Os fatos que antecedem a união de Peter e Mary Jane no altar são muito mais importantes do que a história em si, que apresenta diversos pontos fracos se bem analisada. Para começar, Paul Ryan, o desenhista do título é um artista bem irregular sem uma arte-final adequada (mais tarde ele aperfeiçoaria seu traço), o que torna a história um tanto quanto “feiosa”. Uma história de tal gabarito merecia os traços de Romita Jr. (que ilustra as duas edições anteriores ao casamento) ou do Romita Pai (que ilustra a capa da edição).
Até por ser uma história da década de 80, O Casamento é uma história leve e direta que não apresenta grandes reviravoltas nem uma trama complexa. O roteiro flui de forma simplista e tudo está bem mastigado para o leitor. Após o pedido da mão de MJ, Peter começa a entrar em crise por não saber ao certo se é aquilo que ele quer para sua vida. Em vários momentos ele pensa em Gwen Stacy, o grande amor da sua vida que foi assassinada pelo seu arqui-rival Duende Verde, e revive o terror de ter perdido a menina por causa de seu alter-ego aracnídeo. Temendo que aquilo pudesse se repetir com sua atual companheira caso alguém descobrisse sua identidade secreta, o rapaz começa a reconsiderar a possível vida de casado em nome da segurança de sua amada. Por outro lado, Mary Jane que é uma modelo famosa, acostumada com o glamour e o luxo titubeia ante o fato de se casar com um pobretão como Peter, abdicando da vida agitada que leva, embora sinta-se segura a seu lado. Ambos encontram razões de sobra para desistir do casamento, mas apenas uma os convence a prosseguir com os planos: o amor incondicional que um sente pelo outro. Coisa de novela, né?
Só mesmo nos quadrinhos ou na ficção em geral algo como uma supermodelo se casar com um fotógrafo pobre que não tem nem onde cair morto poderia acontecer, mas se acompanharmos a história de amizade entre ambos desde os tempos de faculdade, passando pelos problemas familiares dela e da insegurança dele de se apaixonar de novo após a morte de Gwen, podemos entender perfeitamente o que levou um para os braços do outro. Essa relação entre eles acontece muito antes da história do casamento que nada mais é do que a definição do fato em si e por esse motivo, mesmo tendo um roteiro relativamente fraco, o casamento do Homem Aranha é um marco importante para a vida do personagem, algo que celebra o crescimento e o amadurecimento dele como pessoa.
NAMASTE!