O episódio conhecido como a crise dos mísseis de Cuba , ocorrido em Outubro de 1962, foi um dos momentos de maior tensão da Guerra Fria. A crise começou quando os soviéticos, em resposta a instalação de mísseis nucleares na Turquia em 1961 e à invasão de Cuba pelos estado-unidenses no mesmo ano, instalou mísseis nucleares em Cuba. Em 14 de Outubro, os Estados Unidos divulgaram fotos de um voo secreto realizado sobre Cuba apontando cerca de quarenta silos para abrigar mísseis nucleares. Houve uma enorme tensão entre as duas super-potências pois uma guerra nuclear parecia mais próxima do que nunca. O governo de John F. Kennedy, apesar de suas ofensivas no ano anterior, encarou aquilo como um ato de guerra contra os Estados Unidos.
Nikita Kruschev, o Primeiro-ministro da URSS à época, afirmou que os mísseis nucleares eram apenas defensivos, e que tinham sido lá instalados para dissuadir uma outra tentativa de invasão da ilha, indignando assim ainda mais os americanos. Anteriormente, em 17 de abril de 1961 , o governo Kennedy já tinha tentado um fracassado desembarque na Baía dos Porcos (operação planejada pela CIA, que usou os refugiados da ditadura de Fulgêncio Batista como peões na fracassada tentativa de derrubar o regime cubano). Mas agora a situação era muito mais séria.
Nenhum presidente dos Estados Unidos poderia admitir a existência de mísseis nucleares daquela dimensão a escassos 150 quilômetros do seu território nacional. O presidente Kennedy acautelou Khruschev de que os EUA não teriam dúvidas em usar armas nucleares contra esta iniciativa russa. Ou desativavam os silos e retiravam os mísseis, ou a guerra seria inevitável.
Foram treze dias de suspense mundial devido ao medo de uma possível guerra nuclear, até que em 28 de Outubro Kruschev, após conseguir secretamente uma futura retirada dos mísseis estadunidenses da Turquia, concordou em remover os mísseis de Cuba.
(Fonte Wikipédia)
Há pouquíssimos dias eu comentei aqui as minhas expectativas sobre X-Men Primeira Classe, a mais recente empreitada da FOX com os mutantes da Marvel, e depois de conferir o filme no cinema só posso dizer que minhas expectativas foram superadas.
Em primeiro lugar é importante ressaltar que apesar de ter pontos que ligam Primeira Classe a X1, X2 e X3, ele é um filme muito diferente de seus antecessores por não primar apenas pelas cenas de ação e sim em contar bem uma história acima de tudo. O que lembramos de X2(considerado até então o melhor filme da franquia)? A cena da invasão da Casa Branca pelo Noturno? A invasão na Mansão X que fez com que Wolverine fosse enfim reconhecido no cinema? Sim e é disso que estou falando. Os filmes anteriores se preocupavam em nos mostrar cenas impactantes de ação, e embora elas também apareçam em Primeira Classe, a marca que fica do filme desta vez é sua história e a contextualização dos personagens. Exatamente por isso comecei o post elucidando um pouco do clima onde o filme é criado, falando sobre o que acontecia no mundo em 1962.
Primeiro ponto positivo de Bryan Synger e Josh Schwartz nos roteiros é a ambientação da aventura. Somos presenteados de novo logo de cara com a melhor cena de X-Men 1, a que mostra Erik Lensherr ainda criança sendo separado dos pais nos campos de Aushwitz e exibindo seus poderes magnéticos pela primeira vez ao retorcer um portão de ferro. A cena ganha uma continuação, e então somos apresentados a Sebastian Shaw (Kevin Bacon) interpretando uma espécie de agente da Gestapo que obriga Erik a mostrar seus poderes em troca da vida da mãe. Essa foi a cena de abertura de um filme mais tensa que já me lembro de ter visto (superada talvez pela de Missão Impossível 3), e a interpretação do menino que vive Erik e a de Bacon são excepcionais. Aliás, Bacon, a meu ver, nasceu para viver vilões sádicos. Ele está muito bem como Sebastian Shaw, embora ainda não tenha se livrado totalmente da canastrice que o persegue.
O início do filme é um contraponto perfeito entre a vida dramática de Lensherr nos campos nazistas e a vida tranquila e segura de Charles Xavier nos Estados Unidos. Embora não mostre a relação de família de Xavier, sabemos o tempo todo como as coisas para ele são muito mais fáceis em seu mundo seguro, e isso é desenvolvido o filme todo, criando um equilíbrio entre os dois personagens que acabam se tornando amigos posteriormente.
Falando ainda da ambientação do filme (numa passagem de tempo de 1944 até 1962), tudo é muito sutil e nos remete completamente aos períodos mais negros da humanidade (A 2ª Guerra Mundial e a Guerra Fria), misturando com maestria realidade e ficção. Viajei em pensamento para a minhas aulas de história na escola assistindo o filme, e o cuidado de Matthew Vaughn com o período, cenários e vestimentas é impecável. Segundo ponto positivo.
A história nos mostra um jovem Charles Xavier (James McAvoy) bem mais fanfarrão do que de costume (beberrão, xavequeiro), mas igualmente brilhante, o que o faz se formar cedo em Harvard (ou seria Oxford? agora não lembro). Curiosamente ele e Mística desenvolvem um relacionamento fraterno desde a infância, quando então ela invade a mansão de Xavier em busca de comida, e assim eles crescem juntos, ele a protegendo como um irmão mais velho e ela disfarçando sua verdadeira natureza na pele de uma bela jovem loira (Jennifer Lawrence). Seu destino se cruza com o de Erik Lensherr quando Moira Mactaggert (Rose Byrne), uma agente da CIA infiltrada para descobrir os verdadeiros planos de um Coronel americano, descobre que existem pessoas com capacidades fora do comum envolvidas com o Coronel (Glenn Morshower, o agente Pierce de 24 Horas) e decide pedir ajuda ao maior especialista em mutações nos EUA, o próprio Xavier. Orientando uma importante caçada ao suspeito de crime de guerra Sebastian Shaw após convencer os altos-escalões da CIA de que os mutantes podem utilizar seus poderes para o bem (com a ajuda dos poderes transmorfos de Mística), Xavier ajuda Moira a encontrar Shaw e sua sensual (bem, nem tanto) colaboradora Emma Frost (January Jones). Nesse meio tempo Erik Lensherr que buscava o responsável pela morte de sua mãe por todo o mundo (numa das cenas ele vai até a Argentina!) chega até Shaw, mas é detido pelos poderes psíquicos de Frost e jogado fora do submarino, por onde os dois fogem antes que o mutante possa detê-los com seus poderes magnéticos. Para salvá-lo do provável afogamento, Xavier se lança ao mar e o resgata, começando assim a longa amizade entre os dois.
A parceria entre Xavier, Lensherr e Mactaggert possibilita que eles conheçam o personagem de Oliver Platt, um homem que dentro da CIA possui uma espécie de divisão que cuida de avanços tecnológicos à cargo do genial Hank McCoy (Nicholas Hoult), um jovem cientista que projeta de soros para retardar a evolução das mutações até aviões supersônicos (Ah, vá!). Uma das criações de McCoy é uma máquina capaz de localizar mutantes pelo mundo, que funciona com a ajuda de uma mente poderosa capaz de se conectar a ela (o Cérebro).
Com o intuito de abrir contato com outros jovens com capacidades igualmente fantásticas como as deles, Xavier usa seus poderes para localizá-los e acaba chegando até Angel (a deliciosa Zoë Kravitz) a mutante com asas de fada (inseto, anjo??), Darwin (Edi Gathegi) o mutante cujo corpo é capaz de evoluir para que ele sobreviva, Alex Summers (Lucas Till) que dispara rajadas plásmicas e o jovem Sean Cassidy (Caleb Landry Jones) capaz de emitir rajadas supersônicas das cordas vocais.
Juntando McCoy, que possui pés em forma de mãos enormes e a própria Mística, capaz de se metamorfosear, Xavier ganha seus primeiros X-Men, grupo que ele é obrigado a treinar após uma invasão de Shaw ao instituto da CIA que acaba causando a morte de Darwin.
Com sua equipe do Clube do Inferno formada por Emma Frost, Azazel (Jason Flemyng) e Maré Selvagem (Alex Gonzales que não abre a boca uma só vez no filme), Sebastian Shaw começa a colocar seus planos malignos em ação, jogando as superpotências umas contra as outras no intuito de que haja uma 3ª Guerra Mundial e assim um inferno nuclear. Xavier e Magneto se veem obrigados a intervir e partem para deter os planos do rei negro do Clube do Inferno.
X-Men Primeira Classe é um filme de ótimos momentos, e embora a história deslize uma hora ou outra como no próprio plano de Shaw de criar um inferno nuclear para que assim os mutantes reinem soberanos, ou da forma rápida como a amizade entre Xavier e Magneto se desenvolve e como ela acaba quando eles se tornam rivais ideológicos, há sim muito o que se aplaudir no filme, e muito que se elogiar de Synger, que parece ter encontrado sua redenção depois de Superman Returns, e do diretor Matthew Vaughn.
Algumas atuações também me incomodaram como a da ossuda Janury Jones, que me pareceu pouco confortável em seu papel de Emma Frost, que a meu ver, deve ser uma mulher dominadora e igualmente má. Além de muito magra para o papel, apesar dos belos seios, Jones deixou a desejar mostrando pouco talento, e pra ela acabou sendo uma mão na roda que seus colegas de elenco mal abrissem a boca, como foi o caso de Flemyng como Azazel e de Gonzales, como o Maré Selvagem, que aliás não chega a ser chamado assim no filme.
A motivação de Erik para se tornar Magneto também me soou um tanto quanto forçada, e me fez lembrar de outra passagem para o lado negro do cinema que aliás usa o mesmo mote: o assassinato da mãe. Alguém se lembra de Anakin Skywalker?
Claro que a morte de um ente querido provoca ira e não há nada mais doce que se vingar do responsável, só que a passagem do personagem racional para o raivoso acontece de forma pouco trabalhada. Shaw é usado no filme como a motivação de Erik em se tornar um ser vingativo, mas pelo vilão ser igualmente mutante, esse ponto perde metade do sentido, já que o Magneto dos quadrinhos odeia a humanidade por eles terem sido responsáveis pela morte de toda sua família nos campos de concentração, o que o leva a rivalizar com seu amigo Xavier, que acredita que possa haver uma convivência pacífica entre humanos e mutantes. A suposta raiva de Erik pelos humanos é engendrada nos últimos minutos do filme, quando então russos e americanos se juntam para exterminá-los ao se verem ameaçados por seus poderes fantásticos, mas pouco se é usado do tema "ódio dos humanos" para justificar a ascensão de Magneto.
O questionável plano de Sebastian Shaw em jogar as superpotências umas contra as outras também me pareceu coisa daquele Lex Luthor pateta do filme de Synger. Causar um inferno nuclear para que assim nasçam mais mutantes devido a radiação? Que coisa ridícula!
Primeiro Magneto quer transformar todos os humanos em mutantes com uma máquina ligada na Estátua da Liberdade, depois William Stryker quer matar todos os mutantes porque o seu filho é um mutante, e agora isso?
Pelo jeito a criatividade meio que se esgota quando se trata em dar alguma motivação para o vilão da história!
Seja como for, digo e repito, X-Men Primeira Classe é um filme recheado de ótimos momentos, e eles são tão numerosos que eu ficaria horas aqui descrevendo. Chego a arriscar a dizer que em matéria de empolgação e narração, ele rivaliza sim com o 2º filme, e Magneto se provou ser um protagonista tão empático quanto Wolverine no restante da franquia. Nós torcemos por ele, vibramos com suas peripécias com os poderes magnéticos (usados, aliás, com extrema criatividade) e até gostamos quando ele finalmente se entrega aquilo que ele foi criado para ser: O mestre do magnetismo e melhor vilão da Marvel.
Devido as incoerências citadas, pelo afastamento das histórias em quadrinhos e pela descaracterização de alguns personagens (achei a Mística muito menininha indefesa), X-Men Primeira Classe não é nem de longe um filme perfeito, mas é um ótimo recomeço para uma franquia que descia ladeira abaixo depois do fracasso de X-Men Origens: Wolverine. O filme é empolgante, chega a ser emocionante em alguns momentos e possui personagens muito carismáticos em cena, começando pelo ótimo Profº Xavier interpretado por James McAvoy e pelo excelente Erik Lensherr que o versátil Michael Fassbender dá vida. Fiquei bastante satisfeito com o resultado final, e pra quem não estava dando a mínima para os mutantes no cinema, devo dar o braço à torcer para a Fox por ter conseguido revitalizar a franquia. Que venham mais filmes bem cuidados como esse no futuro, e que a Fox e seus produtores continuem aprendendo com seus erros.
NOTA: 8,5
NAMASTE!