a proposta do Cabeça do Demônio, Oliver partiu em uma viagem sem
volta, onde após um treinamento intenso, ele se tornou Al-Sahim, o substituto de
Ra’s Al Ghul!
Falando assim, até parece algo foda, não é mesmo? Mas não
foi. A série que já estava virando um melodrama insuportável foi afundando cada
vez mais, em especial pelas cenas de lamentação entre Oliver e Felicity (que
era bonitinho no começo da série, mas que se tornou um saco) e também entre
Oliver e Diggle. Sem falar na mala da Laurel que buscava vingança pela morte de
Sara!
Decidido a passar para o lado negro da força, Oliver traiu a confiança de
Felicity, Diggle, Laurel e até mesmo do boneco de cera Ray Palmer (Brandon Routh), mas mal
sabiam eles que o vigilante tinha um plano, e esse plano consistia em se fingir
de mal, sequestrar a mulher do Diggle, sentar-lhe a porrada, voltar a matar
geral e fazer a galera de casa imaginar como é que toda essa merda seria
desfeita!
Estava algo no nível de “e se o Anakin Skywalker resolvesse
se arrepender de seus atos depois de matar as criancinhas jedis no templo e
arrancar a mão do Mace Windu?”. Seria tenso, não é mesmo? Na série, uma
conversinha básica com Diggle e um soco na cara acabou resolvendo a treta entre
eles causada pela falta de confiança, e depois disso, todos resolveram partir
juntos para tentar deter o plano malévolo que Ra’s queria colocar em prática de
espalhar a arma química Alfa-Ômega em Starling e dizimar sua população.
Lembra os flashbacks medonhos de Oliver e o casal Yamashiro
na China que tanto critiquei na outra resenha? Só serviram para introduzir esse
vírus Alfa-Ômega na série, além de mostrar uma irmã gêmea da Shado de forma completamente
inútil!
O episódio final que tinha tudo para ser épico, afinal,
mostraria a revanche de Oliver contra Ra’s Al Ghul foi patético, e acabou com
Ra’s sendo derrotado em combate por Oliver e a força policial metendo bala no Arqueiro após sua vitória. Pareceria um final claro de redenção do herói depois
que ele passou para o lado negro, não é mesmo? Mas para piorar, quando ele
despenca da ponte onde se deu a luta contra Ra’s, eis que a Felicity surge
voando dentro do traje ATOM, já que Ray Palmer se encontrava impossibilitado de
ajudá-lo por estar cuidado do antídoto para os infectados por Alfa-Ômega. Show de
horror, gente!
Mas e os tiros que ele levou, Rodman?
Relaxa. O traje da Liga dos Assassinos que ele usava era à
prova de bala!
Talvez eu tenha exigido demais de uma série para canal
aberto cujo meio de transmissão é conhecido por fazer séries água com açúcar
que forçam no drama, mas que costumam resolver essas situações dramáticas de
forma bem banal (Supernatural, Cof! Cof!), mas pelo potencial mostrado na
segunda temporada em especial, Arrow parecia que nos proporcionaria bem mais do
que o que nos foi oferecido nessa terceira temporada. A mulherada adora a
parada romântica, e mesmo entre os espectadores homens havia muita gente
torcendo pelo casal “Ollicity”, mas deram uma forçada monstruosa na barra nos
23 episódios para fazer com que eles terminassem juntos.
Mesmo as cenas de ação deixaram a desejar, e o vilão Ra’s Al Ghul não era assustador como o Slade. Ele só era um velho chato que não conseguia responder nenhuma maldita pergunta sem ficar duas horas filosofando e dando voltas e voltas em um discurso monótono.
Porra! O Ra’s Al Ghul do Liam Neeson comeria (no sentido gastronômico) esse Ra’s mala no café da manhã!
Mesmo as cenas de ação deixaram a desejar, e o vilão Ra’s Al Ghul não era assustador como o Slade. Ele só era um velho chato que não conseguia responder nenhuma maldita pergunta sem ficar duas horas filosofando e dando voltas e voltas em um discurso monótono.
Porra! O Ra’s Al Ghul do Liam Neeson comeria (no sentido gastronômico) esse Ra’s mala no café da manhã!
Arrow me desapontou muito (fazendo uma paráfrase à expressão famosa da série) nesse final de terceira temporada, e pouca coisa se salvou na
temporada inteira. Parece que a criação do Flash nesse universo televisivo meio
que apagou a importância do Arqueiro Verde de tal forma que ele não parece mais
ser capaz de sustentar a própria série. Flash foi excelente em sua temporada
solo, o que não parece que vai se repetir com o restolho de personagens das
duas séries que vai ser Legends of Tomorrow, o spin-off que, inclusive, já vai reviver
a Sara Lance e que reaproveitará o Eléktron (ATOM, NEUTRON, enfim!) genérico do
Homem de Ferro nas aventuras dos heróis do amanhã. Acho que isso vai fedeRRR. E
digo fedeRRR com todos os éRRes!
Nota: 6,5