15 de fevereiro de 2011

A flor roxa...

Ah, o amor, essa flor roxa...

Não há nada que entendo menos do que esse sentimento, e não me envergonho de dizer. Apenas sei que quando menos esperamos, ele chega e nos arrebata de forma pungente, deixando-nos frágeis e suscetíveis a desilusões para os quais estávamos preparados antes de senti-lo e do qual nos desarmamos por causa dele.

Eu entendo de informática, entendo de cinema, entendo de quadrinhos, poderia conversar horas sobre qualquer um desses assuntos, mas o sentimento amor é uma incógnita para meu pobre cérebro. Eu não encontro razão para certas atitudes que o amor (ou a falta de) fazem algumas pessoas tomarem e por isso resolvi escrever, para ver se encontro por mim mesmo algum sentido.

Por nunca tê-lo visto antes e nunca ter sido apresentado formalmente ao mesmo, me surpreendi quando conheci o amor. Eu o imaginava bem diferente do que realmente era, achava-o inóspito, frio e distante, mas com o tempo percebi que aquilo era um preconceito meu. O amor até que era um cara legal e eu resolvi me desarmar para aceita-lo em minha vida. Ledo engano.

No início era aquele conjunto de sensações prazerosas e inexplicáveis. Um misto de ansiedade e ternura que entrava e saía de meu ser como se não fosse mais ter fim, aquele desejo de ver a pessoa amada o tempo todo, de estar junto dela e eu não evitei. Mergulhei fundo e provei de seu doce sabor. Aproveitei cada uma daquelas sensações inexploradas e permiti que aquilo fizesse parte de minha vida, fizesse parte daquilo tudo que eu já era. Foi bom, gostei muito, mas acabei me tornando alguém dependente desse sentimento. Quase como um usuário de heroína.

Quando alguém falava em coração partido, em lágrimas de amor, eu ria. Achava tudo uma tremenda falta de autoestima, achava que jamais alguém me faria passar por aquilo. Ah, o amor, essa flor roxa...

Um belo dia o amor resolveu me deixar sem grandes explicações, ou pelo menos sem me dizer nada que eu fosse capaz de entender (sou um leigo no assunto), e então veio a desilusão. Percebi pela primeira vez porque desenhavam aquele coraçãozinho partido para representar o fim do amor, porque era exatamente assim que eu me sentia. Partido. Incapaz de me reconstruir. Um tiro de escopeta não doeria tanto.

Existem milhões de motivos para que o amor acabe. Traição, incompreensão, falta de paixão, incompatibilidade de gênios. Mas o que mais dói é aquele que não tem explicação. Aquele que simplesmente decide ir embora num belo dia, que vira as costas e vai, te deixando num escuro onde não há farolete que brilhe o suficiente para iluminar.

Sou alguém prático que busco respostas para tudo, sempre. É a forma como consigo viver, dando razão para as coisas. Se algo não é racional o bastante, eu temo. Temo não entender, temo não achar explicação e por isso temo o amor. Ele é bom enquanto dura, mas frio e calculista quando termina. Não é algo que foi feito para ser entendido, porém senti-lo às vezes é suficiente para torná-lo inesquecível e é aí que a dor vem. Lembranças doem.

Gosto de lembrar o quanto o amor me foi bom, mas não é uma prática sempre agradável remoer essas memórias. Com frequencia ela pode trazer consequencias duras, e um coração ferido é extremamente frágil a novas armadilhas da vida. Algumas deveras sedutoras.

É bom estar preparado para evitá-las e tentar esquecer o que já passou embora a falta de razão sempre traga as mesmas perguntas e incertezas sobre o que realmente aconteceu.

Ah, o amor, essa flor roxa...


If you walk out on me, I'm walking after you

9 de fevereiro de 2011

Galeria do Rodman #3


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Na minha tenra idade um dos meus passatempos favoritos era simular capas ou outras artes internas de quadrinhos e algumas vezes me surpreendia com o resultado final.
É o caso desse desenho Homem Aranha X Dr. Octopus, que rabisquei em 2004 e que simula a arte da capa da revista nacional do aracnídeo (ainda em formatinho) de nº 101.
A meu ver, a cena representa todo o antagonismo entre os dois personagens e algo que o velho Octopus sempre quis fazer com o Escalador de Paredes: Esganá-lo com as próprias mãos.
Me lembro que o desenho em si não me deu tanto trabalho, embora faltem algumas partes da anatomia dos personagens, eles estejam num ângulo difícil de encaixá-los juntos no A4 e que a expressão no rosto do Octopus exija um pouco de habilidade no traço. Curiosamente, enquadrei os dois de uma vez só, em uma rabiscada, sem precisar de borracha e esse talvez seja o motivo pelo qual coloco essa "arte" entre uma das minhas preferidas da galeria.
O desenho, assim como os outros da galeria, foi todo feito à mão, com lápis HB, não usei caneta hidrográfica ou similar para o contorno (na época odiava contornar desenho para reforçar o lápis) e preferi apagar os vestígios de lápis preto usando o lápis de cor mesmo. Assim, o que era verde, eu contornava com lápis verde, o que era vermelho com lápis vermelho e assim por diante. Sempre fui um fã de arte mais realista e contorno preto destoava disso.
Ao término da rabisqueira, colori o desenho com lápis de cor seco e reforcei o vermelho com um giz de cera que sempre era exigido (o vermelho da caixa da Faber Castell é muito aguado!). O desenho em si sempre dava menos trabalho do que a pintura. Devo ter levado uns dois dias para terminar a colorização desse, mas valeu a pena. Acho que ficou bem caprichado e o prazer de pintar de pouquinho em pouquinho, preenchendo os espaços em branco era indescritível. Tempo bom aquele. Não sei se teria paciência hoje em dia.
NAMASTE!

Forever alone e o pé na bunda

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É, essa doeu!


NAMASTE, ou não...

4 de fevereiro de 2011

O Pequeno Darth Vader

De tempos em tempos o pessoal da publicidade e propaganda lança comerciais geniais na TV, mas vi poucas coisas tão engraçadas quanto esse comercial da Volkswagen:



Seja lá quem for o molequinho por baixo da máscara, ele manda muito bem na interpretação!! Me rachei de rir quando vi isso!
A homenagem a Star Wars ficou supimpa, mas o pequeno Vader é fenomenal!
NOTA 10

NAMASTE!

3 de fevereiro de 2011

24 Horas: A última temporada

24 Horas foi a primeira série que me prendeu a atenção do início ao fim de cada episódio e me deixou viciado naquela sensação de ansiedade pelo próximo capítulo. Muito antes de Heroes, Lost e True Blood, eu já era fã de 24 Horas e seu protagonista, o imbatível agente Jack Bauer, vivido competentemente por Kiefer Sutherland.

A 8ª Temporada, embora não tenha sido tão brilhante quanto suas antecessoras (em especial a 3ª, que é minha preferida) terminou e coroou vários anos de histórias repletas de ação e suspense, e vai deixar saudades com certeza.

Jack Bauer é sem dúvida o principal personagem da carreira de Kiefer Sutherland, ator de 43 anos que atingiu o auge com seu agente secreto. Assinando também a produção da série além de atuar, Sutherland sempre foi muito enfático ao comentar de seu personagem em entrevistas e percebia-se que ele adorava o que fazia. Em 8 temporadas Jack perdeu a esposa, foi traído, tomou uma infinidade de tiros e facadas, foi torturado, esteve à beira da morte e até supostamente morreu umas duas vezes, pelo que me lembro. Só mesmo um cara treinado e experiente aguentaria tanta perda e sofrimento, e essa era a força do personagem, aquilo que nos mantinha em casa com aquela certeza "relaxa. Ele não vai morrer". E quantas vezes vimos o cara escapar de armadilhas provando que era o melhor de todos (desculpa aí Chuck Norris)? Com esse histórico, Bauer poderia muito bem figurar ao lado do policial John McLane (vivido por Bruce Willis) na cinessérie Duro de Matar, porque é exatamente o que ambos são. Duros de matar.

Após escapar de uma contaminação radiológica na última temporada, Jack inicia mais um dia em sua vida como um vovô carinhoso, ao lado da neta Teri, da filha Kim Bauer (a gatíssima Elisha Cuthbert) e do genro, morando dessa vez em Nova York (antes a sede da CTU e as atividades do personagem se restringiam em especial a Los Angeles, exceto pela 7ª temporada, que se passou em Washington).



Visivelmente cansado de guerra e aceitando tranquilamente sua aposentadoria após os anos tortuosos que vivera, Jack está prestes a embarcar com a filha de volta a LA quando então um de seus antigos informantes o procura em seu apartamento e todos os seus planos começam a ir por água abaixo. Convencido por Kim, ele decide ficar para ajudar a deter um possível atentado à ONU que coloca em risco não só a vida do presidente da IRK (República Islâmica do Kamistão) Omar Hassan (Anil Kapoor) como também do acordo de paz que ele está prestes a assinar com a Presidente Alisson Taylor (Cherry Jones) e representantes do governo russo. A partir de então todo um esquema para derrubar a liderença de Hassan e o acordo de paz começa a surgir, o que chafurda Jack cada vez mais no caso impedindo-o de ir pra casa.



Ele é colocado na linha de frente pelo novo diretor da recém reativada CTU Brian Hasting (Mykelti Williamson) e conta mais uma vez com a sempre eficiente amiga Chloe O'Brian (Mary Lynn Rajskub) que dá show nessa temporada após um início tímido. Acreditem ou não, Chloe quase chega a ser demitida por não conseguir se adaptar às novas tecnologias da CTU e termina como a diretora interina da bagaça!



Como sempre acontece na maioria das temporadas, claro que os bandidos mortos ou capturados logo de cara são só arraias-miúdas e que os verdadeiros tubarões mantem-se ocultos quase até os últimos episódios. Nesse meio tempo, enquanto Jack se vê entre uma pista e outra, histórias secundárias vão ganhando peso como os da agente Dana Walsh (Katee Sackhoff), sua dupla identidade e seu envolvimento com o leal agente Cole Ortiz (vivido por Freddie Prinze Jr.). A bola de neve aumenta enquanto novos elementos nos planos do assassinato do presidente Hassan surgem a cada hora e Dana Walsh acaba se tornando um ponto chave entre a conspiração russa para destruir o acordo de paz e a tentativa desesperada de Jack para detê-los. É incrível como em 24 horas sempre tem um traíra infiltrado. Isso já é clássico.



Já na 7ª temporada, quando Bauer teve que agir com o FBI ficou claro o clima crescente entre ele a agente Renee Walker (Annie Wersching), que no fim da temporada acabou se tornando uma espécie de "Jack Bauer de saias", apelando para métodos nada ortodoxos para se obter uma informação, algo que ela abominava no começo da história, mas que foi obrigada a conviver. Havia no ar aquele algo mais entre os dois personagens, e isso tornou-se ainda mais nítido quando Renee é trazida de volta pela CTU (agora ela não é mais uma agente do FBI) para se infiltrar entre os russos que possivelmente sabiam do atentado e que planejavam trazer material radioativo para os EUA.
O plano dá errado, Renee é obrigada a matar o informante (alguém de seu passado), mais tarde o Presidente Hassan se entrega para uma facção dissidente de seu próprio país a fim de que eles não explodam uma bomba química em NY, ele é morto pelos homens da facção ao vivo pela internet e Jack acaba se sentindo culpado por não ter conseguido deter os bandidos. Todo mundo salvo, nenhuma ameça de bomba a mais, certo? Errado! Esse é só o começo das tragédias que começam a assolar Jack Bauer.

Quando os russos começam a apagar possíveis testemunhas de seu envolvimento, Renee entra na lista da queima de arquivo a mando do próprio Presidente russo Suvarov e a vingança de Jack torna-se implacável enquanto ele, contra a vontade da presidente Taylor, se torna o homem mais caçado do país, tentando vingar a morte de sua namorada e ao mesmo tempo tentando provar que os ataques ao acordo de paz não se restringiam aos insurgentes da IRK.

É incrível como alguém aguenta tanta adrenalina em apenas um dia, mas a vida de Bauer não é fácil mesmo e é isso que tornou a série tão cativante ao público. Eu diria que tem episódios que nos deixam com o cu na mão com tanta reviravolta, mas não dá pra negar que é uma sensação boa, que é satisfeita sempre no próximo episódio. O fim da temporada e também da série fez jus a tudo de mais marcante que houve nela. Jack provou à presidente que ela estava errada em abdicar de tudo em prol de seu desejo cego de que o acordo de paz fosse assinado a qualquer custo, os assassinos de Renee pagaram o preço (embora Suvarov, o grande mandante tenha saído ileso) e Jack acabou como um fugitivo, caçado pelo próprio país e pelos russos. Embora tenha um final aberto, dando aos fãs aquela certeza que caberia ali naquele enredo uma continuação (talvez num filme), o fim da série foi bastante satisfatório. A despedida de Jack e Chloe é bem emocionante, e eles provam que a lealdade não é um privilégio que muitos podem contar.

Nota 10 para a série como um todo.

Jack provou ser tão Highlander que mesmo tomando um tiro certeiro da amiga Chloe (afinal ela não tinha muita escolha) no peito ele não morreu. Sem falar na facada que ele já havia tomado e que nem lhe incomodava mais depois de um tempo. Haja sangue frio!

Charles Logan (Gregory Itzin) é com certeza o personagem que mais odeio da série toda, talvez pela vivacidade com que é interpretado por Itzin, talvez por aquela expressão aparvalhada ou simplesmente por ele ser o vilão mais improvável de todos os tempos na 4ª temporada. O canalha merecia um bela salva de bala na cara (como diriam os Racionais Mc's) por toda a filhadaputice que cometeu, mas absurdamente ele escapou, embora tenha tentado se matar atirando embaixo do queixo. Quando falaram que ele estava vivo desacreditei. Até aí a série pareceu um pouco com a vida real. Essa laia é dura na queda!



Sentirei falta da emoção e do suspense que esse formato da série me proporcionou, e tal qual Lost, acho difícil que outra série no mesmo gênero preencha tão já o espaço que está ficando agora.

Jack Bauer será celebrado para sempre, no entanto, como um dos personagens mais casca-grossa da tv e irá ajudar a eternizar os "Bauer facts".



Quando Deus disse "faça-se a luz", Jack Bauer falou: "Peça por favor".


Terroristas odeiam quando acaba o horário de verão. Jack Bauer tem um dia de 25 horas para matá-los.


Jack Bauer conseguiria sair de ilha de Lost em 24 Horas.


Deus precisou de seis dias para fazer seu trabalho. Jack Bauer só tem 24 Horas.


NAMASTE!

31 de janeiro de 2011

Habemus Superman!

Foi publicada ontem a notícia de que o diretor Zack Snyder (o mesmo do elegante Watchmen e de 300 de Esparta) enfim escolheu um nome, entre os diversos boatados nos últimos meses para encarnar Kal-El, o último filho de Krypton (Superman, para os leigos) nos cinemas, e Henry Cavill é o nome dele.

O ator de 27 anos estrelou séries como The Tudors (não conheço) e participou do filme Stardust (que nunca vi), portanto não posso falar nada se essa é uma boa escolha ou se ele fará uma interpretação melhor do que a de Brandon Routh no sonolento Superman Returns de Bryan Synger. Se bem que até eu interpretaria um Superman melhor que o boneco de cera falante!

Independente desse ator ser ou não bom, é muito importante que o filme seja bem conduzido, que tenha um ritmo interessante e saia daquela monotonia que foi Superman Returns. Lá nada funcionava. Nem o ritmo, nem o ator principal, nem o vilão. Nada. Era só um café requentado e mal feito dos filmes de Richard Donner da década de 70. Henry Cavill vai ter que sambar pra fazer todos esquecerem daquela inexpressão aguda que era a interpretação do Routh e dar vida real ao Superman, e é o que todo fã de quadrinho quer (embora os estúdios e diretores estejam literalmente cagando para nossa opinião). O mito do personagem deve ser mantido. Ele ainda deve ser visto como algo icônico. Não adianta "massaveisticar" o herói (e olhe que o Snyder deve estar doido pra fazer isso) para ele se tornar popular, porque ninguém com cabeça quer isso.
Temos que ver aquele S no peito do cara e se lembrar do que há de melhor na humanidade ainda. Atualmente precisamos disso. Os filmes do Donner eram tão simples e sabiam causar essa sensação no espectador, não seria nenhum trabalho hercúleo manter essa espinha dorsal em um filme inteligente, com ação na dose certa. Ou seria?



Eu achei que ninguém poderia estragar um filme com o Wolverine, por exemplo, que é muito menos complexo que o Superman e olhe no que deu!
Boa sorte ao Cavill e ao Snyder!

NAMASTE!

19 de janeiro de 2011

Eu li: A Saga do Clone - Versão Definitiva

Vamos ser sinceros. Se era para mostrar essa versão definitiva horrorosa e apressada da já malfadada Saga do Clone, era melhor ter deixado como estava. Em outras palavras, Tom DeFalco, o criador e editor original da primeira Saga (lá dos longínquos anos 90), perdeu uma boa oportunidade de ficar quietinho no canto dele, e ouso dizer que o resultado desta edição é bem medíocre se comparado ao material original.
Vamos começar do começo. A Saga do Clone foi produzida para ser um arco curto que traria de volta alguns personagens dos anos 70 do Homem Aranha na esperança de se criar alguma reviravolta na vida do Escalador de Paredes, colocando em xeque sua própria identidade. E se o clone de Peter Parker criado pelo Professor Miles Warren (também o vilão Chacal) derrotado e jogado numa chaminé aparentemente morto, fosse o verdadeiro Peter Parker?

Essa era uma premissa que colocaria muito mistério nas histórias do personagem e deveria render um bom arco, só que como todos sabem, o tiro saiu pela colatra. A história acabou se arrastando mais do que devia por motivos editoriais da época (e olhe que o Quesada nem estava lá!) e o negócio todo degringolou virando um samba do aranha doido. O estica e puxa foi tanto, que começaram a aparecer personagens que não tinham nada a ver com o assunto e a Saga do Clone tornou-se enfadonha. O resultado final acabou sendo aquém do esperado e muitos fãs odeiam essa fase do Aranha com todo seu ódio até hoje. Curiosamente eu não me incluo nesse hall.

Antes de falar um pouco do enredo fraco criado pelo DeFalco e que ficou engavetado todos esses anos, é necessário falar da falta de cuidado da Senhora Panini com as edições que tem sido lançadas por aqui. Além do fato do preço da bagaça ser bem salgado (Tome-lhe R$ 14,90) a revista vem plastificada o que dificulta que o consumidor veja o conteúdo da edição e em especial a qualidade da impressão, que no meu caso (toma! quem manda ainda comprar na banca!) saí bem prejudicado.
A revista que comprei veio com um refilamento que meu estilete cego conseguiria ter feito muito melhor. Além das páginas ruídas e cortadas que nem o nariz (pra não dizer rabo) de quem o fez, muitas delas vieram coladas e menores do que as demais. Um caderno inteiro a partir da página 75 é menor do que os demais e nos cantos inferiores em alguns momentos a leitura tornou-se difícil. Trocando em miúdos: Um belo serviço de merda da Dona Panini.
 

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Saindo da reclamação de consumidor e passando para a história, tenho que assinalar em especial as semelhanças e as divergências da história "definitiva" e da original para que o texto fique claro.

Na história dos anos 90 o clone foi trazido de volta à Nova York, onde não dava as caras desde que havia sido jogado na chaminé pelo Homem Aranha, graças ao infarto que a Tia May sofreu. Preocupado com o estado de saúde da velhinha, que nas sua memórias implantadas (as mesmas do Peter original) era a mulher que o criou como uma mãe, Ben Reilly, nome que ele assume em homenagem ao tio (Ben) e ao sobrenome de solteira da tia May, volta para visitá-la no hospital e acaba dando de cara com o verdadeiro Homem Aranha no telhado do lugar. Claro, o pau come entre eles. Não é todo dia que vemos alguém com as nossas fuças por aí, não é mesmo?

Mais tarde, decidido a ficar na cidade até que a saúde da tia se reestabeleça, Reilly cria uma própria identidade heróica e lhe criam a alcunha de Aranha Escarlate, o aracnídeo com seu colete de mano que chega até a ter suas histórias solos, no Brasil publicadas pela Abril na revista A Teia do Aranha.
Na versão "definitiva" é bem parecido. Ben volta pra NY por causa do estado da tia May, só que é revelado que o clone sempre (!) teve contato com a velhinha, se passando por um primo distante. Peter e Ben também saem na porrada, só que se aliam muito mais rápido (cheios de piadinhas insuportáveis) quando Kaine surge atacando ambos. Pra quem não lembra, Kaine é na verdade o primeiro clone de Peter Parker feito pelo Chacal e que foi rejeitado por apresentar uma degeneração celular, o que o deixou com a cara deformada e com um toque mortal nas palmas das mãos.



Na HQ original Peter vinha de um inferno astral constante, por isso o clima da revista era bem dark. Seus pais, supostamente mortos desde os primórdios haviam retornado misteriosamente para sua vida apenas para se revelarem, edições mais tarde, que não passavam de unidades robóticas programadas pelo Camaleão a mando de Harry Osborn. O cara pirou, chegou a abandonar a Mary Jane, entrou numa fase bem EMO e violenta e a gota d'água foi o ataque cardíaco da Tia May. A Saga do Clone pegou esse embalo, por isso não tinhamos um Aranha engraçadinho e sim um personagem transtornado e sombrio. Lendo a versão "definitiva", mesmo depois do caso dos pais e com a tia moribunda, o Aranha solta piadinha a cada quadro, o que torna sua atitude irritante e não só para os vilões, também para os leitores. Marca das histórias atuais também, após o Pacto com o Capeta.

O Chacal volta dos mortos nas duas versões com aquele seu humor de encher o saco que mistura o Coringa com o Duende Verde, explica toda a história dos clones e põe em dúvida qual dos dois é o verdadeiro Parker. Até boa parte do enredo Miles Warren afirma que Ben é o original e Peter a cópia, mas toda a verdade vem à tona logo. Na edição "definitiva" Peter, na verdade nem parece estar preocupado em saber a verdade, e busca desesperadamente por um antídoto para a degeneração celular que tanto Tia May (o papo do ataque cardíaco é furado) quanto a Mary Jane (que está grávida) estão sofrendo. Se você não está entendendo nada, não se preocupe. Achei esse argumento ridículo também.

Trocando em miúdos, Warren tem em mãos o antídoto, Peter e Ben ficam em dúvida quem é o verdadeiro, Kaine entra no jogo apenas para atrapalhar e descobrimos que a grande sombra por trás de tudo, o cara que está manipulando as cordinhas das marionetes, não é Norman Osborn, como na versão original, e sim seu filho Harry, que está de volta dos mortos sem nem sequer apresentar uma explicação decente. A clonagem de Warren e o estabilizador (que na verdade serve de antídoto para MJ e a Tia May) tornam as pessoas imortais, e por isso Harry está de volta... (?). Não faz o menor sentido!
O plano de Harry, além de matar o Homem Aranha e seu alter-ego, é trazer seu pai de volta à vida (!). O filhinho do papai faz isso, traz o pai de volta e o velho tem uma crise de consciência, se voltando contra o filho e ajudando seu maior arquinimigo contra ele. Nesse meio tempo Kaine sequestra a pequena May, a filha de Peter e MJ que nasce no hospital, a mando de Harry, mas o vilão assume sua "porção Peter Parker" e devolve a criança. O clone de Norman (o renascido não é o de verdade) se joga na frente do planador salvando o Aranha e morre empalado, assim como o verdadeiro Osborn no passado. Harry desaparece, Ben se recupera após ser espancado pelo Duende Verde, a tia May fica boa de novo e Peter e MJ terminam bem, unidos ao bebê May. Reilly que até então havia assumido o papel de Homem Aranha no lugar de Peter, quando esse decidiu viver uma vida tranquila ao lado da esposa sem grandes responsabilidades de herói, devolve o cargo ao seu "primo" e parte para sempre. Fim.


O que eu acho? Diz aí Alborghetti:



Embora tenha se estendido mais do que devia, a Saga do Clone original teve um final bem plausível, sem grandes forçadas de barra (veja bem, eu disse o final, só o final). Norman Osborn era o grande articulador, ele não havia morrido porque o soro Duende havia agido como uma espécie de regenerador para ele (mais ou menos como o do Capitão América) e ele agira nos bastidores tentando acabar com a vida de seu maior inimigo ao mesmo tempo que vingava a morte de seu filho Harry, que ele com sua mente insana achava ter sido causado pelo Aranha.
Ben Reilly se sacrifica por Peter após levar uma baita surra do Duende Verde, morre após salvar o Clarim Diário e ser empalado pelo planador Duende e Peter descobre que Ben era o clone ao vê-lo se dissolver. A filhinha de Peter e MJ é sequestrada por uma assecla de Norman e a menina acaba desaparecendo depois que Kaine a sequestra. A tia May morre várias edições antes (na verdade ela é uma atriz que esteve fingindo ser a tia May... hã. Deixa pra lá) e o casal Parker lamenta sua perda, embora consigam refazer sua vida depois disso.
Tanto a saga original quanto essa engavetada por Tom DeFalco tem falhas lastimáveis, assim como situações estrambólicas (seja lá o que isso quer dizer), mas, na minha humilde opinião de leitor e fã do Homem Aranha há quase 20 anos, essa segunda versão só foi publicada para que DeFalco tirasse aquele peso na consciência, e para falar "ei, a minha ideia era muito melhor. A pequena May fica viva, Ben Reilly não morre e Norman Osborn tem o que merece." Ben Reilly ficar vivo, assim como a tia May e o bebê de Peter e MJ e todo esse final feliz barato não justifica o enredo tosco que se desenrola antes disso. Chacal vive, cria uma fórmula de clonagem perfeita, Harry usa a fórmula para tornar as pessoas imortais, ele cria um clone cheio de princípios de seu pai, o velho morre de novo... Blergh!Uma porção de besteiras que não levam a nada. O clima de tensão na edição final da Saga original vale muito mais a pena, sem falar nos desenhos batutas do Romita Jr. e naquela que para mim deveria ter sido a batalha final entre o Aranha e o Duende Verde.

A edição "definitiva" é desenhada por Todd Nauck (??) que tem os traços bem parecidos com os do falecido Mike Wieringo misturados com os de Steve Skroce, outro rabiscador regular do Aranha pouco depois da Saga do Clone. O roteiro ficou a cargo de Howard Mackie (que assinava também na década de 90) e do próprio DeFalco, que por mim, podia dormir sem essa.
História interessante apenas pela curiosidade mórbida de se saber o que teria acontecido, mas depois de lida, altamente dispensável.

NAMASTE!

4 de janeiro de 2011

Galeria do Rodman #2


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O ano era 2003, o mundo passava por um período meio conturbado após o 11 de Setembro de 2001, e George W. Bush, o presidente americano, comandava uma ofensiva sem precedentes ao Oriente Médio como retaliação, usando métodos nada ortodoxos.
Uma febre antiamericana assolou a todos, vendo como uma atitude vingativa a invasão das tropas americanas ao Oriente.
Fiz esse desenho como uma forma de protesto, mesclando a figura de Bush com o Superciborgue, personagem da DC Comics que se fazia passar pelo verdadeiro Superman, mas que tinha seus próprios planos malignos.
A mensagem sugeria que Bush se achava o "Superman do mundo", quando na verdade era um vilão disfarçado de herói.
Fiz o desenho todo à mão, usando lápis HB e optei por deixá-lo sem contorno com o intuito de torná-lo mais realista.
Após o trabalho de desenhar, pintei a imagem também à mão, usando lápis de cor seco (eu ainda não usava o aquarelável) e um pouco de giz de cera nos tons vermelhos, já que o lápis nunca alcançava o tom que eu queria.
O resultado eu considerei bom e correspondeu ao que eu queria passar. Era minha veia de "comunistinha de faculdade" falando mais alto!
NAMASTE!

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