20 de julho de 2012

Um instante no tempo


Nenhuma história em quadrinhos até hoje havia me deixado com um sentimento de tristeza atravancado na garganta, com aquela sensação de infelicidade e de desesperança no peito como Um instante no Tempo deixou. One moment in time (título original) é a história criada por Joe Quesada (o até então, todo poderoso da Marvel e responsável por todas as mudanças editoriais nas HQs do Homem Aranha) para explicar afinal, o que aconteceu no fatídico dia do Casamento de Peter Parker e Mary Jane.

Há algum tempo, como bem escrevi aqui em um post especial, o querido e roliço editor chefe da Marvel decidiu que queria renovar o personagem Homem Aranha e trazê-lo para mais perto do público jovem, que em teoria, é o grande consumidor das histórias e produtos ligados ao herói. Para isso, Quesadinha, nosso parceiro, decidiu que queria acabar com o casamento do personagem com sua amada Mary Jane, uma vez que um personagem amarrado a um compromisso de tal grandeza não parecia interessante à nova geração de leitores (isso na opinião obesa de Quesada, claro). 

Desta forma, junto ao escritor J. M. Straczynski (saúde!!), Quesada escreveu a história derradeira que iria tornar o Amigão da Vizinhança solteiro novamente, dando ao novo público que ele pretendia atingir, uma visão mais moderna e jovem do personagem. Depois de anos de decisões editoriais de gostos duvidosos na linha de histórias do pobre Escalador de Paredes, Straczynski decidiu chutar o balde, e caiu fora, falando cobras e lagartos do ex-patrão. Segundo o autor, ele havia sido obrigado a escrever absurdos como os filhos de Gwen Stacy com Norman Osborn ou os poderes totêmicos do Aranha, e a decisão final que ia tornar Peter Parker um homem livre e desimpedido (o famoso pacto com o Mephisto) desagradava por completo a opinião do tiozinho acerca do que ele compreendia de roteiro. Daí a razão pelo qual ele decidiu pular fora do barco antes que ele afundasse de vez.
 
Norman dando uns catas na Gwen

Pois bem, nada impediu que Quesada escrevesse (e desenhasse) a saga Um dia a Mais, e além do polêmico e precipitado desfecho da história, em que um herói (até então) íntegro como Peter Parker aceita fazer um pacto com um personagem demoníaco em troca da restauração da saúde de sua querida Tia May, ficaram dezenas de dúvidas na cabeça dos leitores:

Afinal, o que a MJ sussurrou no ouvido do Mephisto?

O que Mephisto ganharia com o pacto, além da destruição do casamento de Peter e MJ, e o que garantia que ele não estava blefando, voltando a atormentar a vida do Aranha depois (assim como fez com o Motoqueiro Fantasma, por exemplo?)

A morte da Tia May, por mais doloroso que fosse para Peter e MJ, não seria um preço a se pagar por uma consciência tranquila? Valia mesmo a pena fazer um acordo com um dos piores vilões da Marvel só para que a velhinha voltasse à vida?

O que na vida do Aranha exatamente foi alterado pelos poderes do Mephisto e até que número das edições que colecionamos todos esses anos nós poderíamos manter e quais podíamos fazer uma fogueira ou limpar a bunda com elas?

Por que diabos trazer o Harry Osborn de volta?? 


Maldito Quesada!

O tempo passou, e as novas histórias publicadas nas edições do Homem Aranha (o chamado Brand New Day) conseguiram agradar o público em geral (a mim não, manganão!), trazendo um Aranha muito mais divertido, interagindo com um núcleo variado de novos personagens além dos clássicos como Harry Osborn (que merda!), Flash Thompson (agora um cadeirante ferido de guerra), J. Jonah Jameson (agora o prefeito de Nova York) e a Tia May. Suas histórias solo se tornaram tão divertidas, mas tão divertidas, que tanta piada até chega a incomodar, e eu passei a dar preferência em acompanhar o herói aracnídeo somente em suas aventuras ao lado dos Vingadores. Ali, ele é só mais um vingador e não nos interessa em nada sua vida como Peter Parker, que aliás, depois dessa fase do Brand New Day, virou um samba do Aranha doido. 


Peter divide um apartamento com uma amiga latina que apesar de ter uma queda por ele, o trata mal feito um cachorro.

O ranzinza Jameson se tornou o prefeito de Nova York, o que fez com que sua perseguição ao Aranha se intensificasse agora que ele tinha a força policial a seu lado.

Solteiro e livre para “voar” o que não faltam agora são pretendentes para Peter, além de que seus velhos inimigos ganharam reformulações um tanto quanto bizarras (o que dizer daquele Doutor Octopus que mais parece uma múmia??).

Apesar de toda essa renovação, alguns personagens me pareceram deslocados nas histórias como a própria Mary Jane, que aparecia esporadicamente e sempre com aquele ar de mistério, deixando uma pulga atrás da orelha dos leitores. “Ela sabe de tudo que aconteceu desde o pacto com Mephisto?”. “O que aconteceu entre ela e Peter nesse universo?”. Quando ela retornou de uma viagem que havia feito (aparentemente por causa de algum desentendimento com Peter) ela se tornou um elefante na sala de estar, uma vez que ela não se encaixava mais nas histórias por não ser mais a esposa do Aranha e nem aquela amiga presente de antes do casamento dos dois. O super-Quesada precisava resolver esse empasse, e então ele criou One Moment in time


A primeira edição de Um Instante no Tempo é quase que por completo um retcon inserido na clássica história do Casamento do Homem Aranha (que eu resenhei aqui). Enquanto Peter e MJ discutem as pontas soltas que ficaram do relacionamento deles no presente (com excelentes desenhos do próprio Quesada), flashbacks tirados da história original (desenhadas por Paul Ryan) e com novas situações (desenhadas por Paolo Rivera) nos mostram que a velha sorte de Peter Parker faz com que ele não consiga chegar à igreja a tempo de seu próprio casamento, deixando MJ esperando nas escadarias.

Vamos tentar entender.

Na história original, logo no início, Peter surpreende Elektro e seus comparsas prontos a dar mais um golpe. Como é de se esperar, o Aranha detém os vilões e todo mundo é preso sem maiores problemas, enquanto o personagem imagina que no próximo dia estará se casando.

No retcon, o Aranha também detém a gangue, só que um dos bandidos aliados de Elektro, graças a uma intervenção (ridícula) de um pombo, consegue escapar de dentro da viatura da Polícia (!) e ele acaba sendo o grande responsável por tudo de errado que acontece no dia do casamento de Peter e MJ.


Na noite anterior ao casório, Peter está na ponte George Washington contemplando a foto de Gwen Stacy e imaginando se está fazendo a coisa certa em casar com MJ (exatamente como na história original) quando então ele ouve tiros e sai em busca de ação. Ali perto, o mesmo bandido que a Polícia deixou escapar está buscando vingança contra o policial que o algemou e o humilhou naquela manhã, o Aranha consegue salvar o homem e sua esposa da mira vingativa do bandido, mas é atingido por um tijolo e acaba caindo de uma altura absurda junto com ele para salvá-lo da morte, se perdendo na inconsciência ao atingir o chão.

Resultado?

Enquanto Peter está desmaiado, passa-se o tempo e ele acaba perdendo o horário do próprio casamento, chegando tarde demais na igreja e com um baita de um olho roxo por baixo da máscara. 


Ok. Essa foi parte da solução safada e sem vergonha que Quesada encontrou para desfazer o casamento do Homem Aranha, mas depois piora.


Peter acaba encontrando MJ em seu apartamento mais tarde e tenta explicar o que houve para ele não ter chegado a tempo na igreja. Transtornada, a moça não consegue aceitar o fato de que o Homem Aranha e suas responsabilidades sempre estarão entre ela e Peter, e decide deixa-lo de vez ao pedir que ele escolha entre o Homem Aranha e ela. Os dois se separam e Peter entra em um estado de depressão forte, o que o faz sair de casa apenas para combater o crime. MJ para tentar esquecê-lo se enfia no trabalho, mas ela sente que ficara um vazio dentro dela e que ela não consegue viver sem ele. É a Tia Anna quem dá o empurrão necessário para que ela tente se reconciliar com Peter num dos diálogos mais profundos do arco.

Tia Anna salvando a pátria

Quem dera se todos os casais que terminam seus relacionamentos pensassem assim, não é mesmo? “Aquele homem ama você e também sei o quão ele é especial pra você. Ele tem que ser. Ele fez você se apaixonar por ele”. Quem dera todo mundo tivesse uma Tia Anna para dar um conselho desses!

Peter e MJ se reconciliam, embora em comum acordo, eles resolvam não mais se casar (como vocês bem sabem, na Marvel é comum fazer pactos com o capeta, mas divórcio é inaceitável!), vivendo como namorados até a aliança de Peter com Tony Stark, o registro de super-heróis, a revelação de sua identidade secreta ao vivo para todo o mundo e o desenrolar dos fatos da Guerra Civil


Como no original, graças à revelação da identidade secreta, Peter estampa um alvo bem na testa da Tia May e da Mary Jane, e o Rei do Crime como vingança contrata um mercenário para executar o herói, que acaba atingindo a pobre velhinha com um tiro, deixando-a entre a vida e a morte. Como no original, todos os super-fodões da Marvel dizem que nada pode ser feito para salvar May, porém, depois de um milagre em que Peter faz uma ressurreição cardíaca na tia, sua saúde é restaurada gradativamente, mas nada muda o fato de que o alvo continua pintado na testa das mulheres que Peter ama e de todo mundo ao redor deles. 


Após impedir que outro mercenário contratado pelo Rei para apagar a Tia Anna cumpra sua missão, Peter leva MJ desacordada até o Santuário do Doutor Estranho e apela mais uma vez ao mago Supremo para que ele conserte as coisas. Enquanto todos souberem sua identidade, MJ e todas as pessoas que ele ama jamais estarão seguras, e ele pede desesperadamente para que Strange o ajude com seus dons místicos. 

Após confabular com os outros Illuminatis Reed Richards e Tony Stark, Strange em acordo com eles decide ajudar Peter, e criando um feitiço aliado a um vírus tecnológico (!!) criado por Stark, eles repetem o processo que fez o mundo esquecer do Sentinela (o herói maluco que não sabia de seu passado), apagando de vez os indícios que provavam que Peter e o Aranha eram a mesma pessoa. 

"Olhe ali, Peter! Um elefante cor-de-rosa!"


Não entendeu nada?

Tudo bem. Como diria o Quesada, “é mágica, não precisa de explicação!”.

No último instante da concretização do feitiço, no entanto, Peter se arrepende de deixar que MJ, assim como o restante do mundo (incluindo o Dr. Estranho), também se esqueça do passado que eles viveram, e a coloca dentro da bolha de proteção criada pelo mago para que ela, assim como o próprio Peter, não tenha a memória apagada sobre os fatos ocorridos desde a Guerra Civil. 


É comovente a forma como Peter argumenta o porquê dele querer que MJ também se lembre de sua vida dupla, e os desenhos de Quesada ao final da edição mostrando a separação definitiva do casal, quando então MJ, mais uma vez, covardemente, decide abandoná-lo por “não poder suportar a ideia de voltar a viver ao lado de um super-herói cuja vida está sempre em risco” são muito bem feitos, apesar de que a atitude da ruiva vai contra tudo que conhecemos da personagem desde sempre.

A verdadeira MJ jamais diria isso a Peter.

Como que a mulher que sabia da identidade secreta de Peter desde a adolescência e que aceitou viver ao seu lado sabendo de todos os riscos que ambos correriam, mostrando uma força invejável que representou a maturidade da personagem, de uma hora para outra foi transformada em uma covarde, incapaz de aceitar que Peter é o Homem Aranha?


Mary Jane que figura nas histórias do Homem Aranha desde os primórdios e cujo relacionamento amoroso com ele brotou da mais sincera e bonita amizade que se fortificou depois da morte de Gwen Stacy, foi jogada para escanteio nas novas aventuras do aracnídeo. Estávamos acostumados a presença da ruiva nas HQs do Aranha. Ela servia como o pilar de sustentação para ele, mesmo quando seu mundo parecia desabar, e tudo isso foi perdido, deixando Mary Jane meio que avulsa agora que ela não é mais o interesse romântico do herói. Ao fim do arco, após beijá-lo e dizer que ainda o ama (!!) MJ o liberta do compromisso que um dia eles tiveram, e diz que está torcendo para que ele encontre alguém “forte o suficiente que seja capaz de aceitar sua vida dupla!”. 


Com One moment in time, Quesada amenizou a história de que “um pacto com o Demônio fez a mudança na vida do personagem” e foi como se ele desejasse profundamente que o encantamento do Dr. Estranho também apagasse a NOSSA MEMÓRIA sobre todas as cagadas que ele havia feito com o Homem Aranha. 

Não funcionou não, seu Quesada. Eu me lembro direitinho!


Agora o responsável pela amnésia coletiva sobre a identidade do Aranha não era mais um ser maligno, e sim um ser que manipula magia "branca", mas não dá pra esquecer que tudo isso só aconteceu por causa do pacto com o Mephisto!

É muita fanfarronice!

Um instante no tempo tem momentos lindíssimos e comoventes entre Peter e MJ. O amor deles é comprovado diversas vezes, e não são raros os momentos que nós entendemos que eles formam um casal perfeito e que Peter jamais encontraria alguém como ela em seu caminho. O próprio Quesada nos faz crer nisso. Na vida real ou na ficção, nunca vou conseguir entender essa de "te amo, mas vou te deixar". Não há qualquer motivo em separar Peter e MJ, a não ser claro, o de que Quesada queria finalizar a história do casamento com o qual ele nunca concordou.


Ao colocar o impasse da dúvida que Mary Jane tem em aceitar a vida dupla do namorado, Quesada afasta a personagem do herói, permitindo assim que ele se torne o solteirão que tanto o editor-chefe queria desde a época da fase Premium das edições nacionais do Aranha. Pois bem. Peter agora é um meninão solteiro e comedor que vai passar o rodo geral nas “cocota tudo” e comprovando isso, na edição nacional seguinte ao desenrolar dos fatos de One Moment in Time, Peter já engata um namoro com Carly, uma das personagens novas de seu universo, para alegria da geração descolada ao qual suas histórias são destinadas.

Pois é. Acho que estou ficando velho demais para Histórias em Quadrinhos.

Pobres leitores antigos. Pobre Homem Aranha!


NAMASTE!

17 de julho de 2012

Review - O Espetacular Homem Aranha



Eu fui ao cinema para a sessão de O Espetacular Homem Aranha não com um pé atrás com relação à produção, mas sim COM OS DOIS pés atrás, isso por vários motivos já citados aqui por mim em outro post. A expectativa já estava lá embaixo, mas não é que o filme me surpreendeu?

Ele conseguiu ser pior do que eu esperava.

As comparações de O Espetacular Homem Aranha com os filmes, de certa forma ainda recentes da trilogia dirigida por Sam Raimi, são inevitáveis. É o que praticamente todo mundo que assistiu os quatro filmes está fazendo, por isso tentarei me ater ao “filho teioso” mais novo da Sony, sem falar de Sam Raimi (não prometendo que conseguirei). 

Ao sair do cinema após a sessão, fica claro que o que foi feito não é uma sequência e sim um reboot. Nada que foi visto anteriormente vale nesse filme. Esqueça teias orgânicas, esqueça Mary Jane e esqueça Peter Parker nerd e bobalhão. Somos apresentados a um Peter Parker (Andrew Garfield) muito mais descoladão, que apanha sim na escola, mas que enfrenta seus adversários de peito aberto, mais ou menos como o Steve Rogers fracote do filme Capitão América - O Primeiro Vingador.


O filme tenta nos manter interessados no passado secreto dos pais de Peter Parker logo em seu início, mas na metade do filme ninguém nem se lembra mais disso, já que o próprio filme se foca no relacionamento de “pai e filho” entre Peter e seu Tio Ben (Martin Sheen), com algumas participações especiais da Tia May (Sally Field totalmente subaproveitada na história).
O roteirista James Vanderbilt cria uma conexão entre um experimento que está sendo criado na Oscorp que visa tanto tratar uma doença que está matando Norman Osborn (que não aparece no filme) quanto satisfazer os desejos pessoais do Dr. Curt Connors (Rhys Ifans) em regenerar seu braço amputado (que nem explicam como ele perdeu). Richard Parker (Campbell Scott), o pai de Peter, trabalhava nessa fórmula com Connors quando então ele misteriosamente morre em um acidente aéreo com a esposa Mary (Julianne Nicholson), deixando Peter orfão com o irmão de Richard, Ben Parker.


Curioso quanto ao passado do pai, Peter começa a investigar por conta própria, a partir de anotações feitas por seu pai em um diário, a relação de Richard, Connors e a Oscorp, e bisbilhotando na empresa do todo poderoso Osborn ele acaba se vendo em meio a experimentos genéticos com animais feitos pelos cientistas. Após entrar em uma sala "secreta" com relativa facilidade, ele acaba se  deparando com várias aranhas “mutantes”, e sem saber, acaba saindo de lá com uma delas em seu pescoço. O resto você já pode imaginar.

Partindo do pressuposto de que todo mundo já sabe a trajetória do Homem Aranha desde que ele conseguiu seus poderes, Marc Webb imprime um ritmo corrido a seu filme, deixando de explicar ou simplesmente ignorando alguns pontos senão essenciais, necessários para o entendimento do filme.
Em pouco tempo o garoto é picado por uma aranha, troca pescotapas com alguns encrenqueiros dentro de um trem, descobre reflexos físicos que nunca teve, além de uma aderência incomum dos dedos... Embora desnecessária, foi uma forma inusitada e criativa de fazer Parker descobrir no filme que algo havia mudado em seu metabolismo depois do contato com a aranha alterada geneticamente. 


O acidente que dá poderes aracnídeos ao jovem rapaz não se parece com nada que eu já tenha visto ou lido antes, e a todo momento eu me perguntava se aquele era mesmo um filme do Homem Aranha ou de um Homem Aranha. Se trocassem o nome dos personagens e dissessem que aquele garoto com dons de aranha se chamava Miguel O’Hara ou sei lá, Rodrigo Guevara (Essa aliás, a melhor parte do filme!) eu nem me importaria tanto.
O fato é que em quase nada aquele se parece com o personagem que conheço há quase 20 anos, e embora eu tenha aprendido a perdoar alguns tipos de “liberdades poéticas” de roteiro ou adaptações cabíveis em filmes que visam levar para o cinema algum personagem de quadrinhos, pra tudo tem limite. Não me pareceu que Marc Webb e sua trupe quiseram fazer certas alterações no conceito do Homem Aranha como a atitude Sk8er Rock do Peter Parker ou mesmo nos fatos que levaram a morte do Tio Ben (pô! Isso não é Spoiler! Todo mundo sabe que ele empacota!) para que a história ficasse mais crível, e sim porque “ficaria mais descolado para a nova geração”. Não duvido que a nova política da Marvel de reaproximar o Aranha do público para o qual ele foi concebido tenha feito sombra sobre a produção do reboot cinematográfico, daí a necessidade de se apresentar um Peter Parker mais vida loka próximo da realidade atual. Afinal, quem é que hoje em dia ainda iria torcer por um nerd completamente idiota sem jeito com as mulheres em um filme?

Voltando a história.

Correndo para nos apresentar um Homem Aranha diferente de tudo que já vimos, o roteirista do filme muda o foco das preocupações do personagem a cada meia hora da fita. Primeiro ele quer saber quem são os pais, depois ele está preocupado com seus novos poderes, depois ele está querendo vingança contra o bandido que matou o Tio Ben, depois ele está ocupado com sua vida de super-herói e no meio disso aparece um Lagarto gigante atacando a cidade de Nova York enquanto Peter tenta impressionar a garota dos seus sonhos Gwen (Emma Stone) falando logo de cara que ele e o Homem Aranha são a mesma pessoa


Ufa!!
Não há um foco específico, e tudo parece meio jogado na trama, de forma meio inconsequente.  A motivação de Peter Parker em se tornar um herói sempre partiu do assassinato de seu tio, o drama de ter podido impedir o bandido que tirou a vida daquele que fora um pai para ele e não ter feito nada, e essa culpa me pareceu diluída no filme, trocada apenas pelo desejo de vingança puro e simples. O que chama o rapaz para a dádiva dos ninjas dos grandes poderes, grandes responsabilidades (frase que não é dita com essas palavras) é um acidente na ponte em que o Aranha acaba salvando várias pessoas do ataque do Lagarto (em uma cena sem apelo dramático algum!), mas em nenhum momento isso é inspirado pela morte do tio Ben.
Talvez eu esteja sendo levado por minha “fanboyzisse”, pelo Aranha ser meu herói preferido e por eu o ter visto tão descaracterizado na tela, mas muita coisa me desagradou enquanto eu via o filme. O que me preocupa é que meu sentido de Aranha estava ligado o tempo todo para que eu não me equivocasse em não gostar do que estava vendo apenas por picuinha, por gostar (ainda) muito do filme de Sam Raimi (o primeiro), mas então me ative ao fato de que em Vingadores também mudaram muita coisa do conceito básico dos personagens (Gavião Arqueiro agente da SHIELD, Jarvis Inteligência artificial, Viúva Negra nos membros fundadores), mas nenhuma das alterações me fez gostar menos do filme, porque o todo valeu e muito a pena. Vi o filme duas vezes no cinema e me diverti como poucas vezes consegui, enquanto em o Espetacular Homem Aranha eu só bocejava na última meia hora de filme. 


O que mais me desagradou em O Espetacular Homem Aranha foi o exagero. A cena da ponte em que o Aranha segura um carro com a força do braço e deixa vários outros veículos a salvo presos a sua teia foi uma das mais forçadas que já vi. A variação de força do personagem chegou a confundir às vezes, uma vez que um cara que é capaz de segurar um carro teria esmagado os ossos dos policias na cena em que ele luta contra a Polícia, visto que ele nem havia aprendido a controlar seus poderes. As demonstrações de “sou foda, na cama te esculacho, no beco ou no carro” também são ridículas. O que dizer da demonstraçãozinha de Air Jordan na quadra contra Flash Thompson (Chris Zylka) em que Parker arrebenta a tabela de basquete ou no campo de futebol em que ele entorta a trave com um arremesso?


E das cenas desnecessárias como ele tecendo sua teia nos esgotos para captar as vibrações nos fios na tentativa de localizar o Lagarto e que no fim das contas não serviu pra nada?
Reclamaram tanto dos filmes do Sam Raimi nunca terem explicado como diabos Peter conseguiu fazer aquela fantasia de Homem Aranha sendo que ele contava moedas para poder comprar um carro e impressionar a Mary Jane, e só porque em O Espetacular Homem Aranha aparece o personagem pesquisando por uns dois segundos o material que ele usaria para a roupa todo mundo já ficou satisfeito. Grandes coisas!
Sem falar na rapidez com que ele construiu o lançador de teias (sim, porque ele é um gênio!), baseando-se em experimentos feitos na Oscorp! A meu ver, em um filme que pretende ser realista, nenhuma dessas desculpas é suficientemente boa, nem no filme atual e nem nos anteriores. 


Se colocar na balança, acho que O Espetacular Homem Aranha tem mais erros do que acertos, mas das coisas que em minha opinião Marc Webb fez muito bem foi evitar o uso de CGI. As cenas em que vemos o Homem Aranha de verdade se balançando em sua teia ou nas cenas de ação dão um tom menos ficcional ao filme, e esse é um ponto positivo com relação ao que Sam Raimi fez em sua trilogia, já que ele usava um boneco digital até mesmo em cenas desnecessárias, em que um ator comum ou um dublê poderiam fazer sem problemas.
Ver o Aranha sacaneando o bandido na cena que já aparecia nos trailers (do arremesso de teia supersônico) também foi bem bacana, e deu um tom meio babaca ao personagem, que já vimos em várias oportunidades nas HQs. Um dos motivos para que todos os vilões odeiem o herói aracnídeo é exatamente esse: Seu poder de irritar todo mundo com suas gracinhas. É uma pena que isso não foi explorado o suficiente para que pudéssemos simpatizar com o personagem. 


Outro ponto positivo na produção foi a escolha do elenco, que deu prioridade a artistas tarimbados como Martin Sheen e Sally “mãe do Forrest” Field e outros que não fizeram feio como Rhys Ifans que deu vida a um Curt Connors crível, possível de existir na vida real, diferente daquele seu alter-ego grotesco e sem profundidade de roteiro que mais parecia uma mistura de Dino da Família Dinossauro com o Godzilla.
Andrew Garfield tem a cara de Zé Mané que o personagem necessita, e se mostrou competente na interpretação de Peter Parker, apesar de eu discordar completamente da caracterização que quiseram imprimir ao personagem. Ele mostrou que consegue passar do drama ao humor sem perder o ritmo, e se dá bem também nas cenas de ação, apesar de parecer um tanto quanto magrelo, se assemelhando mais ao Aranha desenhado por Steve Ditko (mais tarde revisitado por Ron Frenz) do que o de John Romita (o pai). 


Não vi muito da Gwen Stacy que conheci nos quadrinhos (a do Universo 616 pelo menos) em Emma Stone, mas ela está mais próxima da personagem do que Bryce Dallas esteve no trágico Homem Aranha 3 de Sam Raimi. A interpretação da garota, no entanto, fez jus ao que o público podia esperar do interesse romântico do herói e já me agradou mais o fato de não vê-la como a eterna mocinha em perigo, pelo menos não diretamente, já que ela corria risco sim, dentro da Oscorp enquanto o Lagarto pretendia foder a porra toda com seu plano “brilhante” de transformar toda a população em lagartos humanos. 
Aliás, em se tratando de motivação de vilões, quando é que a Marvel vai fugir desse plano clichê que vem se repetindo em todos os filmes praticamente desde X-Men 1? Os vilões querem sempre a mesma coisa: Transformar a população em seres semelhantes a eles!
O casal Peter e Gwen não chega a emocionar ou passar muita credibilidade, mas funciona melhor do que Peter e a Mary Jane piriguete dos filmes, que só se interessou por ele depois que descobriu que ele era o Aranha. Seja como for, achei meio forçada a situação de Peter Parker já revelar sua identidade para a garota em seu primeiro encontro, numa tentativa desesperada de fazê-la se interessar mais rápido. Se bem que eu me perguntei se eu não faria o mesmo se ganhasse poderes de uma hora para outra. Acho que todo mundo faria!


Em suma, O Espetacular Homem Aranha não é um filme horrível do tipo Elektra ou Motoqueiro Fantasma e nem espetacular (apesar do título) como Vingadores, mas é “assistível”. Não saí decepcionado (como em Homem Aranha 3) do cinema, até porque a expectativa já estava lá embaixo, mas confesso que eu queria ser surpreendido positivamente. No fundo no fundo eu esperava que o filme tivesse um efeito X-Men First Class, que levantou a franquia mutante (derrubada em X-Men 3) de forma inteligente e competente. Na minha opinião passou longe disso, e ainda fico com a emoção que tive ao ver o Homem Aranha no cinema pela primeira vez em 2002.
A falta de cenas impactantes, de momentos de exaltação, daqueles que nos fazem pular da poltrona torcendo pelo herói me fizeram achar o filme de morno para frio, e nessa hora é bem difícil não preferir o primeiro longa em que Tobey Maguire representava o Peter Parker que eu conhecia.  

Depois de Homem Aranha, desisto de ver filmes em 3D comum no cinema. Além de não acrescentar nada a história ou às cenas de ação, o efeito acaba incomodando em alguns planos, tornando-se desnecessário. Não me lembro de praticamente nenhuma cena em que o 3D me deu aquela sensação de “Uau”, e só o vi bem empregado ao fim do filme, quando o Escalador de Paredes joga sua teia na cara da plateia. O som (mais uma vez) baixo demais também deixou a desejar (puta que pariu, hein, Cinemark!) e não ajudou a me empolgar. Pelo contrário. A sessão me deixou com sono.
Na próxima vez dou parte do dinheiro que gastaria com alguma sessão em 3D para algum mendigo na rua. Aposto que será uma grana muito mais bem gasta!


Se você ainda não viu, não veja vá ao cinema e tire suas próprias conclusões. Percebi muita gente se divertindo bastante nas cenas “engraçadinhas” do filme enquanto eu achava tudo muito chato, portanto, acho válido indicar o filme a outras pessoas que não gostem tanto assim do personagem e que só queiram desligar o cérebro por algumas horas.
O único momento em que ri na sessão foi quando ao aparecer uma figura misteriosa para falar com o Dr. Connors, já na cena pós-créditos, alguém na fileira de trás perguntou: “Quem é esse? É o Thanos?”. Rachei de rir.

NOTA: 6

NAMASTE!

13 de julho de 2012

O Diabo é o pai do Rock?



"Então é everybody rock
O diabo é o pai do rock
Enquanto Freud explica
o diabo dá os toques"

Pensei numa forma atrativa e instigante de começar esse texto, e procurei encontrar algo que representasse a essência do estilo musical a ser abordado, então pensei “por que não usar uma pergunta polêmica e os versos de um dos maiores representantes brasileiros desse gênero tão querido (e maldito) chamado Raul Seixas”? Voilá! Eis o início perfeito de um post em homenagem ao Rock n’ Roll.
Sim, meninos e meninas. Tirem as camisetas pretas do armário, coloquem suas munhequeiras de espinhos metálicos, usem seus coturnos, espetem seus moicanos atochem a calça de couro, porque hoje nós vamos falar de Rock n’ Roll.


Pra quem viveu em Marte nos últimos cinquenta anos, cabe lembrar que o Rock nasceu da mistura de outros gêneros musicais muito difundidos da cultura negra norte-americana, o Blues, o Jazz e o Country. Naquela época, música de branco era música de branco e música de negro era música de negro, e nenhum dos dois procurava uma união ou mesmo algo em comum que pudessem compartilhar. O mundo vivia o pós Guerra, a sombra nazista de Hitler havia imposto o caos e a desconfiança em cada recôndito mais escuro do mundo, e as pessoas precisavam de referências, de algo com o qual pudessem se apegar para esquecer do terror da ameaça nuclear e da separação de etnias e classes. O Rock n’ Roll serviu como uma luva a esse propósito. 

É necessário ressaltar que o Rock que conhecemos hoje não existiria se não tivesse sido criado pelos negros com todo seu ritmo e ginga naturais. Usado a princípio como uma forma de protesto contra o mundo que desde sempre os escravizava, o Rock surgiu da mescla das letras melancólicas do Blues, o som das guitarras elétricas e da voz poderosa dos negros, ganhando suas mais reconhecidas características ainda na década de cinquenta.
A fórmula perfeita para sacudir as estruturas do mundo estava criada, agora só faltava um meio que a divulgasse.


Curiosamente (ou ironicamente) foi o rosto de um homem branco que ficou mais conhecido por representar o poder do Rock, e muitos anos mais tarde, após a criação desse “ritmo quente”, Elvis Presley, o garoto caipira de Mississipi, serviu como o veículo que levou ao conhecimento massivo do público aquilo que chamavam de Rock n’ Roll. O próprio Elvis dizia que não estava fazendo nada diferente do que caras como Chuck Berry, Little Richard, Buddy Holly ou Jerry Lee Lewis já não o tinham feito, e o assim mais tarde conhecido como “Rei do Rock”, reconhecia as origens daquilo que ele ajudara a popularizar, dando total valor aqueles que o haviam precedido.
Elvis podia não ser o mais talentoso de todos os artistas da época (em início de carreira ele não passava de um caipira carismático!), podia não ser o mais importante do gênero, mas foi o cara que fez com que o mundo conhecesse o Rock em toda sua glória, por isso merece todas as honrarias e festejos em sua homenagem.
 
Desde sua origem nos guetos dos Estados Unidos, o Rock soava como algo transgressor cujo caráter “moderninho” incomodava e causava arrepios por onde era executado. Mesmo depois de cair nas graças dos brancos, que viram na figura de Elvis um motivo para requebrar seus quadris ao som das guitarras elétricas, o Rock continuou a soar como algo marginal, que ia contra a moral e os bons costumes. Enquanto os jovens vibravam em bailes e em shows, seus pais e avós maldiziam aquela “música do Capeta” que instigava o mau comportamento e a rebeldia de seus filhos, o que desde sempre impôs uma sombra de maldição sobre o ritmo, sombra essa enxergada até mesmo por artistas já célebres da época como o cantor Frank Sinatra, que chegou a declarar: Rock n’ Roll é a coisa mais brutal, feia e degenerada que eu já tive o desprazer de ouvir.
Se você queria transgredir leis, regras e mandamentos, você deveria tocar Rock.
Com o passar das décadas, com a morte dos principais representantes negros da música e a vertiginosa queda do Rei para o mundo das drogas, o Rock parecia ter encontrado seu derradeiro fim, quando então novos nomes e símbolos decidiram assumir o bastão da contraversão, surgindo também em outros lugares do mundo. Beatles, Rolling Stones, Led Zeppelin, The Doors, Janis Joplin e tantos outros assumiram a batuta, e mantiveram o legado, criando e influenciando a perpetuação de novos segmentos dentro do próprio Rock.
Sim, meus amigos. O Rock havia encontrado uma forma de se tornar imortal, diferente de seus representantes.


O poder autodestrutivo que os astros do Rock acabaram assumindo para suas personas começou a se tornar algo comum a todos eles, e após a melancólica morte de Elvis Presley (que fora encontrado em sua mansão no dia de sua morte com diversos tipos de drogas circulando em seu corpo), várias outras mortes trágicas acabaram marcando o mundo do Rock, como a de Jimi Hendrix, Janis Joplin e o polêmico líder do The Doors Jim Morrison, todos com 27 anos e por efeito das drogas. Por ora odiado ao ensinar trejeitos sexuais aos jovens com o requebrar dos quadris de Elvis, outras vezes adorado por dar ao gênero um visual “engomadinho” com os meninos de Liverpool em começo de carreira, o Rock sofreu altos e baixos em sua popularidade desde sempre, o que de maneira alguma permitiu que ele fosse exaltado ou considerado um ritmo “do bem” durante um período muito longo. 


Nem os próprios Beatles conseguiram sustentar por muito tempo a cara “limpinha” que eles trouxeram ao estilo, e quando na década de 70, por influência de drogas alucinógenas misturada a uma visão mais pacifista eles deixaram os cabelos e as barbas crescerem, assumindo seu lado “riponga”, os ingleses, embora reverenciados por sua música, também caíram no espectro negativo do Rock, e se juntaram a todos os demais “filhos do Capeta”. Impossível negar as inúmeras referências ocultistas que os quatro roqueiros começaram a inserir em suas canções, nas capas de seus álbuns e em suas próprias vidas pessoais a partir de então.

Foi na mesma década com Led Zeppelin, Black Sabbath e Deep Purple que o Rock ganhou de vez o rótulo de maldito, e para desespero das carolas, beatas e defensores da moral e bons costumes o ritmo passou a defender a liberação do Sexo e das drogas, aliada ao próprio estilo musical. Com essa trinca sendo difundida mundo afora, a preocupação dos pais com seus filhos e o temor que eles começassem a não só adorar aqueles “cabeludos”, mas que também seguissem seus “ensinamentos” era crescente, e o cenário se virou completamente contra a música que nascera como uma forma de protesto contra a opressão. 


A atitude Rock n’ Roll, o consumo excessivo de drogas pesadas como LSD e Ácido, as bebedeiras homéricas e a lascívia dos bastidores dos shows contribuíram e muito para sua má fama, e atualmente não há quem consiga botar a mão no fogo por qualquer um dos integrantes da sua banda favorita. “Os meus ídolos não se drogavam”. “O meu cantor favorito jamais faria isso!”. Não se engane, jovem padawan. Ninguém entra na chuva para não se molhar, e usar pelo menos cinco tipos de drogas diferentes é pré-requisito básico para se tornar um astro do rock.

Além da perversão, o mau costume do uso desenfreado de alucinógenos e das quebradeiras costumeiras em hotéis onde as bandas se hospedavam antes e depois das turnês, outro estigma que marca até hoje as bandas de Rock é o do satanismo. O Rock nasceu como um grito de independência sobre dogmas e religiões, mas isso foi muitas vezes confundido com adoração ao lado negro da Força, o que não deixa de ser um exagero. Nem todo mundo que não possui uma religião definida é adorador do demo.


Quem nunca ouviu falar do pacto demoníaco feito por Gene Simmons e sua trupe do KISS para alcançar o sucesso ou os rituais satanistas que a banda teoricamente executava no palco em pleno show?
Quem nunca experimentou girar o LP (os velhos bolachões) ao contrário para ouvir as mensagens subliminares deixadas pelos integrantes do Led Zeppelin nas faixas de suas músicas?
Quem aí não se arrepiou com o lanchinho da tarde que o velho Ozzy Osbourne fez no palco com a cabeça de um morcego?
E a história de que os caras do Slipknot (banda contemporânea e um dos últimos resquícios de Rock moderno) usam máscaras por causa de um pacto que eles fizeram para conseguir sucesso e fama? 


Histórias de rituais, pactos e ofertas de almas ao Coisa Ruim feitas por astros do Rock povoam o imaginário do público há décadas, e muito de fantasia acabou se criando ao redor desses diversos relatos. Mas afinal, o que é verdade e o que é mito nesse papo de Rock do Diabo?
Tenho uma história de infância com o clássico do Led Zeppelin "Stairway to Heaven", música cujos versos falam de uma dama misteriosa que quer encontrar sua escada para o céu. Interpretações para o que a música realmente quer dizer também existem aos montes (ocultismo e uso de drogas são algumas delas), mas é fato notório que a banda de Robert Plant e Jimmy Page sempre esteve no topo das mais relacionadas a satanismo e outros tipos de bruxarias. Os fatos macabros que ocorreram com integrantes do grupo ao longo de sua carreira como o acidente que deixou Plant longe dos palcos por um bom período além da morte estúpida do baterista John Bonham, são só algumas das passagens bizarras envolvendo a banda, mas o que fica mais evidente são mesmo as mensagens subliminares deixadas pelas letras de suas canções. 


Page chegou a comprar a mansão e alguns pertences de Aleister Crowley (o “Mr. Crowley” da canção do Ozzy e o criador da frase “Faz o que tu queres, há de ser tudo da lei” da música “Sociedade Alternativa” do Raul Seixas), um reconhecido bruxo e filósofo inglês do século XIX. Stairway to Heaven, uma de minhas músicas favoritas, segundo pesquisadores, possui diversas reverências ao Você-sabe-quem, e embora saibamos que religiosos acabam forçando a barra de vez em quando para que essas mensagens subliminares apareçam (quem vai ficar procurando mensagens virando um disco de trás pra frente durante horas??), alguns trechos são intrigantes.
No trecho da música em que Robert Plant canta "Your stairway lies on the whispering wind" a mensagem que dizem se conseguir ouvir ao inverso é: "I will sing because I live with Satan" (Eu vou cantar porque vivo com Satan. Aqui o arquivo em MP3 do trecho para baixar).
Só mesmo um cara possuído pra ter essa capacidade de criar uma frase que tenha um significado falada normalmente e outro completamente diferente falado de trás pra frente! Criatividade do capeta, literalmente!


Se destrinchado, esse papo sobre mensagens subliminares vai longe, portanto vou me ater apenas ao que foi falado até aqui, deixando para falar mais sobre isso num post vindouro.
O fato é que, assim como tudo no mundo, o Rock n’ Roll também possui seu lado negativo, e o negócio é se preocupar apenas com a parte boa. O Rock é acima de tudo um ritmo contagiante, feito também para entreter, e é isso que atrai tantas pessoas há cinco gerações. Para mim, o Rock é uma forma de abstrair do mundo quando este me parece demasiadamente injusto, e tem dia que não há nada melhor do que colocar um fone de ouvido e descarregar toda a tensão enquanto um riff furioso ou melódico atinge o tímpano, te fazendo sacudir a cabeça e embalar o corpo num balanço que te faz bem. Rock é bem estar. Rock é um alimento para alma.
Com certeza existe Rock do Diabo e feito para o Diabo, mas duvido muito que o mesmo tenha sido criado pelo dito cujo. Ele não teria a capacidade de criar algo tão empolgante. 


Viva o Rock n’ Roll, e que Deus abençoe todos os roqueiros! Amém!


Feliz Dia Mundial do Rock!


NAMASTE!

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