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11 de janeiro de 2021

O Snyder Cute é tudo


 

Aiiin, Rodman! Você só posta coisas sobre a Marvel, só fala da Marvel, seu marvete safado!

Atendendo a inúmeros pedidos, depois de um longo período, eu finalmente vou falar de DC...

Falar mal, é claro, porque hoje vamos destrinchar todas as polêmicas, tretas e viagens do diretor mais visionário da face da terra e seu infindável projeto Zack Snyder’s Justice League!

Siga-me os bons!


É importante relembrar que toda a saga de Zack Snyder para dar luz àquilo que ele chamava de “seu corte” começou depois que as críticas ao filme Liga da Justiça (2017) passaram a ficar cada vez mais mordazes pela imprensa e pelo público. Snyder tinha sido colocado à frente do projeto para levar aos cinemas a equipe de super-heróis mais importante dos quadrinhos — Chupa, Vingadores! — pela própria Warner Bros., mas precisou se afastar devido a morte de sua filha de 20 anos no período das filmagens. Como uma medida paliativa e para que o filme não acabasse sendo engavetado com a saída de seu diretor, a competente equipe do estúdio do Pernalonga escolheu ninguém mais ninguém menos do que Joss Whedon para substituir Zack.

“O Josueldon fez aquela equipe mequetrefe lá da Marvel render mais de 1 bilhão de bilheteria... é claro que ele é a escolha certa para dirigir um filme da MAIOR EQUIPE DE SUPER-HERÓIS DO UNIVERSO!” (Executivo da Warner, em reunião emergencial).

Whedon tinha se desentendido com os manda-chuvas da Marvel Studios após dirigir Vingadores – A Era de Ultron e saiu putinho, batendo a porta. Foi dito na época que o “casamento” entre ele e a Marvel tinha se desfeito por conta de diferenças criativas, mas rolavam boatos fortes de que o diretor teria assediado moral e sexualmente alguns membros da equipe de produção por trás das câmeras e que ele havia agido de maneira sexista e machista por mais de uma vez durante as gravações do segundo filme dos heróis da Marvel. Nada foi comprovado e nenhum outro comentário sobre isso foi tecido entre 2015 — ano do lançamento de A Era de Ultron — e 2016 — ano em que Zack Snyder foi obrigado a se afastar de Justice League, deixando o posto para Whedon — o que permitiu a contratação do novo diretor de fama duvidosa.


Ainda na época, chegou a ser dito que o trabalho de Whedon seria basicamente conectar as pontas soltas deixadas por Snyder na direção e que a maioria das cenas já tinham sido filmadas, mas logo depois a boataria começou a correr solta sobre refilmagens, substituição do compositor da trilha sonora, remodelagem nos efeitos visuais e até mesmo mudanças no roteiro. O que antes seria só uma medida paliativa para salvar a produção, acabou se tornando um projeto praticamente novo e o filme antes imaginado por Zack Snyder foi recosturado, fato esse que desagradou completamente os devotos fãs fervorosos do visionário.

O público se dividiu. Enquanto alguns saíam do cinema com uma boa impressão do que haviam visto na tela, outros caíram matando em críticas ao que Joss Whedon fez ao filme anteriormente PERFEITO na cabeça de Zequinha da Galera, e foi aí que começaram os pedidos para que a Warner lançasse o tal “Snyder Cut”.

Igualmente insatisfeito com o que viu seu filme PERFEITO se transformar, Zack Snyder começou a incitar seus fãs a exigirem que o seu corte fosse lançado como uma versão alternativa à que foi ao cinema, e o cara despirocou nas redes sociais, postando sem parar fotos e vídeos do que era para ter sido a sua versão de Liga da Justiça. Daí para frente, amigo... não tivemos mais um só dia de paz! Toda hora era uma manchete nova:

“Zack Snyder mostra visual alternativo do Superman

“Zack Snyder publica frame de um segundo da barata que passa num canto na cena em que o Flash salva Iris West

“O visionário mostra a cueca usada por Ben Affleck durante as gravações”

“Polêmica: ‘O meu Superman jamais perderia tempo salvando pessoas! ’, diz Zack Snyder, para delírio de seus fãs nas redes sociais”.

Exceto os devotos fãs do cara, ninguém mais estava aguentando a insistência de Snyder em um projeto que visivelmente havia sido um fracasso para o estúdio da qual ele era, além de diretor, também produtor executivo. Justice League tinha rendido à Warner US$ 657,9 milhões — com um orçamento de US$ 300 milhões — e ficou bem abaixo das outras produções da DC também dirigidas por Snyder, como Batman V Superman (2016) e Man of Steel (2013). Era bem óbvio que os picas grossas do estúdio não queriam mais saber do filme e que desejavam apostar em uma direção menos “dark” e mais fantasiosa — algo mais Marvel! — para seu DCU, o que acabou se mostrando um acerto, visto que Mulher Maravilha (2017) e Aquaman (2018) foram bem nas bilheterias, por coincidência ou não, largando de mão o jeito zacksnyderiano de se fazer filme.


Por mais de uma vez a Warner Bros. se pronunciou por meio de seus executivos alegando que não tinha interesse em lançar uma versão de diretor da Liga da Justiça, e por muito tempo achou-se que nem mesmo EXISTIA uma versão do filme não-finalizada por Snyder. Foi aí que em 2020, em meio à pandemia de Covid-19, a hashtag #releasetheSnyderCut tomou as redes sociais do mundo — e de outros universos também. Até o Darkseid tweetou em sua conta oficial! — e aquilo que antes parecia impossível, começou a tomar forma.


Os executivos da Warner
voltaram atrás e o anúncio foi feito pelo próprio Zack Snyder em sua conta no Twitter. Com Mulher Maravilha 1984 engavetado — na época — e mais nenhum lançamento na manga para o ano devido a pandemia, a turma do Pernalonga decidiu injetar o valor inicial de US$ 30 milhões na versão não-finalizada do visionário e o Snyder Cut começou a ganhar vida.
 


 

INCONGRUÊNCIAS

Vale lembrar que uma versão do diretor costumeiramente é feita com cenas não adicionadas no corte original do filme que foi para o cinema e nós já tivemos vários exemplos disso, como nas várias versões do diretor de Blade Runner — de Ridley Scott — e o próprio Superman de 1978, filme que foi originalmente dirigido por Richard Donner — tanto o primeiro quanto o segundo —, mas cuja parte 2 acabou saindo creditada a Richard Lester, por conta de desavenças entre Donner e o estúdio.

No caso do Snyder Cut, com todas as notícias que saíram após o anúncio do investimento milionário no projeto, é bem evidente que não havia mesmo uma versão do diretor já filmada e cujas cenas apenas não tinham sido aproveitadas por Joss Whedon. O tal “Snyder Cut” era na verdade a ideia que Zequinha tinha em sua cabeça para o filme e que nunca tinha sequer sido gravada, daí a necessidade dos US$ 30 milhões da Warner. Tanto é verdade, que não demorou para que o próprio diretor viesse a público falar sobre gravações extras — usando inclusive parte do elenco — e novas inserções digitais. Quem ironizou muito bem a ideia desse corte do diretor, foi o roteirista Dan Slott em uma postagem:

“Eu tenho um corte do diretor de um filme que quero lançar. O filme está pronto. Totalmente pronto. Na minha mão. Ele existe. Um filme completamente real e tangível. Eu só preciso de US$ 70 milhões de dólares para refilmagens”

Sim, amiguinhos!

Aqueles US$ 30 milhões iniciais inflaram para US$ 70 milhões posteriormente e não se admirem caso esse “projetinho” acabe custando aos bolsos da Warner mais de US$ 100 milhões em algo que começou como um capricho de um diretor mimado.

Nada me tira da cabeça que o Zack Snyder deve ter fotos comprometedoras de algum executivo de alto escalão da Warner! Só isso para explicar tanto poder dado a alguém que tinha sido DEMITIDO da empresa!

Eu também sei alguns segredinhos sujos do meu ex-patrão... será que ele me dá US$ 30 milhões para eu terminar o projeto de um filme que eu nunca sequer comecei? Será?

EFEITOS VISUAIS REFEITOS

Um dos motivos de piada da versão original de Liga da Justiça foi a horrenda remoção digital do bendito bigode de Henry Cavill para as refilmagens do filme. Na época, o ator estava gravando também Missão Impossível – Efeito Fallout e ostentava um belo bigode, algo que era imprescindível — sei lá porquê! — que ele não tirasse da caracterização de seu personagem "August Walker", segundo o estúdio do filme. Whedon achou que não seria de bom tom que o Superman surgisse barbudo e bigodudo em cena e isso acabou custando US$ 25 milhões à Warner, que contratou o sobrinho "disáiner" de alguém para fazer os efeitos visuais. 

Quem poderia imaginar um Superman barbudo, não é mesmo?


Resultado? Uma bizarrice sem tamanho que gritava aos olhos em IMAX.



Zack Snyder, ao reassumir a direção do filme, decidiu de imediato que não iria usar NENHUMA cena adicionada por Joss Whedon — para manter a perfeição de seu projeto, a primazia de sua obra única —, mas em vez de tirar um bigode que custa US$ 25 milhões, ele quis ir além. Segundo o diretor, muito do que veremos na tela será inédito e feito totalmente do zero:

“Eu estava conversando com Tamara Watts Kent, a minha produtora de efeitos visuais, e estávamos falando sobre as atualizações do filme. O fato é que cerca de 80% dos efeitos nunca foi visto por ninguém além da equipe. E nem estou incluindo as cenas que foram regravadas… O filme está emocionante. Mal posso esperar para que todos testemunhem o quão grande será essa experiência.” 
  

Mano... 80% dos efeitos... 80% DOS EFEITOS!

O cara refez praticamente tudo e ainda tem coragem de chamar essa $@@#% de “cut”.

Uma coisa que me deixou curioso é: se o Zequinha da Galera não vai usar as cenas dirigidas por Whedon, como ele vai fazer com o Henry Cavill bigodudo? Ou o Henry Cavill bigodudo jamais existiu e faz parte de um universo paralelo acessado pelo Flash e... Hã... esquece!

RAY FISHER PUTO DA CARA!

Um dos atores do elenco original de Liga da Justiça que mais criticou a versão de Joss Whedon foi o intérprete do Ciborgue / Victor Stone, e isso não se deve somente ao fato de que seu personagem se tornou praticamente irrelevante ao corte final, sendo que ele era mencionado como o “coração” da versão snyderiana. O fato é que Ray Fisher acusou Whedon de anti-profissionalismo durante sua passagem conturbada pela direção do filme e entre outras coisas, falou que o tratamento do cara para com a equipe era “nojento, abusivo, pouco profissional e completamente inaceitável”.




Em postagens bastante mordazes nas redes sociais e em entrevistas sobre o filme, Fisher alegou mais de uma vez que tinha sido destratado por Whedon no set e que tinha provas contundentes do que estava falando. Comentou também que os produtores Geoff Johns e Jon Berg permitiram que Whedon agisse de maneira desrespeitosa com ele, e foi além sobre as provas que tinha em sua posse:

"Demorei dois anos e meio para obter todas as informações necessárias para construir algo forte o suficiente para que as pessoas não pudessem descartá-lo. Nós vamos chegar ao fundo disso tudo. E se alguma coisa que eu disse sobre esse homem for falsa, convido-o de todo o coração a me processar por difamação".

Chamou na chincha!

A treta entre Whedon e Fisher acabou ficando clara no corte final do filme. Além das cenas do Ciborgue que aparecem no trailer do filme e que nunca foram usadas na versão final, Fisher alega que seu personagem teria muito mais profundidade — como o Aquaman... hein? hein? profun... deixa pra lá! — e que ele havia conversado com o roteirista Chris Terrio sobre a essência que ele gostaria de ver incutida em seu Victor Stone.

“Vamos nos sentar e falar sobre a experiência de ser um negro e vamos chegar a um tipo de acordo. Ele [Terrio] colocou dinâmicas bonitas da sua perspectiva, e apontamos o que ficaria bom, o que poderia ser problemático, especialmente porque o personagem não é só negro mas também deficiente físico".

Apesar de todo esse disse-me-disse, Victor Stone terá cenas de sua origem como jogador de futebol adicionadas ao "novo" Liga da Justiça, porém, a aparição do Ciborgue no vindouro filme do Flash foi cancelada devido todas essas polêmicas envolvendo o ator e as denúncias de assédio.


 
Booyah!

LOBO DA STEPHANIE E DARKSEID

Foi feito um alarde desgraçado por conta da aparição do temível Darkseid no trailer do Snyder Cut e o próprio diretor não parava de falar de como seu vilão era foda e blábláblá... mas o resultado final — pelo menos o que dá para ver no vídeo — não parece fazer jus ao que se esperava. 

Segundo Snyder, o senhor de Apokolips em seu filme será retratado como um "jovem Darkseid" e por isso tem uma aparência diferente da truculência física a que estamos acostumados nas caracterizações do personagem em outras mídias. A meu ver, ficou bem merda! Nem parece que terminaram de renderizar essa animação tosca!



Assim como na versão de Joss Whedon, apesar da aparição de Darkseid no trailer, o grande vilão da história vai continuar sendo o Lobo da Estepe que, obviamente, ganhou uma repaginação em seu visual. Acho difícil que os novos efeitos digitais deem o peso necessário que faltou ao boneco de CGI do primeiro filme, ou que esse Lobo turbinado seja mais convincente que o anterior, mas a nova "peita" do personagem foi elogiadíssima por Zack Snyder que não demorou para arrotar que seu vilão "era assustador demais".




Ui, ui, tirem as crianças da sala que o bichão ralador de queijo é assustador! 

Na boa? Ainda tenho dificuldades para saber qual das duas versões merdas desse personagem merda ficou pior! Vamos esperar para ver como vai ser vê-lo em ação no filme para fazer as devidas comparações. Criticar com mais base é sempre melhor!

Ainda no trailer, é possível ver outro morador de Apokolips de relance, o puxa-saco maior de Darkseid, o temível Desaad. Nenhuma outra informação foi mencionada a respeito desse personagem ou qual será seu papel no enredo, mas tal qual seu mestre, acho bem difícil que seja algo muito maior do que uma aparição especial no meio do roteiro já bastante inflado com várias tramas e sub-tramas dessa colcha de retalhos que é o Snyder Cut.   


CORINGA GANGSTA E SLAAAAAAAADE

Nós sabemos que parte do que mais agrada os fãs de Zack Snyder em seus filmes do DCU é o modo limítrofe como ele encara alguns personagens, em especial aqueles que em outras mídias tendem a ter uma visão mais pacifista e/ou apaziguadora, por isso, para quem compactua com suas ideias “O SUPERMAN QUEBRAR PESCOÇOS É IRAAAADO, LEK! CRACK! CRACK! ”.

A inserção de personagens como o Coringa e o DeathstrokeExterminador ou mais comumente chamado de Slaaaaaaade — em Liga da Justiça desse ponto de vista limítrofe parece ser, de certa maneira, acertada, já que nenhum dos dois precisa necessariamente defender ninguém ou agir de acordo com seu senso de justiça. Eles estão pouco se fodendo para isso! Motivo que os coloca como melhores opções para cair nas mãos do Lek Snyder.


A primeira vez que percebemos que o Coringa tinha algo a ver com o passado do Batman — esse morcego introduzido em
Batman V Superman — foi numa cena na batcaverna em que vemos um traje de um Robin pichado com vários “HA HA HA HA”, o que acabou sendo confirmado pelo diretor do filme, em uma de suas duzentas milhões de postagens no Twitter sobre os extras de BVS. Snyder não só confirmou que o seu Robin era Dick Grayson, como também alegou que o personagem — que nunca chegou a aparecer nesse universo — tinha sido assassinado pelo Coringa. Assim que o Joker Gangsta maloqueiro corintiano sofredor interpretado por Jared Leto em Esquadrão Suicida (2016) deu as caras, várias teorias surgiram sobre seu visual, inclusive que os dentes de metal tinham sido implantados no lugar dos que o Batman teria quebrado no soco após a morte do Robin.

Viagem!



Bem, pouca gente discorda que o Coringa de Leto foi O PIOR CORINGA que já vimos na tela do cinema — e isso nem tem só a ver com o visual tatuado e completamente descaracterizado do Palhaço do Crime —, mesmo assim, o ator estará de volta ao papel para uma ponta no Snyder Cut, fazendo parte, segundo o diretor, de mais um dos pesadelos de Bruce Wayne ao longo do filme. Além dessa informação e da comemoração de Leto por voltar a interpretar o Coringa, mais nada foi anunciado sobre a inserção do personagem que, lembremos, NÃO FAZ parte do filme original.

Dito isso, será que veremos no filme o Coringa macetando um pé-de-cabra na cabeça de um adolescente e esmigalhando seu cérebro em slow-motion enquanto pedaços de seus miolos voam de encontro à câmera? Seria bem a cara do Snyder, né?



Outro ator que comemorou feito pinto no lixo a volta a seu papel foi Joe Manganiello, que postou em sua conta no Twitter o novo visual de seu Slade Wilson para o filme. O Exterminador acabou sendo completamente irrelevante na versão de Joss Whedon, ganhando apenas uma aparição rápida em uma cena pós-crédito de algo que se assemelhava à reunião da Legião do Mal — junto do péssimo Lex Luthor de Jesse Zuckerberg... Mark Eisenberg... Jesse... Sei lá! O carinha lá de Zumbilândia

Antes do projeto ir para as cucuias — pra não dizer “para os caraios” —, era sabido que Manganiello ia repetir o papel do mercenário mais foda da DC no filme solo do Batman, quando a bagaça ainda estava nas mãos de Ben Affleck. Com a restruturação do filme para o que hoje conhecemos como o “The Batman” — com direção de Matt Reeves —, Manganiello ficou desempregado e seu Slade nunca teve mais do que aquela cena mequetrefe que não acrescenta nada em Liga da Justiça.



Já falei aqui no Blog que o Exterminador é um dos meus vilões preferidos da DC e como ele é porradeiro, adora uma espadinha, uma arminha e costuma agir de maneira bem violenta nas HQs, seria o personagem PERFEITO para ser dirigido por Zack Snyder em um filme. Imaginem só aquela cena de BVS em que o Bátema salva a Martha moendo de pancada os soldados do KGBesta só que com o Slade no lugar, podendo fatiar, fuzilar e estraçalhar à vontade seus alvos! Seria fantástico, não é? Aposto que a sua cabeça explodiu tal qual OS MIOLOS DO DICK GRAYSON com essa ideia!

Rodman apoia um filme do Exterminador dirigido por um Zack Snyder sem controle nenhum.


SUPERMAN BLACK

Eu chorei na Morte do Superman... não tenho vergonha de assumir.

A versão dos quadrinhos, claro. A versão do cinema eu até bocejei algumas vezes durante a luta da Trindade da DC contra o Cococalipse.

Uma das coisas mais legais da época da morte e do retorno do Superman — além dos mullets! — foi o traje preto que Kal-El usou enquanto seus poderes eram restabelecidos. Roupas pretas são legais. Eu, como um adolescente na época, “se” amarrava com aquele traje desenhado pelo Dan Jurgens e é bem óbvio que o pequeno Rodman também ia se amarrar em ver algo parecido na tela do cinema.



O mais curioso do verdadeiro motivo da inserção do traje negro tão comentado que “faltou na edição final de Joss Whedon” é que nem o Zack Snyder sabe explicar! Em vez de mandar um “porque eu quis” na resposta quando questionado pela razão de fazer o herói usar a roupa preta no filme, o visionário disse:

“Eu sou um defensor ávido do traje preto. Eu realmente queria o traje preto, fazia sentido para mim porque… o Superman é um personagem que notoriamente nunca cresce. Ele é como uma pedra e tudo apenas é esmagado contra ele. E descobrimos mais sobre nós mesmos tentando mudar aquilo que não pode ser mudado. Isso é o jeito antigo, o velho Superman, enquanto eu sentia que o meu Superman tinha que, em todo o caminho, meio que subir de nível e aprender algo e ser algo diferente, porque no fim, a ideia do que eu planejava era um passo final para o Superman, que era seu retorno real, ou ele chegando ao que eu considero o Superman clássico. Nós não temos ele nesse filme, o Superman clássico. Eu também sinto que o traje preto é um delineador de tempo. Então se você vê um flashback ou flash-forward, ter ele no traje preto te deixa saber onde você está no tempo, porque é algo muito particular desse certo arco. Então eu estava muito animado em usar o traje preto para meio que nos prender em quando ele vai do traje preto para o traje vermelho e azul e então quando ele está no traje vermelho e azul, o que aquilo significa e quando ele volta para ele, o que isso significa? ”

Se você não entendeu porra nenhuma dessa explicação, nós somos dois, colega. High-Five!



Vamos nos ater novamente à visão limítrofe — sim, eu gostei dessa palavra! — que Snyder tem sobre o heroísmo que o Superman representa nos quadrinhos e como essa ameba simplesmente NÃO ENTENDE o simbolismo de um herói que, embora seja mais poderoso que QUALQUER SER HUMANO, entende perfeitamente a sua limitação, e que o fato dele não usar seus dons para ganhar vantagens e/ou abusar da boa-fé da humanidade, o torna o MAIS HUMANO de todos os seres excepcionais com que ele convive.

Dá pra sacar a diferença disso para um cara que simplesmente quebra o pescoço de um inimigo, por mais que isso pareça na hora a única solução?



Um Superman “do jeito antigo”, o “velho Superman”, como cita Snyder em sua explicação, arranjaria milhões de outras formas de deter o descontrole de seu conterrâneo Zod sem que isso envolvesse matá-lo, e é esse altruísmo, essa bondade intrínseca que faz do Superman o que ele é. Um cara com o poder de um deus, mas que age como o mais humano dos humanos simplesmente porque entende o que é ser falho.



Quando Snyder diz que “o Superman não cresce” e que o seu Superman “tinha que, em todo o caminho, meio que subir de nível e aprender algo e ser algo diferente” — embora não saiba concluir seu argumento, confundindo todo o meio de campo em seguida — é o velho Zack Snyder limitado falando mais alto. 



O mesmo cara que só viu a superfície da obra Watchmen e que acha que o seu Batman tem que matar sim e que o seu Superman precisa evoluir, ser “melhor” do que sua versão boazinha e escoteira das HQs. O “velho Superman” é passado. O novo Superman mata, arrebenta uma cidade inteira para deter o vilão e está pouco se fodendo para as consequências de seus atos. Em resumo... o uniforme negro do Superman mostra a verdadeira visão que Snyder tem do personagem, alguém trevoso, alguém desprovido de luz, que não mede o poder que tem em mãos e que usa os mesmos métodos de seus inimigos para vencê-los.

Personagens assim tem aos montes para serem trabalhados. O Superman deveria ser a exceção.  


MULHER MARAVILHA BOLADONA

Patty Jenkins foi uma das poucas pessoas do meio cinematográfico que entendeu o que a Mulher Maravilha deveria simbolizar no mundo dos super-heróis, e a diretora do filme Mulher Maravilha e da sequência Mulher Maravilha 1984 acabou pagando caro por tentar representar a heroína como ela deveria ser nos cinemas.


Recentemente, Zack Snyder publicou mais um material inédito da época de
Batman V Superman e surpreendeu um total de 0 pessoas ao mostrar que não entende os personagens que tem em mãos. A imagem exibida por Snyder seria a versão original da foto que causa todo o reboliço no roteiro de BVS entre Diana Prince e Bruce Wayne — aquela com a personagem perfilada com seus colegas na Primeira Guerra Mundial — e nela, Diana aparece ao lado de outros “colegas” ostentando como troféus três cabeças humanas a tiracolo.



A explicação de Snyder soa ainda mais ofensiva que a do traje negro do Superman, mas é mais inteligível:

“Mulher-Maravilha 1854 – Essa imagem incrível tirada por Stephen Berkman de um universo alternativo, mostra uma Diana cansada pela guerra, que perseguiu Ares pelos campos de batalhas ao redor do mundo, e ainda não havia conhecido Steve, que a ajudaria a restaurar sua fé na humanidade e no amor.”

“... uma Diana CANSADA pela guerra...”, mas que ostenta CABEÇAS HUMANAS como símbolo de “quem manda aqui é nóis, mano! ”. Entendi. Ok.

Nem é preciso dizer que a imagem acabou causando mal-estar nos fãs da personagem, em especial pela maneira brutal com que a princesa guerreira é retratada.

Aiiiin, Rodman! Deixe de ser pau no cu, seu pau no cu! O Zéquinha lindo disse que essa Mulher Maravilha — essa rachada HOR-RO-RO-SAAA — faz parte de um universo paralelo. Ela não é a mesma dos filmes!

Hmmm... não faz sentido nenhum, jovem padawan! Se é de um universo paralelo, por que causa, motivo, razão, circunstância a Diana iria hackear os computadores do Bruce Wayne só para recuperar a foto dela pagando de Maria-Bonita? Enfim...

Quem acabou dando uma “voadera” com os dois pés no peito do Zéquinha da Galera acabou sendo a própria Patty Jenkins, que defendeu sua visão da Mulher Maravilha para os filmes, falando ainda sobre a interferência que a Warner tentou criar durante a produção do primeiro filme:

“Mulheres não querem ver isso. Ela sendo rude, durona e cortando a cabeça das pessoas, não é isso que deve ser – eu sou uma fã da Mulher-Maravilha e não é isso que estamos procurando. Ainda assim, eu podia sentir aquele nervosismo instável da parte deles sobre o meu ponto de vista. ”

Em tempos, vale lembrar que Jenkins alegou recentemente que o terceiro ato de seu filme de 2017 foi inteiro roteirizado por imposição do estúdio, que cismou que deveria haver uma grandiosa batalha entre Diana e Ares.



Grandiosa mesmo! Grandes merdas de sequência!

A briga entre os dois é uma das piores coisas do filme e até mesmo Jenkins admite que ninguém gosta daquela sequência e que ela acabou sendo obrigada a ceder ao que o estúdio queria. 

Além do estúdio que quis forçar uma visão mais agressiva da Mulher Maravilha, quem também tinha planos para um lado mais sombrio da personagem era o próprio Zack Snyder, que tinha escrito um roteiro para o final de Liga da Justiça em que Diana decapitava o Lobo da Estepe — a ilustração abaixo mostra a ideia de Snyder. Patty Jenkins parecia ser a única lúcida o suficiente na Warner e também a única capaz de entender a verdadeira essência da Princesa das Amazonas. O resto queria mais é ver a principal personagem feminina das HQs arrancando cabeças no cinema!

Aiiiin, Rodman! Deixe de ser recalcado! Nos quadrinhos a Diana é uma guerreira ela mata geral mesmo... trucida, esquarteja! Mimimimi! Quem lacra não lucraaa!



Pois é... após o advento dos Novos 52, a Princesa das Amazonas ficou resumida a essa bárbara boladona que usa mais a espada como arma do que o laço da verdade e que não perdoa os inimigos. A molecada de hoje em dia nem sequer ouviu falar da Mulher Maravilha justa, altruísta e bondosa recriada pelo George Pérez na década de 80. Uma pena!



FICA OU NÃO FICA?

Todo mundo sabe que as decisões da equipe preparada e absoluta da Warner Bros. são tomadas ao sabor do vento que está soprando na hora, não é mesmo? Por isso, ainda é cedo para dizer se Zack Snyder vai continuar ou não à frente do DCU — ou seja lá como esse troço se chama hoje em dia — após o esperado lançamento do Zack Snyder’s Justice League. É bem claro que a simples ideia de um novo filme do diretor movimenta o mercado cinematográfico, seja para o bem ou para o mal, e que o nome do cara já se tornou sinônimo de hype. Falem bem, falem mal, falem de Zack Snyder!



Em publicação recente, o cara disse com todas as letras que não tem interesse em continuar na Warner / DC após o lançamento do filme, e que não vai dirigir mais nada para a companhia pelos próximos anos — toca aquela música aí que ele tanto adora... "Hallelujah"! A Warner, tal qual a vida, é uma caixinha de surpresas, mas por ora, também parece satisfeita com as participações do visionário.

A pergunta é: E se Zack Snyder’s Justice League for um sucesso retumbante e arregaçar com os servidores da HBO Max com zilhões de acessos? E se a versão do diretor mais amado do mundo empanturrar o cu do Pernalonga de tanto dinheiro, fazendo com que os acioni$ta$ da Warner queiram que o Zequinha retorne no futuro, quem sabe, para um Justice League 2, 3 e 4? Será que ainda assim ele não retornaria? Será que mesmo com os executivos implorando em sua porta, ainda assim ele vai queimar as fotos comprometedoras que tem guardadas na gaveta e desistir de ganhar mais dinheiro? Duvido!



O ano é 2021... e em algum momento desses 12 meses nós iremos assistir essa tão aguardada obra-prima dos deuses da cinematografia, que será exibida como uma série de 4 partes no serviço de streaming exclusivo da Warner, o HBO Max e no Torrent mais perto da sua casa, e é claro que eu estarei lá para me regozijar... ou não!

Devo confessar que eu não lembro o que eu tinha fumado na época que escrevi o review de Joss Whedon’s Justice League... mas eu falei BEM do filme na maior parte do texto! Que loucura! Eu devia estar sob efeito de psicotrópicos, não é possível! Já revi o filme umas duas vezes depois da primeira no cinema, e atualmente acho tudo uma MERDA... exceto a luta da Liga contra o Superman... essa eu ainda acho maneira... apesar do queixo redigitalizado escrotamente do Henry Cavill!

P.S. – O post acabou ficando mais imenso que a jiromba do Kid Bengala, mas eu esqueci de citar que quem também deve dar as caras na nova versão REMASTERIZÁITION de Liga da Justiça é o Caçador de Marte Ajax e o próprio Zéquinha da Galera mostrou algo parecido com o visual do marciano em seu Twitter. Nada foi confirmado sobre a participação de Harry Lennix, o ator que interpreta o General Swanwick em Man of Steel, e que seria a forma humana em que J’onn J’onzz estaria disfarçado na Terra, mas é provável que ele faça uma ponta. Tem que justificar esses US$ 70 milhões aí, amigo! Quié... lavagem de dinheiro essa porra?



P.S. 2 - Recentemente Zack Snyder comentou que é um grande fã de Frank Miller e que se fosse dirigir um filme para a Marvel — deusulivre! —, gostaria que fosse algo baseado na graphic novel Elektra - Vive do autor. Taí... seria algo que se encaixa no perfil dele... desde que ele se limitasse à Elektra e não fizesse o Demolidor sair matando todo mundo... igual o Miller fez em O Homem sem Medo! Heheheh! Falando em Frank Miller, como um bom fã do autor, será que Snyder já leu essa página de O Cavaleiro das Trevas??



NAMASTE!

26 de novembro de 2020

A última temporada de Demolidor e Justiceiro



Para fazer e mente aquietar um pouco durante a pandemia — que para muita gente já até acabou! — eu tenho assistido muitos filmes e séries, mas se engana quem acha que é só coisa nova. Porra nenhuma! Eu tenho revisto muita coisa velha e até tenho aproveitado para consumir material que já foi lançado há algum tempo, mas que eu nunca tinha sentado para ver.

Nesse Combo Breaker nostálgico, vou falar minhas impressões sobre a terceira (e última) temporada do Demolidor da Netflix e a segunda temporada do Justiceiro.

SIGAM-ME OS BONS! 

DEMOLIDOR (Terceira Temporada)

Eu já tinha assistido a última temporada do Demolidor na época em que ela foi lançada, em 2018, mas foi como se o impacto do cancelamento da série só tivesse me atingido agora. Eu sou um grande fã do Demônio Audacioso de longa data — looonga mesmo! — e fiquei bastante empolgado quando surgiram os boatos que o personagem ia ganhar um seriado próprio lá por 2015. Escrevi alguns posts de expectativa, falei sobre as outras temporadas, mas acabei não tendo saco para falar sobre a última, que não deixa NADA a dever para as anteriores. 



O grande problema das séries Marvel/Netflix foi a quantidade exagerada de episódios que as tornou, em muitos casos, excessivamente arrastadas, e isso era uma questão grave para uma história que em seu cerne, deveria conter mais ação do que falação — dando mais uma vez o exemplo de Punho de Ferro, que com segurança é a pior da safra! No caso de Demolidor, no entanto, seja por ele ser meu personagem preferido de todos os que ganharam vida pela Netflix ou seja porque sua série era realmente melhor, eu veria tranquilamente mais 13 episódios, mesmo que Matt Murdock (Charlie Cox) aparecesse mais do que o Demolidor, como já acontece nessa season finale

Nessa terceira temporada, após os acontecimentos de Os Defensores (que eu resenhei aqui), Matt vai parar de volta ao orfanato onde cresceu depois do assassinato de seu pai, e lá, sob os cuidados da Irmã Maggie Grace e do Padre Paul Lantom (Peter McRobbie), ele enfrenta o peso das escolhas que fez em vida, começando a renegar sua antiga identidade do advogado cego Matthew Murdock.



Em doses excessivas de sua própria autopiedade e sendo alvo do sarcasmo da Irmã Maggie (Joanne Whalley em ótima atuação), que já havia cuidado dele quando criança, Matt vagarosamente tenta retomar sua vida de vigilante mascarado — desta vez sem usar o traje reforçado criado para ele por Melvin Potter — saindo à ruas noturnas de Hell's Kitchen e descobrindo que as coisas por ali não melhoraram em nada após o sumiço do Demolidor. 



Em paralelo à tentativa da retomada de "carreira" de Matt, nós acompanhamos a recuperação de Wilson Fisk (Vincent D'Onofrio) a seu posto de o grande chefão do crime organizado, e mesmo preso — desde a primeira temporada — ele continua manipulando a tudo e a todos para alcançar seus objetivos, inclusive conseguir uma prisão domiciliar no topo de um dos prédios mais luxuosos das cidade — que é de sua propriedade. Longe das grades da penitenciária e com um sistema de vigilância próprio em sua nova "prisão", Fisk busca eliminar todos que o impedem de ascender ao topo do submundo como o Rei do Crime e isso inclui, óbvio, o herói da Cozinha do Inferno a quem ele dedica uma atenção especial — desta vez já sabendo que o advogado cego e o vigilante mascarado são a mesma pessoa. 



Um dos que são manipulados por ele é o agente do FBI Ray Nadeem (Jay Ali), que mesmo sem saber do quão está sendo manipulado por Fisk, acaba fazendo tudo que o chefão precisa para tornar sua vida melhor, caçando o Demolidor — que acaba se tornando o inimigo público nº 1 — e prendendo os demais chefes de gangue da cidade numa "delação premiada" que deixaria a Lava Jato brasileira com inveja! 



Nesse ínterim, um dos agentes do FBI que trabalha com Nadeem, chamado Benjamin Poindexter (Wilson Bethel), acaba sendo usado como bode expiatório depois que recorre à violência excessiva para abater os criminosos que tentaram matar Fisk durante seu transporte da penitenciária. O agente vê sua carreira ir para o buraco enquanto o Rei do Crime ganha cada vez mais regalias em sua prisão domiciliar fajuta, o que o desestabiliza emocionalmente. Fisk descobre que o homem que o salvou possui diversos problemas psiquiátricos originados ainda em sua infância, além de transtornos de ansiedade e problemas para controlar sua raiva. De maneira muito arguciosa, o chefão manipula esses fatos a seu favor e transforma o habilidoso Poindexter — que tem uma mira infalível! — em seu maior aliado, colocando-o contra seu pior adversário, o Demônio de Hell's Kitchen. 



A forma como toda essa trama é conectada desde o primeiro episódio é fantástica e o roteirista Drew Goddard nos coloca a roer as unhas enquanto o Demolidor vai se enrolando cada vez mais numa teia de intrigas e traições à medida que o Rei vai se aproximando para lhe dar o bote final. Eu assisti essa temporada duas vezes, com o intervalo que comentei no início do texto de dois anos, e nessa segunda vez foi como se eu estivesse vendo a primeira vez. Embora eu já soubesse o que acontecia nos pontos-chave da história, muito sobre a trama política que Wilson Fisk usa para se safar da justiça eu tinha esquecido completamente. A maneira como ele manipula Dex para que ele se torne seu parceiro é incrível e não soa como algo forçado, já que o personagem sofre de diversos problemas psiquiátricos graves que o tornam vulnerável a essa manipulação. Aliás, palmas para como o Mercenário foi trazido à vida na série. Além da ótima atuação do ator Wilson Bethel, seus traumas de infância, seu descontrole emocional — ao mesmo tempo contraposto com seu TOC — e a maneira como ele se treinou para ser fisicamente imbatível dão ao Ben Poindexter de Demolidor todas as condições para que ele seja o rival perfeito do personagem-título. Destaque para o primeiro embate entre os dois no prédio de O Boletim em que, trajado como o Demolidor, Dex usa artigos de papelaria para acertar Matt, transformando tesouras, clipes de papel e até um grampeador em armas mortais de arremesso! 



Ao final dos 13 episódios, com o combate final entre Murdock, Fisk e Poindexter e com a restituição da firma de advocacia de Nelson e Murdock — e Page! — fica aquela sensação que cabia ali uma quarta temporada, além de um sentimento meio que de abandono. Por mais que se critique a forma meio covarde que a Marvel lidou com os personagens nas séries em parceria com a Netflix, falando que eles pertenciam ao MCU, mas ao mesmo tempo escondendo seus ovos de ouro, sem deixá-los ao menos serem citados nos episódios, é fato que mesmo isoladamente, Matt Murdock e todo o elenco de Demolidor funcionam muito bem e mereciam um melhor tratamento futuro. 

A parceria entre Marvel e Netflix foi encerrada por conta da criação do serviço de streaming próprio da Disney — o Disney+, que estreou recententemente no Brasil — e embora ainda possamos assistir Demolidor, Jessica Jones, Justiceiro, Punho de Ferro, Luke Cage e Os Defensores na locadora vermelha, é fato que nada mais acerca desses personagens vai ser criado para a marca. Gostaríamos muito que a própria Marvel ressuscitasse todos eles desta vez em sua própria casa — o Disney+ —, usando, quem sabe, até o mesmo elenco, mas é difícil dizer o quanto disso seria possível, já que envolve direitos de imagem, contratos vigentes e uma caralhada de coisas que entendemos tão pouco. Assim como aconteceu no período em que tanto o Demolidor quanto o Justiceiro estavam licenciados para a FOX — e sofreram com aqueles filmes merdas na era pré-MCU —, é necessário que se espere um tempo até que os personagens possam ser usados novamente em outras mídias e temo que nesse meio-tempo, os atores talvez não estejam mais disponíveis ou interessados em participar de um vindouro projeto de ressuscitação. 

Vincent D'Onofrio foi um dos que se posicionou sobre o fim da série e mencionou que gostaria de voltar ao papel de Wilson Fisk. Duvido que Charlie Cox, Deborah Ann Woll e Elden Henson não topassem voltar também, já que não fizeram nada de muito relevante depois de 2018.     

NOTA: 9

O JUSTICEIRO (segunda temporada)

Eu fui um daqueles caras que simplesmente largou as séries da Marvel/Netflix assim que foi anunciado que todas elas tinham sido canceladas, e confesso que não tinha visto a segunda temporada de O Justiceiro até esses dias. 

Eu tinha detestado a primeira temporada e fui um dos que critiquei fervorosamente o ritmo cansativo que a série própria do personagem tinha ganhado após sua excelente apresentação ainda na segunda temporada de Demolidor. Todo fã de quadrinho sabia o potencial que o Justiceiro tinha para ganhar um live-action decente e após três adaptações lamentáveis para os cinemas — duas dos quais eu destrinchei lá no início do Blog do Rodman — precisávamos de uma adaptação decente do personagem, e ela surgiu na pele do ótimo ator Jon Bernthal, que convenhamos, nasceu para ser Frank Castle!



A primeira temporada foi uma bosta, mas construiu todos os elementos que conduziram a segunda temporada, bem como também criou o principal adversário de Castle — seu ex-companheiro fuzileiro Billy Russo —, deu a ele um suporte importante dentro das forças da lei — a agente Dinah Madani (Amber Rose Revah) — e carta branca para começar uma vida nova, sob a identidade de Pete Castiglioni



Vagando pelos EUA de bar em bar, vemos agora Castle tentando levar uma vida pacata, longe dos problemas que o transformaram no Justiceiro. De passagem pela cidade, ele encontra a companhia da atendente de bar Beth Quinn (a maravilhosa Alexa Davalos) após defendê-la de uma tentativa de assédio, e essa é a primeira vez em muito tempo que vemos Frank tentando dar continuidade à sua vida, após o trauma de perder a esposa e os filhos — e com a alma lavada por acreditar que fez todos os culpados por seus assassinatos pagarem caro. 



Mas essa é uma série do Justiceiro, amigo, e como devia ter sido desde a primeira temporada, é claro que Frank Castle não encontra a paz que precisa e acaba se envolvendo até o pescoço numa trama política de chantagem, assassinatos e perseguições implacáveis que o fazem querer salvar a pele da jovem Amy (Giorgia Whigham) — que é atacada por combatentes fortemente armados — e fugir com ela não só do bar de Beth como também através do estado.  



Sem entender à princípio onde se meteu, Frank faz de tudo para manter a garota viva, enquanto um misterioso e habilidoso perseguidor contratado para matar Amy e recuperar as fotos comprometedoras de um senador que estão em sua posse, segue a dupla. O homem conhecido apenas como John (Josh Stewart) lidera uma equipe especial de agentes impiedosos e (quase) tão habilidosos quanto Frank e conforme os dois fogem do homem vestido feito um pastor de igreja, Castle vai descobrindo aos poucos os segredos de sua jovem parceira e o que, afinal, ela tem que tanto interessa aos criminosos, que não se importam de deixar um rastro de sangue por onde passam.

Em paralelo a essa fuga desesperada de Frank e Amy, vemos que Billy Russo (Ben Barnes) não só sobreviveu a seu último encontro com Castle, como tem se recuperado lentamente no hospital, onde está sendo atendido pela psiquiatra Krista Dumont (Floriana Lima, a Maggie Sawyer de Supergirl). Enquanto a agente Dinah Madani — que foi atingida por um tiro disparado por Russo — faz marcação cerrada ao ex-amante no hospital, ela faz de tudo para desmascarar — não literalmente, é claro! — seu agressor, dizendo que ele está mentindo sobre sua condição de amnésico, e que ele se lembra SIM, de tudo que fez, tanto a ela quanto a Castle e sua família. 



Os destinos de Castle, Russo e Madani voltam a se cruzar mais pra frente na temporada, e a certo ponto da trama vai dando aquele cagaço de que os roteiristas da série (dentre eles o showrunner Steve Lightfoot) não saibam como amarrar todos os nós que vão sendo deixados soltos pela temporada. Eu cheguei a pensar que não teria como resolver as tramas isoladas de Billy Russo com a da perseguição de John Pilgrim a Frank numa mesma temporada, mas a maneira como tudo é amarrado em um conflito até bem direto me deixou descansado. 

Tudo que reclamei de The Punisher Season 1 virou passado com a excelente segunda temporada que soube equilibrar muito bem os momentos de diálogo com os de ação. Mesmo a trama meio chata do personagem John Pilgrim — que tem um passado envolvendo grupos supremacistas brancos — e sua devoção à religião enquanto mata pessoas a mando de Anderson Schultz — a quem ele está ligado por conta de uma dívida — é muito bem diluída na trama principal e não chega a comprometer o seu ritmo como um todo. Schultz (Corbin Bernsen) é o pai do senador a quem as fotos em posse de Amy comprometem — mostrando um caso homossexual do político — e sua esposa, vivida por Annette O'Toole (a mãe de Clark Kent em Smallville) está em posse da mulher doente — com câncer terminal —  e dos filhos de Pilgrim, fazendo assim com que o matador de aluguel fique à mercê dos criminosos em pele de cordeiro. 



A grande surpresa do elenco é mesmo a Amy de Giorgia Whigham (de 13 Reasons Why) que não só funciona muito bem como a parceira mirim do Justiceiro — e quem diria que um dia íamos dizer isso! — como também puxa nossa torcida inteira por ela, já que a garota é extremamente carismática. É inegável que depois que a salva das mãos da gangue de Pilgrim no bar de Beth, Castle acaba criando um laço paternal com a menina e isso se desenrola numa das mais bonitas relações de pai e filha que já vi nas séries da Marvel. Quando Castle diz a John que faria tudo por Amy enquanto ela está na mira de seu revólver, as lágrimas rolam nos olhos de Amy, nos de Castle e também em quem está assistindo. Porra! Que momento foda! 



Se alguém me dissesse de antemão que o Justiceiro ia ter a sua "Robin" nessa temporada, eu teria desacreditado completamente, mas essa parceria acabou sendo um dos pontos mais positivos da temporada toda, que contou também com ótimas atuações de Jason R. Moore como Curtis Hoyle — que é a consciência moral de Frank — e do próprio Ben Barnes, que deu a seu Billy Russo / Retalho um ar de psicopatia bastante interessante, já que ele realmente não sabia o que tinha feito à família do amigo Frank Castle, embora fosse atormentado noite após noite com a caveira símbolo do Justiceiro em seus pesadelos.



A caracterização da série só pecou em uma coisa: As cicatrizes de Russo!

Caralho! Como alguém que teve a cara esfregada em cacos de vidro fica tão bem apresentável assim depois de tudo? Olhando para sua cara, dá a impressão que Billy Russo só teve um entrevero sério com um gatinho de estimação, saindo um pouco arranhado, e não que teve o rosto moído em um espelho quebrado! 

Os cirurgiões plásticos que cuidaram do cara são bons demais! Séloko! 



Eu adorei essa segunda temporada e ela mal acabou e eu quase dei play no primeiro episódio de novo só para rever tudo com mais calma. Por um lado, até foi bom ter visto com esse intervalo entre o cancelamento da parceria Marvel/Netflix e a estreia da Disney+, assim pelo menos, eu me afastei do hate em que estava após ter detestado a primeira temporada. Agora eu até apoio uma terceira temporada e o próprio Jon Bernthal — o melhor Justiceiro EVER! — chegou a se pronunciar nas redes que não seria impossível uma continuação da saga de seu Frank Castle, agora pela Marvel. Vamos ver no que vai dar. 

NOTA: 9

Leiam também quais eram as minhas expectativas para a primeira temporada de Demolidor lá em 2015:



Minha crítica às modorrentas temporadas de Punho de Ferro e Luke Cage:



E o que achei sobre a primeira temporada de Justiceiro, a segunda temporada de Jessica Jones e o crossover entre eles, Os Defensores:



P.S.: E quando a gente achava que o assunto já estava morto e enterrado, às vésperas dos direitos de uso do Demolidor retornarem exclusivamente para a Marvel, começou a rolar uma petição para salvar a série e ninguém menos que o próprio Vincent D'Onofrio está participando, pedindo aos fãs que assinem. Uma hashtag também foi criada para mostrar aos executivos da Marvel o interesse das pessoas num possível retorno da série. Basta tweetar #SaveDaredevil e assinar a petição online aqui!  



NAMASTE! 

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