- Pois não. Tem preferência de cor?
- Temos sim. Temos todos os tons de vermelho e...
- Deixa eu ver uma preta.
- Preta? Claro, claro. Vou trazer várias cores para que possa escolher, tudo bem?
- Pensando bem, acho que ele gostaria de ganhar uma jaqueta. Você tem jaqueta GG?
- T-Temos jaquetas de todos os tamanhos.
- Me deixa ver uma GG.
- Claro – Diz a vendedora guardando as camisetas. – Alguma preferência de cor?
- Eu acho que cores escuras combinariam com ele. Mas acho que se eu der uma GG ele vai se sentir gordo. Me vê uma G.
- G? Tudo bem.
A cliente pega a jaqueta e analisa por meia hora.
- Acho que vai ficar muito grande. Você tem M?
Passa mais meia hora analisando uma jaqueta branca M.
- Você teria terno? Ele ficará muito bem de terno! Se bem que ele está precisando de cuecas...
Acompanhar uma mulher nas compras é um ato que exige do homem, acima de tudo, paciência. É impressionante o quanto elas ficam indecisas no momento em que pisam dentro de uma loja de roupas. É como se o espírito da dúvida as dominasse toda vez que elas entrassem em contato com o tecido de vestuário, e a partir dali se tornassem incapazes de escolher entre um lenço e uma blusa.
Conheço poucas mulheres (na verdade quase nenhuma) que são práticas na hora das compras. Do tipo que entram em uma loja sabendo perfeitamente o que querem e onde querem. Esse espécime de mulher em extinção não precisa de ajuda para se decidir se casa ou compra uma bicicleta (tá, eu sei, essa é do tempo da vovó!), e apesar de gastar com vontade todos os limites dos cartões de crédito, pelo menos sabe bem o que quer e é precisa, indo direto ao ponto.
Dia desses, acompanhando uma colega nas compras (sabe como é, elas precisam de um burro de carga que lhes carreguem as sacolas e eu era o único disponível) me deparei com algo muito parecido com o diálogo descrito no início do post. Elas são capazes de entrar em uma loja para comprar uma cueca de presente e acabam levando vários casacos!
Nessas horas tudo levanta dúvida. Azul ou verde? GG ou P? Rock n’ roll ou Emo? All Star ou coturno?
E são dúvidas que beiram os extremos, tal é o grau de indecisão por parte delas!
Apesar de saber que aquela pessoa está sendo paga para fazer o que faz, e que a paciência deva ser um dos dons daquela pobre alma atrás do balcão, eu me compadeço com o sofrimento dos vendedores de loja ao atenderem mulheres indecisas. Não deve ser fácil ter que revirar o estoque da loja inteiro em busca de algo que agrade a cliente e no final ouvir um “obrigada, depois eu volto” ou “não gostei de nada, vou procurar em outra loja”. Fico imaginando o repertório de palavrões que o vendedor solta mentalmente enquanto sorri “amarelamente” em sua direção, diante de um balcão abarrotado de roupas que nunca serão compradas por aquela mulher. Ser vendedor deve estar lado a lado com professor no quesito “profissões que devem ser escolhidas em último caso”.
Se há algo com a qual eu não tenho a menor paciência é comprar roupas. Em geral eu já entro na loja (quase sempre a mesma) pensando no que quero. Peço duas ou três peças (geralmente quase iguais) experimento e sempre, eu disse sempre, consigo escolher entre uma delas. Não é nada impossível de se fazer. Você olha no espelho e aquela que não é curta demais, nem larga demais e nem horrível demais é a que será comprada. O preço, na maioria das vezes, não importa, desde que não seja nada exorbitante.
Na verdade esta é a última coisa que vejo (às vezes fico sabendo o valor na hora que o cartão já está nas mãos da caixa). É um saco ficar importunando a pessoa da loja, enchendo-a de pedidos e no final não escolher nada. É quase como se você quisesse passar a imagem de imbecil: “Mas esse imbecil não consegue nem escolher entre um lenço e um casaco??”. Comprar roupas não é algo que me deixe feliz como escolher um livro, um DVD ou uma HQ (aliás, esse artigo, em minha infância, era a única coisa que eu demorava pra escolher a que levar). Comprar roupa é uma obrigação chata, e que por isso, não deve tomar mais do que meia hora da sua vida e nem mais da metade de seu salário. A gente entra na loja, escolhe um item, compra e sai.
Fácil, né?
Como marido, namorado, irmão ou amigo, você terá muitos momentos de desafio como os que eu tive recentemente, mas nada que um MP3 carregado de heavy metal ou a visão apurada para prestar a atenção na traseira da vendedora quando esta sobe na escada para alcançar uma roupa no alto, não resolva. Nessas horas a gente inventa o que fazer e responde “sim” a tudo que sua parceira lhe perguntar.
“Será que essa roupa ficará bem?”
“Essa é muito feia, né?”
“G ou P?”
Boas compras!
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