Os palavrões estão tão difundidos no linguajar moderno que ninguém mais nem deve pensar em sua origem. Você já se perguntou qual é a procedência daquele palavrão cabeludo que você não tira da boca e o utiliza das mais variadas formas em seus diálogos cotidianos? Por que ele tem esse nome? E por que a maioria desses palavrões tem conotação sexual? Pois então. Ninguém deve pensar nisso.
Independente de sua origem, todos concordam que é bom soltar um palavrão naquele momento de estresse e que isso de certa forma até dá uma relaxada depois do ápice do insulto. Tem coisa melhor do que encher a boca e gritar “filho da puta”, mas com bastante ênfase no “puta” (tanta ênfase que sai algo como “PULTA”) quando o goleiro adversário defende aquele chute indefensável naquele clássico de futebol? Por acaso tem algo que expresse melhor a nossa raiva quando topamos com o dedinho do pé na quina do sofá do que aquele “puta que pariu”? Ou existe frase que expresse melhor a frustração quando aquela ex-namorada ingrata fala meses depois “mas eu te amava” e você sente vontade de dizer “amava porra nenhuma!”. Pois é. É disso que estou falando. Poucas palavras ditas cultas da língua portuguesa traduzem com tanto impacto aquele sentimento que vem de dentro pra fora e é emitido com um som de um “porra” ou “caralho”. Fala a verdade. Você sabe do que estou falando. Hoje em dia é comum soltar um palavrão a qualquer momento, mas você há de convir que em certas ocasiões é feio e inapropriado dar uma de Dercy Gonçalves e sair praguejando por aí. Pense na mesa do jantar com a sogra você mandar “caralho! Que macarronada foda, sogrinha!”. Ou na reunião com o chefe você soltar um “puta que pariu! Esqueci o relatório!”. Há situações certas para se falar um palavrão e ele só é bem utilizado e causa o impacto devido quando é usado no momento exato, causando a surpresa do interlocutor. Não há nada mais desagradável do que aquelas pessoas que usam esse recurso tão nobre como se fossem vírgulas nas frases. “Caralho, filho da puta. Essa porra é foda!”. Não há necessidade de se utilizar o palavrão dessa forma um tanto quanto gratuita. Tem que ter estilo. Quanto menos usar nas frases, mais impacto ele causa. Caso contrário ele se torna banal.
Não é pecado soltar um palavrãozinho de vez em quando, mas devo admitir que não acho nada sexy mulher que fala palavrão como se fosse um ogro da floresta. Tem seu certo charme uma mulher que diz um ou outro no calor do momento, mas aquelas meninas desbocadas que mais parecem o Zé Pequeno com um trinta e oito na mão são broxantes.
Claro que gírias em demasia também são deselegantes, mas em alguns guetos eles são até aceitáveis, o que não quer dizer também que você não tenha que conjugar um verbo sequer no tempo correto. A língua portuguesa se modificou, mas os verbos ainda são necessários, por favor! E mulherada, dê uma maneirada no palavreado. Tem hora e lugar pra soltar aquele palavrão cabeludo, se é que vocês me entendem.
Não sou puritano nem caxias. Falo meus palavrõezinhos sim e tento utilizá-los em situações chave do diálogo. É muito comum exageramos na expressividade deles quando estamos com os ânimos alterados, mas daqui a pouco eu comento porque isso acontece. Quero relembrar quando os palavrões chegaram em minha vida e como eles não saíram mais.
Em minha adolescência eu era o tipo certinho de cara que não falava palavrões. Substituía o foda-se pelo vai se ferrar, o porra por merda e o caralho por cacete. Não achava bonito denominações como boceta para o órgão genital feminino e evitava ao máximo dizê-los em voz alta. Em casa ninguém falava palavrão, daí a educação em também não dizê-los em frente aos pais. Não sei exatamente em que ponto de minha vida eles tornaram-se usuais em meu vocabulário, mas imagino que foi na fase rock n’ roll. Já que não tinha nem o sexo nem as drogas, pelo menos um palavrãozinho tinha que rolar, né!
Deixei de ser o certinho perfeitinho e tornei meus hábitos mais relaxados, embora minha consciência permanecesse a mesma (aquela que até hoje não me levou a lugar nenhum, mas que como virtude não posso renegar), e abracei os palavrões. Que orgulho, hein! Uau!
Mas de onde vem essa necessidade de se mandar um foda-se de vez em quando? A ciência explica, claro.
Os palavrões, por esse ponto de vista, são poesia no sentido mais profundo da palavra. Duvida? Então pense em uma palavra forte. Paixão, por exemplo. Ela tem substância, sim, mas está longe de transmitir toda a carga emocional da paixão propriamente dita. Mas com um grande e gordo puta que o pariu a história é outra. Ele vai direto ao ponto, transmite a emoção do sistema límbico de quem fala direto para o de quem ouve. Por isso mesmo, alguns pesquisadores consideram o palavrão até mais sofisticado que a linguagem comum.
Simples assim. E se você não entendeu... foda-se! Hehehe! Brincadeira, caro leitor.
A origem etimológica de cada palavrão, aquelas raízes mais profundas, no entanto, tem origens diversas. Os nossos mais caros amigos de fúria e descontrole nasceram em sua grande maioria em terras lusitanas e foram trazidos pra cá, obviamente com as caravelas de Cabral.
A boa e velha FODA diz-se que surgiu da sigla ‘Fornicação Obrigatória por Despacho Administrativo’, decreto que era dado pelo rei ao moradores de Portugal para aumentar a taxa de natalidade.
Ora pois, quem diria. Os portugas não eram chegados a uma fornicação!
Eu penso nesse decreto como seria dado hoje em dia: “Senhoras e senhores eu exijo que vocês se fodam”.
O termo caralho, tem duas origens. Uma diz que o termo vem do latim characulu, diminutivo de kharax ou charax, palavra grega que significa “estaca” ou “pau” (pedaço de madeira). Ele passou a ser usado para designar o membro do touro na Antiguidade. Do membro do touro para o do homem deve ter sido um pulo.
A outra origem denota que caralho era como eram denominados os mais altos mastros das caravelas. Por serem mastros grandes, alguns portugas começaram a fazer comparações do tipo “o meu é tão grande quanto um caralho”, e desse jeito, a palavra acabou por perder seu sentido original virando sinônimo de... benga, pau... essas coisas eretas.
Outra palavra que tem origem interessante é boceta (essa tem até no dicionário) termo usado hoje como sinônimo de vagina, tem origem no latim buxis, “caixa de buxo” – buxo, por sua vez, é uma árvore. As gregas e romanas tinham preferência por essa madeira para suas pequenas caixas em que guardavam objetos de valor. Logo, com a evolução da língua, elas foram chamadas de bocetas. Há registros do termo associado ao órgão feminino em poemas portugueses do século 18.
Imagine o que um assaltante gritaria nessa época para uma dessas moçoilas, pedindo-lhe as tais caixinhas: “Me dá essa boceta!” Iau!
O palavrão hoje em dia está na boca do povo. E povo que eu digo é qualquer povo, não só das classes mais baixas. Pense numa pessoa que você considera pura e certinha. Essa pessoa com certeza fala palavrão. A Sandy (que agora é Devassa) fala palavrão, a Rainha da Inglaterra fala palavrão. Até a sua mãe deve falar palavrão. Às vezes soa ofensivo como um “vai tomar no cu”, mas pode ser um elogio também. Quem não gostaria de ouvir da boca da mulher amada que "é foda” no sexo? Até a Pitty já admitiu que é foda no refrão daquela música!
Então desencane. Fale palavrão. Desabafe. Se sentir-se culpado, diga que foi seu cérebro que o mandou agir dessa forma. Culpe o seu sistema límbico pelo palavrão e diga que você apenas estava cumprindo ordens dele. Apenas modere a quantidade de palavrões por segundo. Encaixe ele de forma consciente na conversa e use-o quando não houver outro recurso para extravasar seu sentimento. Grite “caralho” bem alto quando receber um aumento no emprego. Berre “puta que o pariu” quando seu time marcar um gol decisivo aos 45 minutos do segundo tempo e lembre-se de lavar a boca com sabão depois, menino malcriado, porque Deus tá vendo.
Pra fechar o post um dos melhores vídeos sobre palavrões.
"Um foda-se bem mandado relaxa, desestressa e te coloca no eixo."
NAMASTE!
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