6 de agosto de 2020

TOP 10 - Maiores Surras das HQs PARTE 3



Há muito tempo, numa galáxia muito distante, eu fazia parte de um outro site sobre entretenimento chamado "AIJovem" e de vez em quando eu produzia alguns posts para animar a bagaça. Esse texto sobre as "Maiores Surras das HQs - Parte 3" foi publicado lá originalmente e agora eu o estou resgatando para finalizar a trilogia das melhores pancadarias dos gibizinhos, ANTES de Novos 52, Marvel (a) NOW, Renascimento e os caraio. Só os véi vão curtir esse. 

Sigam-me os bons! 

10 - Dr. Destino X Homem Aranha



Caras como Shocker, Corisco, Bumerangue ou até o Rino nunca foram problema para o Amigão da Vizinhança, que sempre conseguiu detê-los até com certa facilidade. Mas e quando o próprio Doutor Destino atravessa o caminho dele?



Nessa aventura, o Homem Aranha está atrás do seu velho inimigo, o Raposa Negra, que roubou uma joia valiosíssima de um museu, quando Victor Von Doom aparece para reclamar para si a tal joia. Alegando que ela pertence a sua mãe, o soberano da Latvéria não mede esforços para obtê-la, nem que pra isso ele tenha que passar por cima do Aranha... Coisa aliás, que ele nem precisa se esforçar muito pra fazer.




Tentando salvar o Raposa, o Homem Aranha toma uma das maiores surras de sua carreira, e somente quando propõe uma trégua com o vilão é que ele consegue salvar sua vida.
 


Essa história foi escrita por David Michelinie e desenhada por Erik Larsen, o criador do Savage Dragon. 

9 - Azrael X Asa Noturna



Bruce Wayne estava de volta após ter a coluna partida ao meio por Bane, mas a sua cidade ainda precisava ser retomada de seu atual dono, o maluco Azrael Jean-Paul Valley.


Enquanto Bruce treina com a Lady Shiva para tentar recuperar seu cargo como Batman, cabe a seus ajudantes a missão de rastrear Azrael e impedir sua sede de sangue, que começa a se espalhar pelo submundo do crime.




Quando o Asa Noturna encontra Jean-Paul, após ele ter explodido o batmóvel com Batman e Robin dentro, Dick Grayson não pensa duas vezes e parte para cima do algoz de seu mentor...


Tomando uma escovada bonita do novo Batman!


Contando apenas com suas habilidades acrobáticas, o Asa Noturna não é páreo para o poderio bélico da armadura de Azrael, que acaba com nosso herói sem se esforçar muito. Perdeu, Playboy!

8 - Mongul X Lanterna



Junto com o Superciborgue, Mongul, o soberano do Mundo Bélico destruiu Coast City, a cidade do Lanterna Verde, e mais puto da cara que o Alborguethi, Hal Jordan decidiu DAR CABO do vilão com suas próprias mãos, coisa que seu anel energético não podia fazer, devido a cor da pele do monstro: Amarelo.


O resultado?


Jordan foi escorraçado pelo vilão, que não satisfeito em aplicar-lhe uma surra, ainda quebrou seu braço e fraturou seu joelho!



Tudo bem que depois Jordan ainda conseguiu se recuperar devido sua imensa força de vontade, mas faltou pouco para que o Gladiador Esmeralda não fosse conhecer Jesus pessoalmente!


O detalhe é que Mongul costumava sair no braço com o Superman, e o Azulão também suava pra ganhar do gigante.

7 - Ossos Cruzados X Capitão América



É bem raro achar na coleção de HQs ao longo desses mais de 70 anos do personagem, alguma história em que o Capitão América acabou estirado no chão num combate mano a mano justo. Diferente de outros heróis que estão até acostumados a levar surras homéricas dia sim dia não (Homem Aranha e Demolidor que o digam!), o Sentinela da Liberdade é duro de derrubar.


A sorte do velho Steve Rogers acabou quando sob um ataque mental criado pelo Cubo Cósmico do Caveira Vermelha (que na época estava comendo capim pela raiz, como se pensava) ele teve que encarar o Ossos Cruzados, antigo capanga do Caveira.



Enquanto vê imagens do Barão Zemo torturando seu parceiro Bucky na época da Segunda Guerra, Rogers é espancado pelo Ossos Cruzados no presente, incapaz de se defender ou contra-atacar.




Após apanhar feito Anastasia Steele em 50 Tons de Cinza, o Capitão acaba estirado no chão, ainda sem entender o que eram aquelas memórias que o atacaram.

6 - Lince x Ricardito



Nos bons e velhos anos 80, os Titãs eram escritos por Marv Wolfman, o cara que mais desenvolveu os personagens adolescentes da DC. Nessa aventura, Roy Harper, o Ricardito (BWAHAHA-HAHAHAHA!) pede ajuda ao amigo Dick Grayson para ir atrás de sua ex-mulher e mãe de sua filha, a assassina Lince. Impetuoso e incapaz de se conter, Roy decide encarar a mulher no mano a mano, algo do qual ele se arrepende amargamente depois de tomar um cacete dela. Perita em artes marciais, Lince derrota Roy facilmente, e ele é salvo da morte quando o Asa Noturna intervém. Apesar disso, o arqueiro acaba sendo envenenado pelas garras da vilã e quase morre. 


"Você é homem suficiente pra me segurar?" Chamou na chincha!

Tenho um carinho especial por essa edição de nº 50 dos Novos Titãs que foi publicada aqui no Brasil pela Editora Abril, e me lembro que aquela foi uma das primeiras vezes que vi tanto o Asa quanto o Ricardito serem tratados como adultos, e não os parceiros mirins do Batman e do Arqueiro Verde.




Parte desse relacionamento conturbado entre Roy e a Lince chegou a ser insinuado na ótima animação Justiça Jovem.

5 - Duas Caras X Robin



Em uma conversa com o atual Robin (na época) Tim Drake, o Asa Noturna Dick Grayson relembra um dos primeiros encontros que teve com o vilão Duas Caras, e como quase não sobreviveu para contar a história.


Após ser capturado por Harvey Dent junto do prefeito da cidade, o Batman é usado como isca para atrair Dick, que precisa escolher com rapidez quem vai salvar: Seu mentor ou o prefeito.




Quando decide salvar o prefeito cortando a corda que o prende pelo pescoço, o Menino Prodígio é seguro pelos capangas de Dent e cruelmente espancado, sem grandes chances de defesa. Enquanto vê o parceiro sendo feito de saco de pancada, o Batman consegue se soltar da armadilha onde está preso, e salva o Robin... Por pouco!
Essa história é um retcon contado logo após a saga Zero Hora da DC, e serve para fazer os leitores novatos entenderem toda a trajetória dos Robins. 

4 - Slade x Liga da Justiça



Crise de Identidade é tida até hoje, mesmo após o Reboot dos Novos 52, como uma das melhores e mais fantásticas histórias envolvendo a Liga da Justiça.



O embate entre o Exterminador e toda a Liga é apenas UM dos grandes momentos desse arco, mas ilustra bem o quão foda Slade Wilson é!


Contratado para proteger o Doutor Luz, Slade se vê obrigado a encarar a Liga da Justiça, que na época, contava com o Arqueiro Verde, Canário Negro, Zatanna, Gavião Negro (Carter Hal), Homem Elástico, Eléktron, Lanterna Verde (Kyle Rayner) e o Flash (Wally West) em suas fileiras.



De forma metódica, a estratégia que Slade usa para acabar com cada membro da equipe é descrita pelo Arqueiro Verde, que vê de perto o que o mercenário é capaz de fazer com seus 90% de uso cerebral. Sem suar, e usando todos os recursos disponíveis em seu arsenal, o cara, abate a Zatanna antes que ela possa conjurar um feitiço, anula as asas do Gavião Negro, abate o Eléktron com um apontador laser, transpassa o Flash com sua espada e ainda quebra os dedos do Lanterna Verde!!


Olhando essa imagem eu sempre me pergunto porque alguém com os poderes do Lanterna Verde precisa chegar perto para dar um soco, mas aí vem a questão do roteirista de emburrecer todos à volta de um personagem para que ele se sobressaia. Identity Crisis foi escrita por Brad Meltzer e ilustrada por Rags Morales em 2004.


Seja como for, Slade Wilson é um dos personagens mais fodas da DC!

3 - Maestro X Hulk



Quando seu amigo Rick Jones pede sua ajuda, Bruce Banner decide ajudá-lo e parte para uma jornada rumo a um futuro inóspito do qual pouco conhece. O seu próprio futuro!


Nesse futuro imperfeito, após uma hecatombe que eliminou boa parte dos seres superpoderosos da Terra, o Hulk governa com mãos de ferro, mas esse é um Hulk diferente do que conhecemos. O assim denominado Maestro precisa ser detido antes que o pior aconteça, e um envelhecido Rick Jones recorre a seu amigo Bruce de uma época em que ele era racional e conhecido como um herói. Mas será que o jovem Hulk pode deter o velho Hulk, que após uma explosão nuclear se tornou muito mais poderoso que sua versão mais nova?


A resposta é não!


O Maestro aplica uma surra de dar dó no Hulk, que além de ser humilhado, tem o PESCOÇO QUEBRADO pelo vilão.
O sentimento de desespero nessa impressionante aventura escrita por Peter David e desenhada por George “God” Pérez é real, até porque dá pra perceber que NADA pode parar o Maestro, nem mesmo o Hulk.



Futuro Imperfeito é item obrigatório de coleção pra quem é fã do Gigante Esmeralda da Marvel.

2 - Hércules X Mestres do Terror



Após uma bebedeira homérica do qual só um semideus é capaz de escapar vivo, o Hércules é requisitado para ajudar os amigos Vingadores, enquanto o Barão Zemo organiza uma verdadeira frente de batalha para destruir de vez os Maiores Heróis da Terra. Após capturarem o Cavaleiro Negro, o Capitão América e até mesmo o Jarvis (o mordomo), a equipe de Zemo, formada por caras como a Gangue da Demolição, Mr. Hyde, Tubarão Tigre, Homem Absorvente, Titânia e o Golias, incapacita a Capitã Marvel (Monica Rambeau) e cai de pau pra cima do Leão do Olimpo...


Que é espancando sem dó e nem piedade pelos pesos pesados do crime!



Antes dessa aventura, eu tinha o Hércules como um dos heróis mais invencíveis da Marvel, quase ao nível do Thor, mas quando vi que ele podia ser ferido a esse nível, mesmo que encarando os caras mais poderosos da equipe do Barão Zemo, meu mundo fez como o da Maysa... E caiu!




O Hércules acabou em coma por um longo período após essa surra federal que levou, e como líder da equipe na época, a Vespa se culpou, o que a fez abandonar o cargo.

1 - Superboy Prime X Superboy



Crise Infinita foi uma das sagas mais violentas da DC que eu vi na vida. E olhe que a Crise de Identidade com estupros, lobotomia e assassinatos já tinha sido bem intensa!

Nesse arco, os heróis da Terra-2 aprisionados após o fim da Crise nas Infinitas Terras decidem voltar para a Terra 1 para acabar com a palhaçada que está havendo por aqui. Incapazes de ver seus heróis mergulhando no inferno (Batman responsável por um supercomputador que quer dominar o mundo, Mulher Maravilha torcendo pescoços alheios na TV) o Superman, o Lex Luthor e o Superboy desse mundo quebram as paredes da realidade e vêm para nossa Terra pra dar um jeito nesse caos.


Querendo colocar juízo na marra na cabeça dos heróis, o Superboy Prime (ou Primordial) decide confrontar primeiro sua versão atual dessa realidade, o jovem Connor Kent, o Superboy de jaquetinha do Retorno do Superman.



De um jeito meio estúpido, o Superboy Prime entra numa batalha sangrenta contra Connor, procurando mostrar seu ponto de vista de que o rapaz é indigno de usar o nome “Superboy”. Quando os Titãs são recrutados para intervir, Prime começa um verdadeiro massacre, decapitando, desmembrando e dilacerando os jovens heróis.


A loucura do Superboy só é detida quando os Flashes Bart, Wally, Jay e até Barry (??) se juntam, mas isso não o para por muito tempo, que retorna com parte do poder do Antimonitor. Disposto a um segundo round, Connor vai para cima de seu inimigo, mas não é capaz de detê-lo, terminando morto embaixo dos escombros de um equipamento que tornaria o Prime invencível.



Esse Superboy ensandecido é um dos piores inimigos que foram criados para os heróis da DC, e rola uma revolta enquanto você lê as páginas de Crise Final. Uma pena a morte do Connor que era um personagem muito bacana desde a época da Morte e do Retorno do Superman (que voltou algum tempo depois como sempre!).

Medalha de ouro para essa batalha épica!



Para curtir as duas primeiras partes das Maiores Surras das HQs, só clicar no banner aí! Divirtam-se! 





NAMASTE!

22 de julho de 2020

Crônica de um romântico idiota


Eu sou aquele amante à moda antiga, do tipo que ainda manda flores...”, já diria o Roberto. É assim que me sinto às vezes nesse mundo tão acelerado onde tudo é tão efêmero e sem sentido. Num dia se está completamente apaixonado por alguém, no instante seguinte você está bloqueado, excluído e quiçá esquecido no Facebook desse mesmo alguém. Bizarro, muito bizarro.
Ser romântico e se entregar a relacionamentos não dava certo, e por isso eu não queria mais namorar. Não estava completamente feliz com minha vida de “passador de rodo”, mas também não queria me envolver seriamente com ninguém pelo simples fato do que isso significa a longo prazo: Uma porção de dores de cabeça e em especial um coração ferido e maltratado. 
Felícia me encontrou assim, ferido e cansado de sofrer. Mais de um ano em uma fossa profunda de onde eu ainda estava aprendendo a sair vagarosamente, cuidando de meu jardim para que as borboletas voltassem a sobrevoar. Afinal, ninguém consegue viver sozinho por tanto tempo... Mesmo que isso signifique ficar com várias pessoas erradas até encontrar a certa. Se é que essa desgraçada existe. 
Deixe-me contar um pouco sobre Felícia.
Nunca a tinha visto antes por ali. A primeira vez se deu quando uma pessoa me apresentou dizendo que ela havia me chamado de chato, sem nem ao menos eu saber de quem se tratava. Com sorriso largo ela me explicou que “não havia dito aquilo” ou que “não era verdade”, sei lá, mas não dei grande importância a isso. Fatos cotidianos em uma profissão em que “conhecemos” muita gente que nem ao menos sabemos o nome. 
Felícia era o nome dela.
Isso vim a saber mais tarde pela mesma pessoa que nos apresentou. Ela tinha algo que me chamava atenção. Não eram os cabelos loiros, nem a roupa que usava... O sorriso. Acho que era o sorriso. Largo, sincero. 
Nosso segundo contato foi quando ela apareceu na porta da sala do trabalho e me pediu em tom meio sussurrante que eu a adicionasse no Facebook. Brinquei que não podia fazer aquilo, pois estávamos proibidos de fazer tal ação na época. Era verdade, tínhamos que evitar contatos excessivos entre funcionários, nada de beijinhos, abraços ou contatos além daqueles necessários, mas algum tempo depois infringi essas regras, e a procurei na Rede Social. Ela estava com uma criança no colo na foto de perfil, dei uma fuçada de leve em seu álbum, em suas postagens e não percebi nada de mais. Nenhum sinal de namorado, ficante, peguete e afins. Sempre começo por essa parte. 
O terceiro contato foi um beijo no ar que ela me mandou através do vidro da mesma sala e que me deixou intrigado. “Hmm, acho que rola um interesse”, pensei eu na ocasião. Mais tarde ela me confessou que não havia, o que me levou a elaborar outra teoria: “Deve fazer com todo mundo então. Nada de especial”. 
Ironia do destino ou não, depois que seu nome já havia se tornado recorrente quando conversava com aquela pessoa que nos apresentou, eu vim a substituir o dito cujo em suas férias trabalhistas, e acabei me tornando mais próximo de Felícia e seus amigos. De uma forma ou de outra, com essa aproximação, ela realmente começou a apresentar interesse (desta vez era, não é possível!). Começamos a conversar pelo Messenger do Facebook cada vez com maior frequência e deixamos de ser estranhos um para o outro. Em certo grau pelo menos. Sem saber, eu estava à procura de uma companheira SIM, embora meu cérebro gritasse “é fria, filho da puta!”, e quanto mais descobria sobre ela, mais me interessava. “Ela gosta de séries e do Homem de Ferro! Porra! Não pode ser algo ruim!”, pensei, e continuei me enganando enquanto me envolvia em conversas cada vez mais reveladoras. 
Uma das primeiras características que descobri sobre Felícia era que ela era extremamente ciumenta e possessiva, algo que também considero um dos meus piores defeitos. Dizem que quem sente ciúmes é porque tem medo de perder aquilo que possui, e pra mim isso sempre rolou como um mantra sagrado, embora eu soubesse que os ciúmes sufocam a pessoa amada a ponto dela não querer mais que você se preocupe com ela. No caso de Felícia, ela deixava explícito, mesmo antes de namorarmos, que não gostava que eu tivesse qualquer contato mínimo que fosse com qualquer outro ser humano do sexo feminino. Apelidinhos a outras meninas então estavam totalmente proibidos, e às vezes eu recorria a certos diminutivos na hora de chamar uma fulana ou outra. Ela mesma eu aprendi cedo a chamar de “”. Achava carinhoso, e imaginava que aquilo nos aproximava. Pelo menos em minha cabeça. 
O fato é que a evolução de nossos papos via Facebook aconteceu naturalmente, seus ciúmes aumentaram e meu interesse por ela também. Na época eu estava de rolo com outra moça que trabalhava na mesma empresa. Não tinha qualquer interesse conjugal com ela, e em minha mente comecei a imaginar se Felícia, por sua vez, daria, quem sabe, uma boa namorada. “Já faz algum tempo, hein, Rodrigo. Ela é divertida, bonita, inteligente e gosta de séries e do Homem de Ferro, quem sabe rola?”. 
Já havia me ferrado muitas vezes em minha vida devido minha sinceridade, mas resolvi jogar logo todas as cartas na mesa com ela. Se Felícia ia se interessar, queria que fosse pelo Rodrigo de verdade, e não um amante latino que eu podia muito bem inventar por mensagens. Ela conhecia meu lado profissional e por mensagens conhecia quem eu era de verdade. E o que sou? Um romântico idiota com a sensibilidade de uma menina de 8 anos que não aprende com os erros. 
Eu vinha de um relacionamento que tinha acabado do nada e que havia me destruído emocionalmente (devido essa minha tolice de sentimentalismo). Contei tudo para ela. O que tinha passado, como me sentia e ela começou a me dar forças a sair daquela posição passiva em que me encontrava. Vários amigos haviam tentado antes, “sai dessa”, “não tem só ela de mulher no mundo”, “sai comendo as piranha tudo”, “dá o troco, engravida outra!”, mas claro que nessas horas palavras entram por um ouvido e saem por outro sem qualquer efeito. Nunca curti conselhos e nem autoajuda. Sempre achei melhor me entregar à depressão. Era mais fácil do que aceitar a realidade de que, enfim, meus amigos estavam certos. Era hora de partir para outra. 
As palavras de Felícia de que “eu era um idiota por achar que nenhum relacionamento mais daria certo apenas porque um foi uma bosta” entraram em minha mente, não porque ela era mais convincente do que meus amigos, mas porque eu achava que ela dizia aquelas coisas porque ela mesma queria ser o agente transformador da minha vida. “Ei, grande imbecil! Eu quero fazer a diferença. Me deixa ser a pessoa que vai mudar sua ideia quanto a relacionamentos!”. E a esperança nasceu novamente.
A segunda etapa de nosso “quase” relacionamento se deu quando ela me apresentou um aplicativo de celular chamado Whatsapp, que eu desconhecia. Quando indaguei de o porquê ela queria que eu instalasse, ela foi curta e grossa: “Vou fazer você se apaixonar por mim!”. Gargalhei por horas daquela observação. Eu estava interessado sim por ela, apesar de seu gosto peculiar por caras de barba e cheios de tatuagens, porém achei graça de sua petulância em dizer que eu iria me apaixonar por ela se conversássemos através do tal aplicativo. Instalei tão logo ela me mostrou o caminho das pedras e de lá pra cá, iniciamos uma forma de contato mais direta e mais simples. Como eu havia usado de sinceridade o tempo todo sobre minhas fraquezas (ignorando o manual do macho que diz que NUNCA devemos expor nossas fraquezas às mulheres), ela talvez tenha pensado o mesmo, e confessou algo que pela primeira vez me fez sentir certo desprezo por ela, algo que até então me parecia improvável. Felícia fumava, e aquela era uma das poucas regras, mas importantes, que eu impunha a mim mesmo na hora de um relacionamento. Fumar era sacanagem. Em minha mente era como se a telinha de Felícia tivesse se apagado na abertura do Big Brother, e depois daquela revelação desconsiderei completamente iniciar qualquer relação com ela. 
Podem me acusar do que quiser. Preconceituoso, frescurento, intolerante. Foda-se. Detesto drogas, cigarros e detesto quem faz uso desse tipo de substância. 
Mas era a Felícia... Minha candidata à namorada. A primeira em muito tempo. 
Dei-lhe uma chance e ela pareceu realmente disposta a largar o “vício” em nome daquilo que eu demonstrava querer com ela. 
Quando veio o primeiro encontro, achei que finalmente a coisa ia engrenar. Me preparei fisicamente e mentalmente para aquilo. Coloquei uma roupa bacana (nem lembro qual!), passei perfume... Mas no final, acabei sendo eu mesmo, nada de personagens. Ao vivo é mais difícil fingir ser outra pessoa. Fomos ao cinema. Ela estava maquiada, bonita, mas seu perfume me incomodou... Suas atitudes também. Dentro do cinema não rolou nada demais. “Ei, é um primeiro encontro! Esperava o que?”. Vimos o filme, comemos pipoca (sem sal) e depois a acompanhei até o ponto de ônibus. Tive a amarga sensação de que eu não a conseguia agradar com meu humor natural. (Sério! Eu não forço pra ser bobo. Eu SOU!). Pelo contrário. Ela parecia detestar tudo que eu falava. Dava cortes secos e às vezes até patadas. Achei desagradável. Foi ali que descobri que além de ciumenta, ela era meio estúpida. Não por querer, talvez, mas me senti meio que acuado. Apenas um pensamento vagava em minha mente... “Como lidar?”. Não havia respostas. 
O primeiro beijo rolou, com direito a mordidas e tudo mais. Foi breve. Esperava mais, mas pra um começo estava bom. Fui pra casa com a sensação de “Hmm... talvez não tenha sido uma boa ideia”, mas depois resolvi insistir. A primeira impressão não era a que ficava.   
Nossos encontros posteriores, sempre difíceis e com aquele clima de “sou casado e minha mulher não pode ficar sabendo” por causa da condição lá da empresa, foram melhorando o clima entre nós. No terraço de um Shopping, com vista a um estacionamento (muito romântico!), no entanto, que conheci Felícia de verdade (ou o que eu pensava ser). As conversas não duravam mais do que três horas, porém os contatos faziam valer a pena. Seus belos olhos negros não fitavam os meus, mas seu abraço aconchegante estava sempre presente. Os beijos rápidos eram característica dela mesmo, não era só uma primeira impressão. Fugia sempre que podia deles. Mas todo o resto era muito bom. Vai saber... de repente eu que beijo mal pra caralho e nunca ninguém havia me dito aquilo! 
Ali naquele terraço aprendemos que também discordávamos muito fácil um do outro, e que ela tinha um lado competitivo muito grande, que a fazia entrar em conflito comigo por qualquer assunto. Eu não sabia se era sua personalidade que era forte demais ou se ela simplesmente era uma teimosa de primeira estirpe, daquelas que não aceitava estar errada em nenhum momento. Sempre tive problemas com capricornianas...  
Foi naquele terraço que também aconteceu uma das coisas que acabou definindo nosso relacionamento, e aquele, segundo ela mesmo, também foi o motivo definitivo que a fez acreditar que eu era o cara certo para ela. Nem estávamos namorando oficialmente ainda (apenas extraoficialmente) e já falávamos de nossos filhos. Decidimos até os nomes dos dois. Bianca e Henrique. 

Nunca soube se ela fez aquilo de caso pensado ou se foi por pura intuição feminina, mas quando ela descreveu a cena mais linda de todas, eu não pude conter as lágrimas que se formaram em meus olhos. Sempre quis ter um filho que eu pudesse doutriná-lo ao caminho da Força e que eu pudesse ensiná-lo que com Grandes Poderes vem Grandes Responsabilidades de maneira que ele acabasse gostando das mesmas coisas que eu, e quando ela descreveu nosso pequeno Henrique correndo para mim sentado no sofá e dizendo que queria ver desenho comigo e que a mamãe não queria deixar, e que esse mesmo menino estava com uma capa presa às costas, tipo um super-herói, aquilo mexeu comigo de uma forma que nunca antes havia acontecido. Eu pensava em ter filhos, mas a mãe desse filho nunca estava clara em minha mente. O fracasso dos demais relacionamentos havia matado esse desejo, e Felícia soube trazê-lo de volta de maneira muito sutil. De repente eu vi em seu rosto a mãe que eu queria dar ao Henrique, e um sentimento inédito me tomou. Ela usou aquela cena mais vezes em nossas conversas, e em todas eu fui às lágrimas. Era aquilo que eu queria. Era Felícia que eu queria. Descobri que ela estava certa. Eu havia me apaixonado por ela... 

PS. - Esse trecho foi tirado de um e-mail antigo que seria enviado para a tal Felícia, mas que nunca foi concluído. Estava perdido nos rascunhos de uma conta antiga do Outlook.
O namoro acabou porque ele começou por um motivo todo errado. Felícia na verdade tinha ficado com "a tal pessoa" mencionada no texto que os tinha apresentado, mas sempre negava isso a Rodrigo, dizendo que "nada a ver". Ela tinha ficado com Rodrigo apenas como uma maneira de fazer ciúmes a tal pessoa — já que todos eram de um mesmo ambiente da empresa — e ao mesmo tempo tentar esquecê-la. Logo, ela mentiu o tempo todo para Rodrigo, que trouxa, acabou se apaixonando de verdade por ela.
Felícia só foi admitir às lágrimas a Rodrigo o caso anterior com a outra pessoa (que era casada e com FILHOS!) no dia em que eles terminaram o namoro, na escadaria da casa dela.
Rodrigo tem a aliança do namoro guardada até hoje... PARA LEMBRAR O QUANTO ELE É UM TREMENDO OTÁRIO!
Enquanto eles ficaram juntos, a tal pessoa fazia vários tipos de picuinhas e inventava um sem número de historinhas para que Rodrigo e Felícia se separassem.
Rodrigo assistiu Man of Steel com Felícia no cinema... E ele chorou vendo a cena em que o pequeno Clark Kent aparece no quintal de casa fazendo pose de herói... com uma capa amarrada nas costas. Isso foi depois da fantasia que Felícia contou a ele sobre o filho deles.
Bem depois do término, por WhatsApp, Felícia falou a Rodrigo em tom agressivo que "por sem quem você é, VOCÊ VAI ACABAR MORRENDO SOZINHO!". Rodrigo teve outros namoros depois dela... Ainda não morreu (até a conclusão desse post), mas está sozinho. Praga de ex pega.
"Felícia" é um nome fictício para ocultar a verdadeira identidade da garota, mas essa é uma história real.
NAMASTE!

21 de julho de 2020

Elektra Assassina de Frank Miller


Que Frank Miller foi um dos mais competentes e cultuados escritores e ilustradores de quadrinhos do Século XX isso ninguém duvida, porém, é inegável o quanto a qualidade de seu trabalho na nona arte decaiu vertiginosamente na entrada do novo século, o fazendo acometer escrever coisas como Holy Terror, All-Star Batman & Robin ou o desnecessário Batman Cavaleiro das Trevas III.

No mesmo ano em que ele trouxe ao mundo uma de suas principais obras para a DC Comics, a premiada Graphic Novel The Dark Knight Returns, Frank Miller também concebeu o roteiro de Elektra Assassina para a Marvel, um arco de histórias que ressuscitou — não definitivamente — a sensual ninja assassina das páginas da HQ do Demolidor, após sua morte pelas mãos do Mercenário em 1982.


Diferente de O Cavaleiro das Trevas que foi roteirizado e ilustrado por Miller — com cores de Lynn Varley —, Elektra Assassina foi construída à quatro mãos com o artista Bill Sienkiewicz, o que deu toda uma particularidade ao projeto. À primeira vista, os desenhos que são um misto de aquarelas, foto-montagens e colagens, causam certo incômodo, mas à medida que se mergulha na história, é difícil imaginar que a HQ funcionaria com outro desenhista mais "padrão Marvel". 

A arte fantástica de Bill Sienkiewicz

A arte interna de Elektra Assassina é de encher os olhos e a cada nova olhada nas páginas, um novo detalhe deixado lá de propósito por 
Sienkiewicz é descoberto. A narrativa cinematográfica imposta pelo texto de Miller — no auge da carreira nessa época, ali no final dos anos 80 — faz com que o leitor não consiga desgrudar o olho da história, nem para dar uma corrida até a geladeira e buscar algo para comer. É como ver um filme que te prende na ponta da cadeira a todo instante. 


Por ser uma criação sua, Miller destrói e reconstrói a Elektra ao longo de todo o enredo e nos faz descobrir até mesmo dons que nem imaginávamos que ela dominasse, fruto de seu período trabalhando com a organização maligna Tentáculo. Apesar de ser interessante ver os dois agindo juntos — e às vezes até um contra o outro —, aqui fica bem claro que a ninja assassina não depende do Demolidor para protagonizar uma ótima história, ganhando ares de estrela com brilho próprio. As participações de outros personagens conhecidos como o Nick Fury — diretor da S.H.I.E.L.D — são pontuais e não desviam as atenções de Elektra e sua missão de eliminar a Besta que pretende exterminar a vida na Terra. 


Vale lembrar, que Elektra Assassina é um conto que mostra uma missão do passado da ninja grega e que foi escrita muito antes de Frank Miller FINALMENTE trazê-la de volta dos mortos, na complicada — porém perfeitinha —Graphic Novel escrita e ilustrada por ele — também com cores de Lynn Varley — Elektra Vive (de 1990). Depois de sua ressurreição, à partir dos anos 90, a personagem virou figurinha carimbada em zilhões de sagas envolvendo a SHIELD, o Wolverine, o Tentáculo, os Skrulls e claro, o próprio Demolidor, seu principal amante e parceiro de atividades porradeiras.

Eu fui mais uma vez até o podcast Boteco do Infinito, do site Caras da TI para bater um papo com meu chapa Antonio Pereira sobre Elektra Assassina e falamos também sobre a revitalização do Conan, agora pela Marvel Comics. Lá eu declarei todo meu amor à Elektra e claro, aproveitei para falar mal do Frank Miller véio reaça. 

Clica aí no banner para visitar o site dos Caras da TI e ouvir o podcast com a minha participação. É de graça e é gostosinho.



NAMASTE!   

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