16 de novembro de 2010

Muita Calma nessa hora

Feriado, nada para fazer, nenhum outro filme atrativo no cinema, decidi conferir a comédia nacional Muita calma nessa hora, dirigida por Felipe Joffily com roteiro de Bruno Mazzeo, João Avelino e Rosana Ferrão no Cinemark Metrô Santa Cruz, e não me arrependi. O filme é um apanhado de situações cômicas protagonizadas, em grande parte, por gente que entende de humor, e me rendeu boas horas de risada dentro do cinema. A pipoca e a Coca Cola nem fizeram falta.

Pegue uma linha tênue de roteiro, misture com um seleto time de humoristas da atualidade (alguns nem tanto), adicione lindíssimas modelos e atrizes da nova geração, bata tudo no liquidificador e você terá uma noção exata do que é o filme Muita calma nessa hora. Não há nada muito inovador na película, e imagino eu que essa nem tenha sido a ideia original dos roteiristas e do diretor Joffily, que até então não tinha feito nada muito relevante para o cinema. O filme se assume desde o início como uma comédia escrachada, e assim ela se trata até o fim, gerando boas gargalhadas mais com as situações e atuações particulares do que com a história em si, que é bem fraca.


No enredo três jovens amigas, Tita (Andréia Horta), Mari (Gianni Albertoni) e Aninha (Fernanda Souza), encontram-se diante de situações desafiadoras. Em busca de novos caminhos, decidem passar um fim de semana na praia. Na estrada, conhecem Estrella (Debora Lamm que é uma das produtoras do filme), uma hippie, que lhes pede carona para tentar achar o pai desconhecido. As quatro garotas vivem situações hilárias, absurdas e emocionantes. Mais que mudar de ares, mudam a si mesmas.


Como eu disse, nada muito novo. Exatamente pelo ritmo descompromissado, Muita calma é um filme divertido, do tipo que podemos assistir sem qualquer preocupação numa tarde de um dia comum. Apesar de alguns nomes desconhecidos e de algumas atuações econômicas, a maior parte do elenco está bem afiada e à vontade, como é o caso de Marcelo Adnet, impagável na pele de um geek paulistano cheio de sotaque que acaba tendo um caso com a personagem de Andréia Horta. Outros nomes como Leandro Hassum, Maria Clara Gueiros (ih, vem cá. te conheço?), Nelson Freitas, Lucio Mauro (pai) e Lucio Mauro Filho já são figurinhas carimbadas, e mesmo no "clima Zorra Total" ainda conseguem tirar boas risadas da plateia, cada um na sua linha de humor que lhe é mais característica. Sergio Mallandro (ié iéé!) e Marcos Mion também são boas surpresas no elenco, que aliás é o grande atrativo do filme. Quase como um daqueles filmes da Xuxa que aparece um cantor ou ator da Globo por minuto no meio da trama rasa, Muita calma também sofre disso, mas de uma forma bem mais divertida. As participações não são gratuitas, e acrescentam um ritmo à história. Ninguém aparece só pra cantar uma música que nada tem a ver com o filme e some depois disso. Tudo tem uma razão de ser, e todos os personagens tem seu papel no enredo.

Falando em música, a trilha sonora pop do filme é bem variada e vai de Jota Quest à Chiclete com Banana (propositalmente, é claro), passando por Gonzaguinha e Skank, mas não é um elemento importante para a trama, funcionando mais como um tapa-buraco de um corte de cena para outro. Destaque para a música Muita calma nessa hora da Pitty que abre a primeira cena.



As gags visuais, os palavrões bem inseridos (e não usados como vírgulas em cada frase) e as situações cômicas ditam o ritmo, mas isso não ocorre durante todo o filme. Fiquei um bom tempo preocupado em estar vendo mais uma daquelas comédias idiotas que causam poucos risos e que acabamos ficando com vergonha alheia de quem está em cena, mas essa impressão foi sumindo enquanto o filme e sua história foram se desenrolando. Ao sair da sala de exibição percebi que havia me divertido bastante, e isso é o que conta no final. Se essa era a intenção dos produtores, imagino que eles tenham conseguido atingir seu alvo.

Não poderia deixar de citar a plástica do filme. Se a fotografia em várias cenas deixou a desejar cortando a cabeça de alguns atores e atrizes no enquadramento da câmera dando a impressão de que a tela estava curta demais (e erro em enquadramento é seríssimo), esse problema deixava de existir quando Andréia Horta e Gianne Albertoni entravam em cena, sempre com pouca roupa ou com elas bem transparentes. O público masculino não teve do que reclamar nesse filme, e a distração para os erros cinematográficos funcionou bem nesse aspecto. Gianne ainda é mais modelo do que atriz, mas se saiu bem no papel a que se propôs fazer, que não é dos mais profundos. Desfilando o tempo todo de biquini, roupas folgadas ou curtas a apresentadora do Hoje em Dia da Record disfarça bem o talento ainda tímido de atriz. Nos demais quesitos nota 10!


Andréia Horta, que até então só tinha feito papeis pequenos na TV aberta e protagonizado uma série chamada Alice na HBO, rouba as cenas em que aparece com pouca roupa. Apesar da personagem meio destrambelhada (que é traída pelo noivo vivido por Bruno Mazzeo) que interpreta, Andréia esbanja sensualidade o filme todo e não é a toa que chama a atenção do personagem de Dudu Azevedo (provavelmente o colírio feminino do filme) no desenrolar da trama. Marcelo Adnet e Marcos Mion devem ter se divertido em cena com a bela Andréia. Safadinhos!


Em resumo Muita calma nessa hora não é um filme brilhante, não expõe problemas de segurança nacional como Tropa de Elite e nem é tão bem executado quanto a Mulher Invisível (protagonizado por Selton Melo e Luana Piovani), mas é sim bem divertido e vale o dinheiro do ingresso. Que venham novos projetos como esse para o cinema nacional e chega de tanta favela, drogas e palavrões gratuitos. O cinema nacional pode render muito mais do que esses simples plots, basta ter um pouco de criatividade e coragem de inovar.


NOTA: 7,5




NAMASTE!

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