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Suzane Richthofen que se cuide!
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Quem é Tio Patinhas?
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Galeria do Rodman
13 de outubro de 2010
Tropa de Elite 2
Durante todo o filme temos a impressão “de já ter visto isso em algum lugar” com relação aos fatos mostrados, e ficção se mistura muito facilmente com a realidade. José Padilha não criou uma história tirada do nada e nem tampouco usou de argumentos puramente ficcionais para compor seu filme. O tempo todo nós somos espetados por fatos reais disfarçados de “faz de conta” e desde a primeira cena (a rebelião em Bangu I) o espectador começa a se antenar sobre o evento do “baseado em fatos reais” estar mais óbvio do que se previa. A corrupção de carcereiros e de policias que fazem vista grossa para a “fuga” de um presidiário de altíssima periculosidade chamado Beirada (na tela interpretado por Seu Jorge) e do desenrolar dos fatos que levam à expulsão do Capitão Nascimento do BOPE é apenas a ponta do fio de um novelo muito maior que vai se desenrolando no decorrer do filme, e para os mais atentos, qualquer semelhança com a fuga de Fernandinho Beira-Mar do Departamento Estadual de Operações Especiais (Deoesp), em Belo Horizonte em 1997 nesse caso, não é mera coincidência (mais detalhes aqui e aqui).
Para quem acompanha noticiários independentemente de qual mídia se faz isso (muito do que vemos e lemos diariamente é manipulado) sabe que a Polícia tem sua banda podre, e isso não é só no Rio de Janeiro, onde se concentra a história de Tropa de Elite 2. Embora isso seja algo até de grande notoriedade, ainda é chocante ver como isso ocorre de forma tão descarada e arbitrária mesmo que em uma obra ficcional. Somos levados a acreditar desde pequenos que há o herói e o vilão, mas a realidade nem sempre nos permite distinguir quem é quem. Muitas vezes o que deveria ser o herói age como vilão e para alguns os vilões é que são os verdadeiros heróis (como nas comunidades que são bancadas por traficantes). Se o cara que o resto da sociedade considera bandido é o mesmo que lhe dá comida e segurança então o que ele será para você? Duvido que a resposta seja vilão. Da mesma forma, aquele que deveria lhe dar segurança age de maneira inescrupulosa, visando seu lucro pessoal, e a palavra “herói” está muito longe de servir para descrevê-lo. Essa é a nossa realidade.
No primeiro Tropa de Elite nos vemos torcendo pelo Capitão Nascimento e seu BOPE, que sobe nas comunidades (não se pode mais dizer favela) para fazer “justiça”. Vibramos com os tapas na cara (em sentido amplo) dos estudantes (playboyzinhos maconheiros) que alimentam o tráfico de drogas e com o enquadramento dos próprios donos de bocas de fumo. Nos sentimos de alma lava a cada “cadê o Baiano” e “você é um merda” que o Capitão Nascimento dispara enquanto impõe sua forma de fazer aquilo que considera certo (e nós também), torcemos para que ele consiga treinar seu substituto e abrimos um largo sorriso para o desfecho da história (um tiro de calibre doze na cara do Baiano) por mais violento que ele possa parecer. É intrínseco, quase natural o efeito que Tropa de Elite causa àqueles que há tempos clamam por justiça num país onde a Lei só funciona para poucos, mas na sua sequencia, descobrimos juntos com o agora Coronel Nascimento, que os inimigos são outros e que os traficantes são apenas marionetes controladas por mãos muito maiores, numa escala muito mais alta de poder, e o efeito no espectador é o mesmo que Nascimento sente em cena: vazio. A solução está muito mais longe de ser encontrada, e tapas, sacos e cabos de vassoura já não são mais suficientes.
Ainda não li nenhuma crítica ao filme, não sei qual a opinião das pessoas sobre o que viram na tela exceto os tradicionais “muito louco esse filme!”, “da hora!”. Eu vi um filme muito mais maduro que o primeiro, muito mais mordaz e ousado em pleno período eleitoral (e vem o segundo turno), e minha opinião sobre ele é muito particular. Me senti perdido enquanto assistia não sabendo exatamente o que pensar, e acho que a intenção de Padilha era mesmo essa, colocar seu espectador para pensar nesses temas para a qual ninguém dá a mínima cotidianamente. Percebi o crescente que o filme permite desde a rebelião em Bangu I até o desfecho da história, e terminei com uma sensação de saciedade por ver na tela o que eu sempre pensei mais nunca consegui exteriorizar. O cenário brasileiro é mais podre que se pensa, há um motivo para que existam ainda, em pleno século XXI as favelas (FAVELAS, mesmo), há um motivo para que nenhum governo seja A ou B NÃO apresente projetos para melhorar a situação das comunidades e o tráfico de drogas em suas campanhas políticas medíocres. Há um motivo para que o governo NÃO tome ações cabíveis para que o tráfico seja combatido ferrenhamente e que não se deixe acontecer no Brasil o que se tornou a Colômbia, que hoje é um país sustentado pelo tráfico. Não é só no Rio de Janeiro que isso acontece. Na minha rua, na sua rua nesse momento pode haver uma boca de fumo sustentada por um sistema falido e quase ninguém se dá conta. Os que se dão ao luxo de questionar o porquê disso, tentam recorrer ao único meio de “justiça” que lhes é permitido por lei, mas enquanto não há tiros sendo disparados ou exposição demasiada de armas de fogo a resposta é sempre a mesma: “Desculpe, não podemos fazer nada”.
Aguardo ansiosamente para que algum defensor dos direitos humanos comece a questionar a “história fictícia” de Tropa de Elite 2 chamando-a de fascista e mentirosa, porque é sempre bom ouvir o outro lado da história e saber o que ele tem a dizer. Patrocinado pela Globo Filmes, Tropa 2 certamente será chamado de “eleitoreiro”, “marketing político” e certamente desagradará alguns ditos cultos de esquerda, mesmo que a visão política exibida no filme não favoreça em nenhum momento (a meu ver) partido A ou partido B. A questão da segurança pública devia sim estar sendo discutida amplamente por partidos A e B em plena campanha presidencial, mas o que vemos, como comentei no post Política para quem precisa de Política, é um festival de ataques baixos à moral alheia e como pano de fundo o mar de rosas que está o Brasil há oito anos ou promessas sem sentido, sem bases sólidas. Eu não usaria muito bem o termo “rosas” para adjetivar o mar em que estamos mergulhados.
Pode parecer exagero, mas Tropa de Elite 2 me serviu como um alerta de que o mundo em que estou vivendo é mais caótico do que eu supunha, e me deixou ainda mais alquebrado com relação a meus sonhos, hoje utópicos, de ver um Brasil sem corrupção, ou pelo menos onde ela é combatida. Mensalões, dinheiro na cueca, assaltos na Casa Civil já não fazem mais o povo reagir, tudo está muito bem oculto por trás de um “país onde o povo pode comprar mais” ou por benefícios dados de graça. Não há porque questionar um governo que te dá o pão e o circo, mesmo que ele seja conivente com a corrupção que acontece a olhos vistos, então a solução é fechar os olhos ou internalizar aquilo, jogando a culpa no partido de oposição. Os meios de comunicação que trazem esses escândalos à tona são de direita e apoiam um partido declaradamente? Sim. Mas se não há corrupção ou se ela existe e não é combatida, por que então sempre alguém renega o cargo ou é expulso do mesmo quando o lixo vem à tona? Bom seria se num país onde o pão e circo já calam a maior parte dos beneficiados a comunicação também se calasse, o que garantiria um controle 100% funcional do sistema conseguido com o silêncio ditatorial, aí sim nós estaríamos vivendo no País das Maravilhas. Quem sabe isso não ocorra nos próximos quatro (oito, doze, para sempre) anos. Dia 31 saberemos. Como bem disse José Padilha no dia do lançamento do filme “infelizmente o Brasil vai continuar o mesmo depois do filme” e eu concordo plenamente. Interpretação é para poucos, e nós não temos um Capitão Nascimento de verdade com colhões para jogar a verdade na cara do povo e dizer que vale a pena ser incorruptível.
Produção e Atuações
Pra quem curte cinema iraniano (indies e descoladinhos) uma má notícia: Tropa de Elite 2 tem uma produção caprichada, digna de cinema hollywoodiano o que garante ainda mais veracidade e dinamismo nas cenas de ação. Por alguns instantes esquecemos que o filme é uma produção brasileira (daquelas que vivemos colocando defeitos por não se parecerem com as americanas) e mergulhamos fundo nas perseguições de carro, nos efeitos muito bem executados de tiros acertando o alvo e da sonoplastia de freadas e disparos de metralhadora. Claro que não é o fato de Tropa de Elite ter uma produção bem próxima dos filmes estrangeiros a razão de seu sucesso, isso só vem a colaborar com o roteiro muito bem executado. O sucesso se deve ao fato, justamente do tema do filme ser bem brasileiro e a identificação que isso causa ao público, mas a execução caprichada fruto dos muitos milhões de Reais investidos torna o filme muito mais digno de elogios.
Sobre as atuações é obrigatório citar o quão talentoso é o baiano Wagner Moura e como o cara manda bem em todas as facetas do Capitão (eterno) Nascimento. Cada cena é um show de interpretação, ele vai do drama ao inconformismo sem que a gente perceba que se trata de algo ficcional e o faz com extrema competência. Confesso que eu tremi na cadeira quando ele manda que o Mathias (André Ramiro) baixe o tom para falar com ele numa determinada cena de conflito entre os personagens de ambos. Me senti acuado como se fosse eu à receber a bronca tal grande é o poder que Moura passa em seu Capitão Nascimento. Nota 10 para o ator e vida longa a sua carreira de produtor.
Outro ator que destaco é o até então desconhecido (para mim) Irandhir Santos que interpreta o Defensor dos Direitos Humanos Fraga, que na história vive o novo marido de Rosane (Maria Ribeiro), a ex-esposa de Nascimento no primeiro filme. Fraga é uma espécie de opositor às ações policiais do próprio Nascimento, e vem inclusive à público execrar as atitudes do BOPE. Fraga é o chamado “comunistinha de faculdade” e aparece sempre à frente das ações do BOPE se dizendo contra o assassinato de traficantes e pregando que todos eles tem salvação, desde que o sistema carcerário permita que essas "vítimas da sociedade" possam se regenerar. Pura utopia. Como o próprio Nascimento alega no filme, “a opinião pública gosta de bandido morto”. Irandhir é um excelente ator pernambucano de 32 anos vindo do teatro, e deixou claro todo seu talento em cenas em que ele apresenta argumentos de o porque a forma como o BOPE age na maioria das vezes é uma forma fascista. Ele passa verdade em seu papel, e sua atuação é tão digna quanto a de Wagner Moura.
Embora sejam dois personagens detestáveis dignos de ódio, tanto o Capitão Fábio (vivido por Milhem Cortaz), quanto o deputado e apresentador de TV Fortunato vivido por André Matos funcionam como o alívio cômico da trama, garantindo boas risadas com suas aparições grotescas na tela. Fábio continua o mesmo corrupto de sempre (como o era em Tropa 1), se aproveitando o quanto pode das facilidades de sua profissão e são proferidos por ele a maioria dos jargões de fácil assimilação da vez. “Vai dar merda” colou que nem chiclete. No caso de André Matos, seu personagem representa os diversos apresentadores de TV que esbravejam contra o crime sem botar medo em ninguém, e ele é ligado às milícias, que são as grandes beneficiadas pelas ações de limpeza do BOPE nas comunidades. É um elemento novo à trama, e é inserido como um certo apresentador manauára que "fabricava" seus próprios mortos para promover em seu programa de TV (mais detalhes aqui).
No mais, André Ramiro volta a encarnar o sucessor de Nascimento no BOPE André Mathias ainda sem demonstrar uma atuação muito inspirada. Maria Ribeiro apresenta competência interpretando Rosane a grande mediadora entre Nascimento e seu filho, o agora adolescente Rafael (Pedro Van Held), que cresce sem ter muito a atenção do pai. No elenco também constam Emílio Orciollo Neto (como Valmir)e Tainá Müller (como Clara).
Tropa de Elite 2 fala de corrupção, fala de moral e acima de tudo tenta nos mostra que uma pessoa incorruptível deveria ser o alicerce de uma sociedade justa. O Capitão Nascimento não se deixa corromper e devíamos seguir seu exemplo fincando bem os pés no chão e não deixando que ninguém se aproveite de nossas fraquezas. Tropa de Elite 2 é um filme que faz pensar acima de entreter pura e simplesmente, e é um exemplo do que o cinema nacional é capaz de produzir desde que se tenha esmero e competência.
Nota: 10
NAMASTE!
12 de outubro de 2010
Top 10 - Saudades da Infância
Quando eu era criança eu não tinha liberdade para ver TV o quanto eu queria ou na hora que eu queria, por isso via poucos desenhos. Os que mais me recordo são os de ação, o que diz muito sobre o que sou hoje. Meus preferidos eram He-Man, Thundercats e Superamigos, todos que envolvem super-heróis, mas me lembro também que adorava Duck Tales - Os Caçadores de aventura protagonizado pelo Tio Patinhas, Caverna do Dragão e She-Ra (sempre quis ver a calcinha dela e nunca consegui, embora ela vivesse lutando e montando em seu cavalo com uma saia mínima!). Alguns outros desenhos tenho vagas lembranças como Pole Position (com corrida de carros), Muppet Babies e Nossa Turma (que não lembro do desenho mas cujo tema de abertura é inesquecível). Rever alguns vídeos no Youtube ou mesmo alguma referência escrita me causa uma pontada de nostalgia e aquela vontade de reviver o passado onde os desenhos eram muito mais legais que os atuais.
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9 - As séries
Os desenhos fazem parte da minha infância assim como as séries que eu assistia. Passava tanta coisa interessante naquela época como Esquadrão Classe A, A Supermáquina (que já comentei em outro Top 10), Punky, a Levada da Breca (tanto a série em live-action quanto o desenho), Super Vicky e as séries do Incrível Hulk (com Lou Ferrigno no papel do Verdão) e a tosquíssima série do Homem Aranha. Gostaria muito de ter tempo livre hoje para parar e ver nem que fosse um episódio de cada um desses enlatados e matar as saudades.
Não seria justo eu comentar das séries sem mencionar aquilo que pra mim até hoje tem um significado muito grande como os super-sentais, ou séries em live-action japonesas. Jaspion, Changeman e Jiraya fazem parte da minha infância mais do que qualquer outro programa de TV, e não é raro eu me ver com a maior vontade de ver as aventuras do Fantástico Jaspion ou do Esquadrão Relâmpago. Nada que se fez depois disso em relação a séries japonesas teve tanta importância para mim, e vejo os vídeos hoje na maior empolgação, como se fossem episódios novos.
8 – Brincadeiras
Muito do que eu assistia na TV influenciava nos “roteiros” das minhas brincadeiras. Eu nunca tive aquele amigo de bairro que toda criança tem para chamar para brincar, e minhas brincadeiras ou eram solitárias ou eram com minha irmã mais nova, quando ela não estava brincando de boneca.
Minha maior diversão era espalhar meus bonecos e carrinhos em cima da cama da minha mãe e inventar milhões de aventuras para eles, sempre regados a muita ação e aventura. Conseguia passar horas seguidas inventando as falas e criando os efeitos sonoros das porradas, freadas de carros, tiros e o que mais a história exigisse e era uma verdadeira farra. Poucas coisas me davam mais prazer do que aquelas brincadeiras intermináveis. Como sempre gostei de criar histórias, isso acabou influenciando mais tarde meu gosto por escrever.
Quando a gente é criança, o que mais temos é tempo, por isso dava para curtir o maior número possível de brincadeiras. Adorava jogar aqueles jogos de tabuleiro que vinham como brindes ao se juntar embalagens de chocolate (vídeo game era uma realidade muito distante), mas não recusava brincar no quintal inventando histórias onde eu sempre era o herói e meus “amigos imaginários” eram os inimigos. Na falta de ter com quem brincar, eu brincava sozinho tranquilamente, sem medo de ser feliz, e passava longas horas brigando contra o nada, aplicando socos, chutes, disparos lasers e golpes de espadas. Era uma comédia. Lembro da minha mãe me tirando sarro por me ver lutando contra ninguém no quintal sempre depois de ver os episódios de Jaspion e Changeman na TV.
7 - O gosto da infância
Não sei se acontece com mais alguém, mas certos produtos que temos hoje em dia parecem não ter mais o mesmo gosto de antigamente. Sempre que lançavam algum produto novo a gente tinha em casa para experimentar e Nescau, Neston, Toddy e o Guaraná Antarctica do século XXI não se parecem com os mesmos do século passado. Faz um tempo que não como Neston, mas a última vez que comi ele não se parecia em nada com o Neston de antigamente, assim como o Nescau, que hoje é muito mais sem gosto do que o de antes. Nem mesmo o Guaraná se parece mais com o que a gente tomava nos domingos de almoço em família. Pode ser apenas uma lembrança de paladar que não condiz com a realidade, mas que tenho essa impressão eu tenho!
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6 - A família
Assim como o livro da Maria José Dupré, aqui em casa nós éramos seis, e restaram quatro, mas não é algo que possamos lamentar. As vezes olho para meu passado e me vejo com saudades do tempo em que a casa era cheia e que tomávamos o café da manhã todos sentados juntos à mesa, o que devia ser uma tradição em qualquer família. Mais do que tomar café juntos, o almoço de domingo era uma tradição e as vezes sinto falta de um pouco mais de união. Ter pai, mãe e irmãos devia ser algo eterno em nossas vidas, algo que nunca devia ser desfeito, mas a vida toma outros rumos na maioria dos casos, e nem sempre aquela regra que parece inquebrável permanece intacta. Bons tempos de Campeonato de Futebol Italiano e das partidas de sinuca aos sábados na TV ou das lutas de Boxe durante a semana ou mesmo do programa Silvio Santos nas noites de domingo. Bons tempos.
5 – A escola
Muita gente não vê a hora de sair da escola e se livrar de todas as lembranças ruins que esse grande período de nossas vidas as vezes podem trazer, mas eu me lembro com saudades hoje da escola onde estudei até meus 14 anos, na 8ª série. Claro que houve muita coisa ruim como as primeiras desilusões amorosas, as brigas com os colegas (aqueles que nunca vão com a nossa cara), das humilhações na prática de esportes (sim, eu era do time dos losers em esportes) e das notas baixas, mas a parte boa compensa tudo. Quando entrei na escola, pela primeira vez pude conviver com outras pessoas que não fossem meus familiares, e longe da proteção de casa eu tive que aprender por mim mesmo o que o relacionamento com essas outras pessoas podia acarretar. Enfim surgiram as primeiras amizades, os primeiros amores e as primeiras decepções, mas como tudo na vida, claro que isso contribuiu para a minha formação. Se eu não era nenhum gênio na escola e muito menos o garoto mais popular da escola (uma espécie de Peter Parker dos anos 90), eu vivi momentos intensos dos quais eu gosto de me recordar e dos quais eu sinto uma certa nostalgia. Não é raro eu me sentir com vontade de voltar a viver naquela época, embora goste da minha cabeça de hoje. Talvez essa vontade de fazer diferente no passado seja inerente ao ser humano, embora até mesmo os erros nos ensinem coisas importantes no presente. Sou muito grato às professoras que me ensinaram as lições que sigo até hoje e gostaria de retribuir um dia.
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4 – As histórias de antigamente
Quando a gente cresce a gente não vê mais o mundo como quando éramos crianças e isso é uma pena, em alguns casos. A inocência com que interpretamos o mundo e com que interpretamos simples histórias é algo sublime, mas que dura pouco.
Aprendi a ler por volta dos meus seis anos com o auxílio da minha mãe e dos meus irmãos (eu não fiz a pré-escola), e foi com os gibis (Histórias em Quadrinhos, para quem não sabe) que comecei a ter a mente aberta para o mundo da leitura. Em casa tinha de tudo um pouco, Turma da Mônica, gibis da Disney e dos Super-Heróis e conforme ia me aperfeiçoando na leitura mais ia devorando um a um deles. Depois que já estava fera, os livros começaram a me interessar também, mesmo não contendo tantas figuras quanto os gibis, e os da série Vaga-Lume da Editora Ática eram meus prediletos. Depois vieram o Pequeno Príncipe (de Saint Exupery), O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá (de Jorge Amado) e os mais clássicos como Iracema (de José de Alencar). Nenhum desses livros faria o mesmo sentido hoje que me faziam antigamente, e essa magia que temos quando somos crianças é que desperta a saudade daquele tempo.
As vezes dou risada de mim mesmo quando pego algum daqueles gibis de antigamente e me recordo de como eu lia ou entendia algumas palavras ou frases. Quando eu não entendia o significado ou a simples pronuncia, tentava mil formas de flexioná-las, uma mais absurda que a outra. Era divertido.
3 - Momentos
Se puxar da memória ainda posso me recordar de todo o medo que me dominava de ser largado sozinho pela primeira vez na escola e de tudo que meu corpo sentia naquele fatídico dia. Me lembro da alegria que senti quando vi minha mãe na porta da escola na hora da saída e de como aqueles temores de enfrentar a escola foram se dissipando conforme os meses avançavam.
Me lembro da primeira vez que sai com meu pai e meu irmão no dia em que ele foi tirar o RG, do dia em que ganhei o boneco do BA do Esquadrão Classe A da minha madrinha, do primeiro dente que caiu da minha boca, do medo que eu sentia de sair no quintal de casa à noite e olhar em direção ao portão (sempre eu via uma presença sombria lá), do dia em que eu cai desse mesmo portão e torci o braço esquerdo, das tardes frias em que andava de triciclo Bandeirantes pelo quintal, do medo que eu sentia em subir a escada para olhar o teto de casa, da minha Primeira Comunhão e do momento em que falei um palavrão bem depois de me confessar para o padre um dia antes da Primeira Comunhão e da morte do Mufasa no Rei Leão na primeira vez que fui ao cinema. Como posso esquecer também das tardes depois da escola (ou quando não tinha aula) no fliperama jogando Mortal Kombat e Street Fighter? E como esquecer das conversas animadas com os amigos sobre quadrinhos, filmes e jogos? Coisas tão banais para qualquer outra pessoa, mas que para mim são parte de meu passado e que são importantes assim como todos os outros momentos que vivi. Saudades.
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2 – Liberdade
Poucas coisas me dão mais saudades da infância do que toda a liberdade que eu tinha quando era pequeno. Não há nada como poder usar todo o tempo que se tem apenas para inventar novas brincadeiras ou ver TV. O tempo parecia passar muito mais devagar naquela época, num mesmo dia eu conseguia brincar de carrinho, lutar sozinho no quintal e ainda ver minhas séries super-sentai, isso tudo muito antes de começar as novelas, programas que eu assistia com minha mãe por muito tempo. Hoje em dia, as horas parecem passar de duas em duas, em especial nos dias de folga, e mal acordamos e a noite parece já começar a cair lá fora.
Não ter tantas responsabilidades ou tantos problemas para se pensar também é algo do qual sinto falta, mas quanto mais a vida vai passando, mais dessas preocupações veem à tona, nos fazendo afundar num mundo de preocupações e responsabilidades sem fim. Nada é mais belo que a liberdade da infância e o quanto é divertido só ter em mente aquilo que nos satisfaça.
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1 – Planos para o futuro
"Sei lá...tem dias que a gente olha pra si.
que a gente achou que ia ser
quando a gente crescer
e nossa história de repente ficou
alguma coisa que alguem inventou
a gente não se reconhece ali
no oposto de um déjà vu
Sei lá tem tanta coisa que a gente não diz
e se pergunta se anda feliz
com o rumo que a vida tomou,
no trabalho e no amor
a gente não se reconhece ali
Onde me vejo hoje com certeza não é o lugar que eu me imaginava há uns 15 anos, mas se ainda não vivo a vida dos sonhos da criança que um dia eu fui é porque não mes esforcei o bastante, o que me dá esperanças que um dia eu venha a satisfazer meus desejos infantis.
Hoje sou um adulto, mas não deixo morrer a criança que existe em mim. Os caminhos que escolhi para minha vida quer queira ou não ainda me exigem muito da minha criatividade infantil e isso sem mencionar o meu eterno gosto por jogos, quadrinhos (que nem são mais infantis) e desenhos animados.
Siga o exemplo de Peter Pan e não deixe a criança que há em você morrer. Ela é importante para a sua própria humanidade.
Feliz dia das crianças para todos!
NAMASTE!
10 de outubro de 2010
Superman & Batman - Apocalypse
Por volta de 2002, comecei a me interessar novamente pelas HQs após dois anos longe desse universo, e passei a comprar a revista Wizard (hoje Wizzmania) para me interar das novidades (sites de notícias “HQzísticas” ainda não eram populares). Umas das sagas que me interessou e muito foi “Apocalypse” (que no Brasil foi lançada como a "Supergirl de Krypton" nas edições 1,2,3 e 4 da revista Superman e Batman pela Panini), onde o Superman e o Batman se uniam em volta de um mistério que trazia uma possível kryptoniana em rota de colisão com Gotham City. O roteiro era assinado pelo controverso Jeph Loeb e os desenhos ficavam a cargo de Michael Turner (artista falecido em 2008), que fez sua fama rabiscando para a Image Comics. Eu estava de volta às HQs recentemente, o formato americano mensal era novidade (antes eram publicadas apenas minisséries no formato) e pra mim tudo era lindo e belo. Eu até que curtia os desenhos irregulares do Turner na época, achava a Supergirl que ele desenhava uma fofura e hoje me atrevo a dizer que o roteiro do Loeb chega a ser simpático, embora não seja nenhuma maravilha e tenha mais furos que um queijo suíço.
Superman/Batman – Apocalypse é mais uma animação da DC que tira um arco completo das HQs e transforma em desenho animado, e é muito bem executada, como todas até hoje. Vai ser muito difícil você me ver criticar a parte técnica das animações da DC por aqui, porque nesse quesito eles não erram. O que me deixa curioso é, se eles tem os recursos em mãos, porque não ousam em projetos mais emblemáticos como um Entre a Foice e o Martelo (HQ do Superman escrita por Mark Millar), Contrato de Judas (história dos Novos Titãs escrita por Marv Wolfman) ou mesmo Crise de Identidade (de Brad Meltzer)? Os roteiros de Jeph Loeb são pra lá de rasos (não que eu queira profundidade em desenhos animados), mas podíamos ver um longa metragem animado de qualidade ao invés de ter sempre que engolir o mais do mesmo junto com porradaria desenfreada.
“Apocalypse” é a animação mais fiel que já vi de uma história em quadrinhos, embora isso só valha até certo ponto. Bem próximo da metade do filme toda a HQ aparece em cena com levíssimas alterações para tornar o roteiro mais compreensivo. No início, uma locução de TV nos informa o que aconteceu anteriormente ligando inteiramente o começo da história com o fim de Inimigos Públicos (outra animação do qual não fiz review mas que vi), onde o Batman, a bordo de um robô gigante (?) destrói um meteoro de Kryptonita, impedindo o fim do mundo. Depois disso, as pedras verdes se espalham aos milhares pela Terra e o Homem de Aço é obrigado a se confinar na Fortaleza da Solidão a fim de que não seja exposto à radiação mortal do metal alienígena.
Logo em seguida, uma nave despenca dos céus em direção à Gotham e cai no rio onde o Batman recolhe alguns fragmentos de Kryptonita. A partir de então somos apresentados a uma belíssima menina loira (nua) que começa a andar a esmo pela cidade falando um idioma estranho e entrando em conflito com alguns moradores, aparentando ter superpoderes muito similares aos do Superman.
Após adormecê-la e examiná-la em sua batcaverna, Batman chega à conclusão de que a menina é alienígena e que possui os mesmos padrões que o Superman, embora metabolize as propriedades do sol (o que dá seus poderes) de forma mais intensa que o próprio.
Na HQ a desconfiança sobre a veracidade da história de Kara é constante, mas na animação isso nem é percebido, exceto pelas atitudes do Batman que não acredita de imediato que ela seja uma Kryptoniana legítima. A atitude de “paizão” do Superman começa a deixá-lo descuidado, e aliado a Mulher Maravilha, o Batman prepara uma emboscada para convencer Clark a deixar a amazona treinar a inexperiente menina no uso de seus poderes. Embora consternado, ele é obrigado a aceitar, e Kara passa uma temporada na Ilha Paraíso (nome sugestivo para um lugar onde só podem morar mulheres!).
De fácil digestão, a história corre bem animada e carismática até esse ponto, é quando a veia “massa véio” de Loeb começa a falar mais alto. Enquanto as visões da vidente Precursora (uma das moradoras da Ilha) dizem que um futuro estarrecedor ameaça a vida da jovem Kara Zor-El, e a Trindade discute o que deve ser feito da menina, um tubo de explosão vindo de Apokolips se abre diante dos três e traz ninguém menos que o próprio Apocalypse, a criatura alienígena (Kryptoniana!) que matou o Superman.
Os Apocalypses que são trazidos à Terra são cópias mal feitas do original (claro), mas mesmo assim são derrotados com tanta facilidade que chega a causar vergonha. O Batman derrota alguns deles aplicando chutes (!!!) e depois os que restam são pulverizados por uma hiper visão de calor disparada pelo Superman (cujo resultado ficou bem fraco na animação). Quando li “um exército de Apocalypses” lá na extinta Wizard que citei no começo do post, eu imaginei algo muito mais grandioso.
O resultado é que o exército de monstros só serve para distrair a trindade enquanto o próprio Darkseid surge de dentro de outro tubo de explosão e rapta Kara, matando a Precursora no caminho. O senhor de Apokolips leva a garota para seu mundo de olho em seu enorme potencial e a hipnotiza na intenção de torná-la capitã de sua guarda de honra, um bando de mulheres perigosíssimas chamadas de Fúrias que são treinadas pela Vovó Bondade.
Chegando em Apokolips, enquanto o Batman (com os aparatos voadores do Sr. Milagre) enfrenta cães gigantes e parademônios (os soldados de Darkseid), a Mulher Maravilha e Barda enfrentam as Fúrias, sobra para o Homem de Aço resgatar a inocente prima, que agora está sob o domínio de Darkseid.
Na animação, Darkseid realmente vem atrás do Superman, mas em nenhum momento a Supergirl é fulminada. Ela e o Superman são atingidos dúzias de vezes pelos feixes ômega (aparentemente Darkseid esqueceu de carregar as baterias!) e nada acontece a eles (!) fora o atordoamento típico. Ainda mais ridículo que isso, Kara chega a enfrentar Darkseid sozinha (com direito a golpes de Street Fighter que deixariam Chun Li com inveja) e espanca o Senhor de Apokolips. Depois, ela é derrotada. O Superman espanca Darkseid. Depois o Darkseid vence o Superman. Aí a Supergirl espanca o Darkseid... E assim sucessivamente num baita espetáculo “massa veístico”.
Como disse anteriormente e repito agora Superman/Batman - Apocalypse (ainda não sei por quê o nome!) não chega a ser uma animação ruim, mas por se tratar de uma história de Jeph Loeb começa bem, mas tem um fim muito aquém do esperado. De qualquer forma vale por algumas lutas como as de Diana e as Fúrias (outra vez com direito a golpes de WWE!) e o enredo leve que nos faz ter uma certa afeição pela SuperGirl.
Superman/Batman – Apocalypse foi lançado recentemente e pode-se encontrar versões em DVD e em Blu-Ray.
Nota: 7
Já elogiei aqui a competente dublagem brasileira nas animações estrangeiras, e certos filmes são quase que impossíveis de se assistir com suas vozes originais, é o caso de Toy Story, Monstros S/A e Procurando Nemo. Já nos desenhos animados a história se repete e quase toda a equipe que dubla Liga da Justiça e Liga da Justiça sem Limites retorna em Superman/Batman Apocalypse, dando um show de interpretação. Se o longa não chega a ser nenhuma perfeição, o mesmo não pode ser dito dos dubladores.
O carismático Guilherme Briggs volta a emprestar sua voz ao Homem de Aço como aconteceu nos desenhos da Liga e também no longa animado A Morte do Superman, e apesar do Azulão não dar chance para o dublador exercitar sua veia cômica (o que é uma marca nos personagens que dubla), seu trabalho continua impecável, assim como esteve em A Múmia (dublando Brendan Fraser, minha dublagem preferida), em Toy Story (Buzz Lightyear) e em Lost (dublando o Sawyer).
Por trás do Batman está a inconfundível voz de Marcio Seixas que dubla o personagem desde a primeira animação criada para o Batman nos anos 90 após os filmes de Tim Burton (Batman e Batman o Retorno) e do qual sou um grande fã. Quem não se lembra do tenente Frank Dreblin da série Corra que a Polícia vem aí na voz de Seixas? É de rachar de rir.
Completando a Trindade, Priscila Amorim volta a dublar a Mulher Maravilha o que já se tornou uma constante. É difícil imaginar outra voz feminina para Diana que não seja a dela. Seu tom firme mas não menos sexy casa perfeitamente com a bravura da Amazona e a meu ver, só Priscila poderia dublar a personagem.
Para dublar a Supergirl a escolhida foi Fernanda Fernandes, voz pelo qual sou apaixonado desde que ela dublou a Vampira dos X-Men ainda na primeira versão do desenho animado. De lá pra cá, Fernanda dublou praticamente todas as aparições da mutante em todas as mídias, incluindo a versão cinematográfica. O jeitinho angelical da prima do Superman também combinou com a voz levemente rouca de Fernanda. Nota 10!
Para completar minha homenagem aos dubladores do filme, não poderia deixar de citar Carlos Seidl, a voz do eterno Seu Madruga que ficou encarregado de dublar a “bondosa” Vovó Bondade, o braço direito do vilão Darkseid. Seidl é conhecidíssimo no ramo e duvido que tenha alguém que costuma ver filmes, seriados e desenhos que nunca tenha ouvido sua voz. Só pra citar rapidamente alguns dos personagens que ele já dublou vai desde o C3PO da trilogia clássica de Star Wars, passando por Lionel Luthor (pai do Lex) em Smallville até o palhaço Krusty dos Simpsons.
Graças a esses profissionais, vale a pena de vez em quando deixar de ver a versão original de alguns filmes e descansar os olhos das legendas por um tempo. Viva os atores e dubladores brasileiros!
NAMASTE!