Eu sou velho o suficiente para ter visto todos os filmes da franquia Mad Max na TV e ter me tornado fã, assim como quase todo mundo da minha geração é, mas sou uma exceção à regra. E não é que eu não goste de carros envenenados, perseguições alucinantes pelo deserto ou mesmo do protagonista vivido nos três primeiros filmes por Mel Gibson. Eu gosto de TUDO ISSO, mas é que não tive a oportunidade de ver os filmes e nem gostar deles na época.
Trinta anos se passaram desde que A Cúpula do Trovão (um excelente nome para um filme, aliás) estreou no cinema, e após algumas tentativas frustradas de uma retomada da franquia (uma inclusive em 2003, que incluía Mel Gibson no elenco), em 2013 George Miller finalmente conseguiu carta branca da Warner para dar início a um novo projeto envolvendo sua maior criação, um quarto filme de Mad Max, desta vez sem Gibson à frente do papel. E quer saber? Ele conseguiu fazer a melhor aventura de todas!
Pra começar, George Miller é da velha guarda de diretores de cinema que estão acostumados a pensar em suas cenas e executá-las usando efeitos práticos. Você, jovem imberbe, que nasceu numa época em que o filme de maior expressão no cinema era Matrix, o ápice do efeito digital como elemento gráfico e de composição, nem deve mais saber o que são efeitos práticos, mas são objetos, veículos e até mesmo artifícios criados de verdade, à mão, na raça, e não um efeito desenvolvido com a ajuda de um computador. E quase tudo em Estrada da Fúria obedece a esses conceitos, o que o faz ser incrivelmente grandioso.
O que fez de Mad Max uma franquia tão reverenciada pelos fãs ao longo dos anos, além das cenas de ação, foi o clima pós-apocalíptico que pauta toda a história de Max Rockatansky (antes Mel Gibson, agora Tom Hardy), um ex-policial que viu seu mundo ruir quando uma gangue de motoqueiros assassinou sua família, tornando-o um nômade errante a vagar sozinho pela Austrália em busca de paz. Em meio a um mundo caótico pós-guerra, ele tenta sobreviver enquanto uma luta frenética por água e combustível se faz necessária em meio ao deserto, fazendo com que um tirano enlouquecido após outro se declare responsável pela manutenção desse caos.
No novo filme, Max é capturado pelos homens do ditador da vez, o terrível Immortan Joe (Hugh Keays-Birne), um homem que não é visto por seus seguidores apenas como um líder, mas sim a reencarnação de um messias. Sendo usado como uma “bolsa de sangue” por um desses seguidores, o “Garoto da Guerra” Nux (Nicholas Hoult), Max acaba entrando a contragosto bem no meio do entrevero entre Immortan e sua anteriormente segunda comandante, a Imperatriz Furiosa (Charlize Theron).
Cansada dos mandos e desmandos do tirano Immortan, a Furiosa decide desviar-se de seu caminho tortuoso, levando consigo as “parideiras” de Joe, a bordo de seu caminhão “amamentador”, rumo a seu antigo lar, local que a moça acredita ser o último refúgio da Terra.
No meio do caminho, os objetivos de Furiosa e Max acabam se nivelando, e ele decide ajudá-la a acabar com a tirania de Immortan bem como fazer com que ela chegue em segurança até seu lar. É o que acontece no filme nesse meio tempo que o faz se tornar um dos Blockbusters mais bem realizados do ano, deixando o espectador na ponta da poltrona quase que o tempo todo, aflito pelo que vai acontecer na próxima cena de ação.
Todo o conjunto do filme o faz ser grande.
Charlize Theron, Nicholas Hoult, Zoe Kravitz (Toast) e até mesmo Tom Hardy com suas poucas falam, mas diversas expressões e gestos, estão muito bem em cena. As interpretações não chegam a ser viscerais, mas nos mostram exatamente o sentimento que cada personagem está representando. A meu ver, Theron e Hoult se destacam nesse quesito, cativando o público ao longo da história apesar de começarem o filme do “lado negro da Força”. O desfecho de ambos os personagens na história é bem emocionante, sinal de que eles fizeram com que a gente se importasse verdadeiramente com eles.
Pra quem gosta de carros, motores, máquinas de locomoção em geral, perseguições, choques alucinantes e explosões, o filme é um deleite. Há todo tipo de veículo motorizado em cena, e o cenário desértico da Austrália só contribui para que essas máquinas possam ser vistas e reverenciadas.
A história não só faz jus ao que já conhecíamos dos antigos Mad Max, como acrescenta elementos que só agregam valor a história, nos fazendo acreditar que a humanidade realmente chegou a seu limite.
E não piraríamos todos nós se nos faltasse o elemento básico da vida, a água? E não nos tornaríamos também loucos insanos em busca de uma gota que fosse de combustível para abastecer nossos veículos? Claro que George Miller eleva essa insanidade à décima potência, nos colocando num freak-show perturbador (algo que me incomodou nos primeiros vinte minutos de filme) desde o começo da história. Aquilo que nos é estranho nos causa um certo distanciamento, é comum do ser humano. As pessoas deformadas, atrofiadas e mutiladas criam um ar meio desesperador a história, mas todos esses elementos fazem parte dos artifícios que Miller tem em mãos para compor sua história, e ela é perfeita dentro de suas imperfeições.
Mad Max – Estrada da Fúria arrecadou mais de R$ 10,2 Milhões em seu primeiro final de semana de lançamento no Brasil, atraindo mais de 600 mil pessoas ao cinema. O trailer veiculado semanas antes de seu lançamento deve ter convencido muita gente a ver o filme, os demais, foram atraídos pela fama e pelo poder incutido no nome Mad Max.
A saga da Imperatriz Furiosa em tirar as jovens noivas do cárcere do Immortan Joe causou uma curiosa “revolta” na comunidade dos ativistas pelos direitos do homem, um grupo de “machões” que se sentem ameaçados pela força que a personagem apresenta no filme inteiro, deixando inclusive aquele que deveria ser o protagonista à margem disso. Para eles, Estrada da Fúria é um filme feminista, que tira o foco de um personagem masculino em detrimento das vontades de uma mulher.
A quem viu o filme como uma propaganda feminista em vez de um excelente Blockbuster de ação vertiginosa, com atuações impactantes e com cenas inesquecíveis... Fica apenas uma dica: VAI TRANSAR! Sério, cara! Você está precisando!
Ps.: A trilha sonora de Mad Max - Estrada da Fúria faz jus ao climão do filme. Composta por Tom Holkenborg, o som da orquestra por vezes se iguala a grandes clássicos do cinema, acompanhando o ritmo alucinante do filme. Vale a pena ouvir. Parte dela está disponível no Youtube, e os assinantes do Spotify também podem conferir.
NOTA: 9
NAMASTE!
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